“No Country For Old Men”, de Ethan & Joel Coen

Já li o livro há uns meses, mas só agora arranjei tempo para ver o filme.

Parece que Cormac McCarthy escreveu este livro a pensar nos irmãos Coen. A adaptação do livro a argumento de filme está estupenda. Feito à medida. Daí o óscar por melhor argumento adaptado.

Quanto aos restantes óscares:

O de melhor actor secundário, para Javier Bardem era de esperar; para se ganhar um óscar para melhor actor secundário, basta fazer um papel em que se fala pouco e se mantém a mesma carantonha, do princípio ao fim do filme – os tipos da Academia de Hollywood, com complexos-de-cinema-europeu, acham logo que isso é ser um grande actor e dão-lhe um óscar.

Tenho dificuldade em avaliar a justeza do óscar para melhor filme porque vi poucos filmes de 2007.

Quanto ao óscar para melhor realizador, os irmãos Coen merecem-no. O filme é seco, como o texto do livro e retrata bem a América profunda, àspera, cheia de espinhos.

Bardem faz um psicopata convincente, que mata com uma espingarda de matar gado. Inventou aquela cara e aquele penteado e mantém-nos ao longo de todo o filme. Bom. Decide a vida das pessoas com moeda ao ar. No fim, leva com um carro em cima, num cruzamento qualquer. A vida é uma sorte.

Josh Brolin é o caçador que, por acaso, encontra uma mala com 2 milhões de dólares, passando, assim, de caçador a caçado. É o americano convencido. Arrisca e lixa-se. Paciência…

Tommy Lee Jones é o xerife “old timer”, que tem dificuldade em adaptar-se ao novo tipo de crimes, demasiado amorais, para os seus padrões. A personagem do xerife está entre gerações violentas: o seu pai também viveu numa época difícil e selvagem, em que as pessoas não hesitavam em resolver qualquer diferendo ao tiro. Hoje em dia, voltámos ao mesmo.

Este país não é para velhos?

Não há nenhum país para velhos?