Nip/Tuck – 5ª temporada, 2ª parte

niptuck5_2Já se sabe que Nip/Tuck é a série mais “kinky” da televisão.

Basta dizer que Matt, o filho do cirurgião McNamara que, afinal é filho do outro cirurgião, Christian Troy, uma vez que a sua mães, Julia, dormiu com os dois cirurgiões, muito antes de descobrir que era lésbica, pois Matt casou-se com uma ex-atriz porno, que já fora casada com o Dr. Troy e com ela teve uma menina que, aos 18 meses, já leva com Botox nos lábios para poder fazer campanhas publicitárias.

Depois, os casos clínicos vão desde o tipo que tem o corpo coberto de verrugas enormes, passando pela mulher que corta uma das mamas com uma serra eléctrica na recepção da clínica, e culminando com o tipo que quer fazer uma redução do pénis porque passa o tempo a fazer broche a si próprio.

Esta é mais uma daquelas séries que exige, do espectador, a aceitação do “setting”. Se o aceitarmos, divertimo-nos pela certa.

E a produção é excelente, com o guarda roupa dos actores a condizer com os sofás, ou os cortinados.

Por mim, pode continuar durante mais algumas temporadas.

ER – 13ª temporada

er13O ER sem o Dr. Greene já não era grande coisa – agora, sem o Dr. Carter e sem a Dra. Weaver, o ER não passa de um SAP de segunda categoria.

As situações clínicas de urgência, que fizeram desta série a melhor “série de médicos” e que transformavam cada episódio num vórtice de acção e ansiedade, foram substituídas pelos problemas pessoais de cada uma das personagens, o que faz desta 13ª temporada do ER uma espécie de telenovela, apenas um bocadinho acima da média.

No último episódio, é introduzida uma nova personagem, um novo chefe das Urgências, que talvez traga mais pica í  série, embora já se saiba que ela só dura mais duas temporadas.

“Dexter” – 1ª temporada

dexter1Michael C. Hall é o responsável por metade do êxito de Dexter, uma série negra, desenvolvida para televisão por James Manos Jr., a partir da novela de Jeff Lindsay.

Dexter é um perito forense da polícia de Miami que, simultaneamente, é um serial killer. No entanto, graças í  educação do seu pai adoptivo, também ele polícia, Dexter foi canalizando os seus instintos assassinos para os “maus”.

E assim, Dexter faz o que, no fundo, muitos de nós gostaríamos que fosse feito: justiça pelas suas próprias mãos, matando os maus, embora com requintes de psicopata.

Como é habitual nestas séries, a galeria de personagens secundárias é rica e variada, permitindo histórias laterais. Por outro lado, episódio a episódio, vamos conhecendo a infância de Dexter, ao mesmo tempo que surge um duelo com outro psicopata que, afinal, conhece o seu segredo.

E, repito, a personagem criada por Michael C. Hall é excelente, não tendo nada a ver com a que o mesmo actor personificava em “Six Feet Under”, outra grande série.

Vejamos se a segunda temporada mantém o mesmo nível.

“The Wrestler”, de Darren Aronofsky

wrestlerO wrestling não me diz nada, nunca fui capaz de ver um combate até ao fim, acho todo aquele folclore um pouco ridículo e, portanto, a minha expectativa era baixa, em relação a este filme.

No entanto, fiquei agradavelmente surpreendido. Mickey Rourke (nomeado para o óscar de melhor actor) faz um “underacting” de que gostei muito. Aliás, o filme é, todo ele, “low profile”, em contraste com os meios onde a acção se desenvolve: os ringues de wrestling e os bares de strip-tease.

Rourke faz o papel de um velho lutador, que tenta esconder a idade enchendo os músculos de anabolizantes e que tenta enganar a solidão com uma strip-teaser (Marisa Tomei, nomeada para óscar de melhor actriz secundária).

A fotografia mantém-se sombria, ao longo de todo o filme, Rourke nunca eleva a voz e tudo acaba mal, como devia.

Gostei.

“Happy-Go-Lucky”, de Mike Leigh

happygoluckyNão consigo perceber por que razão este filme foi nomeado para o óscar de melhor argumento original, na medida em que não tem argumento propriamente dito.

Poppy (Sally Hawkins) é uma professora primária, de 30 anos, solteira, que continua a levar a vida a brincar, como se fosse ainda uma adolescente que se recusa a assumir a pose e as responsabilidades de um adulto.

Mas Poppy está sempre a rir-se e a cacarejar, de tal modo que, por vezes, parece mesmo tolinha, com um algum déficit cognitivo.

Depois de lhe roubarem a bicicleta, decide começar aulas de condução e calha-lhe um instructor paranóide, que se apaixona por ela.

Certo dia, ao ver um dos seus alunos bater nos colegas, pede a ajuda da Segurança Social e sai-lhe um assistente social calmeirão, como quem vai para a cama.

E fim.

É pouco…

“Prison Break”, série 4

prisonbreak4“Prison Break” é o exemplo acabado de uma boa ideia completamente estragada por necessidades contratuais.

A ideia de inventar um herói (Michael Scofield), que se deixa prender para ajudar o irmão a fugir da prisão, é óptima – e vi a primeira série com muito interesse.

Devia ter terminado aí, quando eles conseguem, finalmente, fugir de Fox River.

As restantes três séries são uma chatice e esta quarta temporada ultrapassa tudo, fazendo lembrar os piores episódios da “Misson: Impossible” e do McGiver, com os múltiplos personagens a fazerem jogos duplos e triplos, apoiando uns, mas denunciando outros, mais a inverosímil personagem da mãe de Scofield e da Companhia, uma organização tentacular mais ridícula que a do sucateiro Godinho.

O último episódio é-nos servido numa versão alargada, que é exclusiva da edição em dvd, e que é dolorosamente longo, indo quase até aos netos do Scofield.

Largamente dispensável.

“Frost/Nixon”, de Ron Howard

nixonAo contrário de “Milk”, este filme de Ron Howard conseguiu prender a minha atenção do princípio ao fim, apesar de abordar um episódio muito específico da história recente dos EUA, episódio que desconhecia em absoluto.

Já depois de ter resignado, Richard Nixon (Frank Langella) é convidado para uma entrevista por um entertainer de segunda categoria, David Frost (Michael Sheen), conhecido por apresentar programas de entretenimento muito superficiais.

Nixon exigiu 600 mil dólares pela entrevista e Frost tentou, em vão, encontrar quem o patrocinasse. Decidiu, então, avançar sozinho, como produtor independente e vender, depois, a entrevista í s grandes cadeias de televisão.

Com a ajuda de dois ou três assessores, conseguiu o que ninguém conseguira: levar Nixon a admitir que actuara com intenção no caso Watergate.

Com um bom ritmo e diálogos excelentes, este “Frost/Nixon” foi uma agradável surpresa.

“Milk”, de Gus Van Sant

milkSe eu disser que “Milk” não me aqueceu nem arrefeceu, posso ser acusado de homofobia, mas não é o caso.

Por qualquer razão, que não tem a ver com preconceitos, o filme não me tocou, como outros filmes sobre grupos específicos da sociedade, que são marginalizados.

Notável, de facto, a interpretação de Sean Penn, que lhe valeu, este ano, o óscar para melhor actor. O filme ganhou, ainda, o óscar para melhor argumento original e não se percebe bem porquê, uma vez que se “limita” a contar uma história verídica: a luta de Harvey Milk pela igualdade de direitos dos homossexuais.

A luta dos homossexuais norte-americanos pode ter sido (e ainda ser) uma luta digna da nossa solidariedade mas, neste filme, os poderosos inimigos dos gay são de tal modo caricaturados que o filme não conseguiu convencer-me.

The Wire – 4ª e 5ª séries

The Wire é uma das melhores séries de televisão de sempre. Parágrafo.

wire4Por razões maiores e por pormenores.

Pormenores:

1. O tema musical da série é a canção de Tom Waits, “Way Down in the Hole“, e só por isso já merecia aplausos. Mas fizeram mais: na primeira série, escutamos o próprio Waits a interpretar o tema e nas restantes 4 séries há outras tantas versões do mesmo.

2. A série não tem um herói, mas uma panóplia de pequenos anti-heróis; no fundo, é Baltimore, a cidade, a heroína da série.

3. Omar, o bandido negro, outsider, o personagem que mais se aproxima de um herói, não só é gay como acaba por ser assassinado por um puto enfezado de 10 ou 11 anos.

wire54. Cada série debruça-se sobre um sector da cidade: os bairros sociais, o porto de Baltimore, as escolas, o jornal Baltimore Sun, a Câmara Municipal.

E as grandes razões:

A série é óptima. O apartheid envergonhado que, de facto, existe nos EUA, a inevitabilidade da corrupção na política, o papel dos advogados como coadjuvantes dos criminosos, a importância de se ser “the king of the streets”, a gente respeitável que não se importa de viver í  conta do tráfico, a violência gratuita, os jornalistas oportunistas, o ensino caótico, etc, etc.

David Simon, ex-jornalista do Baltimore Sun foi o criador da série e, juntamente com Ed Burns, ex-polícia, é o responsável pela maior parte da notável escrita da série, que não fica nada a dever aos Sopranos, por exemplo.

Fiquei sem vontade nenhuma de conhecer Baltimore…

“Doubt”, de John Patrick Shanley

duvidaMeryl Streep interpreta o papel de freira chefe, mázona, na Saint Nicholas Church School e foi nomeada pela enésima vez para o óscar de melhor actriz.

Philip Seymour Hoffman é o padre Flynn e foi nomeado para o óscar de melhor actor.

Amy Adams é a freira boazinha, professora de História e Viola Davis é  mãe do único aluno de raça negra – ambas foram nomeadas para o óscar de melhor actriz secundária.

Shanley adaptou para o cinema a peça de teatro que ele próprio escreveu e levou í  cena em 2004 e foi nomeado para o óscar de melhor argumento adaptado.

E apesar destas 5 nomeações, não posso dizer que o filme me tenha tocado.

Será que o padre Flynn é pedófilo, sentou o miúdo negro no colo e o acariciou, enquanto lhe lia a Bíblia?

Who cares?

Claro que a Streep é boa actriz, claro que o Hoffman é capaz de ser bom atrás, mas não chega para prender a minha atenção.