João Miguel Tavares: perigo de morte!

Começo por uma declaração de intenções: o João Miguel Tavares (a partir de agora identificado com JMT), irrita-me por razões pouco ortodoxas. Irrita-me porque carrega nos érres e irrita-me porque tem cara de quem sofre de obstipação. Deixei de seguir o programa Governo Sombra por causa dele.

Claro que tem todo o direito de ter as suas opiniões, mas podia guardá-las lá para casa. No entanto, por razões que não compreendo, tem direito a publicar duas vezes por semana, crónicas na última página do Público.

Habitualmente, limito-me a ler o título ““ isto porque no início, desconhecendo a pestilência da criatura, li duas ou três crónicas e demorei semanas a recuperar. Estou em crer que quem lê sempre as crónicas de JMT, corre sério perigo de vida.

A de hoje intitula-se “…Há algum perigo maior do que o Chega? Sim, o actual PS”

Por dever ““ e protegido por uma máscara anti-gás ““ decidi ler a crónica de hoje. No fundo, alimentei a falsa esperança de que JMT se tivesse passado definitivamente.

A crónica começa por revelar que há dois tipos de direita em Portugal: «A direita 1 considera aceitável que o PSD faça um acordo com o Chega para chegar ao poder (…). A direita 2 considera tal acordo inaceitável. (…) Como se sabe, eu faço parte da direita 1».

Portanto, ficamos a saber que o JMT não se importa que o PSD se alie ao Chega (coisa que já sabíamos, claro).

Depois de mais umas considerações para encher chouriços (uma página inteira do Público custa muito a preencher), JMT termina com este parágrafo espectacular:

«A direita 2, tal como a direita 1, não gosta de António Costa ““ só que não suporta as porcarias de Ventura. A direita 1 não suporta as porcarias de Ventura ““ mas sabe que ele é apenas o subproduto de um regime apodrecido. O primeiro responsável por esse apodrecimento não é o Chega. É o Partido Socialista.»

Que conclusão brilhante!

Dito de outra maneira, o primeiro responsável pelo apodrecimento do regime que deu origem ao Chega e ao Ventura, foi a maioria (absoluta) dos portugueses que votaram no PS.

Que fazer então?

Penso que a única solução é expatriar JMT, enviá-lo para outro país que tenha outro povo porque este não o merece!

Entretanto, vou forrar o caixote do lixo com a última página do Público…

Um padre pedófilo não compulsivo

O bispo de Santarém explica por que razão não suspende um padre que foi acusado de pedofilia.

Explica o bispo ao repórter da Sic: “…Pelos exames a que foi sujeito […] e a conclusão foi que se trata de uma depressão. A pessoa está sobre uma depressão e fez o que não devia. Essa depressão não se configura com um pedófilo compulsivo. Não é a mesma coisa”.

O bispo estava a falar de um padre que abusou de duas meninas com 11 e 12 anos. estava deprimido, coitado…

Um dia acordou, sem saber o que fazer, deprimido, e abusou de uma menina de 11 anos. não foi uma compulsão.

Outro dia, deprimido como o caraças, abusou de uma menina de 12 anos. Nada de compulsão!

O padre estava sobre uma depressão , que é como quem diz, estava em cima de uma depressão. Que mais podia ele fazer se não abusar de meninas?

O bispo de Santarém é um cómico, o que não admira, já que se chama José Traquina.

Isto de os padres estarem deprimidos e desatarem a abusar de meninas ou meninos, não passa mesmo de traquinices!…

Como o bispo Traquina explicou í  Sic, um pedófilo compulsivo abusa de menores mesmo sem estar deprimido. É uma compulsão. Como aquelas pessoas que não saem de casa sem ver vinte vezes se o gás está fechado.

Nada disto se passava com o padre em questão. Como o bispo Traquinas afirmou, ele até fez exames! Devem ter sido análises í  pedofilia!

Ai Traquinas, traquinas ““ quando é que tu quinas?!

Xeque aos bispos

No xadrez, os bispos só andam na diagonal. Pelos vistos, na Igreja católica, também. Se andassem a direito, já tinham dado de caras com os padres abusadores. Mas parece que não viram nada.

O cardeal patriarca, com aquele sorriso cínico que lhe é tão característico, diz que só recebeu uma lista de nomes. Precisa dos factos e do contraditório.

Está-se mesmo a ver que querem confrontar as vítimas. “…Então meu filho, não terás sido tu que te puseste a jeito?… Não mintas ou a ira do Senhor abater-se-á sobre ti, pecador!”

Ao fim e ao cabo, até foram poucos casos. Quantos milhões de católicos tem Portugal? Muitos! E quantos casos a Comissão Independente descobriu? Uns escassos milhares.

Até o presidente Sousa disse que estava í  espera de mais. Neste segundo mandato, parece que o presidente Sousa anda um pouco distraído. Até se esqueceu que foi ele que convidou o presidente Lula para a sessão solene do 25 de Abril!

Mas voltando aos bispos.

Parece que uma boa parte dos membros da igreja católica seguiu í  risca as palavras de Cristo: “…Venham a mim as criancinhas”. Mas na versão mais prosaica de António Boto: “…Gosto mais de fedelhos/ vou-lhes ao cu/ dou-lhes conselhos/ Enfim, gosto!”

Volta Passos Coelho, estás perdoado!

Tantas saudades!

Saudades de quando os professores davam aulas todos os dias e aceitavam prescindir de 10% dos salários, do subsídio de natal e do subsídio de férias, tudo para agradar í  troika, como tu pediste!

Saudades dos comboios sempre a rolar, com os maquinistas felizes por estarem a ajudar o país a sair da bancarrota!

Saudades das urgências hospitalares quase vazias e dos médicos do privado a regressarem ao SNS, trazendo consigo os enfermeiros!

Saudades das casas para alugar a preços acessíveis, sobretudo aquelas casas para jovens, praticamente de graça!

Saudades dos impostos cada vez mais baixos, que nos deixavam margem para gastarmos dinheiro em marisco e outras loucuras!

E saudades do irrevogável Paulo Portas!

Diz-me que voltas, Passos, mas traz o Portas contigo! Mas avisa antes para ter tempo para fazer as malas e raspar-me daqui para fora!

Trigo alentejano para o corpo do Senhor

Li no Expresso que vão ser necessárias duas toneladas de trigo para fabricar as hóstias que serão distribuídas nas Jornadas Mundiais da Juventude.

Depois de moídas, essas duas toneladas deram origem a uma tonelada e meia de farinha que vai ser entregue í s Irmãs Clarissas do Mosteiro Imaculado Coração de Maria. Serão elas que vão fabricar os milhões de pequenos pedaços do corpo do Senhor, que serão depois engolidos pelos jovens participantes nas Jornadas ““ e até, suponho eu, pelo nosso devoto Presidente Marcelo.

Fiquei a saber que o trigo é da marca Cereais do Alentejo e terá sido doado. Foi, portanto, um ajuste directo, mas como não envolveu dinheiro, talvez o Presidente Moedas se salve de mais uma polémica.

A menos que os produtores de trigo do Baixo Mondego e do Alto Tâmega perguntem por que raio é que o corpo do Senhor há de ser feito só com trigo alentejano ““ acaso é de melhor qualidade? Acaso não sofre também de ferrugem-da-folha como qualquer trigo?

Todos sabemos que o Senhor é omnipresente. Por que razão querem enfiá-lo apenas no trigo alentejano?

Perdoa-lhe porque não sabem o que fazem

As iniciativas das Jornadas Mundiais da Juventude não deixam de surpreender.

Fiquei agora a saber que vai haver um Cidade da Alegria.

O que será essa Cidade? Um sítio onde os jovens católicos vão poder rir-se í  brava, dançar e cantar, abraçar-se, beijar-se e tocar-se alegremente?

Talvez.

Mas atenção: nessa Cidade da Alegria vai ser instalado um Parque do Perdão, que vai contar com 150 confessionários ao ar livre!

Quer dizer, primeiro, os jovens pecam que nem uns malucos e depois vão confessar-se.

Meia-dúzia de avé-marias depois, toca a pecar novamente!

Esta fabulosa ideia não é nova. A ideia nasceu no Panamá, em 2019, onde foram construídos 250 confessionários no parque Omar e mais 47 nos centros comerciais.

Por cá, serão só 150 confessionários, o que só prova que a malta do Panamá peca muito mais que os portugueses.

Segundo o Público, em cada confessionário estará disponível um sacerdote para ““ segundo a organização ““ “…acolher e escutar os jovens peregrinos, convidando-os a fazer a experiência do amor e da misericórdia de Deus através do sacramento da Reconciliação”. Este amor que a organização fala não tem nada a ver com apalpões e exploração de órgãos genitais. É apenas amor celestial.

E que sacerdotes estarão ali, no Parque do Perdão, preparados para receber os jovens, mostrando-lhes o amor a Deus?

Haverá inscrições.

Diz a organização que “…os presbíteros deverão preencher o formulário indicando os idiomas falados e o dia da sua disponibilidade”. Depois, é só comparecerem “…no local no horário que lhes for atribuído, trazendo a respectiva alva e estola”.

Fiquei estarrecido com esta iniciativa!

Com um milhão de jovens que devem vir assistir a estas Jornadas, de certeza que haverá muitos a pecar í  fartazana na zona ocidental de Lisboa e arredores. Assim, graças a este Parque do Perdão, poderão confessar-se e serem absolvidos.

Depois, é só voltarem a pecar até í  próxima confissão.

Os padres envolvidos em abusos sexuais poderão, até, aproveitar este Parque do Perdão para serem absolvidos perante Deus pelos seus colegas de profissão.

Dá sempre jeito ter amigos no lado certo…

Um altar pobrezinho

Que altar mais pindérico está projectado para receber o Papa na Jornada Mundial da Juventude!

O presidente da Câmara, Carlos Moedas, revelou que consultou sete empresas e que os orçamentos começavam nos 8 milhões.

E foi escolher aquela coisa reles, que só vai custar uns míseros 4,2 milhões de euros!

Como disse o Grande Líder Nuno Melo, quase que se confunde com a indemnização da Senhora Dona Alexandra Reis.

Dizem os organizadores, que Lisboa poderá receber cerca de um milhão de visitantes para participar na JMJ. Ora, o tal palco só consegue albergar duas mil pessoas. Onde vão enfiar as restantes? Não seria melhor construir meia-dúzia de palcos semelhantes, colocados em círculo, com uma rampa a uni-los, de modo a que o Papa se pudesse movimentar ente eles, usando uma cadeira de rodas eléctrica?

O bispo auxiliar de Lisboa disse que ficou magoado com o custo do altar-palco. Magoa-se com pouco, o bispo. Se calhar, é por isso que é auxiliar…

Quanto ao nosso Presidente, parece que já sabia do preço do altar-palco, mas fez de conta que não sabia. Ouvi-o dizer que aquilo era muito bonito. É próprio de uma pessoa que viaja pouco. Está sempre metido no Palácio de Belém e conhece pouco mundo, caso contrário perceberia que o altar-palco é um verdadeiro mamarracho, mas parecido com um daqueles parques para praticar skate.

Quando soube do preço, Marcelo terá dito para reverem o projecto.

Estou de acordo!

Façam uma coisa como deve ser, uma coisa que torne Moedas imortal. Ele já disse que dava o corpo í s balas!

Toca a disparar!

Expresso – 50 anos

Foi há 50 anos que o Expresso saiu pela primeira vez.

Não há dúvida que, na altura, foi aquilo a que se chama uma pedrada no charco. Era um jornal diferente de todos os que existiam, moderno e arrojado. Lembro-me de ler, com entusiasmo, as colunas de Miller Guerra e de Sá Carneiro, tentando perceber, nas entrelinhas o que eles, de facto, insinuavam.

O República já fazia parte do meu dia-a-dia, e o Expresso veio juntar-se-lhe. Com o prec, o República finou-se. O Expresso, pelo contrário, foi-se fortalecendo e continuei a comprá-lo todas as semanas. Era leitura para o todo o fim de semana.

Nos últimos anos, no entanto, o Expresso já não é o que foi. É um jornal cada vez mais encostado, com um director que não esconde a sua simpatia pelos liberais, e com canais directos para o Palácio de Belém. Continuo a comprá-lo, mais por hábito do que por prazer. Folheio rapidamente o corpo do jornal, raramente me detendo num artigo. Começo a ler o editorial do director, irrito-me e desisto. Começo a ler a opinião do Miguel Sousa Tavares e acho que já li aquilo há uns tempos. A opinião dos colunistas habituais também não traz nada de novo. Em resumo, o corpo do jornal vai para a reciclagem em três tempos. Fica a Revista que ainda consegue despertar-me algum interesse. Não falho as Palavras Cruzadas!

De qualquer modo, parabéns ao Expresso.

Coisas da democracia

Três notícias na edição de hoje de o Público, fazem-nos pensar um pouco sobre o valor das democracias.

Em Portugal, a nova secretária de estado do Tesouro foi demitida depois de ter recebido meio milhão de euros de indemnização por ter sido despedida da TAP.

Faltavam-lhe dois anos de contrato, tal como a Fernando Santos, o selecionador nacional de futebol que, no entanto, recebeu 3,5 milhões de indemnização.

Percebe-se a diferença: Santos ganhou um campeonato da Europa, enquanto Alexandra Reis, a secretária de Estado, não ganhou coisa nenhuma ““ a não ser a tal indemnização.

Nos Estados Unidos, o congressista republicano George Santos admitiu que mentiu sobre a sua formação académica e o seu histórico profissional durante a campanha para as eleições intercalares de novembro.

Santos é adepto de Trump e afirmou que não é criminoso; acrescentou: “…o meu pecado foi ter enfeitado o meu currículo. Peço desculpa. Fazemos coisas estúpidas na vida”. Mesmo assim, pretende tomar posse como congressista.

Em Israel, o Parlamento aprovou duas leis que poderão permitir que os políticos passem a ter um poder quase absoluto e em que as mulheres, homossexuais, estrangeiros, ou até judeus não ortodoxos, possam perder direitos.

Um dessas alterações torna possível que políticos condenados por crimes graves como corrupção, possam ser ministros.

São coisas da democracia ““ o pior regime político, mas o único que é aceitável…

Os jornalistas passaram de conferentes a entendedores

Aqui há uns tempos era frequente os jornalistas da rádio e da televisão, dizerem coisas como estas:

* “…Vamos agora conferir como decorreu a reunião de hoje do Conselho de ministros”.

* “…Hoje foi mais um dia de greve dos trabalhadores da Transtejo; junto do representante do sindicato, o nosso repórter vai conferir a adesão í  paralisação…”

Portanto, os jornalistas conferiam. Eram conferentes.

Mas os tempos mudaram e agora, ouvimos os mesmos jornalistas a dizerem:

* Vamos agora tentar perceber como decorreu a reunião de hoje do Conselho de ministros”.

* “…Hoje foi mais um dia de greve dos trabalhadores da Transtejo; junto do representante do sindicato, o nosso repórter vai tentar perceber a adesão a esta greve”

Ou seja: os jornalistas da rádio e televisão, deixaram de ser conferentes, para passaram a ser entendedores.

E para entenderem melhor o que se passa passaram a ter a ajuda permanente dos comentadores.

Todos os canais de televisão têm os seus comentadores para questões relacionadas com a guerra, a inflação, a corrupção, os casos dos tribunais, o futebol, as crises políticas, as alterações climáticas e tudo e tudo.

Quer isto dizer que, afinal, os jornalistas não entenderam nada e precisam dos comentadores para perceberem o que se passa.

Por isso, mesmo que confiram e tentem perceber o que se passou na reunião de hoje do Conselho de ministros, precisam da ajuda de um comentador para compreenderem mesmo o que se passou.

Há qualquer coisa no curso de comunicação social que está a falhar…