É um vírus, estúpido!

Afinal, a estupidez é uma infecção!

Segundo um estudo norte-americano, citado pelo Diário de Notícias, é o vírus ATCV-1 “que ataca o DNA e que faz que os infectados fiquem menos inteligentes”.

Diz a notícia: “Investigadores da Escola de Medicina John Hopkins e da Universidade do Nebraska, descobriram vestígios do vírus na garganta de 40 indivíduos que participaram no estudo, num total de 90. Aqueles que estavam infectados apresentaram resultados em testes de inteligência”.

Logo, a jornalista Joana Capucho conclui que o tal vírus é o responsável pela estupidez humana!

No âmbito do estudo, alguns ratinhos foram alimentados com algas infectadas pelo vírus e, depois, tiveram mais dificuldade em sair dos labirintos – isto é, ficaram mais estúpidos!

E digo que ficaram “mais estúpidos” porque quem participa num estudo destes só pode ser estúpido.

Por muito exíguo que seja o estudo, é estimulante pensar que, afinal, a estupidez humana não passa de uma virose que, teoricamente, poderá ser tratada com um anti-viral – ou, pelo menos, controlar a situação, como se faz com os anti-retrovirais e o HIV e transformar a situação numa doença crónica.

Além disso, este estudo faz com que passemos a olhar para o estúpidos de outra maneira, com mais condescendência: coitados, são pessoas doentes…

Os portugueses só tomam banho com água engarrafada

Angela Merkel tem razão: temos licenciados a mais!

Somos um povo de aristocratas que só se satisfaz com um curso superior, uma auto-estrada, um carro alemão, uma vivenda no Algarve e um banho em água do Luso.

Um simples surto de legionella foi o suficiente para pí´r a nu a nossa mania das grandezas.

O esforçado director-geral da Saúde, Francisco George, bem se esganiçou para afirmar que a bactéria apenas fazia mal se fosse inalada – a maltósia não vai na conversa, eu sei lá se o gajo não nos está a endrominar, com aquela barba mal semeada e aquele risco ao meio!

E a comunicação social, eco da ignorância nacional, dá uma ajuda.

Um artigo do Jornal de Notícias titula: “Há quem já só se lave com água engarrafada”!

Não temos dinheiro para os medicamentos, o IMI leva-nos a massa toda, passamos fome, cortam-nos os salários, estamos desempregados, sem subsídios, sem ajudas, mas tomamos banho em água engarrafada!

Pobres, sim, mas sujos, nunca! E com legionella, never!

E a notícia diz: “não obstante as declarações oficiais de que a ingestão de água da rede pública não afecta a saúde, a verdade é que a população continua a ter fortes reticências…«Já só me lavo com água engarrafada», disse ao JN Sheila Costa, em Vialonga, frente ao supermercado Lidl.”… E mais í  frente: «eu não confio na água de rede, nem percebo o que dizem»…

Um fulana chamada Sheila, em frente a um supermercado Lidl é bem a imagem actual do nosso país!

E o jornalista também não esclarece a pobre da Sheila porque, em nenhuma parte da notícia, esclarece que a legionella não se transmite bebendo água, mas apenas inalando gotículas de vapor de água!

A Sheila estava acompanhada do seu amigo Vicente Rolim, “que tinha acabado de comprar 15 litros de água engarrafada”.

E lá foram todos contentes lavar-se com água engarrafada!

Como queremos nós sair da crise, se continuamos a viver acima das nossas possibilidades?

Tomar banho em água engarrafada é para os árabes ricos!

Os alemães, por exemplo, tomam banho só em dias festivos e nem sabem o que é um bidé!

A própria Merkel nunca se lava depois de ir í  casa de banho, preferindo as toalhitas perfumadas.

Tens razão, Merkel: temos licenciados a mais…

A Sheila e o Vicente confirmam…

Pires há muitos, seu palerma!

Ficou tudo muito indignado com a prestação do ministro da Economia no Parlamento.

Pires de Lima falou, com voz arrastada, sobre as taxas e as taxinhas que António Costa pretenderá criar para sacar mais dinheiro aos contribuintes.

Sugeriu-se que Pires de Lima estivesse com os copos.

Mentira!

Pires só bebe pela garrafa!

—

Além disso, há que concordar que o homem é original.

Conheço pires de plástico ou de porcelana.

De lima?

Nunca ouvi falar…

No fundo, o homem apenas queira fazer-nos rir. Conseguiu.

pires de lima2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Qual é o plural de secretário de Estado?

Descobri hoje que temos um secretário de Estado dos Assuntos Europeus!

Deu uma entrevista ao Público e chama-se Bruno Maçães.

Suponho que, afinal, Maçães seja o plural de maçã.

Ora se o plural de maçã é maçães, o plural de manhã é muito capaz de ser manhães.

No entanto, se o masculino de maçã for mação, o seu plural deve ser também maçães, o que gera alguma confusão (plural: confusães).

Teremos, assim, que mudar alguns plurões: o de limão será limones, o de leão será leães, o de corrimão, corrimanes, o de catalão, catalões, o de lã, lães, o de cão, cões, o de mão, mães e o de mãe, mões.

Mas se o plural de maçã continuar a ser maçãs, o secretário de Estado tem um apelido com erro ortográfico.

Avisem-no, por favor.

Praga de mosquitos

Garante o Expresso – e eu já confirmei na pele – que há uma praga de mosquitos, sobretudo a sul do Tejo.

Ainda hoje verifiquei isso, com um ataque que me deixou marcas em ambas as mãos e na testa.

A entomologista Carla Sousa diz que “não há sinal para alarme” e esclarece que esta praga se deve “í s elevadas temperaturas que se seguiram a um período de chuvas”.

Acrescenta que não foram detectadas espécies exóticas, isto é, são os mosquitos do costume…

Quem quiser saber mais sobre estes mosquitos, pode visitar http://mosquitoweb.ihmt.unl.pt e pode, até, capturar alguns exemplares, enfiá-los num envelope e enviá-los para o Instituto de Higiene e Medicina Tropical.

Mortos, claro.

Eu não fiquei descansado com a explicação da entomologista.

Vou estar mais atento e já enrolei o Expresso, transformando-o num eficaz mata-mosquitos.

Se os avistar, esmago-os!

passos e portas

 

“Quando a Tua Ira Passar”, de Asa Larsson (2009)

De vez em quando, apetece-me ler um policial, para matar saudades dos livrinhos da colecção Vampiro, de Dashiel Hammet, Rex Stout, Mickey Spillane, Raymond Chandler e quejandos.

E, hoje em dia, diz-se que os melhores escritores policiais estão nos países do norte da Europa, nomeadamente na Suécia.

Já tinha lido um livrinho de Henning Mankel e do seu inspector Wallander (Um Homem Inquieto) e decidi experimentar agora Asa Larsson.

asa_larssonNascida em Upsala, em 1966, Larsson já publicou 5 romances policiais, tendo começado em 2003, com apenas 37 anos.

Este Quando a Tua Ira Passar é considerado o seu melhor livro, mas não me deslumbrou.

Trata-se da história de dois jovens que são assassinados para que um antigo segredo, relacionado com colaboracionistas pró-nazis, não seja desvendado.

iraTudo se passa no norte da Suécia, com muita neve, muito frio e muito gelo, mas há alguns pormenores que me desagradaram.

Por um lado, um dos jovens assassinados surge, de vez em quando, mesmo depois de morto, como se fosse um segundo narrador da história e, por outro, os nomes dos personagens e dos locais são tão arrevesados que só, mais ou menos, a meio do livro consegui começar a identificar cada um deles, sem confundir o Sven-Erik Stalnacke com o Airi Bylund, ou o Tore com o Hjalmar…

A cena final, no entanto, está bem esgalhada e é capaz de dar um bom filme.

Por que razão os juízes não sentem necessidade de mandar umas quecas depois dos 50 anos

Esta semana ficámos a saber que os juízes acham que a sexualidade, depois dos 50 anos, “…não tem a importância que assume em idades mais jovens, importância essa que vai diminuindo í  medida que a idade avança”.

Esta máxima inacreditável é da autoria da juiz-conselheira Maria Fernanda Maçãs (58 anos) e dos seus dois colegas, Alberto Costa Reis (64 anos) e José Fonseca da Paz (66 anos), e faz parte de um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo.

Em 1995, uma mulher, na altura com 55 anos, foi operada na Maternidade Alfredo da Costa a uma situação ginecológica que lhe provocava infecções de repetição. Na cirurgia, e por erro de técnica, terá sido cortado o nervo podendo e, desde então, a vida sexual dessa mulher deixou de ser o que era.

A primeira instância determinou uma indemnização de 175 mil euros, que a Maternidade teria que pagar í  doente.

Quase 20 anos depois, o Supremo reduziu a indemnização para 111 mil euros, invocando a tal descoberta feita pelo trio de juízes e que consiste nisto: foder depois dos 50 já não tem grande importância.

A Dra. Maria Maçãs, o Dr. Costa Reis e o Dr. Fonseca da Paz devem saber do que falam…

Mandar umas quecas depois dos 50 é assim como lavar os pés – a posição é incómoda e o prazer é efémero.

Aos 60, já com uma barriguinha proeminente, os juízes devem lavar os pés uma vez por semana e, depois disso, uma vez por semestre deve ser o suficiente.

Depois de meditarem sobre o assunto, este trio maravilha deve ter pensado que era quase uma espécie de lenocínio ao contrário, estar a atribuir uma indemnização a uma mulher por não conseguir mandar pinocadas como antes.

E pensaram neles próprios: uma juíza com 58 anos e dois juízes com mais de 60. í“ colega, o sexo ainda lhe diz alguma coisa? Para falar francamente, o meu sexo nunca me disse nada! Eu bem olhei para ele anos a fio mas o tipo nunca me dirigiu a palavra! O que eu dava para ter uma pila que falasse! Bom, por volta dos 30 anos, a coisa até funcionava mais ou menos, mas agora… Pensando bem, já nem me lembro bem como era aos 30 anos! E orgasmos? Não se importa de repetir? Orgasmos, nunca soube o que isso era!… Vamos mas é baixar esta indemnização!… Se a senhora se quer divertir que vá ao cinema!

E vistas bem as coisas, os três juízes até foram magnânimos!

É que a queixosa, neste momento, tem mais de 70 anos e, nessa idade, ter relações sexuais até é capaz de ser punido por lei!

A Matemática do Crato

Em 2008, o professor de Matemática Nuno Crato publicou um livro com o título “A Matemática das Coisas”.

Nuno Crato livroUma amiga ofereceu-mo, mas confesso que nunca o li. Não que tivesse algum preconceito contra o professor do ISEG, mas apenas porque nunca fui muito amigo da Matemática e ela também nunca gostou muito de mim.

O livro reúne pequenas histórias, mais ou menos relacionadas com a Matemática, que Nuno Crato publicou no Expresso.

No final do prefácio, assinado pelo próprio, diz-se: «as histórias matemáticas são histórias de sucesso».

Um coisa boa já resultou da bagunça que se vive no Ministério de Crato: fui buscar o livro a uma das minhas estantes e aproveitei para limpar-lhe o pó.

Ao livro, claro…

Portanto, estava convencido que Nuno Crato, além de professor de Matemática e de Estatística era, também, de certo modo, escritor.

Confesso, portanto, que fiquei um pouco surpreendido quando o vejo fazer parte do ministério de Passos Coelho, como ministro da Educação.

Não é habitual professores-escritores aceitarem meter-se nessas andanças, embora haja antecedentes.

Recorde-se que o Governo de Sócrates também teve uma ministra da Educação escritora e uma ministra da Cultura pianista.

Mas são as excepções.

Temos, portanto, que Crato é professor, escritor e ministro.

Mas eis que uma fórmula matemática lixa Crato e instala-se o caos na colocação de professores.

Hoje mesmo, no Pública, relata-se o caso de um professor que ficou colocado em 75 escolas, mesmo depois de ter desistido do concurso!

Crato pediu desculpa, já sabemos.

E o Diário de Notícias enche a segunda página da edição de hoje com revelações sobre o que se passa no Ministério.

O subtítulo da notícia é: «Gabinete do ministro é a sala de operações onde juristas e técnicos tentam resolver os problemas dos concursos».

Sala de operações?

Então, Crato, além de professor, escritor e ministro, é também cirurgião?

Só que o título da notícia cita uma frase proferida por Crato: «Temos aqui um fogo e vou ter de ser eu a apagá-lo!»

Ora toma!

Afinal, Nuno Crato é professor, escritor, ministro, cirurgião e bombeiro!

“A Matemática das coisas”?

Não – coisas da Matemática!…

nuno crato erro