No satisfaction

O guitarrista dos Stones, Keith Richards, disse, numa entrevista, que tinha snifado uma mistura de cocaína com as cinzas do falecido pai.

No dia seguinte desmentiu.

Não era uma mistura.

Eram mesmo só as cinzas do pai.

Até porque Richards, com 63 anos, já não se mete na coca.

Por estas e outras, se diz que, depois do holocausto nuclear, só três coisas sobreviverão: a fita cola, as baratas e Keith Richards.

Mais um incentivo para os maridos arrearem nas gajas

O ministro da saúde anunciou mais uma enorme medida, própria do complexo de esquerda que ainda enforma o governo socialista: a partir de agora, as vítimas de violência doméstica ficam isentas do pagamento das taxas moderadoras.

Estou mesmo a ver, lá no meu Centro de Saúde, a Dona Ermelinda aproximar-se do balcão administrativo e dizer:

“í“ Fatinha, o meu marido, ontem, deu-me uma carga de porrada. Como já perdi direito ao subsídio de desemprego, porque recusei todas as propostas de trabalho que me foram oferecidas, e perdi o direito ao Rendimento Social de Reinserção porque não me está a apetecer nada ir limpar matas, a mando da Junta de Freguesia, e não sou diabética, insuficiente renal, tuberculosa ou doente oncológica, como não sofro de lúpus, hemoglobinopatia ou doença profissional, como não sou seropositiva, nem toxicodependente ou alcoólica integrada num plano de recuperação – não tive outro remédio se não pedir ao Zé para me dar uma carga de porrada! Agora, como vítima de violência doméstica já posso vir a médico e não pagar os 2 euros e 10 cêntimos, não posso?!”

Eu sei que isto parece um pouco reaccionário, mas não resisti!

Sócrates, o falso engenheiro

Os jornais não largam o osso. Vasculham os arquivos, falam com antigos colegas de Sócrates, interpelam professores, reitores, contínuos, mulheres da limpeza, vizinhas do lado, porteiras.

Qualquer depoimento serve para levantar mais suspeitas.

Empregado do café onde Sócrates costumava estudar í  noite: “Nunca o vi estudar a sério. Vinha para aqui, sentava-se naquela mesa, só pedia uma bica e ficava o tempo todo a ler livros de banda desenhada. Os livros sobre Cálculo de Estruturas e Betão Armado em Parvo, nunca os abria!”

Antigo contínuo da Universidade Independente: “Se o vi entrar nas salas de aula? Nunca! Ficava aqui, na sala de estudantes, a fumar cigarros e a ler revistas porcas!”

Gajo que ia a passar: “Esse gajo nunca me enganou: tem mais cara de agente técnico do que engenheiro!”

A parolice í  solta!

O país de doutores e engenheiros que somos rejubila com esta polémica: “já sabes que, se calhar, o Sócrates não é engenheiro?!”

Alguns jornalistas, ressabiados por não terem tido nota para entrar num curso a sério e não terem tido alternativa se não escolher Comunicação Social, pensam ter encontrado a investigação das suas carreiras.

Claro que o Sócrates não é engenheiro, é óbvio que arquitectou um arranjinho para conseguir o diploma, com umas equivalências manhosas e umas chico-espertices banais, só possíveis com a multiplicação de Universidades privadas que, como se está a ver, não passam de empresas que escondem os seus estranhos negócios atrás da fachada supostamente fiável do Ensino Superior.

Sócrates é, acima de tudo, um político.

E está tudo dito.

Ninguém nunca o iria contratar para, por exemplo, ser o engenheiro responsável pela construção de uma ponte, de um parque de estacionamento subterrâneo, ou mesmo de uma casa de um só piso e com apenas uma divisão assoalhada.

Agora, há uma coisa que não percebo: de que está í  espera Sócrates para dizer qualquer coisa de substancial sobre esta polémica.

O que dá que falar, neste caso, é o seu meio silêncio.

Das duas, uma: ou o tipo, desde o princípio, não dizia nada sobre o assunto e deixava os jornalistas tasquinharem no lodo até se fartarem – ou então, já devia ter dito qualquer coisa.

O silêncio de Sócrates alimenta a polémica.

Uma nota final para comentar um comentário. Um simpático colocou um comentário ao meu anterior texto sobre a “engenheirice”, dizendo que eu devia ter vergonha de confessar que não fui a nenhuma aula de Ortopedia. Claro que não editei o comentário desse senhor, porque o Coiso é meu e só cá escreve quem eu quero. Mas vale a pena esclarecer que todos os estudantes universitários de 1973/1974 tiveram passagens administrativas.

Não foi isso que me tornou melhor ou pior médico.

Perdão, licenciado em Medicina…

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Uma história portuguesa

Paulo Almeida, 45 anos, saiu de Casal Vasco, concelho de Fornos de Algodres, distrito da Guarda, aparentemente sem dizer nada a ninguém e, três dias depois, estava num balcão do Commercial Bank of Florida, em Miami.

Sem saber uma palavra de inglês, entregou um telemóvel a uma das empregadas do Banco. Ela levou o telemóvel ao ouvido e, do outro lado, alguém a informou que estava perante um assalto e que devia entregar 20 mil dólares a Paulo Almeida.

O português sentou-se num sofá do Banco e esperou, enquanto o gerente avisava a polícia.

Pouco tempo depois, 70 agentes especiais irrompiam pelo Banco e prendiam Paulo Almeida, que enfrenta, agora, uma possível pena de 10 a 15 anos de prisão, já que os assaltos a bancos, nos EUA, são crimes federais.

Aqui, nesta história, reside uma moral qualquer, mas eu não sei qual é…

“Olhó tabaco! Cá está o tabaco! Olhó tabaco!”

Este pregão é o único que retenho na minha memória, dos tempos em que ia í  bola com o meu pai.

Era domingo – a bola era sempre ao domingo, nos anos 60 – e, í  frente do estádio da Luz, alinhavam-se as bancas dos vendedores ambulantes.

Não me lembro de mais nenhum, a não ser a do tipo do “olhó tabaco!”

Tinha uma pequena baliza, talvez do tamanho de uma baliza de hóquei e, sobre a linha de baliza, dois maços de tabaco SG, lado a lado. A cerca de três metros de distância, uma pequena bola, talvez uma bola de ténis (deste pormenor, já não me lembro).

A malta que quisesse arriscar, pagava uma certa quantia ao “olhó tabaco!” (cinco tostões?), e chutava a bola. Se conseguisse mandar abaixo os dois maços de tabaco, ficava com eles. Valia a pena arriscar.

Apesar de estarmos nos tempos em que o tabaco não fazia mal í  saúde, o meu pai nunca me deixou experimentar!

Mas nunca mais me esqueci do pregão: “Olhó tabaco! Cá está o tabaco! Olhó tabaco!”

Tropa fandanga

Há dois dias, o glorioso Exército português realizou um exercício na Marinha Grande.

Vou explicar tudo, para que a coisa fique bem explícita: o exercício consistia em lançar oito mísseis terra-ar, de curto alcance. Os mísseis eram os norte-americanos Chaparral, anti-aéreos, adquiridos pelo glorioso Exército português em 1990 e visam os alvos em voo, com recurso a localização por infravermelhos e busca de calor. Depois de disparado, o míssil Chaparral segue o alvo num raio de cinco mil metros.

O glorioso exército português disparou oito mísseis Chaparral neste exercício de fogo real, denominado, pomposamente, “Relâmpago 07”.

Aliás, tentou disparar oito mísseis Chaparral.

Quatro deles não chegaram, sequer, a ser disparados, porque “os artilheiros não conseguiram fixar os alvos para disparar os projécteis” (Diário de Notícias).

Dos outros quatro que foram, de facto, disparados, um detonou no areal, isto é, morreu na praia – e os restantes três, que, de facto, conseguiram chegar ao mar, não acertaram nos alvos!

De quem foi a culpa?

Segundo o coronel Vieira Borges, comandante do Regimento de Artilharia Antiaérea 1, a culpa foi dos alvos LZS 5000; eram “alvos que tinham alguns anos e com data de validade até este ano”.

Ainda segundo o DN, tratou-se de “um treino considerado essencial para garantir a capacidade operacional do Exército em reagir a ameaças terroristas que podem utilizar aeronaves para atacar locais estratégicos, í  semelhança do que sucedeu no 11 de Setembro. Estiveram envolvidos 180 militares”.

180 militares do garboso Exército português para disparar 8 mísseis, nenhum dos quais atingiu o seu alvo.

Bin Laden – de que é que estás í  espera, pá?

“Autor, Autor”, de David Lodge

autorautor.jpgHenry James nasceu em Nova Iorque, em 1843 e faleceu em Londres, onde vivia há muitos anos, em 1916. Romancista influente, foi autor de diversos romances: “Daisy Miller”, “O Calafrio”, “Retrato de uma Senhora”, entre outros. Confesso que não li nenhum livro de Henry James; talvez por isso, esta narrativa de David Lodge, sobretudo centrada sobre a tentativa (falhada) de James em se tornar um dramaturgo de sucesso, não me entusiasmou muito.

Numa escrita bastante diferente do que é hábito em Lodge, mais contida, com menos (ou nenhuns) devaneios humorísticos, é traçado um retrato um pouco frívolo do escritor, que passa a sua vida em compromissos sociais e muito preocupado com o sucesso (ou a falta dele) das suas obras teatrais.

James é apresentado como uma figura assexuada, que parece viver obcecado pelo êxito literário do seu amigo Du Maurier, autor de “Trilby”, um romance que hoje deveria ser classificado como literatura “light”. Ambivalente, Henry James parece invejar o sucesso do amigo e, simultaneamente, desprezá-lo, por se considerar superior.

Se conhecesse a obra de Henry James, talvez o livro me parecesse mais interessante…

Fechem esta merda!

Foram duas semanas de arromba!

Nasceu o meu neto Tiago, completei 54 anos de vida e trabalhei que nem um cão, incluindo fins-de-semana.

í€ noite, mal tinha energia para desfolhar o jornal e, quando o fazia, ficava sempre ligeiramente nauseado.

Este país é mesmo uma choldra, como dizia o outro.

Agora, parece que um tipo qualquer de Alcobaça, tem usado o seu blog para levantar suspeitas sobre a licenciatura de Sócrates, em engenharia civil, na Universidade Independente.

Parece que o primeiro-ministro não terá feito as cadeiras todas, arranjou umas equivalências manhosas e terá acabado o curso sem frequentar as aulas. Se o fez, não é o único. Eu, por exemplo, licenciei-me em Medicina, em 1977, sem nunca ter postos os pés numa aula de Ortopedia e, em 74/75, tive passagem administrativa a várias cadeiras.

Enfim… o jornal Público embarcou nesta treta e vá de fazer uma “investigação”, enchendo duas páginas com datas e declarações e troca de mensagens, numa tentativa de esclarecer a verdade: será que Sócrates é mesmo engenheiro?

Disto depende o futuro da Pátria.

O PSD, em vez de ficar caladinho, vem a público exigir que o gabinete do primeiro-ministro explique tudo. Porquê? Se Sócrates não for engenheiro, o que acontece? É por Sócrates ser (ou não ser) engenheiro que deixa de ser (ou passa a ser) um grande primeiro-ministro?

Há cerca de dois anos, correu o boato que Sócrates era homossexual – agora, querem provar que o homem nem engenheiro é.

Quer dizer: já que não és paneleiro, prova lá que és engenheiro?

Ridículo!

Coincidência, ou talvez não, esta polémica surge numa altura em que a Universidade Independente parece um país africano, tipo República Democrática do Congo, sempre com golpes de Estado.

O reitor Luís Arouca destituiu o vice-reitor, Verde (é o nome dele). Uma semana depois, Verde mune-se de uma decisão do Tribunal do Comércio e expulsa Arouca, reassumindo o seu lugar. Dois dias depois, a PJ prende Verde e Arouca volta a ser reitor outra vez.

Tal como aconteceu com a Universidade Moderna, fala-se de tráficos vários, fugas de capitais e outras malfeitorias, todas relacionadas com a Universidade Independente.

Está visto para que servem as Universidades em Portugal…

Golpes de Estado acontecem, também, todos os dias no CDS-PP (Clube Dos Servos de Paulo Portas).

Fizeram um Conselho Nacional e parece que andaram í  porrada, terão chamado filha da puta í  Maria José Nogueira Pinto e houve até um deputado que parece que a agrediu, embora ele negue e diga que ela só o acusou porque ele é preto.

Lindo partido…

Imaginem o que seria se, em vez de partido, o CDS fosse inteiro!

Entretanto, a DECO (organização que tem nome de jogador de futebol), realizou um estudo extraordinário, que fez as delícias dos jornais: arregimentou um grupo de colaboradores, que fizeram de conta que estavam doentes; foram ao médico queixar-se de dores de garganta e mais de metade dos médicos receitou-lhes antibiótico.

Vejam bem a incompetência destes doutores da mula russa: receitam antibióticos a torto e a direito, mesmo a quem não precisa deles!

Ora bem, nunca fui corporativo. Claro que há médicos incompetentes, como há canalizadores, engenheiros, calceteiros, jornalistas e colaboradores da DECO que não sabem o que fazem. Mas este estudo é revelador da mediocridade que impera nesta choldra – mediocridade amplificada pela comunicação social.

Então, a DECO enviou colaboradores, “em perfeito estado de saúde”, preparados para enganar os médicos, dizendo-lhes que sofriam de dores de garganta. Foram a 67 médicos (58 consultórios privados e 9 centros de saúde) e 37 destes médicos receitaram antibióticos aos falsos doentes, embora seis destes 37 médicos tivessem passado o antibiótico em receita í  parte, dizendo que era só para aviar se as queixas piorassem.

Que validade terá um estudo como este? Falsos doentes merecem falsos médicos!

Se um doente vem í  minha consulta dizer que passou o dia a fazer diarreia, devo-lhe prescrever um anti-diarreico ou pedir para ele cagar í  minha frente, para eu confirmar que é diarreia?

Claro que não é exactamente o mesmo, mas, da próxima vez que me deparar com um doente a dizer que lhe dói a garganta, vou ter mais cuidado. Observo a garganta do pretenso doente (não vá ele ser um colaborador da DECO) e peço-lhe um exsudado orofaríngeo. Cerca de 6 dias depois, quando tiver o resultado da análise, logo lhe prescrevo, ou não, o antibiótico. Se ele, entretanto, tiver uma escarlatina, que se queixe í  DECO!

Perante estes exemplos, um gajo fica cada vez mais desiludido com o país em que vive, caramba!

Depois, assiste-se a manifestações contra o fecho das maternidades, dos serviços de urgência, das esquadras da polícia e da gnr, dos tribunais e, agora, também dos consulados.

E um tipo pergunta: por que raio não se fecha esta merda deste país?

CSI, Miami & New York

A série CSI transformou-se numa espécie de franchising. Começou em Las Vegas e expandiu-se para Miami e New York.

csi_miami1.jpgA técnica é sempre a mesma, apenas mudam as personagens e os cenários.

Em CSI, Miami, a fotografia é mais luminosa e os personagens são todos uns grandes cromaços, a começar pelo líder, Horatio (David Caruso), que gosta muito de franzir o sobrolho e olhar para o infinito, perante crimes tão hediondos.

Em CSI, New York, a fotografia é mais sombria e os personagens transbordam de angústia csi_ny1.jpgdas grandes cidades, sobretudo o chefe, Mark Taylor (Gary Sinise), que anda sempre engravatado e com ar deprimidíssimo.

Apesar de ser feito em série, qualquer episódio de qualquer destas séries é melhor do que a maior parte dos thrillers e/ou policiais, produzidos actualmente por Hollywood.

Mas, não há amor como o primeiro e, não há dúvida que CSI, Las Vegas, com o anti-herói Gil Grissom, continua a levar vantagem a estas duas filiais.