CSI – New York, 2ª série

csiny2A diferença entre o CSI de Nova Iorque e os outros está, fundamentalmente, no conteúdo das histórias. Pelos vistos, na dita Big Apple, os crimes são mais bizarros: tipos que se entretêm a fazer surf no tejadilho do metro; um jantar anual com iguarias exóticas, no Waldorf Astoria, que inclui centopeias e escaravelhos; um alpinista que escala o Empire State, e que morre, mas não da queda; adolescentes despejam todas as caixas de comprimidos que encontram em casa, e fazem uma festa em que misturam os medicamentos, aleatoriamente, com álcool; loiras com boob jobs, fazem corridas de patins, em que se agridem até í  morte, perante uma multidão frenética.

Estranhos hábitos e estranhos crimes numa grande cidade. A claridade do CSI-Miami contrata com o cinzentismo deste CSI-New York.

O par principal é formado por um sorumbático e formal Marc Taylor (Gary Sinise) e pela mais atrevidota, mas pouco, Stella Bonasera (Melina Kanakaredes).

Por enquanto, a fórmula vai resultando…

Californication – 1ª série

—Criada por Tom Kapinos, Californication é uma série muito divertida. Começando logo com o protagonista a sonhar que está numa igreja e que uma freira lhe oferece um “blow job”, podia descambar numa grandessíssima ordinarice, mas não – consegue manter uma classe muito elevada, mesmo quando a miúda de 16 anos, montada no escritor falhado Hank Moody, lhe prega dois valentes socos no momento em que atinge o orgasmo.

David Duchovny faz um Hank Moody muito cool: fumador, desleixado, desarrumado, deprimido, provocador, mas, no fundo, um gajo porreiro, que anda um pouco í  deriva.

A sua ex-companheira deixou-o porque ele era demasiado desordenado e juntou-se com um tipo muito certinho, mas que não tem piada nenhuma e continua a deixar-se seduzir pelo escritor. A filha de ambos, uma teen-ager estranha, com ar gótico, balança entre o papá e a mamã e tem a mania que vai ser uma pop star. O agente de Moody, é um careca libidinoso, que se envolve em jogos sado-masok com a secretária porque o seu casamento está uma seca, mas acaba por se envolver numa “ménage í  trois” que, em vez do excitar, o inibe.

Enfim, a galeria de secundários é ilustre e há muito material para desenvolver.

Ao contrário da imagem do californiano bem parecido, bronzeado e musculoso, Hank Moody é longilíneo, tem barriguinha e apresenta-se sempre com a barba por fazer e com o ar de quem dorme mal há décadas. Apesar disso, não se safa nada mal nos engates.

A série mostra muitas maminhas, rabiosques e, em geral, mais superfície epidérmica do que é habitual na televisão e, em 12 episódios, percorre quase todas as fantasias heterossexuais mais consensuais.

Uma boa arrancada. Vejamos o que a 2ª série nos reserva.

“Benjamin Button”, de David Fincher

—Em 1921, Scott Fitzgerald (1896-1940) publicou um conto intitulado “The Curiou Case of Benjamin Button”, que serviu de inspiração a Eric Roth e Robin Swicord para escreverem o argumento deste filme.

A história é conhecida. Benjamin (Brad Pitt) nasce velho, um bebé cheio de rugas e artroses e vai rejuvenescendo ao longo da vida, acabando por morrer jovem. Pelo caminho, acontecem-lhe muitas coisas, incluindo uma namorada (Cate Blanchett), que vai envelhecendo, í  medida que ele fica cada vez mais jovem e pujante.

O tempo é o principal personagem desta história, a começar pelo relojoeiro cego que constrói um relógio cujos ponteiros andam para trás, e continuando pelo fluir do tempo, com as duas guerras mundiais, os anos 60 e os Beatles e, finalmente, os dias de hoje, marcados pelo Katrina, que inunda New Orleans, onde a maior parte da história se passa, embora Benjamin também ande pela Rússia, por Paris e pelos oceanos, a bordo de um rebocador, cujo comandante, na impossibilidade de ser artista, se tatuou a si próprio.

Há muitas histórias, dentro da história de Benjamin Button e, por muito convencional que o filme possa ser, sabe sempre bem ver e ouvir uma história bem contada.

E, no que respeita a óscares, o dos efeitos visuais e o da caracterização, pelo menos, não vão escapar.

“Mr. Brooks”, de Bruce A. Evans

—Kevin Costner é Mr. Brooks, um bem sucedido homem de negócios, bom chefe de família, filantropo e tudo. No entanto, Mr. Brooks é, também, um serial killer, um viciado em assassínios.

Esta dupla personalidade é resolvida, pelo realizador, com um segundo actor, neste caso, um assustador William Hurt, que é a “versão má” de Mr. Brooks.

Desta vez, porém, Mr. Brooks tem uma testemunha do seu duplo homicídio, um fotógrafo amador que pretende seguir o exemplo de Mr. Brooks e tornar-se num assassino.

Há ainda uma detective durona (Demi Moore) e a filha de Mr. Brooks que, pelos vistos, está, tambem a tornar-se numa assassina. Runs in the family…

Com este material, o filme podia ser bem melhor, embora os diálogos entre Brooks/Costner e Brooks/Hurt sejam deliciosamente perturbadores.

“The Painted Veil”, de John Curran

—Baseado num romance de Somerst Maugham (1925), já adaptado em 1934, com Greta Garbo, e em 1957, com Eleanor Parker, “The Painted Veil” tem uma fotografia soberba e mostra-nos a paisagem única dos montes que rodeiam o rio Li, perto de Guilin, na China.

Foi muito agradável rever aquelas paisagens, que visitei há 5 anos, e só é pena que o filme não mostre mais.

A história é um melodrama dos antigos: nos anos 20 do século passado, um médico bacteriologista britânico (Edward Norton), com um casamento falhado com uma menina rica (Naomi Watts), que o engana com um embaixador engatatão, decide castigar-se, a si próprio e í  esposa, partindo para a China, para uma localidade onde grassa em epidemia de cólera.

Norton mantém uma postura digna de qualquer inglês puritano, que está lixado com a vida e com o mundo e penso que só se sorri uma vez, em todo o filme. Naomi Watts também interpreta bem o papel de menina mimada, que acaba por se arrepender da frivolidade e admirar o trabalho do marido.

No fim, ele morre e ela fica viúva. É bonito e faz chorar. A banda sonora é interessante, mas daí até ganhar um Globo de Ouro…

“The Man”, de Les Mayfield

—O que faz Samuel L. Jackson ao lado de Eugene Levy?

Patetices.

“The Man” (traduzido obviamente para “Agente Acidental”), é uma comédia que não faz mal nenhum a ninguém, mas se o realizador tivesse ficado quieto em casa, também não se perdia nada de especial.

Samuel L. Jackson, claro, é o polícia que quer prender os bandidos.

Eugene Levy, que não tem cara de actor, é um vendedor de produtos ortodí´nticos que está no sítio errado í  hora errada, de modo que os bandidos pensam que ele é que é o gajo que vai negociar com eles a compra de um carregamento de armas roubadas.

Seguem-se vários desencontros, algumas cenas escatológicas, que incluem traques e ainda há tempo para o polícia ir ver um espectáculo de ballet da filha.

Coisas…

The Closer – 3ª série

—A terceira temporada de The Closer não desilude.

Kyra Sedgwick criou uma personagem com traços bem marcados e que ela continua a explorar, de episódio para episódio.

A deputy sheriff Brenda Leigh Jonhson pode ser desorganizada na sua vida privada, mas sabe conduzir um interrogatório de modo a não largar a presa se não quando ela acaba por confessar.

A galeria de personagens secundários também é suficientemente rica para, de vez em quando, fazer deslocar a narrativa para outros protagonistas.

As histórias são credíveis e variadas e o humor é q. b., até porque a própria Brenda Leigh desperta sempre um sorriso, pelo seu comportameno e pela sua pronúncia “saloia”.

Nip/Tuck – 5ª série

—Só esta linha do argumento chega para caracterizar a série mais “kinky” da televisão norte-americana: Matt, o filho do cirurgião plástico Sean McNamara que, afinal, é filho do outro cirurgião, Christian Troy, depois de se ter apaixonado por um(a) transexual, sem saber que ele(ela) o era, apesar de ter tido relações com ele(ela), casou-se com uma das ex-namoradas do seu pai verdadeiro, e ex-actriz porno, de quem teve uma filha mas, como ela voltou í  indústria porno, começou a andar com uma israelita com a cara desfeita por um bombista suicida e, finalmente, com uma miúda gira, com uma hemangioma de nascença e que foi operada com muito sucesso por Christian Troy, mas só depois de a desvirginar descobriu que, afinal, era irmão ela, ao mesmo tempo que o seu pai verdadeiro se divertia na cama com a mãe da miúda, uma diabética amputada a ambas as pernas.

Uf!

As restantes linhas do argumento ainda são mais estranhas.

Levada ao extremo da bizarria, só falta mostrar sexo com animais, mas já não deve faltar muito. Talvez na sexta série…

House – 4ª série

—Mais uma série em declínio, com muita pena minha.

Má opção, a dos responsáveis da série, ao acabarem com a equipa de três médicos que apoiava House. A tensão entre os seus elementos era um dos atractivos da série.

Metade dos episódios desta 4ª série é passada numa espécie de concurso, graças ao qual House vai escolher os seus novos colaboradores – e a coisa roça o absurdo, uma vez que House e os candidatos ao lugar, fazem experiências com os doentes, como se fossem cobaias. E isto poderia ser interessante, se House fosse cáustico, amargo, misógino, como nas três séries anteriores. Em vez disso, House quase parece patético e adopta um tom de comédia, que não fica nada bem neste tipo de série.

A segunda parte da série quase se safa, mas depois, os dois últimos episódios são novamente tão inverosímeis, que até irrita.

Nas três séries anteriores, os casos clínicos tinham pouca importância. O que importava era o mau feitio de House e o modo como ele (não) se relacionava com a sua equipa, com o oncologista Wilson e com a directora do hospital. Nesta série, os casos clínicos não interessam mesmo nada – ou é sarcoidose, ou lupus, ou amiloidose ou outra coisa qualquer, e isso tem pouca importância, desde que se possa fazer uma ressonância ou espetar uma agulha no cérebro para fazer uma biópsia.

Espero que a 5ª série retome a dinâmica das três primeiras, caso contrário, acabou-se o House.

“Fados”, de Carlos Saura

—Depois de “Tangos”, de 1998, Saura debruçou-se sobre o fado e realizou este documentário formidável, que se vê quase como uma história da música mais genuinamente portuguesa.

“Fados” é isso mesmo, uma sucessão de fados, uns ilustrados com imagens de Lisboa, outros acompanhados de coreografias originais, outro recriando uma casa de fados, outro ainda com a câmara fixa na boca da fadista. Pelo meio, homenagens a Alfredo Marceneiro (com um rap um pouco deslocado, digo eu), a Amália Rodrigues e a Lucília do Carmo.

Momentos brilhantes: a interpretação espantosa de Caetano Veloso, de “Estranha Forma de Vida” (Chico Buarque podia ter feito melhor com o seu “Fado Tropical”, embora Júlio Pereira dê uma ajuda) e  Lila Downs, de quem eu nunca tinha ouvido falar, que canta muito bem uma versão bem esgalhada do clássico “Foi na Travessa da Palha”.

Em geral, todos os momentos são bons, incluindo Argentina Santos, que canta fado como deve ser. Só não gostei de Carlos do Carmo e da Mariza (embora a guitarra de Rui Veloso quase safe a coisa), mas isso são opiniões muito pessoais e que devem ser consideradas quase sacrílegas.