passos coelho
10 Notas sobre a política caseira
1. Passos Coelho deu ontem a sua primeira entrevista como primeiro-ministro.
2. Claro que o gajo ainda não foi eleito… mas isso é um pormenor. Os jornalistas já o bajulam como se fosse…
3. Ideias?… Nenhumas… O homem está a preparar-se para ser primeiro-ministro há mais de um ano mas ainda não foi capaz de apresentar um programa alternativo por inexperiência de Catroga, o jovem que lidera a equipa que está a preparar o programa do governo PSD.
4. Primeira medida tomada por Passos, como faz-de-conta-que-já-é-primeiro-ministro: revogar a avaliação dos professores. Os mercados internacionais agradecem…
5. Passos quer uma maioria absoluta e um governo alargado que pode incluir o PS, mas sem o seu secretário-geral, Sócrates. Boa ideia era o Passos Coelho candidatar-se a secretário-geral do PS. E ganhar.
6. Sócrates vai ser reeleito líder do PS com mais votos que o futuro presidente daquele clube com a camisola í s riscas mas, nos telejornais, foram as eleições dos lagartos que ocuparam mais espaço noticioso.
7. O filósofo-fashion Carrilho, ou a versão pedro-passos-coelho do PS, António José Seguro, são cães que ladram.
8. Eu, se fosse ao Sócrates, pegava nos 2 milhões que dizem que recebeu como luvas pelo licenciamento do Freeport, mais o quase-milhão que o seu amigo Vara recebeu do BCP, e começava a aliciar gajos do PSD para votarem no PS
9. Passos não revela o teor da conversa que teve com Merkel porque não percebe patavina de alemão
10. E Cavaco, mais uma vez, não tem nada a ver com isto. Penso, até, que o gajo é presidente de outro país qualquer…
Passinhos Láparo
Passos Coelho faz-me lembrar um delegado de propaganda médica de um laboratório í beira da falência.
Quando o vejo nos telejornais, juro que tento ficar atento í s suas palavras, a ver se o gajo diz qualquer coisa que valha a pena ouvir. Mas, ao fim de cinco segundos, dou por mim concentrado no seu penteado í Ken (o meu colega Zé Guimarães diz que ele lhe faz lembrar o namorado da Barbie), ou fixado no colarinho da camisa, demasiado largo para o seu pescoço emagrecido – enfim, distraio-me da sua voz monocórdica e deixo de o ouvir.
O homem está a preparar-se para chefiar o governo há anos e, até agora, ainda não lhe ouvi uma opinião, uma sugestão, uma proposta.
Corrijo: ouvi-o hoje admitir o aumento do IVA…
(Pausa para me rir um pouco de todos os tolos que pensavam que o PSD ia conseguir diminuir o déficit cortando na despesa, sem aumentar a receita…)
Passos Coelho é um dos líderes mais fracos que o PSD já teve. Dos 450 líderes que o PSD já teve, Coelho é o mais medíocre.
Exagero, 450?
Ora vamos lá a ver: Sá Carneiro, Emídio Guerreiro, Sousa Franco, Meneres Pimentel, Pinto Balsemão, Rodrigues dos Santos, Mota Pinto, Rui Machete, Cavaco Silva, Fernando Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Santana Lopes, Marques Mendes, Filipe Menezes, Manuela Ferreira Leite, Passos Coelho…
Não serão 450, mas anda lá perto…
Como se pode confiar num partido destes, que tem como piores inimigos os seus próprios dirigentes destacados.
Veja-se o Santana Lopes, hoje mesmo irritado com o Coelho por este ter admitido o aumento do IVA. Diz o Lopes: como é possível admitir-se aumento de impostos depois de se ter defendido o contrário ao longo destes últimos anos?!
Tens razão, Lopes – como é possível?
Mas Coelho não tem jeito. Não consegue convencer ninguém. Como é que se diz?… Não tem carisma!…
Numa palavra: não tem jeito nenhum para isto.
Com tanto descontentamento pelos Pec’s, o Coelho devia almejar a uma maioria absoluta.
Mas o resultado eleitoral do PSD vai ser uma desgraça.
O Coelho não passa de um láparo!…
Manifestações obrigatórias
Mais uma manif, hoje.
No sábado passado, foi a manif a favor de um duo de humoristas que ganhou o festival da canção (verídico!).
Hoje, foi mais uma manif organizada pela CGTP. Não sei bem, porque a coisa estava confusa, mas parece que eram funcionários públicos. Professores eram, com certeza, pois lá estava o Nogueira e o seu bigode mal semeado.
Coitados dos professores!… Este governo deve detestar os professores! Quer avaliar o seu trabalho, impede que formem pares nas aulas de educação visual (?!) e, agora, quer-lhes cortar o pagamento da correcção dos exames! Sinceramente! É o mesmo que o governo deixasse de me pagar, que sou médico, os atestados que passo aos meus doentes!… Espera lá… mas o governo não me paga nada pelos atestados! Queres ver que também tenho que me ir manifestar para a Avenida da Liberdade?
Bom, mas voltemos í manif de hoje…
Na reportagem que a RTP transmitiu, vê-se um puto de cerca de 8-9 anos. A jornalista pergunta-lhe por que é que ele está ali e o petiz, na sua ingenuidade, diz qualquer coisa deste tipo: “venho ajudar o meu pai e o PCP… é obrigatório”.
Na imagem seguinte, surge o pai, orgulhoso do seu rebento. A jornalista pergunta-lhe se é importante levar o filho í manif e o tipo responde: “Claro! Primeiro, manifesta-se, depois toma consciência!”
Disseste tudo, pá!
Primeiro, manifestar; depois, pensar…
As manifes tornaram-se tão corriqueiras que deixaram de ter significado.
O chamado “sobressalto cívico” – essa eufemismo inventado pelo Cavaco – devia ter mais substância para ser levado a sério.
Que significado têm manifes que juntam jovens a recibos verdes com tipos que querem uma Junta de Freguesia no Parque das Nações, tipos que querem Portugal fora da Nato e skinheads, fulanos a contrato a prazo há décadas e gajos contra o aumento do preço do gasóleo?
O Facebook está na moda e os jornalistas embarcam. Acreditam piamente que foi o Facebook que desencadeou a revolta na Tunísia e no Egipto e que, por extensão, estabeleceram uma comparação com a manif dos í rasca, esquecendo-se ou escamoteando o “simples” facto de os tunisinos e os egípcios estarem a lutar contra ditaduras, arriscando as suas vidas, enquanto os portugas que passearam avenida abaixo, não desafiaram ninguém, não arriscaram nada!
Vivemos, de facto, numa paróquia de merda, muito pequenina, onde impera a mediocridade.
Hoje, dia em que aviões franceses começaram a bombardear as forças de Kadhaffi e em que os japoneses continuam aflitos, com a eminência de um desastre nuclear, os telejornais continuaram a dar a preferência í s palhaçadas da política nacional.
E por falar em palhaçadas, que dizer do ínhuca, que, cada vez mais, parece perfilar-se como próximo primeiro-ministro?
Quais as suas ideias para Portugal? Quais as medidas que ele propõe para diminuir e conter o déficit e acalmar os “mercados”? Quem convidará ele para ministro das Finanças? Quem será o seu ministro da Saúde, e da Justiça, e da Educação?
Como é possível acreditar num gajo sem ideologia, sem propostas e sem lábios?
Estamos fritos, pá!
Ameaças…
Ouve lá, ó Sócrates, só falta mesmo dormir com a Valquíria! Não sei o que vês nessa fulana, que tudo o que ela diz, tu fazes, pá!
Liberta-te, homem!
E tu, Cavaco, estás farto do governo? Demite-o!
Quanto a ti, Coelho, vê se te decidides: não apoias as novas medidas de austeridade? Apresenta uma moção de censura!
E tu, Santana, quando é que passas das ameaças í acção e inventas um novo partido?
País de cães que ladram, mas não mordem…
A Oposição diverte-se…
Passos, sabes o que é esquizofrenia?
O Bloco anunciou que vai apresentar uma moção de censura ao governo.
Ai que medo!…
E o PSD? Votará a favor ou contra?
Diz Passos Coelho:
«Não penso que Portugal precise de andar esquizofrenicamente todas as semanas a viver e a especular sobre sentimentos de crise política e não creio que seja isto de que o país precisa».
Por favor, leiam a frase com atenção.
Começando por dizer que não pensa, Passos confirma isso mesmo ao inventar um adjectivo (“esquizofrenicamente”), a partir do nome de uma doença.
O que quererá o gajo dizer com “esquizofrenicamente”?
Se a esquizofrenia é uma perturbação mental caracterizada por uma alteração do contacto com a realidade, com delírios e alucinações, será que Passos Coelho acha que as críticas ao governo de Sócrates são delírios? Que quem chama mentiroso ao primeiro-ministro está a alucinar?
Depois, toda a construção da frase é de um pobreza confrangedora: «Portugal não precisa de andar todas as semanas a viver e a especular sobre sentimentos de crise política»?
O que raio serão «sentimentos de crise política»?
E quer este gajo ser primeiro-ministro!…
Sporting Clube de Angola
Ainda não parei de rir!
Depois de comprar o Expresso, como acontece todos os sábados, desde 1973, olhei para a 1ª página e não pude deixar de soltar uma gargalhada!
Então os lagartos vão ser comprados por capital angolano?!
Diz o jornal que um tal Braz da Silva, líder de um grupo económico chamado Finertec, se prepara para se candidatar í presidência daquele clube, injectando, depois, largos milhões nos cofres leoninos.
Diz-se ainda que a Finertec, que tem como administrador Miguel Relvas, o secretário do PSD e braço direito de Passos Coelho, tem ligações fortes com esse grande democrata, que é o presidente angolano, José Eduardo dos Santos!
Quer dizer: Angola prepara-se para se vingar da guerra colonial.
Primeiro, compra o Sporting.
Depois, quando o PSD ganhar as eleições, há-de fazer lóbi ao Miguel Relvas e ao Passos Coelho.
E claro que, com capitais angolanos, o Sporting há-de comprar todos os diamantes do futebol e sagrar-se campeão.
Se não resultar, pode sempre ir da 2ª Circular para Luanda e disputar o campeonato angolano.
O Benfica até lhe pode emprestar o Mantorras…
Sempre a aprender…
Ao fim de todos estes anos, é difícil ouvir falar de qualquer coisa de que nunca tenha ouvido falar.
Posso não saber o que é, mas já ouvi falar…
No entanto, confesso que nunca tinha ouvido falar da “dívida soberana” e das “agências de rating”, senão de há uns tempos para cá, desde que se descobriu que Portugal podia ir í falência. É o mesmo que não saber o que é o nervo facetário. E muitos médicos não sabem…
Enfim, o bloqueio do nervo facetário é uma técnica muito difundida na medicina brasileira e que é usada nos doentes com fibromialgia e que também começa a ser usada, agora, em Portugal, para melhorar a dor crónica.
Ora bem: há quem diga que a fibromialgia nem sequer existe, mas as agências de rating e a dívida soberana, sim, existem!
Parece que o dinheiro que Portugal deve, está na mão de especuladores financeiros. Mas quem serão esses especuladores?
Segundo Louçã, é fácil: os responsáveis são Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira e Fernando Ulrich, que pedem “empréstimos de curto prazo ao BCE [Banco Central Europeu], a um por cento” e depois reciclam “esse dinheiro comprando títulos do seu próprio país a quase sete por cento”.
Em breve, Louçã vai poder juntar í queles três vampiros, o nome do líder do maior país comunista do mundo. Parece que a China está interessada em comprar parte da dívida externa portuguesa. Aliás, a China já é detentora de dois terços da dívida externa norte-americana…
Mas Louçã também não gosta da China. Para ele, o modelo de sociedade perfeita encontra-se, encontra-se… encontra-se…
Ou não se encontra…
Voltando í s coisas que aprendi ultimamente…
Aprendi que os portugueses se transformaram em especialistas em Orçamentos.
É vê-los, sentados í mesa do restaurante, a discutir onde cortavam na despesa, onde iam buscar na receita – eles, que nem o orçamento lá de casa são capazes de gerir!
Fazem-me lembrar aquele rapaz, o Passos Com Três Ésses Coelho que, infelizmente, é líder do maior partido da Oposição.
E digo infelizmente porque se o tipo ganha as eleições – como é natural que o faça, com tanta ajuda de toda a comunicação social – vamos ficar ainda mais tramados do que já estamos!
E porquê?
Porque o tipo não percebe nada do que se passa í volta dele. Aliás, um líder político que tem como seu mentor um fulano como í‚ngelo Correia, que foi ministro da Polícia nos anos 80, alvo da chacota geral, nomeadamente de muitos textos do Pão Comanteiga em que o ministro era o centro da brincadeira e do gozo – um político assim, não merece qualquer credibilidade…
Um político que deixa que se publique a sua biografia nos termos em que o jornal Sol o faz, num texto da Felícia Cabrita que faz chorar as pedras da calçada. Eis o resumo:
«Filho de pais apanhados pela tuberculose, viveu a infância no Caramulo e em Angola. Na ex-colónia fintou a morte e ganhou uma irmã adoptiva. O regresso a Portugal foi para ele um pesadelo – até ao momento em que descobriu ílvaro Cunhal. A sua professora de canto diz que podia ser um grande barítono. Mas desde cedo enveredou pela política. Começou no PCP, transferiu-se para o PSD, teve conflitos com Cavaco e chegou í liderança. É casado em segundas núpcias com Laura, de quem tem uma filha”.
É este filho de tuberculosos que diz que os políticos deviam ser responsabilizados civil e criminalmente se não cumprirem o Orçamento.
Disse e reafirmou.
Seguindo esta lógica, Santana Lopes, por exemplo, com a jiga-joga do Frank Ghery, devia ter sido condenado a prisão perpétua.
E Teixeira dos Santos, se falhar a descida do déficit, não lhe resta senão a forca.
Democracia musculada, a do Passos…
Eu não vos disse que ele não passava de um ínhuca?…
O que eu aprendi com a negociação do Orçamento
Que Sócrates e Passos Coelho querem fazer de conta que pouco têm a ver com a discussão em torno do Orçamento.
Que aquilo é lá uma coisa entre aqueles dois ursos brancos.
Que, afinal, a aprovação do Orçamento só é importante para o PS e o PSD – para o Bloco, os comunistas, o Paulo Portas e o Alberto João, o melhor era chumbar o documento e… e…
Que todo este teatro só serviu para nós dizermos: «ufa! até que enfim que há acordo! que contente que eu estou pelo facto de o iva ter subido para os 23% e me irem sacar 10% do meu ordenado! Estava a ver que não conseguiam chegar a acordo! Assim, quando me forem ao bolso, sei que é por acordo entre os dois maiores partidos de Portugal!»
Que Paulo Portas já explicou que ele teria solução para todos os problemas orçamentais mas, como ficou de fora da negociação, junta-se ao problema, em vez de ajudar a uma solução.
Que Jerónimo de Sousa já teria resolvido isto há muito tempo, tomando as mesmas medidas que Vasco Gonçalves (quem?) tomou em 1976.
Que Louçã, apesar de tudo, anda muito arredado porque, no fundo, ele poderia propor sair da União Europeia, mas continua a gostar das camisas Gant.
Que, ao fim e ao cabo, como eu já disse, tudo se resumiu, afinal, ao IVA do leitinho com chocolate.
O PS, partido de esquerda, acha que leite com chocolate é para a burguesia endinheirada.
PSD, partido de direita liberal, acha que leite com chocolate é um direito adquirido da classe média.
Vitória da direita: o leitinho com chocolate ficou a 6%!