Um electricista na Saúde: uma decisão de alta tensão

Numa altura em que a ministra da Saúde está, mais uma vez na berlinda, decidi desenterrar um texto que publiquei no Bisnau, a 7 de julho de 1983. Nesse tempo, Maldonado Gonelha, electricista de formação, fora nomeado ministro da Saúde. O Bisnau foi um semanário humorístico da Projornal, dirigido por Afonso Praça. Publicou-se entre março e novembro de 1983 e colaborei em todos os números.

Quando se soube que o prestigiado socialista Maldonado Gonelha, electricista convicto, fora nomeado ministro da Saúde, a opinião pública sofreu um grande choque. Mas o que acontece de facto, é que a dita opinião pública sofre de uma espécie de complexo de baixa tensão e não consegue, por vezes, atingir o alcance das medidas dos nossos governos – neste caso particular, a nomeação de alguns ministros do actual governo de coligação Seabra/Simão.

Ora, no sector da Saúde, há que tomar em consideração o precedente criado pelo anterior executivo: se um técnico de seguros pôde gerir os Assuntos Sociais, por que não um socialista na Saúde? Acaso Beethoven tinha bom ouvido quando compôs a 9ª Sinfonia? Não era António Aleixo analfabeto?

Aliás, basta pensar no incremento dos electro-choques, dos electrocardiogramas, dos electroencefalogramas para perceber a importância de termos um electricista na Saúde. Todos os médicos e para-médicos sabem como são frequentes as avarias nos electrocardiógrafos, nos raios xis e nas restantes máquinas essenciais ao diagnóstico de tantas doenças – e todas elas ligadas à corrente, todas elas consumindo electricidade.

Pois, a partir de agora, temos um técnico capaz à rente do Ministério certo.

E o que será o nosso coração senão um maravilhoso gerador? E quando ele para não será um curto-circuito na circulação coronária? E o que acontece ao indivíduo cujo gerador cardíaco curto-circuita?… Apaga-se!… Pois lá estará Gonelha, de busca-pólos em punho, pronto para todas as situações!

E o que serão os nossos nervos senão fios que conduzem os impulsos eléctricos até ao cérebro – esse verdadeiro e único computador? E o que acontece quando a tensão é muita?… Estoira um fusível e ficamos confusos. Quem melhor que um electricista perceberá esta linguagem?… Quem melhor que Gonelha poderá substituir esse fusível?…

E o que fazem as mulheres grávidas deste país?… Dão à luz, claro… desde que alguém carregue no interruptor.

E o que serão os nossos rins senão acumuladores e filtros maravilhoso que, no entanto, podem sofrer avarias que só um bom electricista poderá reparar?

E o que é o amor senão a junção interal de uma ficha macho com uma tomada fêmea? E todos sabemos os problemas que surgem quando não existe bom contacto…

Por tudo isto, a decisão de colocar um electricista na Saúde não só foi acertada, como sobretudo electromagnética!

Indicadores do SNS – Que diz a isto Sr. Bastonário?

Exerci Medicina durante 40 anos, sempre no SNS, 33 dos quais como Médico de Família e já sabia que o nosso SNS era excelente, universal, tratando todos da mesma maneira e com grande cuidado na prevenção.

A OCDE faz estudos. A OCDE é uma instituição insuspeita; não consta que seja esquerdista…

Segundo a OCDE, nos EUA, morrem 175 pessoas por cada 100 mil por causas que podiam ser evitáveis; a média dos países da OCDE é de 133; em Portugal, o número desce para 110.

No que respeita à taxa de internamento por diabetes, na Alemanha, 209 doentes em cada 100 mil pessoas, são internadas por esses motivo, em França, 151, na Bélgica são 139, na Dinamarca, 92, na Noruega, 77 – em Portugal, apenas 52 (a média na OCDE é de 129!).

Quanto a mortes por enfarte, a média da OCDE é de 115 por 100 mil; na Alemanha, esse número desce para 102, na Noruega, para 66, mas em Portugal é apenas de 51.

Mortes por cancro: média da OCDE – 201 por 100 mil. Dinamarca, por exemplo, 230; Portugal – 196.

Finalmente, sobrevivência de cancro da mama após 5 anos: na OCDE, a média é de 97.4 anos. Portugal é o quarto país com melhor taxa – 98.7 %.

Que merda de SNS nós temos, na verdade!…

Sorrisos

O Sousa precisa de se submeter a uma extração dentária e só confia naquela estomatologista.

Só que ela saiu da clínica onde trabalhava e foi tratar das bocas para outra clínica, chamada Sorriso Qualquer-coisa.

Fui procurar no Google; escrevi “clínica sorriso” na caixa de diálogo e saiu-me isto:

Centro do Sorriso, Fábrica do Sorriso, Sorriso Saudável, Sorriso Mais, Construímos Sorrisos, Clínica do Sorriso, Sorriso com Arte, Sorriso Natural, Encontro num Sorriso, Sorriso à Medida, Sorriso e Saúde, Sorriso Diário, Onda de Sorrisos, Sorriso Vital, Doutor do Sorriso, Sorriso Vaidoso, Sorriso Marcante, Sorriso Amigo, Sorriso Feliz, Sorriso de Luz, Pleno Sorriso, Sorriso das Estrelas, Sorrisos Perfeitos, Sorrisus, Sorriso de Novela, Sorriso Metálico, Sorriso Especial, Sorriso e Saúde, Sorriso Implantes, Com Sorriso na Cara, Um Sorriso para a Vida, Ganha Sorriso, Sorrir Sempre… e parei na Clínica Smile Up, porque as entradas eram superiores a 24 milhões!

No entanto, não encontrei clínicas que preferissem os sorrisos Idiota, Néscio ou Parvalhão. Trata-se, portanto, de uma discriminação intolerável!

Os odontologistas e médicos estomatologistas estão com uma falta de imaginação que não merece sorrisos!…

Mas estão mesmo todos contra o SNS?

Parece que sim!

Esta semana, médicos e enfermeiros do SNS estão em greve simultaneamente.

Nunca estive de acordo com greves nos sectores dos serviços. Penso que os únicos prejudicados, são os utentes e o Estado pode bem com estas greves; com efeito, até poupa algum dinheiro…

Se os médicos e os enfermeiros pretendem defender o SNS, devem, por exemplo, organizar debates para propor medidas que melhorem os serviços, em vez de fazerem greves.

E as Ordens devem dar o exemplo.

O Sr. Bastonário da Ordem dos Médicos, em vez de andar a fazer política anti-Ministério da Saúde, devia fazer parte da solução, propondo medidas concretas para melhorar o SNS.

Não me esqueço da entrevista que o Dr. Guimarães deu à televisão, quando surgiu a notícia de que a Galiza queria contratar médicos portugueses, oferecendo-lhes altos salários e outras condições principescas. O Sr. Bastonário veio logo dizer que seria natural que os médicos portugueses se candidatassem a esses lugares na Galiza, não só porque iriam ganhar melhor do que no SNS português, mas porque, também, os médicos, em Espanha, eram mais reconhecidos do que em Portugal, segundo a douta opinião do Dr. Guimarães.

Claro que era tudo uma grande treta. A oferta dos galegos não era bem assim, o ordenado não era tão faustoso como se dizia e os candidatos teriam que andar a saltar de um centro de saúde para outro, fazer várias urgências e, só se trabalhassem aos fins-de-semana, é que talvez ganhassem o ordenado anunciado.

Nenhum candidato português se chegou à frente. O Sr. Bastonário nunca mais falou no assunto.

Desde essa altura – ou melhor, desde que se deixou de falar nos professores – que a comunicação social elegeu o SNS como alvo.

Todos os dias há uma notícia nova sobre a hecatombe do SNS.

Notem que não há duas notícias no mesmo dia – isso seria desperdiçar munições. Ontem foi uma, hoje é outra, amanhã será ainda outra. O que é preciso é não deixar morrer o assunto. Os Hospitais privados agradecem, claro.

Nas televisões, os comentadores tudistas – isto é, os especialistas em tudo – também comentam o “caos” na Saúde.

Ontem, um comentador de apelido Gama, atribuía a falta de médicos à redução do horário de trabalho das 40 paras as 35 horas – o que é mentira, já que os médicos são os únicos no sector da Saúde que continuam com 40 horas.

Mas nem a jornalista que estava a moderar o debate, nem a sua opositora, a socialista Inês de Medeiros, corrigiram o Gama.

Portanto, quando os comentadores não conhecem os assuntos que estão a comentar, está tudo dito quanto à comunicação social.

Há umas duas semanas, ficámos a saber que as maternidades de Lisboa teriam que fazer uma escala de atendimento de urgências porque não havia obstetras suficientes, durante o Verão, para manter todas as urgências abertas.

Foi um escândalo.

Claro que não foi referido que isto já não é novo. Aconteceu, por exemplo, com as urgências pediátricas.

E a culpa foi atribuída ao SNS – não ao sector privado, que saca os médicos, oferecendo-lhes melhores salários.

Entretanto, estamos no dia 3 de Julho, e parece que as maternidades vão continuar a funcionar, embora isso já não seja notícia.

A notícia hoje é, na primeira página do Público, replicada nas televisões, que o número de cirurgias em atraso duplicou nos últimos quatro anos – ou seja, durante o consulado da geringonça.

Se fores ler a notícia – o que eu duvido – perceberás que esse aumento se ficou a dever, sobretudo, ao aumento do tempo máximo de resposta garantida.

Mas o que é isso?

Até 2018, uma cirurgia programada menos grave, teria que ser resolvida em 270 dias – mas a partir do ano passado, essas cirurgias teriam que ser realizadas no tempo máximo de 180 dias. Esse simples facto fez aumentar o número de cirurgias em espera.

Mas isto é um pormenor demasiado técnico, e o que a malta fixa é a parangona do jornal, ou o título debitado pelo jornalista de serviço na televisão.

Enfim, acabem com o SNS e depois não se queixem…

O copo meio vazio do SNS

Há meses que o Serviço Nacional de Saúde está sob ataque cerrado.

Quase todos os dias surge uma notícia que põe em causa o SNS, e que se junta ao mau estar provocado pelas greves dos enfermeiros e as reivindicações de todos os sectores, desde os maqueiros aos médicos.

Colaborando nesta campanha, a comunicação social faz eco de informações praticamente diárias, que pretendem mostrar o descalabro a que chegou o SNS.

Fico espantado, por exemplo, com o facto de os enfermeiros terem estado quase calados, durante os anos da troika, terem sido obrigados a emigrar, sobretudo para a Grã-Bretanha, até estimulados pelo então primeiro-ministro Paços Coelho, e só agora virem reivindicar uma carreira profissional, aumentos salariais, reformas antecipadas e tudo e tudo.

Fico espantado, também, com a o bastonário dos médicos (nem falo da senhora bastonária das enfermeiras…) que, em vez de ser parte da solução, é também parte do problema, armando-se em grande defensor do SNS, quando a Ordem a que pertenço desde 1978, sempre se esteve borrifando para o SNS, defendo, em primeiro lugar, a medicina privada.

Agora, de repente, o bastonário Guimarães, aparece a criticar a quebra do SNS, quando, no fundo, deve estar satisfeito porque, quanto mais fraco estiver o SNS, mais utentes têm que recorrer ao privado.

Serve esta introdução para chamar a atenção para mais uma notícia sobre o SNS, que mostra o que é apoiar o copo meio cheio, ou o copo meio vazio…

Os telejornais noticiaram há poucos dias que o número de transplantes, em Portugal, diminuiu em 2018. Enquanto, no ano anterior, foram realizados 859 transplantes, em 2018, foram apenas 757.

Ao ouvir esta notícia, o cidadão médio dirá que é mais uma prova do desinvestimento no SNS. Agora, até os transplantes diminuíram!

Mas, depois, se formos procurar mais informação, ficamos a saber que, no ano passado, o tempo de espera para um doente ser transplantado diminuiu 3% e que o número de óbitos de doentes à espera de transplante diminuiu 2,9%, o que é um dos números mais baixos, a nível internacional.

Quem é que ouviu estas duas informações serem transmitidas nos telejornais?

O copo do SNS continua meio cheio para uns, geralmente os que dele necessitam, e meio vazio para os restantes…

Sãozinha, estuda os dossiers!

Os factos são estes:

A ADSE contratualizou com os privados uma determinada maneira de pagar os cuidados de saúde.

Exemplo: uma prótese da anca custa, no Hospital da Luz, 100, na Cruz Vermelha, 150 e, nos Lusíadas, 250. A ADSE só paga uma média destes preços.

Acontece que os prestadores privados, com contrato com a ADSE, estavam habituados a sobrefacturar determinados cuidados de saúde, para compensar outros cuidados que eles achavam estar muito baratos, nomeadamente, as consultas, que não chegam aos 5 euros cada.

Só que os contratos dizem, explicitamente, que a ADSE só paga uma média do cobrado pelos vários prestadores e que, ao fim do ano, os privados terão que devolver dinheiro, se tiverem sobrefacturado.

É o que está a acontecer agora: a ADSE exige a devolução de 38 milhões de euros que terão sido cobrados a mais pelos diversos hospitais privados.

Claro que os privados, em resposta, ameaçam denunciar o contrato com a ADSE.

Perante isto, a candidata a primeira-ministra, Assunção Cristas, veio logo dizer que a culpa era do Governo, porque não paga atempadamente aos privados.

Disse a Sãozinha:

“Neste momento o que nós sabemos é que há um conjunto de situações graves que se vêm arrastando, de o Estado não pagar aos prestadores de serviços que têm acordo com a própria ADSE, e portanto, lamentamos mas entendemos que o Governo também nesta área tem estado particularmente mal e está a destruir a saúde dos portugueses”, referiu.

Ora, não é nada disto que está em causa e a Cristas, se quer vir a ser primeira-ministra, nem que seja daqui a 30 anos, tem que estudar os dossiers – não pode limitar-se a dizer, como aquele mexicano anarquista – “se hay gobierno, soy contra!”

No entanto – e apesar de só continuar a representar menos de 7% do eleitorado – a Sãozinha continua a ter lugar em todos os telejornais, dando opiniões sobre tudo e mais alguma coisa, sem que ninguém a questione.

Neste caso particular da ADSE, é óbvio que os jornalistas também não estavam informado sobre o verdadeiro cerne do conflito e, por conseguinte, ninguém disse à líder do CDS-PP que, no que respeita à ADSE, não se trata do não pagamento por parte da entidade estatal, mas sim, pelo contrário, pelo não cumprimento do contrato por parte dos privados.

Acresce que, desde há alguns anos, a ADSE é autónoma financeiramente, sendo paga pelos funcionários do Estado e que, portanto, o Governo tem pouco a ver com isso.

Mas, enfim, a Cristas só quer vir a ser primeira-ministra – o resto é música.

Sacra…

 

O Serviço Nacional de Saúde da Nâmbia

Donald Trump elogiou o Serviço Nacional de Saúde da Nâmbia (ver aqui).

Por duas vezes.

Enalteceu o facto de os países africanos em redor terem sido dizimados pelo ébola, enquanto a Nâmbia se mantinha incólume, graças ao seu sistema de saúde, muito parecido com o que Trump imaginou para os States.

Claro que o facto de a Nâmbia não existir, é apenas um pormenor.

Trump poderia garantir que o sistema de saúde da Nâmbia é tão bom como o sistema prisional da Indofrígia ou como o sistema judicial da Maurinésia.

Dispam-se os médicos – já!

O secretário de Estado da Saúde, Leal da Costa, quer proibir os médicos e médicas de usarem anéis, pulseiras, gravatas e outros adornos porque, segundo ele, esses objectos são veículos de transmissão de infecções.

De facto, se examinarmos ao microscópio as gravatas ou os anéis dos médicos e médicas, encontraremos matilhas de estafilococos, cáfilas de estreptococos, cardumes de psudomonas.

E que dizer das solas dos seus sapatos, ou dos fundilhos das suas calças?

E sabe-se lá por onde andaram as camisas dos médicos e as cuecas das médicas!

Por isso, o mais higiénico seria os médicos e médicas, assim que chegam aos hospitais, despirem-se, tomarem um banhinho e seguirem para as enfermarias assim, tal e qual, ao natural.

Para dar o exemplo, Leal da Costa já começou por rapar o alto da cabeça…

leal da costa

Ai de ti se adoeces!

«Por mais impostos que possamos cobrar aos cidadãos, o SNS, mais tarde ou mais cedo, será insustentável. Não basta só cobrar impostos. É preciso que as pessoas façam alguma coisa para que recorreram menos aos serviços».

(- Francisco Leal de Costa, secretário de Estado da Saúde)

Hoje estava mesmo a apetecer-me apanhar uma gripe.

Conheço uma pessoa que está na cama com gripe. Ia lá a casa e pedia-lhe para tossir directamente para a minha cara. Várias vezes.

Depois, quando começasse a ter dores no corpo e febre, ia ao SAP para que o médico me receitasse muitos medicamentos, pedia-lhe alguns dias de baixa e enfiava-me na cama a ler tio patinhas.

Mas depois lembrei-me da entrevista do nosso secretário de Estado da Saúde e desisti da ideia.

Já avisei os meus netos que, este ano, não podem ter otites, nem amigdalites, e se se atreverem a ficar ranhosos, a única que lhes vou fazer é assoá-los e caso estejam a pensar ficar com diarreia, podem contar com uma rolha!

Não podemos ficar doentes, senão o Passos Coelho tira-nos, também, o Serviço Nacional de Saúde!

Aldragripe

Não é meu hábito comentar assuntos relacionados com a minha área profissional.

Penso que estou demasiado envolvido para ter uma opinião isenta.

Mas esta história do surto da gripe, merece algumas palavras e muita reflexão.

Ontem, prolonguei o meu horário. Estive no Centro de Saúde das 8 da manhã às 22 horas. Fiz as minhas consultas programadas até às 16 horas e, depois, fiz a consulta aberta a todos os utentes que solicitam consulta no próprio dia, pertençam, ou não, à minha lista de utentes. Esta consulta – direccionada para os utentes que não puderam ser consultados pelo seu médico de família ou para situações agudas que surgem em horário post-laboral, funciona das 16 às 20 horas, com dois médicos.

No dia 16 de Dezembro – ainda a gripe não existia… – eu a e a minha colega Emília, atendemos 82 pessoas, nesse período de 4 horas.

Ontem, por determinação superior, prolongámos o horário até às 22 horas, devido ao surto de gripe.

Consultámos 56 utentes. Nenhum, entre as 20 e as 22 horas!

Dois médicos, duas enfermeiras, uma administrativa e um segurança, cobraram mais 2 horas extraordinárias ao SNS para satisfazer as paranóias dos jornalistas, que inventaram uma epidemia de gripe.

Dizia-me, ontem um dos doentes que consultei: “É pá! Isto hoje ainda está melhor do que é costume! O doutor chamou-me tão depressa que nem tive tempo para me sentar! Gripe?! Os gajos querem é vender as vacinas que ainda estão em stock! Dizem que ainda há 96 mil vacinas nas farmácias – deviam eram dá-las àquele tipo com risco ao meio, da Direcção-Geral. Todas!”

Quanto a mim, enquanto bocejava à espera dos doentes que nunca apareceram, pensei por que razão os jornalistas foram, a correr, ao Amadora-Sintra, na sexta-feira passada, para filmar a sala de espera cheia de doentes e nenhum apareceu ontem, no meu Centro de Saúde, para filmar a sala cheia… de moscas…