“Weeds”

weeds1.jpgA crítica embandeirou em arco com mais esta série norte-americana, mas convém não exagerar. Não há dúvida que as séries de televisão deram um salto qualitativo nos últimos 4-5 anos, sobretudo desde os Sopranos – mas isso também não quer dizer que todas as séries sejam super-hiper-coisa-e-tal.

“Weeds” é, na minha opinião, um pouco inverosímil e difícil de engolir. Uma jovem mãe de família (Mary-Louise Parker), habitando um bairro de luxo dos subúrbios, fica viúva de repente. Vendo-se a braços com dois filhos e muitas contas para pagar, faz o que qualquer dona de casa faria: decide traficar droga. E claro que tem, logo ali í  mão, uma família de fornecedores (todos negros, como convém) e uma larga carteira de clientes: um contabilista, que passa o dia pedrado, um advogado, cuja mulher tem cancro da mama, e etc.

Aceitando este ponto de partida, a série acaba por ser divertida, mas dispensável.

“Nip/Tuck” – 4ª série

niptuck4.jpgFalemos só dos convidados especiais: Rosie O’Donnell é uma saloia que ganha a lotaria e que, para além de uma plástica generalizada, paga para ir para a cama com o Dr. Christian Troy; Brooke Shields é uma psicoterapeuta viciada em sexo que, depois de uma sessão de psicoterapia com Christian, vai para a cama com ele e manda tatuar nas nádegas a frase “property of Christian Troy”; Alanis Morissette é anestesista e torna-se namorada de Liz, a anestesista da McNamara & Troy, a quem sacam um rim, depois de uma noite de amor; Jacqueline Bisset é a líder de um gang de ladrões de órgãos: as suas meninas seduzem os incautos, põem-nos a dormir, tiram-lhes um rim e, depois, ligam para o 911; Larry Hagman é um milionário que pretende uma plástica aos testículos, que estão a ficar descaídos, devido í  idade.

E ainda há o enfermeiro anão, que vai para a cama com a mulher do Dr. McNamara; o novo filho do doutor, que tem o estranho e raro síndrome das mãos em garra de lagosta; uma das ex-namoradas do Dr. Troy que, depois de ter sido estrela porno, adere í  igreja da Cientologia e casa com o filho do cirurgião; e mais… e mais…

Série mais “kinky” não há.

E viciante.

Hermitage – os Romanov em Lisboa

hermitage.jpgOs russos emprestaram-nos 600 objectos e pinturas que fazem parte do acervo monumental dos Romanov e Lisboa passou a ter o seu Hermitagezinho.

Está no Palácio de Ajuda e claro que vale a pena ir ver, embora se possa questionar a oportunidade desta colecção, em vez de outra qualquer.

A Exposição chama-se “Arte e Cultura do Império Russo nas colecções do Hermitage – de Pedro, o Grande, a Nicolau II” e o título diz quase tudo.

Sinceramente, tudo o que diz respeito a pintura, não me disse grande coisa. O mesmo já não digo dos objectos, nomeadamente, os instrumentos cirúrgicos de Pedro, o Grande, bem como a sua farmácia portátil, o seu telescópio e, em geral, todos os objectos que saíram do seu torno (não confundir com trono…).

Experimentem ir ver a exposição e, depois, vir a pé até ao Chiado, descendo a Calçada da BoaHora, passando por Santos, Alcântara, Prior Velho e Cais do Sodré. Lisboa é uma cidade do caraças!

“Dreamgirls”, de Bill Condon

dreamgirls.jpgEstive na dúvida: alugo ou não alugo este dvd? Por um lado, não me apetecia muito ver um filme “musical”, por outro, tinha alguma curiosidade, até porque acho piada aos “hits” das Supremes.

Acabei por trazer o filme. É uma seca. í€s tantas, parece uma ópera rock de segunda categoria (haverá outras). Das Supremes, nada, a não ser o facto de a história ser mais ou menos parecida com a de Diana Ross (“que nunca Diana Ross por onde Jean-Jacques Rousseau…”, como se dizia no Pão Comanteiga).

A partir do meio do filme, o botão do fast-forward funcionava sempre que a dreamgirl mais gordinha começava a cantar, tipo Aretha Franklin, em dia de menstruação. Está bem, o Eddie Murphy faz um excelente soul singer, tipo Wilson Picket e admito que a Beyoncé Knowles é jeitosa todos os dias, mas é pouco.

No fim, um tipo fica aliviado por o filme acabar e com uma cãibra no indicador por ter passado muito tempo a carregar no fast-forward (é que são 125 minutos, caramba!).

“Letters from Iwo Jima”, de Clint Eastwood

cartasiwojima.jpgQuem diria que o piroso cowboy dos western-spaghetti se iria transformar numa realizador de culto, cada vez mais do agrado dos críticos europeus…

Juro que sempre gostei do velho Clint, mesmo quando o gajo provocava os “bad guys”, dizendo «make my day» e, depois, os matava sem dó nem piedade. Continuei a gostar dele, como cowboy, como sargento de ferro e até como artista de circo falhado (nos filmes da série Bronco Billy). Mas agora, o homem é um mestre.

Este filme, para além de um ritmo narrativo muito diferente do que é habitual nos filmes de guerra realizados por norte-americanos, tem também a particularidade de nos mostrar a guerra do lado dos japoneses. Em “Letters from Iwo Jima”, os heróis são os japoneses, o que não é nada habitual para um filme “made in Hollywood”.  

O filme narra a defesa daquela pequena ilha vulcânica que, supostamente, seria arrasada pela aviação e pela marinha americanas em três tempos, mas que, graças ao heroísmo dos soldados chefiados pelo general Kuribayashi, resistiu 40 dias.

Formalmente (ritmo, fotografia, montagem), pareceu-me exemplar.

“Bones” – 1ª série

ossos1.jpgUma variante dos “CSI”, que também se vê com agrado, apesar da infalibilidade da equipa de cientistas parecer ser excessiva.

A parelha principal faz lembrar, com as devidas diferenças, o par do velho “Modelo e Detective”. Ele sente-se atraído por ela, mas faz de conta que não; ela, aparentemente, não lhe liga pevide.

Todos os cadáveres estão devidamente irreconhecíveis, o que permite í  equipa de cientistas, um trabalho de reconstrução notável. Todos são verdadeiros “geeks”, desde Zack, o mas novo que, aparentemente, ainda é virgem, até í‚ngela, que inventou um software capaz de transformar um pedaço do parietal no Sr. Smith, casado, pai de dois filhos e desaparecido num incêndio que consumiu todo o seu corpo. E ainda há o outro, de barba í  intelectual de esquerda, que é adepto da teoria da conspiração, para além do director do Instituto Jeffersonian, um negro com ar afectado e sotaque britânico.

Ao contrário dos “CSI”, que se centram mais nos crimes propriamente ditos, os episódios de “Bones” perderiam metade do interesse se não existissem as interacções entre as diversas personagens: a Dra. Temperance Brennan ignora a psicologia, não tem televisão em casa e apenas acredita na ciência pura; o agente Booth é um pouco tosco, mas tenta disfarçar isso com muito boa vontade. Ambos têm histórias pessoais complexas e que dão matéria para inúmeros episódios e várias séries.

Bom entretenimento, sem demasiado esforço.

“The Departed”, de Martin Scorcese

departed.jpgCom Scorcese temos sempre duas garantias, pelo menos: uma história bem contada e boas interpretações.

“The Departed” (nem vale a pena mencionar o título em português) passa-se em Boston e trata da máfia irlandesa, retratada na personagem de Frank Costello (Jack Nicholson), que se pavoneia a seu bel-prazer, porque sabe que tem a protecção de alguns elementos da polícia local e do FBI.

Duas outras personagens surgem, em paralelo: Matt Damon, interpretando um protegido de Costello desde a infância e que vai para a academia de polícia, com a missão de se transformar num infiltrado da máfia; e DiCaprio, também aluno da academia e que, devido í s suas excelentes capacidades, se vai transformar em infiltrado da polícia na organização de Costello.

A partir daqui é só porrada e mau viver, jogos duplos, vinganças, delações, falsas fidelidades e um jogo do gato e do rato constante, até porque “rat” significa traidor.

No fim, morrem quase todos mas, o que mais me impressionou, foi ver o Di Caprio igualzinho ao Pedro, caramba!

“Perfume”, de Tom Tykwer

perfume.jpgLi o livro de Patrick Suskind em 1987 e gostei. Gostei sobretudo da ideia de um tipo que não tem odor próprio, ser capaz de detectar todos os cheiros do mundo e acabar obcecado pelo facto de fabricar o perfume mais sublime, a partir da essência de 13 jovens mulheres.

Recordei a história, ao ver este filme de produção europeia, a tentar imitar os blockbusters americanos.

E como a história é mesmo muito boa, o filme acaba por se ver com agrado, embora tenha algumas cenas só para encher o olho, como a cena da orgia final, com milhares de corpos num frenesim sexual e que não precisava de ser tão explícita (até se vê uma senhora com o chamado bikini wax e os respectivos limites do bronzeado, o que não deixa de ser estranho, já que estamos no século 18…)

Ben Whishaw é o actor que interpreta o psicopata Jean-Baptiste Grenouille e dá-se bem com isso. Até fisicamente o tipo é estranho, com uns braços enormes, que lhe dão um ar desengonçado e assustador.

CSI – Tarantino mode

csi_tarantino.jpgQuentin Tarantino é fã da série CSI, na sua versão Las Vegas. Aceitou, portanto, o convite para escrever e realizar um episódio da 5ª época da série. E saiu este “Grave Danger”.

Trata-se de um episódio duplo e vê-se logo que foi feito por Tarantino, até pela banda sonora, com música dos anos 60 que nunca chegou aos tops. E por muitos outros pormenores: todos os polícias-cientistas do CSI se juntam para salvar um dos seus, que é raptado e enterrado vivo por um engenheiro aero-espacial psicopata; podemos ver planos de toda a equipa CSI, como se se tratasse de uma equipa de super-heróis. Há sangue q.b., diálogos í  Tarantino, aparentemente sem qualquer relevância para o desenrolar da história e algumas reviravoltas inesperadas.

Um episódio de CSI que se vê quase como se fosse um filme do Tarantino – só que não há palavrões. A CBS televisiva não admite “mother-fuckerismo”.

Columbo

columbo1.jpgFoi muito agradável rever a primeira série de 8 episódios de Columbo que foi uma das séries televisivas de culto, dos anos 70 do século passado.

Peter Falk criou um personagem único, que das fraquezas fazia forças. O seu aspecto insignificante e desleixado, com a gabardina sempre amarrotada e acanhada, os sapatos empoeirados, a gravata í  banda, o olho de vidro e o eterno charuto ao canto da boca, enganava os assassinos. Por trás dessa figura, tínhamos um misto de dedução de Sherlock Holmes, células cinzentas de Poirot e matreirice de Miss Marple.

A série baseava-se nesta excelente personagem e no seu contraste com os ambientes da classe alta de Los Angeles, as suas grandes mansões e os seus crimes sofisticados. Na primeira parte do episódio, era-nos mostrado como o assassino cometia o seu crime, arranjava o seu álibi e tentava esconder as provas. Na segunda parte, Columbo aparecia e ia massacrando o criminoso, até o apanhar em falso.

Claro que, se o CSI já existisse, cada cenário de crime de Columbo, seria um paraíso de provas. Mas, naqueles tempos, não havia ADN, nem luzes especiais para detectar manchas de esperma, nem maneira de saber a quem pertencia aquele cabelo minúsculo. Também não havia computadores, muito menos, telemóveis.

Por trás de cada argumento, a mão de Steven Bocho que, depois, se tornaria famoso com Hill Street Blues.

Uma curiosidade: o primeiro episódio, datado de 1971, foi realizado por um rapazinho chamado Steven Spielberg.