Salt Lake City, 11 de Maio

Saímos de West Yellowstone, em direcção a Salt Lake City.

Às 6h30 da matina, estávamos junto a um McDonald’s, com temperatura negativa. As ruas estavam desertas e, ao fundo, os lobos uivavam, talvez porque esteja lua cheia, talvez porque soubessem que nunca tínhamos ouvido lobos a uivar, ao vivo. Foi mais uma experiência nova. Lá ao fundo, da montanha, os lobos uivavam; algures, da cidade, penso que de um pequeno parque onde devem estar lobos em cativeiro, estes respondiam.

West Yellowstone fica no Montana, mesmo junto à fronteira com o Idaho, Estado que vamos atravessar hoje, até ao Utah.

Mais nomes estranhos de cidades norte-americanas. E fico-me só pelos estados que estamos a atravessar.

Na categoria das Cidades com Nomes estranhos Quando Traduzidos para Português: Pé Preto (Blackfoot), Parede Branca (Whitewall), Lago Cotovelo (Elbow Lake), Pássaro Vermelho (Redbird), Ajudante (Helper), Preço (Price), Enche Mais (Fillmore).

No departamento das Cidades com Nomes Próprios que, se fossem portuguesas, poderiam chamar-se Maria, Manuel ou Silva: Pierre, Clarinda, Martin, Harrison, Hugo, Spencer, Magdalena, Rose, O’Neill.

Na secção Cidades com Nomes de Gente Famosa: Tatcher, Séneca, Wellington, Huntington, Cortez

Quanto às Cidades Que Parecem Estar no Mapa Errado: Montpelier, Norfolk, Gothenburg, Cambridge, Lebanon, Geneva, Manchester, Bristol.

No que respeita às Cidades com Nomes em Língua Estrangeira: La Sueur, La Junta, Las Almas, Arma, Alcova, Monticello, Mancos.

Às 10h, parámos junto a Idaho Falls, para descansar meia hora e comer qualquer coisa. E aqui está outra novidade desta viagem: gosto de iogurtes! Ideais para comer a meio da manhã ou da tarde, baratos, fáceis de transportar, à venda em qualquer convinience store. Quando regressar a Portugal, vou começar a consumir iogurtes. Quem diria?…

Mais uma estrada sempre a direito. São duas faixas para cada lado, separadas por uma faixa larga de terreno, de forma côncava. Se um tipo adormecer ao volante, o que não deve ser difícil, talvez assim tenha menos hipótese de se ir espetar contra outro carro, em sentido contrário.

Lá ao fundo, de um lado e de outro, montanhas. A paisagem é um pouco diferente do South Dakota, em que a pradaria era a perder de vista.

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Salt Lake City está a ser mais uma agradável surpresa.

Claro que só percorremos a zona em redor de Temple Square, mas ficámos espantados com o colorido dos inúmeros canteiros repletos de flores, que bordejam a Praça que, por su bez, fica em frente ao Templo dos mórmons – uma coisa gigantesca, de ganito austero, com a figura dourada do anjo Moroni, no cimo. foi este anjo que apareceu ao profeta Joseph Smith, dizendo-lhe que ele é que ia salvar o mundo. Outra vez…

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Todo o espaço em redor é uma espécie de mundo da fantasia, transmitindo-nos um sentimento de harmonia e paz: os canteiros com flores, diversas fontes a jorrar água e até os semáforos têm sinais sonoros a imitar passarinhos a chilrear! Todo este espaço do Templo, está rodeado por um muro alto, como se, lá dentro, fosse a tal paz e harmonia e, cá fora, o mundo dos pecadores. E, de facto, logo numa das entradas da Praça, do lado e fora, claro, um sem abrigo andrajoso, a pedir. Do lado de dentro, meninas sorridentes oferecem-se para nos fazer uma visita guiada. Declinámos. Preferimos deambular por ali, por nossa conta.

Mas o melhor desta visita ao Mormón World ainda estava para vir. Às 17h 30 fomos visitar a Beehive House, onde viveu o profeta Brigham Young. Beehive porque os mórmons se comparam às abelhas de uma colmeia: trabalham muito e em equipa. Aliás, o nickname do Utah é, exactamente, the Beehive State.

Tudo isto nos foi explicado na visita à casa onde viveu Brigham Young, o segundo profeta mórmon. O primeiro, foi o tal Joseph Smith, que morreu antes de conseguir chegar ao Utah. Pois o tal Brigham, a julgar pela casa, teve uma bela vidinha!… No hall de entrada, fomos recebidos por duas missionárias: uma chinesa, de Hong Kong e uma dinamarquesa. Na hora seguinte, as duas meninas (que se chamavam a si próprias, irmãs), mostraram-nos as diversas divisões da casa, explicando o que cada uma delas representa neste verdadeiro romance que é a história da igreja mórmon.

Brigham tinha 17 mulheres e 56 filhos, mas vivia nesta casa com a terceira mulher e 7 dos filhos, mas as irmãs asseguraram-nos que ele era um bom pai e visitava, com regularidade, as outras mulheres e respectivos filhos. Enfim, um zangão, polinizando as diversas flores… A história foi-nos contada com tanto entusiasmo e joy, que até parecia que as duas missionárias estavam sob o efeito de alguma anfetamina.

Claro que, se pensarmos bem, todas as religiões se baseiam em romances, contados de geração em geração. Se estivéssemos numa sala da Catedral de S. Pedro e duas irmãs nos contassem a história da Nossa Senhora e do menino Jesus a nascer na manjedoura, e a estrela e os reis magos, a gente também diria, está bem, vai falando…

A diferença é que toda a história de Cristo se passou há 2 mil anos, enquanto esta do Joseph Smith e do Brigham, foi há pouco mais de cem anos. É mais fácil acreditar numa treta com 2 mil anos…

Bom, deixemos os mórmons em paz e vamos jantar.

O jantar foi no 10º andar do Joseph Smith Memorial Building, no Roof Top Restaurant: um excelente buffet, com saladas várias, pratos diversos e muitas sobremesas.

Em seguida, e para digerir a comida, fomos a um outro edifício imponente. Nesse edifício, decorria o ensaio do Coro do Tabernáculo, ou coisa que o valha. Um auditório imenso (900 lugares) e, no palco, uma orquestra e um coro. Foi uma espécie de musical religioso.

Hoje percorremos 513 km.

 


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