É um pássaro? É um avião? Não – é o bispo de Bragança!

Se fosse um anjo, poderia voar.

bispo_carroMas D. José Cordeiro, bispo de Bragança,  não é um anjo – é um anjinho.

Depois de engatar a marcha atrás, para tirar o carro da garagem do episcopado, não mais parou: galgou o gradeamento e estatelou-se em cima do Renault Clio do pobre do empregado da gasolineira em frente!

Não deixa de ser uma parábola: o Volkswagen Passat de 30 mil euros do bispo, esmaga o Renault Clio de 900 euros do paroquiano…

D. José Cordeiro é o mais jovem bispo português, com 45 anos e o Passat também deve ser o carro mais novo da Igreja portuguesa, pois foi comprado na passada 6ª feira.

Foi uma estreia de arromba!

O padre Fernando Calado, do Gabinete da Diocese de Bragança, confirmou que o bispo tem carta de condução e que o acidente deve ter sido provocado por algum problema mecânico, pois «falharam os travões e o senhor bispo não conseguiu parar o automóvel».

Mas o Diário de Notícias, sempre em cima do acontecimento, «contactou um mecânico conceituado na cidade de Bragança», que disse: «o acidente dificilmente se ficará a dever a falha mecânico (…). Inclino-me mais para azelhice.»

bispoOra aí está: o bispo de Bragança é um azelha!

A menos que…

Recordo que este foi o bispo que denunciou o roubo de hóstias consagradas, que, segundo ele, seriam depois usadas em bruxarias (vide “Eles andem aí!…” – http://www.coiso.net/?p=5270).

E não será isto obra de alguma bruxaria, feita com uma hóstia roubada?

Resta dizer que o sr. bispo não sofreu sofrimentos de maior – só na alma.

Quem estava inconsolável era o gasolineiro, que disse: «quando ouvi o estrondo do carro do senhor bispo, nem queria acreditar».

Mas tens que acreditar, meu filho!

É nisso que se baseia qualquer religião…

Por Torgal! Por Torgal!

Nunca pensei vir a apoiar um bispo!

Ainda por cima, Januário.

Mas o bispo das Forças Armadas (repito: para que raio serve um bispo na tropa?) disse isto:

«Este governo é profundamente corrupto nestas atitudes a que estamos a assistir. (…) Não acredito nestes tipos, nalguns destes tipos, porque são equívocos, porque lutam pelos seus interesses, têm o seu gangue, o seu clube, pressionam a comunicação social, o que significa que os anteriores que foram tão atacados, eram uns anjos ao pé destes diabinhos negros – alguns! – que acabam de aparecer!»

Vai-te a ele, Torgal!

Morde-lhes as canelas, Torgal!

Usa a tua influência eclesiástica e manda-os para o diabo que os carregue, Torgal!

Por Torgal! Por Torgal!

Força, por Torgal!

Torgal versus Passos

Não gosto de bispos.

Acho-os supérfluos. Vestem mal. E não se importam de ser tratados por Dom.

D. Januário Torgal é (ou foi) o bispo das Forças Armadas.

Primeira incongruência: por que carga de água umas forças armadas de um país laico precisa de um bispo?

Adiante.

Há três ou quatro dias, Januário disse que Portugal «não tem governo. (…) E no fim ainda aparece um senhor, que pelos vistos ocupa as funções de primeiro-ministro, dizendo um obrigado à profunda resignação de um povo dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no jardim zoológico. Conclusão: parecia que estava a ouvir o discurso de uma certa pessoa há 50 anos.»

O raça do bispo!

A comparar o Passos Coelho com o Salazar!…

Logo no dia a seguir, o Correio da Manhã revelava que o bispo ganhava 4500 euros de reforma e tinha direito a gabinete de apoio, carro, motorista, secretária e telemóvel.

Januário foi aos arames.

Hoje, disse ao jornal i que está a ser vítima de um “linchamento público” e que só ganha “pouco mais de 2500 euros” por mês e que abdicou daquelas regalias todas.

E acrescentou: «depois de uma vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado, que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas privadas».

Januário, posso fazer-te uma pergunta?

Por que raio foste para bispo, pá?

Mandemos o Ortiga às urtigas!

A Conferência Episcopal reuniu-se em Fátima e, no final, produziu um documento.

Foi o seu presidente, o bispo D. Jorge Ortiga que o leu publicamente, tendo o descaramento de dizer coisas como:

«A comunidade humana não pode pactuar com a teoria dos consensos políticos mínimos que geralmente não resultam em soluções sustentadas».

Mas o que raio quer o Ortiga dizer com isto? Que a malta deve rejeitar o acordo PS-PSD para o Orçamento? Ou que não devemos pactuar com o pedido esfarrapado de desculpas que o Papa fez aos católicos norte-americanos e irlandeses pelos padrecas andarem a comer os meninos e as meninas dos orfanatos?

E o Ortiga acrescentou:

«O sentido de responsabilidade pública e de participação na vida democrática exigirá líderes com propostas novas e sérias que visem promover a equidade e a coesão da sociedade portuguesa».

Será que os bispos estão a sugerir que alguém derrube o Governo e instale, quem sabe, uma ditadura salazarenta, tão do agrado da igreja católica, que tão bem com ela conviveu durante décadas, com o Cerejeira e outros bajulando o Salazar e o Tomaz e o Caetano e o catano?!…

E o discurso prossegue neste tom, metendo-se onde não é chamado, dando bitaites sobre política, como se precisássemos de mais comentadores! Mas esta frase tira-me do sério:

«Sem o testemunho e os exemplos das lideranças, como poderá exigir-se sacrifícios às pessoas?»

Tal e qual, Ortiga – vê-te ao espelho e talvez possas anunciar a renúncia das altas hierarquias católicas ao fausto e às honrarias!

Nota: isto saiu sério demais, mas este Ortiga deu-me azia, carago!

A cona da mãe

Dizem que Braga é a cidade dos arcebispos.

Só isso seria o suficiente para afastar o comum dos mortais dessa cidade.

Imaginem uma cidade só com tipos vestidos com aqueles fatos ridículos, uma espécie de saias até aos pés, com botões de cima a baixo, como se tivessem braguilhas gigantes, e todos sibilando os “ésses”, juntando as mãos, em prece, e sentando meninos no colo, fazendo cavalinho com os joelhos, numa atitude ameaçadoramente terna.

Sente-se, assim, uma espécie de asco, de nojo que nos vem do âmago.

Mas, felizmente, Braga é uma cidade bonita, com muita gente nova e a história dos bispos e arcebispos tem cada vez menos importância.

Senhores vestidos de negro, ou com naperons sobre os ombros e chapéus cónicos e ridículos, e segurando grandes cajados cravados de diamantes, têm cada vez menos influência numa sociedade moderna, evoluída, civilizada.

Ou não?

Então nao é que, em Braga, numa feira do livro, a polícia apreendeu cinco exemplares de um livro, intitulado “Pornocracia”, que tinha esta figura na capa?

origemdomundo

Trata-se da reprodução de uma pintura, da autoria de Gustav Courbet, datada de 1866, e intitulada “A Origem do Mundo”.

Suponho que os polícias, ao verem a capa dos livros, tenham exclamado: “Mas esta é a cona da minha mãe!”

E toca a apreender o livro, não fossem as criancinhas que por ali andavam, mascaradas de homem-aranha, capuchinho vermelho ou bela adormecida, olhassem para a capa do livro e exclamassem: “Ó mamã! Olha aquela senhora com tantos pêlos no pipi! Parece mesmo a mãe do senhor polícia ou do senhor arcebispo de Braga!”

Não estou a insinuar que foram os bispos de Braga que obrigaram a PSP a ir àquela feira do livro apreender os livros com a reprodução da pintura de Courbet na capa.

Longe de mim imaginar que os bispos e os polícias têm algo contra a vagina – já que todos eles, todos sem excepção, tiveram uma mãezinha e, exceptuando os que nasceram de cesariana, todos sairam por aquele orifício, ali representado na pintura do francês, bem rodeado de pêlos.

Não foi por isso.

Também não acredito que quem decidiu a apreensão dos livros se tenha querido armar em agente da PIDE – que é uma coisa que cada vez menos pessoas se lembra do que foi e ainda bem!

Finalmente, não acredito que este gesto tenha algum significado especial, tipo “estamos a voltar ao antes do 25 de abril”, ou “cada vez há menos liberdade”, ou “o Sócrates é responsável por este clima de medo, que leva as autoridades a tomarem atitudes cada vez mais discricionárias”.

Nada disso.

O que se passou foi bem mais simples: alguns cidadãos bracarenses, altamente traumatizados por mães castradoras, não resistiram quando viram, na capa daqueles livros, a representação da cona da mãe deles.

E fizeram queixa à polícia.

Os polícias, por sua vez, também não conseguiram resistir à imagem da cona da mãe deles, e levaram os livros todos para a esquadra.

Algum espanto?

É este o poder da cona da mãe!