Da importância das vacas na política nacional

As vacas sempre ocuparam um lugar central na política nacional.

No tempo das vacas gordas, ninguém se lembra delas; vamos comendo e bebendo í  fartazana, até que se esgota a mama e as vacas emagrecem.

Depois, no tempo das vacas magras, temos saudades dos bifes e mantemo-nos a ervas.

Não somos indianos, mas a vaca, para nós, é sagrada.

No futebol, quando a bola não entra, é vaca.

A nossa colega, que se deixou engordar, passa a vaca.

Quando viajamos a meias, fazemos uma vaquinha.

A vaca está em todo o lado.

Até o nosso político mais duradouro, tem uma grande admiração pela vaca.

A começar pelo apelido, já que Cavaco tem uma sonoridade semelhante í  vaca.

E foi ele que disse, nos Açores, que tinha admirado o sorriso das vacas.

Se calhar, o homem tinha comido queijo “a vaca que ri” ao pequeno almoço e deixou-se influenciar.

Ora, se as vacas sorriem, por que não podem voar?

António Costa acredita que as vacas podem voar.

A oposição faz o trocadilho e diz que, se o António Gosta tanto vacas, passa a António Bosta.

Assunção Cristas diz que foi ministra da Agricultura e que viu muitas vacas e atesta que as vacas não voam.

Se calhar, Sãozinha, elas só voam quando estás de Costas…

Não querendo avacalhar mais o discurso, direi que uma vaca pode voar se lhe der na gana – basta querer.

E contra o querer, nada há a fazer!

Nem que a vaca tussa!

vacas

Eu gosto muito da minha escola

As escolas privadas que recebem subsídios do Estado decidiram pedir aos seus alunos que elaborassem uma redacção subordinada ao título em epígrafe, afim de atirarem com ela í  cabeça dura do António Costa, que está a tentar empurrar as criancinhas para a escola pública, expondo-as ao buling, í s drogas, ao sexo e aos esquerdistas.

De todas as redacções que os meninos fizeram, escolheram esta, da autoria da Constança, 12 anos.

“Eu gosto muito da minha escola.

Foi lá que aprendi a ler, a escrever e a rezar.
Os professores são todos muito bonzinhos, têm muita paciência para nós mas o pai disse-me que vão todos para a rua porque aquele primeiro-ministro monhé quer fechar a nossa escola. Também não percebo como deixaram um homem tão escuro chegar a primeiro-ministro. A mamã diz que a culpa é toda dos comunistas, que são aqueles que antigamente nos comiam a nós, criancinhas. que horror! Nem quero acreditar que existissem pessoas capazes de nos comer, embora eu, no outro dia, quando levei uma saia muito curta para a escola, ouvi o professor de geografia dizer que me comia toda… se calhar é comunista e é muito bem feita que seja despedido, mas os outros não, coitadinhos. O pai também diz que a culpa não é só do António Costa, mas também do tal comunista Jerónimo e da Catarina Martins, que é a chefe de um partido chamado Bloco de Esquerda, que é um nome muito estranho porque se é bloco não devia ser partido. Se o António, o Jerónimo e a Catarina conseguirem fechar a minha escola, o que vai ser das aulas de equitação, do ioga, da flauta e da culinária? A mamã já disse que não vai ter dinheiro para pagar esses luxos porque ou é isso ou o cruzeiro í s Bahamas e a manutenção do jipe. Mas também diz que o Dr. Pedro Passos Coelho nos vai salvar a todos, derrotar os esquerdistas e conseguir que continuemos a receber o dinheiro do Estado, porque os nossos pais têm o direito de escolher onde querem que os seus filhos aprendam a ler, a escrever e a rezar, como muito bem disse o nosso Patriarca de Lisboa. Que Deus nos ajude!”

Inaugurar coisa nenhuma!

António Costa convidou Passos Coelho para a inauguração do túnel do Marão.

Coelho declinou e disse que nunca esteve numa obra de inauguração enquanto liderou o Governo. “Nem de estradas, nem de auto-estradas, nem de pontes, nem de coisa nenhuma”. (sic)

Vamos lá a contas: só no ano passado, e segundo o pasquim Observador, que só não limpa o rabo ao Coelho porque não existe em papel:

Em Maio, Coelho inaugurou coisa nenhuma no Quartel dos Bombeiros Voluntários de Alijó.

Em Julho, inaugurou coisa nenhuma nos Edifícios Centrais do Parque Tecnológico de í“bidos.

Em Agosto, inaugurou coisa nenhuma na ponte da foz do rio Dão.

E ainda: em 2014, em Março, inaugurou a coisa nenhuma da sede da Políca Judiciária.

Em Setembro desse ano, inaugurou a coisa nenhuma do quartel da GNR de Estremoz e, em Setembro, a coisa nenhuma do hospital privado de Vila do Conde.

E não é preciso escavar mais.

O homem não inaugurou coisa nenhuma porque coisa nenhuma tem importância para ele.

Dou-te mais seis meses de vida política, pá…

passos pensa

 

Dos buracos no asfalto ao glifosato – idiosincrasias portuguesas

Noticia o Público que “uma brigada de funcionários da Câmara de Vila Franca de Xira que se encontrava a tapar alguns buracos da Estrada de Alfarrobeira, que liga Alverca a Vialonga, foram abordados por uma patrulha da PSP, que emitiu um auto de contra-ordenação e uma notificação para pagamento de uma multa de 600 euros.”

Ora essa! Porquê?!

Porque “a Polícia assegura que a brigada do serviço de obras não cumpriu as normas de sinalização e de salvaguarda da sua própria segurança e da segurança dos automobilistas que ali circulavam”.

Por outras palavras: eles que deixassem a estrada com buracos, que assim ficaria muito mais segura!

A explicação desta atitude idiota da polícia é dada por outra notícia, esta do Expresso, segundo a qual, foi detectado glicofosato em portugueses.

De facto, um estudo efectuado pela Plataforma Transgénicos Fora, detectou níveis elevados de glicofosato, o herbicida mais usado em Portugal, na urina de 26 pessoas do Grande Porto.

Este herbicida é considerado “carcinogéneo provável para o ser humano pela OMS”, mas também não deve ser muito bom para a saúde mental.

Ora, sabendo nós que o nossos polícias comem muitas saladas afim de se manterem em forma e, desse modo, apanharem os ladrões, é natural que estejam cheios de herbicida e comecem a bater mal da mona, multando operários que se limitam a tapar buracos no asfalto!

Conversas em Família nunca mais! 25 de Abril sempre!

E é por isso que, para mim, o 25 de Abril será sempre recordado!

Ora tomem lá alguns excertos da Conversa em Família, do Presidente do Conselho, Marcello Caetano, de 4 de Julho de 1972 (recordo que esta Conversa era transmitida pela RTP, canal único de televisão; o sr. Presidente estava sentado num cadeirão, ao lado de uma lareira e falava-nos em tom professoral e condescendente, como qualquer ditador bom, por oposição ao ditador mau, o que tinha caído da cadeira):

Desde que o Senhor Almirante Américo Thomaz se presta ao sacrifício de continuar a exercer a Presidência da República, onde, dom tanta dignidade e devoção, tem servido os supremos interesses do País, só temos de agradecer a Deus o não sermos forçados a difíceis opções.”

Sobre a guerra colonial:

“Guerra colonial?
O sentido da frase é só um: chamou-se assim í s campanhas outrora sustentadas por uma potência para submeter um território ao seu domínio, combatendo a rebelião das populações ou anexando países em estado primitivo.
Ora é fácil de ver que nada disso se verifica no Ultramar português.
Os territórios das províncias ultramarinas estão em paz e ninguém neles contesta a sua integração na Nação portuguesa.
Percorre-se a Guiné, anda-se pela vastidão da terra angolana, desloca-se quem quer que seja de lés a lés de Moçambique e não encontra populações revoltadas.
A vida decorre, por toda a parte, tranquila e normal, num ambiente de trabalho e de entendimento exemplares.
…e se a paz está perturbada, isso deve-se í s guerrilhas que sem o apoio político, financeiro e militar de potências estrangeiras, teriam desaparecido há muito”.

E Marcello sabia como se deviam construir as sociedades africanas:

“As sociedades africanas têm que ser construídas fraternalmente pelos brancos e pelos pretos, fornecendo uns a sua experiência e tecnologia, e dando os outros os elementos válidos da sua cultura.”

As Conversas em Família foram alguns dos momentos mais tristes de uma ditadura saloia, pobre, isolada e envergonhada.

Tia Teodora

O Conselho Superior de Finanças Públicas discorda do Plano de Estabilidade do governo.

A presidente ou directora do Conselho, aquela senhora que parece uma daquelas velhotas que vende peúgas í  porta dos Mercados Municipais, alertou para os perigos do Plano, para a inconsistência dos números, para o irrealismo das projecções.

Pelos vistos, Centeno não é credível e Costa é um lírico.

Em resumo: estamos tramados – as contas estão todas erradas, vamo-nos afundar, a dívida vai aumentar e, no final da legislatura, estaremos a pedir um novo resgate.

E parece que o Costa deu alguma coisa a beber ao Marcelo, porque ele anda todo contente a apanhar morangos no Alentejo e a comer presunto na Ovibeja, como se tudo estivesse a correr de feição.

Teodora – tens que ser mais sonora!

Fala mais alto, grita, se necessário.

Ou então, reforma-te (já deves ter idade para isso…)

teodora cardoso

 PS – E se o Centeno estiver certo?…

Bofetadas, chapadas, estalos, borrachos, galhetas e similares

Já toda a gente conhece a história.

Augusto M. Seabra e Vasco Pulido Valente, escreveram crónicas, que saíram no Público, em que desancavam o ministro da Cultura, João Soares.

Em resposta, o ministro foi ao seu Facebook e ofereceu a ambos os senhores, dois pares de bofetadas.

O alarido foi tal que, hoje mesmo, Soares pediu a demissão e António Costa aceitou.

Quer dizer: o governo anterior tirou quase tudo e passou incólume e quando, neste governo, aparece um ministro a oferecer algo, é demitido.

Está mal.

Mas o que me interessa não é bem o episódio em si mesmo, mas sim a linguagem.

Já repararam que as bofetadas se dão, enquanto os estalos, por exemplo, se pregam?

Sempre aos pares, como os polícias, damos um par de bofetadas, mas pregamos um par de estalos.

Já os borrachos, levam-se. Se não estás quieto, levas um borracho.

As chapadas e as galhetas, por seu lado, podem dar-se ou levar-se, é indiferente.

A história das chapadas tem mais de dois mil anos.

Como se sabe, também Cristo levou uma chapada e até ofereceu a outra face, para levar outra, e não protestou, como este bando de filisteus, que ficou tão ofendido por um ministro gostar de dar porrada.

E Soares até foi elegante porque ofereceu bofetadas, em vez de socos, murros, chutos ou pontapés.

O ex-ministro defendeu-se, dizendo que respondeu a insultos e não a críticas.

De facto, se lermos a crónica da Vasco Pulido Valente (a de Augusto M. Seabra não interessa para nada, nem sequer sabemos a que se refere o M do nome…) – ao lermos a tal crónica, verificamos que ele chama verbo de encher a João Soares.

O que raio será um verbo de encher?

Encher já é um verbo!

Enfim, Vasco Pulido Valente quereria dizer que Soares é incompetente e foi nomeado para o governo só para encher, para fazer número.

Soares não gostou e ofereceu-lhe as tais bofetadas, caso o encontrasse por aí.

António Costa veio dizer que os ministros, até í  mesa do café, não se podem esquecer que são ministros.

E Soares demitiu-se.

Agora que já não é ministro, já pode procurar o Vasco Pulido Valente e, deixando de ser polido, e mostrando que é valente, assestar-lhe um par de bofetadas bem dadas.

O Castro Laboreiro que há em nós

“Nunca houve uma choldra assim no universo!”, dizia Eça de Queiroz, pela voz de uma das suas personagens de Os Maias, referindo-se a Portugal.

País de provincianos.

Invejosos dos tiques dos citadinos, envergonhados das suas tradições, novos ricos.

Portugal é lindo, o povo nem por isso.

Todo este azedume vem a propósito de tudo e de coisa nenhuma.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa tem um cão, um pastor alemão chamado Asa, oferta da Força Aérea.

A este propósito, Américo Rodrigues, vice-presidente da Associação Portuguesa do Cão de Castro Laboreiro, disse ao Público:

“Nada nos move contra o Pastor Alemão ou qualquer outra raça. Mas isto de o Presidente ter um cão de raça estrangeira em Belém é como fazer um brinde com whisky numa cerimónia oficial, em vez de o fazer com vinho do Porto ou um Madeira”

Provinciano, menino! – como diria o Eça.

Ainda por cima, vindo de um tipo que não se chama Manuel nem António, mas Américo!

 

Sol encoberto

O Sol é um jornal de direita.

Isto já toda a gente sabe.

Mas é, sobretudo, um mau jornal.

No que respeita a Comunicação Social, é quase tão mau como o Observador.

E só não é tão mau como o Observador porque só sai aos sábados, enquanto que o Observador está sempre on line.

Como sou masoquista, continuo a receber as mensagens do Observador, que são apenas de dois tipos: desgraças e coisas contra o governo do Costa…

Durante muitos meses, o Sol foi o jornal pró-Passos Coelho e anti-Sócrates.

Depois de Passos conseguir ser primeiro-ministro, o semanário passou a ser só anti-Sócrates.

Semanas a fio a palavra Sócrates figurava sempre na primeira página do Sol.

solcratesDe tal modo, que sugeri que mudasse de nome.

De Sol para Solcrates.

Agora, o Sol vive momentos difíceis.

Passos ganhou as eleições mas perdeu o governo.

Os partidos de esquerda entenderam-se e, pela primeira vez desde 1974, aprovaram o mesmo Orçamento.

Para cúmulo, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa parece estar a entender-se com António Costa.

Esta semana, Passos Coelho criticou Costa por se meter com a Banca, mas Marcelo veio em defesa do primeiro-ministro e, como disse Pacheco Pereira, deu uma grande estalada no líder do PSD.

Esta situação mereceu a atenção do Sol, com título de primeira página, que rezava assim:

“Esquerda desconfia do apoio de Marcelo ao governo”!

Não escolheram: “Direita zangada com Marcelo por apoiar governo”.

Ou: “Marcelo traidor!”.

Ou: “Passos decide expulsar Marcelo do PSD devido ao seu apoio ao governo”.

Não.

O Sol virou o bico ao prego e atirou com o odioso para a esquerda.

Jornalismo de merda, é o que é…