“The Tourist”, de von Donnersmarck

Um filme com dois dos actores mais famosos da actualidade tinha a obrigação de ter mais qualidade.

No entanto, quando a história não ajuda e o realizador é banal, não se pode esperar que as estrelas façam milagres.

Florian Maria Georg Christian Graf Henckel von Donnersmarck, alemão de 38 anos, tem um nome muito maior que a sua carreira, que inclui algumas curtas metragens e um filme, intitulado The Lives of Others (2006), muito credenciado (não vi).

Neste The Tourist, limita-se a apontar a câmara. Salvam-se os planos aéreos da bela Veneza, o percurso de táxi marítimo, do aeroporto até à Praça de São Marcos, os canais e os palácios, as cúpulas e as ilhas.

Angelina Jolie faz de Angelina Jolie e, por vezes, de Gina Lollobrígida. Nunca desfaz aquele ar seráfico, de beleza tão inatingível que acaba por parecer artificial. Em grande parte do filme, não parece uma mulher verdadeira, mas uma espécie de boneca insuflável de luxo.

Jonnhy Depp aprendeu a ter aquele ar meio tímido, de intelectual-que-engata-todas-porque-elas-têm-pena-do-seu-ar-triste e, também ele, não consegue sair do estereótipo.

A história é banal e o filme não merece o tempo que se perde com ele.

“Changeling”, de Clint Eastwood

changelingAo contrário de Woody Allen, Clint Eastwood está a ficar cada vez melhor com a idade.

Quem se lembra de Eastwood como realizador e actor de “Bronco Billy” (1980), para já não falar dos cromos que ele compôs para os western spaguetti?

Há já alguns anos que Eastwood se tornou num dos realizadores mais “clássicos”, no sentido clássico do termo, passe a redundância.

Em “Changeling”, conta-se a história verídica de uma mãe solteira (Angelina Jolie) cujo filho, de cerca de 9 anos, foi raptado por um psicopata, posteriormente acusado e condenado à morte pelo assassínio de diversas crianças.

A polícia de Los Angeles, que naqueles anos 30 do século passado, tinha fama de corrupta, incapaz de encontrar a criança, e estando sob o foco da comunicação social, arranja um outro rapaz e tenta convencer a mulher a aceitá-lo como sendo o seu filho. Como ela se recusa, interna-a num asilo psiquiátrico, considerando-a paranóica.

O filme, sempre num registo documental, contido, mostra-nos como os direitos das mulheres eram praticamente inexistentes naqueles tempos, mesmo numa sociedade aparentemente tão liberal como a norte-americana.

Vale a pena ver.