“Love”, de Toni Morrison (2003)

—Toni Morrison, aliás, Chloe Ardelia Wofford, nasceu em 1931, no Ohio, e foi galardoada com o Prémio Nobel em 1993.

Love” é o seu oitavo romance e conta-nos a história de Bill Cosey e dos seus amores.

A diferença é que a história é contada através das mulheres que rodearam Cosey, nomeadamente, a filha e a segunda mulher, que têm praticamente a mesma idade, já que Cosey casou com uma miúda de 11 anos, quando já tinha uma filha, mais ou menos com essa idade.

—A outra diferença é que a história é contada aos solavancos no tempo, para trás e para a frente, nem sempre desvendando tudo e o leitor tem que ir juntando as peças do puzzle.

Só bem a meio do livro se tem uma ideia geral do que se passa e, mesmo assim…

Confesso que antes de ler este livro desconhecia que Toni Morrison era afro-americana. Depois, quando tomei conhecimento desse facto, percebi melhor a sua escrita. De facto, ao lermos esta história, só perifericamente damos conta que estamos perante personagens de raça negra.

A escrita de Toni Morrison é “poética”, no sentido em que utiliza imagens novas para descrever acções e sentimentos, mas a leitura do livro não é fácil e requer atenção redobrada.

A edição da Dom Quixote, com a tradução, penso que correcta, de Maria João Freire de Andrade, tem um erro de português indesculpável na página 147: «Ele estava ali para o que ela precisa-se».

Não se admite!

Dexter, Luther, The Mentalist e outras séries (menores)

Missing é uma série de cromos. Conta-nos a história de uma mãe (Ashley Judd), ex-agente da CIA, que perdeu o marido numa explosão (Sean Bean), também agente da CIA, e cujo filho de ambos, desaparece.

Becca Winstone, assim se chama a mãe, parte em busca do filho e mostra que é uma super-agente, uma espécie de Jack Bauer feminina, acabando por usar a tortura para obter informações.

Os 10 episódios da série passam por cenários como Dubrovnik, Roma e Istambul e envolvem personagens encarnadas por actores como Keith Carradine e Joaquim de Almeida.

A história é inverosímil, a super-agente não convence ninguém mas a série tem alguma piada e serve como entretenimento.

The Firm é outra série de cromos. Baseada na novela homónima, de 1991, de John Grisham, adaptada ao cinema dois anos depois, com Tom Cruise no principal papel.

O herói da série é o advogado Mitch McDeere (Josh Lucas), um tipo muito amaneirado e que ganha as causas porque sim – só que acaba por se envolver em casos grandes demais para ele e para os seus colaboradores: a esposa (Molly Parker), o irmão (Callum Keith Rennie) e a cunhada (Juliette Lewis).

A série usa, por vezes, um truque que resulta bem, mostrando-se cenas de grande suspense que se vão passar, por exemplo, daqui a duas semanas ou daqui a dois dias, o que faz com que fiquemos “apanhados”, aguardando o desenvolvimento da acção que vai levar í  cena apresentada.

Parece que a série foi cancelada, depois dos 22 episódios da primeira temporada. Não me espanta.

—A 4ª temporada da série The Mentalist é mais do mesmo. Simon Baker desenvolveu uma personagem simpática, o perspicaz Patrick Jane, bem secundado pela detective Teresa Lisbon (Robin Tunney) e os argumentos são um pouco acima da média.

No entanto, a série parece estar a entrar numa rotina e a história do Red John já chateia um pouco. 

Muito melhor é a série da BBC, Luther.

—Luther é um detective sui generis, interpretado pelo calmeirão Idris Elba, que ganhou um globo de ouro este ano.

Com ar atormentado, de mãos nos bolsos e com andar gingão, Elba criou um John Luther convincente, um daqueles heróis de quem se gosta, um detective com muitos problemas pessoais mas que consegue resolver tudo: os casos intrincados que surgem í  polícia e os seus próprios casos.

A primeira série, de 6 episódios, de 2010, apresentou-nos a personagem complexa de John Luther e da desafiadora Alice Morgan (Ruth Wilson), uma psicopata que lhe faz a vida negra.

A segunda série, de apenas 4 episódios, conta a história de um par de gémeos assassinos, adeptos da teoria do caos. Paralelamente, Luther salva uma jovem das malhas da indústria pornográfica masrginal e, depois, sofre as consequências.

A terceira série está garantida e ainda bem!

Finalmente, Dexter…

—Que dizer mais sobre esta esplêndida série de televisão?

A sexta temporada de Dexter é ainda mais difícil de ver do que as anteriores. É uma daquelas séries que nos causa sofrimento mas que não somos capazes de deixar de ver!

Michal C. Hall compõe um Dexter impecável e implacável. Nesta 6ª temporada, Dexter enfrenta um assassino ainda mais terrível do que o Trinity da 5ª temporada – um assassino inspirado no eterno Norman Bates, do Psycho, de Hitchock…

Confesso: apesar de termos toda a série gravada, só conseguimos ver um episódio por semana…

E o final desta 6ª temporada põe tudo em causa…

 

O efeito gambá

O gambá é um marsupial omnívoro, que vive no continente americano, sobretudo na Amazónia.

Tem como característica muito curiosa, o facto de se fingir de morto quando pressente perigo.

Este idiossincrasia, foi utilizada no filme de animação da DreamWorks, Over the Edge (Pular a Cerca).

No entanto, não são só os gambás que adoptam este truque para se furtarem aos predadores.

Alguns árbitros de futebol fazem o mesmo.

Ontem, num jogo particular entre o Benfica e o Fortuna de Dusseldorf, o árbitro preparava-se para mostrar o segundo cartão amarelo ao Javi Garcia, quando o Luisão avançou para o juiz da partida. Aproximou-se dele, deu-lhe um ligeiro encontrão com o peito e o árbitro caiu no relvado, todo junto, fazendo-se de morto.

http://www.youtube.com/watch?v=S02IxFRIezs

As imagens não enganam ninguém: ao enfrentar o calmeirão do Luisão, Christian Fisher armou-se em gambá e atirou-se para o chão, fingindo que estava morto.

Darwin explicou tudo isto.

Engraçadinhos

Nunca achei graça aos engraçadinhos.

Nunca achei grande piada a anedotas.

E, no entanto, os engraçadinhos e as anedotas estão na mó de cima.

Agora, neste patético mês de Agosto, até o Expresso se rendeu aos engraçadinhos.

Na semana passada, a revista do Expresso estava pintalgada com frases da autoria desse engraçadinho pindérico, chamado Nuno Markl. Não sou capaz de citar nenhuma e já deitei a revista fora.

A desta semana, tem piadinhas de um tipo chamado João Quadros que, por qualquer razão esotérica, deve estar na moda. Na primeira página da revista do Expresso, vêem-se um saco com dinheiro, uma lambreta e a fotografia do referido “humorista”. E ele comenta: «esta capa é o sonho de muitas mulheres: uma vespa, um saco de dinheiro e um indivíduo louro extremamente bem-parecido».

Trata-se da mais pura e idiota auto-ironia, já que o indivíduo louro é o referido engraçadinho.

Confesso que tive que colocar um penso para não mijar as calças de tanto rir!…

Só perco tempo com este assunto porque é quase impossível ignorar estas criaturas. Eles estão por todo o lado, desde a rádio aos jornais desportivos. E irritam-me. As suas graçolas são infantis, fazem-me lembrar as piadinhas dos jornais de liceu, são vulgares, imediatistas e sem classe.

Mas pior que esta trupe de engraçadinhos, que incluem outros nomes, que agora não me ocorrem, é a dos que se armam em engraçadinhos.

É o caso de um tal Henrique Raposo, que saltou de um blog para uma coluna no Expresso e que faz gáudio em ser de direita.

Não consigo compreender como é que um semanário como Expresso, com a sua longa tradição de colunistas ilustres, que incluiu nomes como Miller Guerra, José Rabaça, Marcelo Rebelo de Sousa, etc, etc – aceita publicar, semanalmente, uma coluna de vulgaridades, assinada por este tal Raposo.

Hoje, por exemplo, o homem escreve um pequeno texto a elogiar Passos Coelho, que começa assim: «Meu caro Passos Coelho, continuo a ter consideração por V. Exa. Aceitar governar Portugal no pós-Sócrates foi mais ou menos como aceitar treinar o Benfica no pós-Artur Jorge».

Estão a ver?… Armado em engraçadinho…

E mais í  frente, acrescenta: «o que é espantoso é que V. Exa. não consegue colocar este e outros sucessos na agenda. Eu sei que há uma má vontade epidérmica dos jornalistas ante um governo direitolas, mas isso não explica tudo».

Um governo direitolas?

Lamentável…

Se eu mandasse!…

O Tribunal de Contas – esse grande desmancha-prazeres – detectou dupla facturação na manutenção dos helicópteros EH 101, que vieram substituir os Puma.

Foram 10 helicópteros que nos podiam ter custado 244 milhões de euros, mas acabaram por ficar por 364 milhões, devido a uma engenharia financeira complexa, que cheira mesmo a marosca.

O Ministério da Defesa decidiu criar uma empresa chamada Defloc, cujo único objectivo foi a compra dos helicópteros – passando esta empresa a fazer parte da Empordef, que é a empresa de defesa de Portugal, tudo isto gerido pela SGMDN (secretaria-geral do ministério da defesa nacional).

Confuso?

Claro – quanto mais confuso, melhor.

O Tribunal de Contas detectou facturação duplicada, na ordem do milhão e 100 mil euros, e omitida, na ordem dos 800 mil euros.

Para onde foi a massa?

Não se sabe, mas já há um inquérito…

A sorte desta malta é que Portugal não é governado pelo Sr. Garcia.

O Sr. Garcia é meu doente e mal sabe escrever o nome.

Infelizmente, o Sr. Garcia, que trabalhava na limpeza de um mercado, levou uma tareia há meia dúzia de anos, e desde então, tornou-se num revoltado.

Ontem disse-me: “se fosse eu a mandar, era tudo para os pobres! Pegava nos políticos, encostava-os todos í  parede e ta-ta-ta, limpava-lhes o sebo a todos! Se eu fosse eu a mandar, isto estava muito melhor! E olhe que eu sou alfabético!”

Pois é, Garcia! Faria se tivesses a 4ª classe, pá!

Em vez de 10 helicópteros, teríamos comprado – sei lá! – tractores com asas!

A GNR é teimosa como o raio!

O Diário de Notícias é perito em título deste género:

«GNR detém todos os dias um produtor de ‘cannabis’»

Irra, que a GNR é teimosa, carago!

Coitado do produtor de cannabis! Deve ser chato ser detido todos os dias!

E também não se apercebe a atitude da GNR; se o detém todos os dias, tem que o libertar também todos os dias. Quer dizer, deve ser mais ou menos assim: vão a casa do produtor de cannabis e detém-no; depois, ao fim do dia, libertam-no. No dia seguinte, tornam a fazer tudo outra vez!

Mas o título tem um subtítulo igualmente estranho:

«Em 2011, foram apreendidos 3916 pés e 89 pessoas foram detidas. Este ano, o número de cultivadores apanhados já vai em 45. Desde há um mês que a GNR desfaz todos os dias uma plantação»

Ora vamos por partes:

1. Foram apreendidos 3916 pés. Não admira, só um pé se deixa apanhar…

2. Este ano já foram detidos 45 cultivadores. Como estamos em Agosto, já passaram mais de 210 dias neste ano. Como é que é possível dizer-se que a GNR prende um todos os dias?

3. Desde há um mês que a GNR desfaz todos os dias uma plantação. A teimosia novamente. Qual é o gozo de desfazer a plantação todos os dias, caramba?

Enfim, fica assim explicado por que razão nunca temos um agente de autoridade quando precisamos dele – estão entretidos a desfazerem uma plantação de cannabis e a deterem o respectivo cultivador.

O que fazes assim que acordas?

O relatório da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários revelou que há gestores que têm lugar nos conselhos de administração de mais de 30 empresas.

Revelou, também, que até existe um gestor que administra 73 empresas!

Chama-se Miguel Pais do Amaral e achou piada a esta revelação. Confessou que não sabia que era o gestor português com assento em mais conselhos de administração. E comentou: «contar o número de conselhos de administração a que pertenço não é a primeira coisa que faço no dia».

Pergunta: será a segunda coisa?

Eu, a primeira coisa que faço no dia é desligar o despertador.

A segunda coisa que faço no dia é colocar os óculos.

A terceira coisa é abrir o estore do quarto.

A quarta coisa é fazer chi-chi.

Pensando bem, nunca conto o número de conselhos de administração, ao longo de todo o dia.

Mas Miguel Pais do Amaral deve fazê-lo. Só que não é a primeira coisas que ele faz no dia.

Ser administrador de 73 empresas é tão excessivo que fica para lá da compreensão. Pais do Amaral é assim uma espécie de Michael Phelps da gestão.

E as coisas extraordinárias são isso mesmo – extraordinárias.

Mas que dizer dos 17 gestores que administram 30 empresas cada um?

E que dizer do facto de 21 administradores terem recebido, em 2010, mais de um milhão de euros cada um?

Ora! – dirão todos e cada um dos referidos administradores – contar os euros que ganho nas empresas que administro não é a primeira coisa que faço no dia!

 

Fanático de popós

Lê-se e não se acredita!

Os factos: o empresário Manuel Leitão é responsável por uma publicação chamada Porto Menu. Na capa dessa revista, vê-se uma foto de uma rua do Porto e, na parede de um edifício, a inscrição – “RIO ÉS UM FDP”.

Rui Rio ficou muito zangado.

Achou que “fdp” queria dizer “filho da puta”.

Portanto, toca a meter o Manuel Leitão em tribunal.

Sonso, Leitão argumenta que “fdp” não quer dizer “filho da puta”, mas sim “fanático dos popós”.

Sim! Manuel Leitão afirma que fdp quer dizer fanático dos popós!

O tribunal, no entanto, não foi na conversa e concluiu que a capa da tal revista é ofensiva “por permitir concluir que visa apelidá-lo (a Rui Rio) de filho da puta”.

A juíza foi mais detalhada, sentenciando: «quem ler Rio és um fdp na parede de um edifício da cidade, certamente no seu espírito não lerá Rio és um fanático dos popós ou és um filho de Deus».

Curiosa, esta frase da juíza, já que recorre ao “espírito” do leitor, seja lá o que isso for…

Portanto, se o leitor tiver um bom espírito, olha para FDP e lê fanático dos popós, furibundo dos pentes, fragilizados dos pés, fantástico dos pães-de-ló, ou mesmo, forrado de papel.

Só que o leitor tem um mau espírito e lê filho da puta! Sempre!

Ditosa pátria que tais filhos (e fdp) tem…

É caso para recordar aquela frase clássica: “As putas ao poder! Os filhos já lá estão!”

A McDonald’s faliu!

É verdade, a McDonalds faliu… na Bolívia!

A empresa norte-americana de fast food, que tem oito míseros restaurantes na Bolívia, já anunciou que se vai retirar daquele país porque os bolivianos preferem bifes de lama.

E como a carne de lama deve ser intragável, os bolivianos mastigam umas folhas de coca para disfarçar…

Agora, pensem bem: quem tem í  mão folhas de coca, para que raio quer Coca Cola?

Por isso mesmo, Evo Morales, o presidente boliviano, já avisou que, até 21 de Dezembro, tanto a McDonald’s como a Coca Cola terão que abandonar o país. A data escolhida está relacionada com o calendário maia a os festejos contra o capitalismo.

Lê-se e não se acredita.

Se eu fosse aos yankees, deixava de snifar coca boliviana!