O Sócrates já foi vacinado?

Vamos ao que interessa: José Sócrates já foi vacinado?

Sabemos que não faz parte de nenhum grupo de risco, mas com tantos conhecimentos, não terá conseguido uma dosezinha da vacina, mesmo que fosse da AstraZeneca?

Certamente que, se deixassem o procurador Rosário Teixeira investigar, descobriríamos que o amigo Carlos Santos Silva teria importado uma embalagem de vacinas, para Sócrates ser vacinado e vacinar todas as suas testas de ferro.

Aí está mais um crime socrático que não vai a julgamento!

O juiz Ivo Rosa deu ontem uma lição de como se consegue resumir seis mil páginas em três horas. Mas podia ter feito melhor: bastava que dissesse apenas quem vai a julgamento e porquê, em vez de gastar saliva a descrever as centenas de crimes que caíram por terra.

Ricardo Salgado já deve ter sido vacinado, uma vez que faz parte de um grupo prioritário por ter sido banqueiro.

O juiz disse que ele, afinal, não corrompeu ninguém, nem Sócrates, nem Granadeiro, nem Bava.

Se eu fosse ao Salgado, sentia-me injustiçado!

Quem julga aquele juiz que é, para considerar que Salgado não é capaz de corromper ninguém?!

Depois, há a questão das prescrições.

Há quem não perceba isso das prescrições.

Mas é simples: se roubares, fugires ao fisco, sonegares informação, tiveres benefícios ilícitos, em suma, se fores um grande ladrão, mas só fores descoberto passados cinco anos, é como se nada se tivesse passado.

É como se deixasses a vacina do covid passar do prazo de validade.

Deixa de fazer efeito.

Quem fica muito mal nesta fotografia é o juiz Carlos Alexandre.

Ora vejam…

Somos todos ladrões

Espantados com os créditos da Caixa Geral e Depósitos?

Por que raio, se todos os portugueses tentam, sempre que possível, fugir aos impostos, arranjar um amigo que lhe facilite qualquer coisa, desviar umas coisas lá do escritório, uma resma de papel, um agrafador que está a mais, ou uns detergentes e uns rolos de papel higiénico, e por que não uns comprimidos de omeprazol ou de paracetamol lá do hospital onde se trabalha, e quem não prefere um bate-chapa que não cobra iva, ou a cabeleireira, o barbeiro, a depiladora, a moça das unhas de gel – porque “eles” roubam tudo, “eles” querem é o tacho, então a vizinha não vê aqueles tipos da Caixa, que emprestaram dinheiro sem garantias e, agora, nós, é que temos que pagar?…

Mas, depois, a inspeção descobre que os bombeiros facturaram o triplo das refeições, enquanto andavam a apagar fogos, que aqueles oficiais da Força Aérea sacavam umas coroas valentes nas cantinas com sobre-facturação, que alguns professores da Universidade de Trás-os-Montes, metiam ao bolso parte das propinas dos estudantes brasileiros.

Tudo alegadamente, claro.

Os nossos banqueiros e políticos não passam da emanação da nossa sociedade do arranjinho, da cunha, do jeitinho.

Enquanto continuar a vigorar a dicotomia entre “nós” e “eles”, em que “eles” são os corruptos e “nós” somos os tipos que, para os lixar a “eles”, fazemos tal e qual como “eles”, talvez em menor escala, mas tal e qual como “eles” – enquanto continuarmos a achar que o Estado são “eles” e “nós” somos…bem, somos “nós”, não temos nada a ver com “eles” – enquanto isso durar, nada vai mudar.

Se eu mandasse!…

O Tribunal de Contas – esse grande desmancha-prazeres – detectou dupla facturação na manutenção dos helicópteros EH 101, que vieram substituir os Puma.

Foram 10 helicópteros que nos podiam ter custado 244 milhões de euros, mas acabaram por ficar por 364 milhões, devido a uma engenharia financeira complexa, que cheira mesmo a marosca.

O Ministério da Defesa decidiu criar uma empresa chamada Defloc, cujo único objectivo foi a compra dos helicópteros – passando esta empresa a fazer parte da Empordef, que é a empresa de defesa de Portugal, tudo isto gerido pela SGMDN (secretaria-geral do ministério da defesa nacional).

Confuso?

Claro – quanto mais confuso, melhor.

O Tribunal de Contas detectou facturação duplicada, na ordem do milhão e 100 mil euros, e omitida, na ordem dos 800 mil euros.

Para onde foi a massa?

Não se sabe, mas já há um inquérito…

A sorte desta malta é que Portugal não é governado pelo Sr. Garcia.

O Sr. Garcia é meu doente e mal sabe escrever o nome.

Infelizmente, o Sr. Garcia, que trabalhava na limpeza de um mercado, levou uma tareia há meia dúzia de anos, e desde então, tornou-se num revoltado.

Ontem disse-me: “se fosse eu a mandar, era tudo para os pobres! Pegava nos políticos, encostava-os todos à parede e ta-ta-ta, limpava-lhes o sebo a todos! Se eu fosse eu a mandar, isto estava muito melhor! E olhe que eu sou alfabético!”

Pois é, Garcia! Faria se tivesses a 4ª classe, pá!

Em vez de 10 helicópteros, teríamos comprado – sei lá! – tractores com asas!

Henrique, Cimento & Lícito, Lda

O PSD conseguiu que o Parlamento aprovasse uma lei que cria um novo crime: o crime do enriquecimento ilícito.

Quer dizer que, a partir de agora, todo aquele que fique rico à custa da trapaça, da fuga aos impostos, dos compadrios políticos, do roubo, da especulação fraudulenta, negócios sujos, lenocínio, tráfico de droga e/ou de influências, etc – passa a ser um criminoso.

Acho mal.

Esses gajos deviam até ser incentivados pelo Estado!

Com efeito, os tipos que enriquecem ilicitamente deviam ter direito a receber um Rendimento Máximo Garantido, que lhes permitisse passar a viver à vontade, sem precisarem de continuar a cometer ilegalidades e, assim, terem tempo e disponibilidade para organizarem palestras, jornadas, congressos, onde nos ensinassem como enriquecer ilicitamente.

Até nas escolas, em vez da palermice da educação sexual, devia haver uma cadeira de enriquecimento ilícito para preparar os nossos jovens para o futuro – já que trabalhar, pagar impostos e ser honesto, nunca enriqueceu ninguém.

Será que um tipo que nasceu lá nas berças, comprou o primeiro par de sapatos quando foi para a instrução primária, aderiu a uma juventude partidária aos 16 anos, foi eleito deputado aos 24, nomeado secretário de Estado aos 32, ministro aos 40 e, agora, aos 50 anos, é administrador de uma empresa pública, vive em Cascais, tem uma casa no Algarve e dois Audis, é um criminoso?

Nesse caso, o PSD que se ponha a pau porque acaba por mandar grande parte dos seus militantes mais destacados para a cadeia.

Pronto: tomem lá as escutas!

O formidável director do Sol, José António Saraiva, escreveu no seu editorial desta semana:

“O PGR, Pinto Monteiro, teve há semanas um desabafo que um jornal transformou em manchete onde dizia mais ou menos isto: «Se for necessário para acalmar os ânimos, eu divulgo as escutas todas do 1ºministro». Ora essa divulgação é impossível, como o PGR sabe, por uma razão inultrapassável: as conversas contêm linguagem imprópria, com insultos e referências desprimorosas a figuras públicas, pelo que não podem ser divulgadas. Se isso acontecesse, Sócrates seria forçado a renunciar – ou o PR teria de o demitir.”

Isto quer dizer, obviamente, que José António Saraiva conhece o conteúdo das conversas entre Sócrates e Vara, isto é, violou o segredo de justiça.

Mas não é só ele. Também eu conheço o conteúdo dessas conversetas e, para se acabar com as especulações, aqui têm um excerto de um dos telefonemas entre Sócrates e Vara:

S- Alô, Vara, como vai isso, meu ganda c*****?

V – Olá, Sócrates, meu s***** de m****! Então, que é feito?

S – É pá, estou f***** com aquela p*** da MMG e da m**** do Jornal Nacional. A gaja está-me a f**** e eu a ver!

V – Tens razão, pá! Havíamos de calar a tipa! Mas como?!

S – Olha, enfiando-lhe uma p**** pela boca abaixo!

V – Isso era o que ela queria! Mas a malta não pode arranjar maneira de acabar com aquilo?

S – Só se for com a ajuda dos c****** dos espanhóis!

V – Ou então, arranjamos alguém que lhe parta uma perna… eu, por acaso, conheço um sucateiro que era capaz de se encarregar disso.

S – Ah é? E quanto é que ele levaria por esse trabalhinho?

V – O c***** é ganancioso e é capaz de levar uns 10 mil euros!

S – Ó pá, eu até lhe pagava o dobro!

V- Tás a brincar, não tás, ó Sócras!

S – Claro, meu c*****! Não é que isso já me tenha passado pela cabeça mas, se alguma vez o fizesse, não combinava isso contigo pelo telefone, por causa das escutas…

V – Então, mas afinal, quem é que está a ser escutado? Ouvi dizer que tu é que estavas a escutar o Cavaco!

S- Lérias, Vara! Lérias! Olha, tenho que ir! Adeus e não te deixes corromper, pá!

V – Está descansado. Com o ordenado que os tansos do BCP me estão a pagar, só me deixava corromper por uma quantia milionária!

Como se compreende, não é possível publicar isto nos jornais, se não, o nosso 1º ministro teria que se demitir e os jornalistas não querem isso, nomeadamente, os do Sol – depois, como Felícia Cabrita ocuparia o tempo e que manchetes arranjariam eles para vender o seu formidável jornal?

Touche pas aux messieurs juges

Podes descer a avenida da Liberdade gritando “Sócrates mentiroso”!

Podes dizer, escrever e publicar que Cavaco é como o eucalipto – seca tudo à sua volta.

Podes dizer que Alberto João Jardim é um bronco, que os deputados são uns calões, que os ministros são incompetentes.

Mas cuidado com o que dizes dos juízes!

Eles fazem parte do único órgão de soberania que não é eleito, mas não podem ser criticados, pressionados, postos em causa.

Ontem , o inefável presidente da Associação Sindical dos juízes, António Martins, disse coisas engraçadíssimas, na Sic.

Disse, por exemplo, que não estava de acordo que um advogado pudesse defender um arguido do caso Face Oculta e, ao mesmo tempo, fazer parte do Conselho de Magistratura, que avalia os juízes.

O entrevistador chamou-lhe a atenção para o facto de estar a pôr em causa a honorabilidade do referido advogado, ao que ele respondeu que não era bem isso mas que poderia haver conflitos de interesses e tal e coisa. Em resumo: a ocasião faz o ladrão – ao fazer parte do Conselho de Magistratura, o advogado poderia sentir-se tentado a avaliar por baixo um juiz que o tivesse lixado num processo qualquer.

A associação sindical dos juízes pediu, ainda, a demissão do ministro Vieira da Silva por achar inaceitável que ele tenha dito que havia espionagem política no caso Face Oculta.

Por outras palavras: um gajo que eu mal sei quem é, que não foi sufragado pelos eleitores, pede a demissão de um ministro de um Governo que acabou de ganhar as eleições, com 38% dos votos.

Vão dar banho ao cão!

(“Touche Pas à La Femme Blanche” é um filme de Marco Ferreri, realizado em 1974, com Michel Piccoli, Catherine Deneuve e Marcello Mastroianni – um filme surrealista, como esta Associação Sindical)

Prendam este gajo já!

socrates_vacina

Mas que raio de choldra é este país?

Então, a malta já sabia que lhe saiu o curso de engenheiro nos pacotes da farinha Amparo, que é o responsável por uns projectos de umas casas manhosas, na Covilhã, que recebeu um suborno chorudo para licenciar o Freeport e que, para além do facto inegável de ser maricas, descobre-se, agora, que falou ao telefone com esse facínora, chamado Vara, um mafioso capaz de vender as empresas públicas a um sucateiro com diabetes – a malta sabe isto tudo e ainda não prendeu o homem?!

Que é que faz este gajo à solta?!

Pintar a cara de Preto

O Expresso de ontem publica uma notícia que pode passar despercebida e é pena.

Diz a notícia que Virgilio Sobral  de Souza e Jorge Silvério, co-arguidos, com o deputado do PSD, António Preto, no chamado “caso da mala”, apresentaram uma acção no Tribunal Administrativo e Fiscal do Funchal, a requerer a extinção de uma execução fiscal de 347 mil euros de dívidas de IRC, da sua empresa “Serbro”.

E em que se baseiam os chicos-espertos para exigirem que lhes perdoem o facto de não terem pago 347 mil euros de impostos?

Baseiam-se no facto da morada da notificação estar errada. Em vez de figurar “Rua do Castanheiro nºs 1 a 3, 8 – Funchal”, que é a verdadeira morada da tal empresa, da notificação constava “Rua do Castanheiro, nºs 1 a 38”.

Diz o advogado dos dois chicos-espertos, Rui Teixeira: “O sr. carteiro pode ter tentado a entrega do nº4 ao 38”.

Portanto, os dois construtores civis e mais o seu advogado preparam-se para fugir à Justiça por causa de uma vírgula.

Grandes serbros que eles têm!…

A desfaçatez com que esta malta trata a Justiça merecia, da nossa parte, dos que pagam todos os impostos, uma reacção um pouco mais violenta.

Alcatrão e penas, no mínimo!

The Shield – séries 4,5 e 6

E com estas três temporadas, de 2005 a 2007, termina a série que mais polícias corruptos a televisão mostrou, até hoje. Aliás, a frase que serve de subtítulo à série é: “The road to justice is twisted”.

A série mantém a mesma realização “nervosa”, ao longo das seis temporadas, com uma câmara sempre em andamento, captando os intervenientes por trás de uma porta, por baixo de uma mesa, através da folhagem de um arbusto. Os principais intérpretes andam sempre num frenesim, entre a esquadra e os bairros sociais de Farmington; os bandidos são maus, mas os polícias ainda conseguem ser piores!

O “strike team” liderado por Vic Mackey (Michael Chiklis) tenta tudo para ocultar as trafulhices que foi fazendo ao longo dos anos, mas enterra-se cada vez mais.

shield4Na 4ª temporada, entra em cena Glenn Close, interpretando o papel de Monica Rawling, a nova chefe da esquadra de Farmington, substituindo David Aceveda, que se dedica à política, e até parece que Vic Mackey tem uma nova oportunidade.

No entanto, Rawling acaba por ser posta em causa e é afastada, cedendo o lugar, finalmente, à detective Claudette Wyms (C. C. H. Pounder) que, desde o início da série ansiava por dirigir a esquadra.

shield5Na 5ª temporada, surge o tenente Jon Kavanaugh (Forest Whitaker), encarregado de investigar as actividades do “strike team” e que, às tantas, fica completamente obcecado pelo objectivo de prender Vic Mackey, acabando por actuar como ele, forjando provas.

É nesta temporada que Shane (Walton Goggins) não resistindo à pressão da investigação, mata Curtis Lemansky,  o colega do “strike team”, receando que ele conte tudo a Kavanaugh.

shield6A 6ª temporada é a mais curta – aliás, é um desdobramento da 5ª temporada, decidida devido ao êxito da série ou à greve dos argumentistas.

O “strike team” está resumido a Vic e a Ronnie Gardocki (David Rees Snell), cada vez mais entalados e Shane anda à deriva, tentando orientar-se sozinho. Na esquadra, o detective Wagenbach (Jay Karnes), tenta fazer a diferença, mas acaba sempre por ser gozado pelos colegas, por ser tão ingénuo.

No final, Vic Mackey, no próprio dia que seria presente a uma Junta que o deveria expulsar da polícia, descobre documentos que comprometem juizes, políticos e outros “big shots” e mostra-os a Aceveda (Benito Martinez), pedindo o seu apoio.

O político e o polícia corruptos, condenados a entenderem-se…

Isaltinar

Isaltino Morais, presidente da Câmara de Oeiras, foi condenado a 7 anos de prisão por quatro crimes, a saber: fraude fiscal, abuso de poder, corrupção passiva para acto ilícito e branqueamento de capitais.

Isaltino diz que está inocente, vai recorrer da sentença e tenciona candidatar-se novamente à Câmara de Oeiras.

Assim se cria um novo verbo em português – o verbo isaltinar.

Eu não estou a cometer fraude fiscal – estou a isaltinar.

A partir daqui, só o céu como limite.

Exemplos:

1. “È pá! Estás a abusar do poder!”

“Deixa estar, é apenas um pequeno isaltinanço…”

2. “Como consegues convencê-lo a aprovar o projecto?”

“Ora… ofereço-lhe um terreno em Cabo Verde, isaltino-o!”

3. “E o que fazes a esse dinheiro todo?”

“Passo-o para a conta da minha sobrinha que vive na Venezuela e o dinheiro fica isaltinado”.

É graças a figuras como Isaltino Morais que a língua portuguesa se mantém tão pujante e viva!