cromos
Quadrilhice
Em qualquer país dito civilizado, se houvesse a suspeição de que o Governo estava a espiar o Presidente, instalar-se-ia a crise entre os órgãos de soberania.
Em Portugal, é apenas mais um “fait divers”, uma tontice de verão, uma coisa sem importância – de tal modo que o Presidente, que ameaçou falar ao país se algo de muito grave se passar antes das eleições, até se dá ao luxo de ignorar o assunto.
E, afinal, o que se diz é que os seus assessores (com 5 ésses!) estão a ser espiados por facínoras, a mando de Sócrates.
Conversa de porteiras!
Quadrilheiras!
Está visto que os gajos do PS estão í rasca: querem conhecer o programa eleitoral do PSD, para poderem contra-atacar e, como a Manela não se descai, eles estão í brocha.
Pobres coitados!
Será que eles ainda não perceberam como vai ser o programa do PSD?
É que é tão simples. O programa eleitoral do PSD é curto e incisivo e divide-se em dois pontos:
1º A Manela vai ser primeira-ministra;
2º Depois, logo se vê.
Quanto a Cavaco, é vê-lo encher balões, pastar caracóis, encher pneus, pisar ovos, encher chouriços, ver navios, contar carneiros, olhar para o ar e sair de cena como o presidente que menos marcas deixou na História de Portugal, embora tenha conseguido evitar a eminente independência dos Açores…
Os Benficas
Este ano, o Benfica tem, pelo menos, três equipas.
Ontem, na primeira parte do jogo contra o Sunderland, o único português do Benfica era o treinador, Jesus.
São 8 brasileiros (Moreto, Luisão, David Luis, Sidnei, Patric, Ramires, Weldon e Maciel), 2 uruguaios (Maxi e Urreta), 1 francês (Yebda), 4 argentinos (Aimar, Shaffer, Saviola e Di Maria), 1 paraguaio (Cardozo), 1 angolano (Mantorras), 1 espanhol (Javi) e apenas 7 portugueses (Quim, Moreira, Ruben Amorim, Nuno Gomes, Miguel Vitor, Carlos Martins e Fábio Coentrão).
Não sei se consigo identificar-me com algum destes Benficas.
Houve o Benfica do Coluna, do íguas, do Eusébio, do Nené, do Humberto Coelho, do Jaime Graça, do Shéu, do Simão, do Rui Costa…
E este? É o Benfica do Nuno Gomes?…
Ná…
O que vale é que vamos ser campeões…
Tauromaquia parlamentar
E, de repente, Manuel Pinho virou-se para Bernardino Soares e mimoseou-o com um par de cornos, em plena Assembleia da República.
Sócrates demitiu-o.
Acho mal.
Para já, se a Assembleia costuma ser uma grande tourada, mais cornos, menos cornos, não há-de fazer diferença.
Tive pena foi do Bernardino Soares, coitado. Com aquela carinha de sacristão, nunca devia ter visto ninguém a fazer cornos…
Depois, há os antecedentes: é bom não esquercer que há poucas semanas, o vice-presidente da bancada do PSD mandou um deputado do PS para o caralho.
E nem vale a pena falar das tiradas fantásticas do Alberto João. Elas são tantas, que basta talvez recordar aquela vez que ele chamou filhos da puta aos jornalistas.
E ainda ontem, o presidente da Assembleia Geral do Benfica, Manuel Vilarinho, ao ser questionado sobre a possibilidade das eleições serem impugnadas, respondeu: “estou-me cagando!”.
Portanto, foda-se! que mal faz um simples par de cornos í porra desta democracia de merda!?
Na mó de baixo
O bode respiratório
Para quem já não se lembra: Nuno Cardoso é aquele senhor longilíneo, com um problema qualquer na respiração, que foi presidente da Câmara do Porto, entre 1999 e 2001.
Em 2001, Cardoso assinou um despacho em que perdoou uma coima ao Boavista, aplicada pela Polícia Municipal do Porto, por o clube ter efectuado obras, sem licença, nas imediações do estádio do Bessa.
Esta história acabou por ser divulgada, no âmbito do Apito Dourado.
Por ter perdoado essa dívida, Nuno Cardoso foi agora condenado a 3 anos de prisão, com pena suspensa.
Não deixa de ser irónico que Cardoso seja o primeiro e, até agora, único, autarca e/ou figura pública a ser condenado no âmbito do Apito Dourado.
Com aquela deficiência respiratória que lhe é característica, Cardoso explicou aos jornalistas que não sabe como é que a sua assinatura foi parar í quele despacho e acrescentou estar mais preocupado com a justiça divina do que com a justiça dos homens.
Assim sendo, e depois de se ter remetido ao silêncio nos últimos 8 anos, agora que foi condenado a 3 anos de prisão, Cardoso promete regressar í política!
E eu acho muito bem!
Por que carga de água é que Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, Isaltino Morais e outros eminentes autarcas preparam as respectivas re-eleições, apesar de estarem acusados de dezenas de crimes, e Nuno Cardoso, por causa de uma merda de um despacho que lhe vale 3 anos de prisão, não há-de regressar í política?!
Por que raio é que ele, como diria Jorge Jesus, há-de ser o bode respiratório do processo Apito Dourado?
Força, Nuno!
Autarcas condenados (ou suspeitos) unidos, jamais serão vencidos!
Roubalheiras, negociatas, tranquibérnias e bambochatas
As eleições europeias são completamente desnecessárias.
Primeiro, realizavam-se as legislativas. Depois, consoante os resultados, cada partido tinha direito a “xis” deputados europeus, designados pelas respectivas direcções partidárias.
Da maneira como as coisas estão, as eleições europeias acabam por ser, sempre, um teste ao desempenho do governo em exercício.
Sendo assim, é natural que, na campanha, se fale quase exclusivamente de assuntos internos e pouco, muito pouco, da União Europeia.
É assim que se justifica o ataque do candidato Vital, que chamou a atenção para a “roubalheira” do caso BPN. No seu blogue, Causa Nossa, até lhe chamou “tranquibérnia”, o que obrigou os jornalistas a correrem ao dicionário, para ficarem a saber que tal palavrão significa “confusão, desordem, negócio de má-fé, trampolinice, falcatrua, tramóia, fraude, trapaça, burla.”
Que língua tão rica, a nossa. Quantos sinónimos para algo tão velho como a Humanidade: enganar o próximo.
Mas a palavra “roubalheira”, na boca do candidato Vital, fez estremecer as instituições. Claro que toda a gente sabe que a malta do BPN se abotoou, se aboletou, sacou, fanou, surripiou, gamou, desviou – numa palavra: roubou alguns milhões de euros.
Mas, uma coisa é saber o que eles fizeram, outra é dizer abertamente, que eles roubaram e que, entre eles, há “figuras gradas do PSD”.
Até a Maria de Belém ficou chocada. Diz que não usa esse tipo de linguagem. Gostaria de saber como diz ela, quando alguém lhe rouba a carteira: “Senhor polícia aquele senhor apropriou-se indevidamente da minha carteira?”
Mas logo veio José Lello, dizer: “choca-me a displicência da deputada Maria de Belém”.
O PS não precisa de inimigos. O próprio PS se encarrega de se lixar.
Claro que é tudo uma questão de linguagem.
Se Oliveira e Costa, Dias Loureiro e seus amigos ficaram, indevidamente, com dinheiro que não lhes pertencia, não será uma roubalheira?
Segundo Miguel Portas, do Bloco, é uma “negociata”.
Roubalheira, negociata, tranquibérnia… bambochata (grande patuscada).
Mas há uma terceira coisa que me agrada nas eleições europeias (a primeira foi o ressurgimento da Carmelinda Pereira e a segunda foram os comentários ao texto que escrevi sobre ela…): ver o Paulo Rangel de corpo inteiro.
É que estou habituado a vê-lo na Assembleia da República, atrás da bancada. Sabia que ele me fazia lembrar uma figura da banda desenhada, mas não me lembrava qual.
Ontem, ao vê-lo, na TV, a percorrer as ruas de Aveiro, ao lado de Ferreira Leite, vi-o de corpo inteiro e percebi quem é ele, de facto.
Paulo Rangel não passa de uma incarnação de um Blue Meannie, um dos mauzões do filme “Yellow Submarine”.
E não me desmintam!
O ponto G 20
Os países mais ricos do mundo e arredores, reuniram-se no chamado G 20 e chegaram todos a um acordo.
Acho mal.
Chineses a apertar a mão a árabes?
Berlusconi, Sarkozy, Obama e Medvedv, todos de acordo?
Biliões de dólares para ajudar a economia a sair da crise?
Apoios nunca antes vistos aos países pobres?
Muitos sorrisos e apertos de mão?
Quando a esmola é muita, o pobre desconfia.
Vamos a ver se este acordo do G 20 não é como o ponto G: todos dizem que ele existe, mas poucos sabem o que fazer com ele…