Obrigado, Jesus, por me teres dado uma época com mais de 100 golos do Benfica!
E tem paciência, Domingos, mas um treinador que, em vez de dar os parabéns ao campeão, diz que o Benfica jogou mais de um terço do campeonato contra 10, está condenado a ser um treinador de um clube regional.
Com Sá-à-viola e David Luiz à guitarra, o Benfica cantou, ontem, ao Porto, o Fado do 31.
Mesmo com o Urreta, que tem apelido de Golfo, com o Carlos Martins, mais coxo que vivo, com o Ramires, de muletas e – espantem-se! – com o Luis Filipe a lateral direito, mais tempo tempo do que a prudência aconselha, mesmo sem o Aimar, sem o Di Maria, sem o Coentrão – o Benfica mudou a letra do fado, com argentinos, uruguaios, paraguaios e brasileiros a atacarem o refrão.
Hoje sinto-me de barriga cheia: não só entrei de férias (curtas, mas férias), como ontem vi o meu Benfica marcar 8 golos ao Vitória de Setúbal.
E sublinho “meu” porque há muito tempo que não sentia a equipa do Benfica como minha.
Tiro o chapéu ao Jorjus (é assim que os adeptos e alguns jornalistas chamam ao Jorge Jesus, com a dificuldade que têm em articular português correctamente, aliás, como o próprio treinador do Benfica, mas tudo bem – o futebol é assim mesmo, ou não é?…).
Ontem à noite senti-me recuar uns anos largos, para os tempos em que o Benfica proporcionava abadas à maior parte dos seus adversários.
E até os comentadores televisivos pareciam ter recuado, também eles, algumas décadas, já que ouvi um deles dizer que o Setúbal marcava o seu “ponto de honra”, enquanto o outro chamava ao Cardoso, “avançado de centro”!
Há que tempos que não ouvia ninguém chamar avançado de centro ao ponta de lança!…
Avançados de centro eram o Rui Águas e o Torres. Alguém se lembra de os ver jogar?…
Enfim, estou a ficar velho!…
Mas vale a pena envelhecer a ver este Benfica a jogar!
Para que fique registado: a goleada começou com uma cabeçada do espanhol Javi Garcia, depois de um canto. A seguir, Aimar marcou um livre e o brasileiro Luisão marcou o segundo, também de cabeça. O terceiro foi para o Cardoso, de penalti. O quarto foi uma obra de arte do argentino Aimar. O quinto foi do brasileiro Ramires, a melhor aquisição do Benfica nos últimos anos.
Depois do intervalo, o paraguaio Cardoso marcou o sexto e o sétimo e, finalmente, veio o golo português: passe do César Peixoto, cruzamento de Fábio Coentrão e cabeçada de Nuno Gomes – à avançado de centro!
Não sou católico, mas tenho que agradecer ao Jesus!…