“Lisboa amarga e doce”, fotos de Gageiro

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São apenas duas dúzias de fotos de Eduardo Gajeiro, feitas entre 1975 e 2010, mas valem a pena.

Estão em exposição na galeria dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Lisboa.

Como legenda, excertos de poemas de Pessoa e de Ary dos Santos.

Das fotos, destaco esta, de três idosas em amena cavaqueira. Foi tirada em 1985 e diríamos que a cena se passa numa qualquer aldeia das beiras.

Errado.

A foto foi feita no jardim do Príncipe Real. Passaram pouco mais de 20 anos e será difícil, hoje em dia, “apanharmos” velhotas como estas, nas ruas e jardins de Lisboa.

Wallander – 1ª temporada

Wallander é uma série de 5 estrelas.

—Baseada nas novelas do sueco Henning Mankell, a série, produzida pela BBC, estreou-se em 2008 e já vai na 3ª temporada, sendo que cada temporada tem apenas três episódios. No entanto, cada episódio é um verdadeiro telefilme, com cerca de hora e meia de duração.

Kurt Wallader é um inspector da polícia da cidade sueca de Ystal; recentemente divorciado e pai de uma filha na casa dos 20 anos, Wallander está obviamente deprimido e cada novo caso de assassínio é, para ele, mais um fardo. Demonstra uma fadiga intensa, alimenta-se mal e parece arrastar-se penosamente. No 3º episódio desta temporada percebemos porquê.

Kenneth Branagh compõe um Wallader muito convincente, barba de cinco dias, olhar triste, roupa desalinhada, parece transportar um fardo, mostrando que, apesar da profissão, não consegue habituar-se í  violência dos assassinos.

A série foi filmada em Ystal e a fotografia é óptima, com paisagens lindíssimas e uma luz, digamos, nórdica, muito bem retratada no 3º episódio, que se passa na altura do solstício de verão, quando o sol nunca se põe.

Nunca li nenhuma novela de Mankell, mas esta série despertou-me a curiosidade.

Aconselho vivamente.

Dexter, Luther, The Mentalist e outras séries (menores)

Missing é uma série de cromos. Conta-nos a história de uma mãe (Ashley Judd), ex-agente da CIA, que perdeu o marido numa explosão (Sean Bean), também agente da CIA, e cujo filho de ambos, desaparece.

Becca Winstone, assim se chama a mãe, parte em busca do filho e mostra que é uma super-agente, uma espécie de Jack Bauer feminina, acabando por usar a tortura para obter informações.

Os 10 episódios da série passam por cenários como Dubrovnik, Roma e Istambul e envolvem personagens encarnadas por actores como Keith Carradine e Joaquim de Almeida.

A história é inverosímil, a super-agente não convence ninguém mas a série tem alguma piada e serve como entretenimento.

The Firm é outra série de cromos. Baseada na novela homónima, de 1991, de John Grisham, adaptada ao cinema dois anos depois, com Tom Cruise no principal papel.

O herói da série é o advogado Mitch McDeere (Josh Lucas), um tipo muito amaneirado e que ganha as causas porque sim – só que acaba por se envolver em casos grandes demais para ele e para os seus colaboradores: a esposa (Molly Parker), o irmão (Callum Keith Rennie) e a cunhada (Juliette Lewis).

A série usa, por vezes, um truque que resulta bem, mostrando-se cenas de grande suspense que se vão passar, por exemplo, daqui a duas semanas ou daqui a dois dias, o que faz com que fiquemos “apanhados”, aguardando o desenvolvimento da acção que vai levar í  cena apresentada.

Parece que a série foi cancelada, depois dos 22 episódios da primeira temporada. Não me espanta.

—A 4ª temporada da série The Mentalist é mais do mesmo. Simon Baker desenvolveu uma personagem simpática, o perspicaz Patrick Jane, bem secundado pela detective Teresa Lisbon (Robin Tunney) e os argumentos são um pouco acima da média.

No entanto, a série parece estar a entrar numa rotina e a história do Red John já chateia um pouco. 

Muito melhor é a série da BBC, Luther.

—Luther é um detective sui generis, interpretado pelo calmeirão Idris Elba, que ganhou um globo de ouro este ano.

Com ar atormentado, de mãos nos bolsos e com andar gingão, Elba criou um John Luther convincente, um daqueles heróis de quem se gosta, um detective com muitos problemas pessoais mas que consegue resolver tudo: os casos intrincados que surgem í  polícia e os seus próprios casos.

A primeira série, de 6 episódios, de 2010, apresentou-nos a personagem complexa de John Luther e da desafiadora Alice Morgan (Ruth Wilson), uma psicopata que lhe faz a vida negra.

A segunda série, de apenas 4 episódios, conta a história de um par de gémeos assassinos, adeptos da teoria do caos. Paralelamente, Luther salva uma jovem das malhas da indústria pornográfica masrginal e, depois, sofre as consequências.

A terceira série está garantida e ainda bem!

Finalmente, Dexter…

—Que dizer mais sobre esta esplêndida série de televisão?

A sexta temporada de Dexter é ainda mais difícil de ver do que as anteriores. É uma daquelas séries que nos causa sofrimento mas que não somos capazes de deixar de ver!

Michal C. Hall compõe um Dexter impecável e implacável. Nesta 6ª temporada, Dexter enfrenta um assassino ainda mais terrível do que o Trinity da 5ª temporada – um assassino inspirado no eterno Norman Bates, do Psycho, de Hitchock…

Confesso: apesar de termos toda a série gravada, só conseguimos ver um episódio por semana…

E o final desta 6ª temporada põe tudo em causa…

 

“Homeland” – 1ª temporada

—Howard Gordon e Alex Gansa, argumentistas do trepidante 24, são os autores deste Homeland, que alguém já classificou com um 24 para adultos.

Baseado numa série israelita, os 12 episódios de Homeland contam-nos a história de um marine resgatado após 8 anos de cativeiro no Iraque e da agente da CIA que está convencida de que ele regressou convertido í  Al Qaeda e com um plano terrorista em mente.

Episódio a episódio, a tensão vai aumentando e a trama vai-se adensando; í s tantas, desconfiamos de quase todos os personagens – cada um deles pode perfeitamente ser o terrorista.

Damian Lewis é o sargento Brody. Depois de 8 anos detido no Iraque, regressa aos EUA como herói, mas descobre que a mulher andou enrolada com o seu melhor amigo.

Além disso, a agente da CIA, Carrie Mathison (uma excelente interpretação de Claire Danes), parece obcecada por ele, estando convencida que ele, no fundo, é um terrorista infiltrado.

Carrie é bipolar e Claire Danes consegue ser muito convincente nesse particular, sobretudo nos últimos episódios, quando descompensa.

Como é habitual nestas séries de topo, existem uma série de personagens secundárias, todas bem estruturadas, destacando-se Saul Berenson (Mandy Patinkin), o chefe directo de Carrie, que está a braços com uma crise conjugal.

Claro que a 1ª temporada terminou em suspenso e, agora, não há outro remédio senão esperar pela 2ª temporada.

Recomendo.

“The Girl With The Dragon Tattoo” (2011), de David Fincher

—Fincher conseguiu uma excelente adaptação do livro de Stieg Larsson. Li “Os Homens que Odeiam as Mulheres” em agosto de 2009 e ontem, ao ver o filme, recordei tudo o que li e pareceu-me que nada de importante ficou de fora.

The Girl With The Dragon Tattoo” é filmado a um ritmo alucinante, sem momentos de quebra. O ritmo é logo marcado pelo genérico, que nos dá muitas informações sobre a história, que só quem já leu o livro reconhece, e pelo tema musical que acompanha essa sucessão de imagem – a excelente “Imigrant Son”, dos Led Zeppelin, numa versão superior de Trent Reznor e Karen O.

E depois, a fotografia de Jeff Cronenweth, é cinzenta, quase a preto e branco, o que vai muito bem com a história e com a luz própria da Suécia, durante o Inverno.

Como já é público, Stieg Larsson morreu pouco depois de ter assinado o contrato para publicar a sua trilogia Millenium. Grande fumador, regressava í  redacção da sua revista, a Fox, quando deparou com o elevador avariado. Decidiu subir os sete andares e morreu, pouco depois de chegar lá acima.

Se estivesse vivo, era bem capaz de aprovar a escolha de Rooney Mara para interpretar o papel de Lisbeth Salander, a verdadeira heroína desta história.

Mara pegou bem na personagem e, para quem leu o livro, é uma Lisbeth convincente.

Quanto a Daniel Craig, também não tem grande dificuldade em personificar o jornalista/investigador Mikael Blomkvist.

Mas o principal culpado do excelente resultado final deste filme é David Fincher.

Desta vez, tenho que aplaudir quem decidiu traduzir “The Girl with the Dragon Tattoo” por “Os Homens que Odeiam as Mulheres”, que é a tradução correcta do título original do livro, que é “Man Som Hatar Kvinnor”.

“Castle” – 3ª temporada

—Richard Castle (Nathan Fillion) é um escritor de livros policiais de grande êxito popular que começa a colaborar com a polícia, depois de alguns casos de homicídio se parecerem muito com os argumentos dos seus livros.

Fica adstrito a uma equipa de detectives chefiada por Kate Beckett (Stana Katic), que acaba por inspirar a Castle a personagem de Niki Heat, nova heroína dos seus romances.

Esta é a base para a série Castle, da ABC, estreada em 2009, e criada pelo argumentista Andrew W. Marlowe (nome de detective…).

Um dos atractivos da série é a tensão erótica entre Castle e Beckett, que faz lembrar, um pouco, a que existia entre Bruce Willis e Cybill Shepherd, na série Moonlighting.

Apesar de ser um grande canastrão, ou talvez por isso mesmo, Castle acaba sempre por dar uma sugestão que leva í  descoberta do assassino.

É uma série ligeira, sem grandes pretensões e que dispõe bem, sem aleijar a inteligência.

Dexter – 4 temporada (2009)

—Dexter é uma das minhas séries preferidas, mas deve ser vista com parcimónia.

São 12 episódios mas, se os virmos í  razão de um por dia, 12 dias seguidos, arriscamos uma depressão reactiva nas semanas seguintes.

Durante o dia, Dexter Morgan é o especialista em sangue na Miami Police mas, durante a noite, é um serial killer muito especial, que só mata e esquarteja os bad guys.

Michael C. Hall compõe um psicopata perfeito e a sua performance, por si só, faz com que valha a pena ver a série. Mas os argumentos também são muito bons e as personagens secundárias, muito ricas.

Nesta 4ª temporada, para além de despachar um bandido por episódio, Dexter ainda tem que se preocupar com um perigoso psicopata, conhecido por Trinity, e superiormente composto por John Lithgow.

O último episódio desta temporada é devastador e, embora goste muito da série, e embora já tenha a 5ª temporada pronta para ser vista, tenho que descansar um pouco do clima pesado que Dexter impõe.

Ir í  bola

Ver futebol sentado no sofá é, desde há muito tempo, um dos meus desportos favoritos.

Mas não há nada que chegue a ver um jogo em directo, sentado nas bancadas do magnífico Estádio da Luz.

Ontem fomos ver o Benfica ganhar ao Paços (só com um ésse) por 4 a 1.

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Ver mais de 30 mil pessoas a agitar os cachecóis vermelhos e a gritar Benfica! Benfica! supera – em muito – o facto de não podermos ver as repetições dos golos…

Além disso, da bancada, parece que o árbitro se engana mais vezes, o que nos permite chamar-lhe vários nomes, entre os quais se destacam o de gatuno, palhaço e Alberto João…

Quinzena de Dança de Almada

—A Companhia de Dança de Almada organiza a 19ª Quinzena de Dança, que decorre até 15 de Outubro.

Financiada pelo Ministério da Cultura e pela Câmara de Almada, a Companhia, com a direcção de Maria Franco, tem desenvolvido um trabalho notável e os 19 anos da Quinzena de Dança são prova disso mesmo.

Como é habitual, o programa deste ano engloba apresentações de muitos países. Este ano, estarão presentes bailarinos da Bélgica, Colí´mbia, Croácia, Dinamarca, Espanha, França, Holanda, Hungria, Israel, Itália, Polónia, Reino Unido, República Checa, Suíça e Portugal.

Ontem, fomos assistir ao Programa 3.

Primeiro, de Espanha, “Trio/Ninguno”, com coreografia de Tatiana Clavel e Santi de La Fuente, e interpretação de Eric Chlench, Juana Varela e Santi de La Fuente, com música de Victor Ballester.

Seguiu-se, da Polónia, “Small study about the body”, com coreografia e interpretação de Katarzyna Sitarz.

O espectáculo continuou com “Foulplay”, da italiana Compagnia Zappalí  Danza, com coreografia de Roberto Zappalí  e interpretação de Daniela Bendini, Fernando Roldan Ferrer e Paola Valenti, com música de Chopin.

E, finalmente, de Israel, “White”, com coreografia de Or Marin e interpretação de Or e Stav Marin, com música de Igor Krutogolov, Dave Phillips e Bach.

Todo o espectáculo me agradou, mas tenho que destacar a segunda e terceira peças; “Small study about the body”, pela sua originalidade e “Foulplay” pela capacidade de reinventar os Prelúdios de Chopin.

No próximo dia 1, lá estarei de novo.