A pão e água

Segundo o DN, «o PS vai propor na terça-feira que a Comissão parlamentar do Ambiente passe a consumir água da torneira, uma medida para dar o “exemplo” no Parlamento, onde se consomem anualmente mais de 45 mil garrafas de água».

Acho mal.

Percebe-se que, em tempos de crise, os deputados fiquem a pão e água, mas penso que os nossos deputados deviam ajudar a nossa economia e passar a consumir vinho.

As sessões parlamentares seria muito mais divertidas!

Medo do animal feroz

Lembram-se do que aconteceu depois de António Guterres e Durão Barroso terem deixado de ser primeiro-ministros?

Nada.

Guterres foi para aquela coisa dos refugiados e Barroso, no fundo, também, já que a Europa não passa de um enorme campo de refugiados.

E por cá, pouco ou nada se fala deles.

Vemos Guterres ao lado de Angelina Jolie, algures na Somália e Barroso, ao lado de Angela Merkel, algures na Europa e é tudo.

Vantagem para Guterres, sem dúvida.

A Angelina bate a Angela em todas áreas.

E quanto a Sócrates?

Muito mais odiado que Guterres e Barroso, retirou-se pela esquerda baixa.

Diz-se que foi para Paris, estudar filosofia (e diz-se com ar de gozo, como se aquele tipo, que nem engenheiro é, tivesse categoria para estudar fosse o que fosse, muito menos filosofia – o mister do outro Sócrates, o original!…).

Mas a sombra de Sócrates continua a pairar sobre as páginas dos jornais.

O semanário Sol, um dos que mais bateu em Sócrates, demorou semanas a retirá-lo da primeira página.

E esta semana, subitamente, voltou-se a falar do homem.

Que o homem tinha telefonado a alguns deputados do PS, para que eles votassem contra o Orçamento. Que tinha jantado com apoiantes no Porto. Que anda por aí.

Que medo!

O medo é tão grande que até o chefe da JSD decidiu mesmo entregar ao Procudador-Geral da República, uma série de documentos que supostamente provam que Sócrates é responsável pela dívida soberana, pelo que deve ser julgado.

Claro que este inteligente jovem (chama-se Duarte Marques, tomem nota porque ainda pode chegar a primeiro-ministro…) sabe que esta sua iniciativa não passa de uma patetice populista porque, se a responsabilização criminal de Sócrates fosse para a frente, teríamos que abrir processos a muita gente, a começar pelo Cavaco!…

Portanto, estamos nisto: o PSD e o CDS têm a maioria absoluta, têm um líder da Oposição que é um cinzentão tão triste que até tem Seguro no apelido e, mesmo assim, não se sentem a salvo e temem o regresso do animal feroz.

Por que será?

Aceitam-se sugestões.

 

A laranja já está podre

Não foi preciso muito tempo.

Em três míseros meses, a nova AD quebrou todas as promessas eleitorais que levaram o povinho a escolhê-los.

Passos dizia que cortar o 13º mês era um disparate?

Já está.

Que, se aumentasse os impostos, seria sempre do lado do consumo e nunca do lado dos rendimentos do trabalho?

Já está.

Que o TGV era um luxo e que ia ser suspenso imediatamente?

O tanas!

Dentro da coligação, começou a agitação.

Marques Mendes, Graça Moura, Pacheco Pereira, Manuela Ferreira Leite, Pires de Lima e Lobo Xavier, todos, de uma maneira ou de outra, vieram a público criticar a política fiscal do governo.

Comentadores chamam a atenção para o facto de Passos Coelho e Paulo Portas empurrarem Vitor Gaspar para a frente do touro, obrigando-o a anunciar, sozinho, sucessivos PEC´s, enquanto que, no passado, o arqui-inimigo Sócrates dava sempre a cara, ao lado de Teixeira dos Santos.

Miguel Sousa Tavares, na sua coluna semanal no Expresso, chama a atenção para o facto da despesa do Estado ter descido no primeiro semestre deste ano, quando Sócrates ainda estava no poder, e de ter aumentado desde Julho, já com a AD a mandar.

Fernando Madrinha, também no Expresso, diz que, dos últimos líderes do Continente, Sócrates foi o único que teve coragem para afrontar Alberto João Jardim.

Entretanto, na Universidade de Verão, organizada pelo PSD, Soares foi convidado a dar uma palestra e foi recebido pelos jovens da JSD com gritos de “Soares é fixe!”

Volta Sócrates, que estás perdoado!

Jogar pelo Seguro

Seria incapaz de escolher entre Assis e Seguro.

O primeiro faz-me lembrar uma pessoa de quem gosto pouco. O segundo é tão cinzento que mal se vê.

Se fosse militante do PS, teria que me abster.

Mas 0 PS jogou pelo seguro e escolheu o homem do aparelho.

Era mais seguro…

Mas todos sabemos que os seguros têm muitas armadilhas.

Será que leram as letras pequeninas?

Se o provérbio popular se concretizar e o Seguro morrer de velho, temos que o aturar até 2050, pelo menos…

10 Notas sobre a política caseira

1. Passos Coelho deu ontem a sua primeira entrevista como primeiro-ministro.

2. Claro que o gajo ainda não foi eleito… mas isso é um pormenor. Os jornalistas já o bajulam como se fosse…

3. Ideias?… Nenhumas… O homem está a preparar-se para ser primeiro-ministro há mais de um ano mas ainda não foi capaz de apresentar um programa alternativo por inexperiência de Catroga, o jovem que lidera a equipa que está a preparar o programa do governo PSD.

4. Primeira medida tomada por Passos, como faz-de-conta-que-já-é-primeiro-ministro: revogar a avaliação dos professores. Os mercados internacionais agradecem…

5. Passos quer uma maioria absoluta e um governo alargado que pode incluir o PS, mas sem o seu secretário-geral, Sócrates. Boa ideia era o Passos Coelho candidatar-se a secretário-geral do PS. E ganhar.

6. Sócrates vai ser reeleito líder do PS com mais votos que o futuro presidente daquele clube com a camisola às riscas mas, nos telejornais, foram as eleições dos lagartos que ocuparam mais espaço noticioso.

7. O filósofo-fashion Carrilho, ou a versão pedro-passos-coelho do PS, António José Seguro, são cães que ladram.

8. Eu, se fosse ao Sócrates, pegava nos 2 milhões que dizem que recebeu como luvas pelo licenciamento do Freeport, mais o quase-milhão que o seu amigo Vara recebeu do BCP, e começava a aliciar gajos do PSD para votarem no PS

9. Passos não revela o teor da conversa que teve com Merkel porque não percebe patavina de alemão

10. E Cavaco, mais uma vez, não tem nada a ver com isto. Penso, até, que o gajo é presidente de outro país qualquer…

O que eu aprendi com a negociação do Orçamento

Que Sócrates e Passos Coelho querem fazer de conta que pouco têm a ver com a discussão em torno do Orçamento.

Que aquilo é lá uma coisa entre aqueles dois ursos brancos.

Que, afinal, a aprovação do Orçamento só é importante para o PS e o PSD – para o Bloco, os comunistas, o Paulo Portas e o Alberto João, o melhor era chumbar o documento e… e…

Que todo este teatro só serviu para nós dizermos: «ufa! até que enfim que há acordo! que contente que eu estou pelo facto de o iva ter subido para os 23% e me irem sacar 10% do meu ordenado! Estava a ver que não conseguiam chegar a acordo! Assim, quando me forem ao bolso, sei que é por acordo entre os dois maiores partidos de Portugal!»

Que Paulo Portas já explicou que ele teria solução para todos os problemas orçamentais mas, como ficou de fora da negociação, junta-se ao problema, em vez de ajudar a uma solução.

Que Jerónimo de Sousa já teria resolvido isto há muito tempo, tomando as mesmas medidas que Vasco Gonçalves (quem?) tomou em 1976.

Que Louçã, apesar de tudo, anda muito arredado porque, no fundo, ele poderia propor sair da União Europeia, mas continua a gostar das camisas Gant.

Que, ao fim e ao cabo, como eu já disse, tudo se resumiu, afinal, ao IVA do leitinho com chocolate.

O PS, partido de esquerda, acha que leite com chocolate é para a burguesia endinheirada.

PSD, partido de direita liberal, acha que leite com chocolate é um direito adquirido da classe média.

Vitória da direita: o leitinho com chocolate ficou a 6%!

O Ornamento do Estado

Começa hoje, por volta das 15 hortas, a primeira reunião para discutir o Ornamento de Estado mais importante do sexo 21.

De um lado, Peixeira dos Santos, ministro da Ecomania; do outro lado, Eduardo Catrefa, por parte do PSD.

O Presente da República, Cavado silva, já disse que é fundamental aprovar este Ornamento e todos os especialistas em Ecologia e Faianças dizem o mesmo, mas os principais paridos parecem mais interessados em discussões estéreis ou histéricas, já não sei bem.

Teixeira dos Prantos diz estar pronto para negociar, mas o aumento dos impressos não é bem aceite pelos sexuais-democratas.

O PSD, à última orla, tirou um Coelho da Catroga e o duelo é inevitável.

Quem ganhará?…

Veremos…

Como dizem os cegos…

Mariquices da reentré

O conceito de “reentré política” é algo que me escapa.

Parece que o país pára durante o mês de Agosto, os políticos vão todos para férias, a malta fica a ver os incêndios e, depois, há que marcar o regresso com grandes manifestações.

Eu, quando regresso ao trabalho, depois das férias, só quero é passar despercebido.

Mas os políticos, não!

O PCP é o único que inventou uma coisa para camuflar a reentré, dando-lhe uma aura de seriedade – é a Festa do Avante.

Na Festa (não há outra como esta…), o secretário-geral do Partido tem direito a dois-discursos-dois, com larga publicidade nos órgãos de comunicação social, e tudo é disfarçado por um programa cultural variado, que inclui ópera e operários, rap e vira do minho, jazz, fado, minis e tremoços, churros e charros à discrição.

O PSD inventou duas coisas para a reentré: o Pontal e a Universidade de Verão e qualquer uma delas soa a falso, a patético e a coisa para ser transmitida pela televisão.

A festa do Pontal é uma espécie de Avante sem a ideologia, sem as atracções culturais e sem mais nada, a não ser as minis e as bifanas.

A Universidade do Verão é uma patetice ao nível das reuniões de tupperware, ou de lingerie para donas de casa, ou, neste caso, para laranjinhas-que-querem-um-dia-ser-políticos-profissionais-como-o-santana-lopes.

Quanto ao PS de Sócrates, tem arranjado reentrés com produção tipo hollywood. Este ano, começou por Mangualde e continuou em Matosinhos: em primeiro plano, o líder, o adorado líder, cheio de optimismo e confiança; por trás, um coro de jovens com ar saudável e t-shirts verdes (mau gosto!).

Mais modesto, o CDS-PP vive à custa do Paulinho que, com aquela voz tronitruante tenta esconder o vazio da militância no seu partido: ele é que apresenta propostas, ele é que faz, ele é que acontece, ele é que tem razão, ele nunca fez parte do governo, ele não tem culpa nenhuma desta merda (gritar isto em voz alta e ligeiramente nasalada)!

E acho que ainda há mais reentrés políticas, mas já ninguém dá por elas…

Tudo isto é inventado para os media, como o Valentine’s Day ou o Hallowheen.

E já não há paciência!…

Coligações há muitas, seu palerma!

Paulo Portas propôs ontem, no debate do Estado da Nação, que se formasse um governo de coligação alargada, PS, PSD e CDS-PP, para os próximos 3 anos, mas sem o Sócrates a comandar o PS.

Provocação, claro.

Se Portas fosse humilde, teria proposto uma coligação PS, PSD, CDS-PP, mas sem o Portas.

Para o seu lugar, poderia nomear aquela minha colega dos cuidados paliativos, a Isabel Galriça Neto.

Que entusiasmo, o dela, a aplaudir todas as palavras do Portas!

Que embevecimento!

A senhora até saltava da cadeira, ao bater palmas, frenética com o discurso do seu líder.

Alguém a devia informar que o facto de ter sido medalhada no 10 de Junho não a obriga a ser tão apologética.

Este tipo de acólitos devia ser premiado. Por isso, Portas devia ter sugerido uma coligação alargada, mas com Assis a chefiar o PS, Relvas à frente do PSD e Galriça Neto pelo CDS-PP.

Os três actuais líderes retiravam-se pela direita baixa e deixavam os discípulos governarem.

Quanto a nós, é claro que emigrávamos…

Dia de reflexão

Há uns anos, havia uma frase feita que classificava a nossa democracia como “a jovem democracia portuguesa”.

Portugal só é uma democracia desde abril de 1974 e, comparativamente com a Inglaterra, a França ou os Estados Unidos, há-de ser, sempre uma mais jovem democracia.

No entanto, 35 anos depois do 25 de Abril, o chamado dia de reflexão, em que os partidos não podem fazer campanha e os órgãos de comunicação social não podem falar disso, faz cada vez menos sentido.

De certeza que, na net, dezenas, centenas de blogs estão a ser actualizados com posts sobre as eleições, dizendo, claramente, a intenção de voto dos seus autores.

Eu, no meu caso, vou votar no PS, como fiz há 4 anos, porque defendo o Serviço Nacional de Saúde e o PS tem uma ideia boa para a sua reforma, através das Unidades de Saúde Familiares, por causa do ensino de inglês na instrução primária, pelos 12 anos de escola obrigatória, pela aprovação da lei do aborto, pelo complemento solidário para idosos, pelo cheque-dentista, pelos medicamentos genéricos gratuitos para os reformados com complemento solidário, pelo programa Novas Oportunidades, pela distribuição do Magalhães, apesar dos erros, pelo complemento para grávidas, pela informatização de todos os centros de saúde, etc, etc.

Todas estas políticas compensam, largamente, os erros cometidos – e quanto à história da arrogância, do medo e do autoritarismo, tenham paciência, mas já dei para esse peditório.

Pensei, por momentos, na Manuela Ferreira Leite como primeiro-ministro e ia tendo um enfarto.

O Paulo Portas é postiço e não merece mais que um bocejo.

O Jerónimo de Sousa cheira a bafio e só se mantém porque Portugal teve um líder comunista chamado Cunhal e um ditador chamado Salazar.

Quanto ao Louçã, é o mais perigoso de todos eles. É um moralista de esquerda, um conservador encapotado, um defensor de propostas de ruptura, que não usa gravata mas que, enfim, até nem se importaria de fazer parte de um governo burguês, quem sabe para corroer o sistema por dentro (ah! ah! ah!).

Portanto, Sócrates, apesar de já ter gostado mais de ti, podes contar com o meu voto amanhã.