Não sejam piegas, porra!

Ainda a campanha eleitoral ia no adro e já eu dizia que Passos Coelho me fazia lembrar o Anhuca, o famoso palhaço pobre que, em tempos que já lá vão, assustou muitas criancinhas.

Com aquela ausência do lábio superior, com um pouco de base na face, batom nos lábios e rimel nos olhos, o primeiro-ministro fica mesmo parecido com o Anhuca.

E depois, ao dizer os disparates sucessivos que diz, mais palhaço parece.

Já não bastava ter sugerido aos jovens que emigrassem – agora, Passos Coelho diz-nos que devemos ser mais exigentes e menos piegas!

Cortam-te 10% do ordenado, os subsídios de Natal e de férias, aumentam-te os impostos, o gás, a electricidade, a água e os transportes, tiram-te feriados e dias de férias e ainda protestas?

És um piegas!

Impedem-te de deduzires despesas de saúde no IRS, aumentam as taxas moderadoras, fecham tribunais e centros de saúde e tu queixas-te?

Piegas de merda!

Eliminam carreiras de transportes, dificultam o transporte de doentes, cortam o subsídio de desemprego, baixam as reformas e tiram-te o Carnaval e tu ainda mandas vir?

És um piegas do caraças!

Mas melhor que o Anhuca, só o Álvaro, que continua no seu melhor.

Hoje, no Parlamento, o Álvaro envolveu-se em discussão com o deputado comunista, Agostinho Lopes.

Lopes, truculento, dizia que o Álvaro veio, lá do Canadá, com a fama de grande professor de Economia e, afinal, nada!

O Àlvaro ficou zangado, achou que “emigrante” era insulto e disse que os comunistas não gostam de emigrantes.

Lopes acabou por exclamar: «Sr. Ministro, não diga disparates, porra!»

E assim vamos, neste Portugal liberal do nosso descontentamento!

Não se importa de repetir?…

Temos um primeiro-ministro brilhante.

Eu avisei

Na festa do Pontal, Passos Coelho disse esta coisa definitiva:

«Vamos ingressar no coração do plano mais duro das tarefas que temos a realizar»

O QUÊ?!…

Que raio é que isto quer dizer?

Vamos ingressar no coração do plano mais duro das tarefas?

Ó Sr. Primeiro-Ministro, não se importa de repetir?

Mas Passos Coelho disse mais coisas importantes. Por exemplo:

«Sabemos que quando se começa a querer mudar há dois tipos de atitude: uma mais conservadora, que começa sempre a pôr problemas; e aqueles que arregaçam as mangas e dizem ‘muito bem’. Isso não se pode fazer de qualquer maneira, esse é o exercício da democracia».

Ora, vamos lá a ver se eu percebo: quando queremos mudar, há dois tipos de atitude, segundo Coelho: uma mais conservadora e a outra… pois, a outra não se percebe qual é.

Mas percebe-se que há pessoas que arregaçam as mangas e dizem ‘muito bem’, mas o nosso Primeiro garante que isso não se pode fazer de qualquer maneira.

E porquê?

Porque esse é o exercício da democracia.

O QUÊ?!

Ó Pedro, não se importa de repetir?

Já vos disse: estamos tramados!…

Sempre a aprender…

Ao fim de todos estes anos, é difícil ouvir falar de qualquer coisa de que nunca tenha ouvido falar.

Posso não saber o que é, mas já ouvi falar…

No entanto, confesso que nunca tinha ouvido falar da “dívida soberana” e das “agências de rating”, senão de há uns tempos para cá, desde que se descobriu que Portugal podia ir à falência. É o mesmo que não saber o que é o nervo facetário. E muitos médicos não sabem…

Enfim, o bloqueio do nervo facetário é uma técnica muito difundida na medicina brasileira e que é usada nos doentes com fibromialgia e que também começa a ser usada, agora, em Portugal, para melhorar a dor crónica.

Ora bem: há quem diga que a fibromialgia nem sequer existe, mas as agências de rating e a dívida soberana, sim, existem!

Parece que o dinheiro que Portugal deve, está na mão de especuladores financeiros. Mas quem serão esses especuladores?

Segundo Louçã, é fácil: os responsáveis são Ricardo Salgado, Carlos Santos Ferreira e Fernando Ulrich, que pedem “empréstimos de curto prazo ao BCE [Banco Central Europeu], a um por cento” e depois reciclam “esse dinheiro comprando títulos do seu próprio país a quase sete por cento”.

Em breve, Louçã vai poder juntar àqueles três vampiros, o nome do líder do maior país comunista do mundo. Parece que a China está interessada em comprar parte da dívida externa portuguesa. Aliás, a China já é detentora de dois terços da dívida externa norte-americana…

Mas Louçã também não gosta da China. Para ele, o modelo de sociedade perfeita encontra-se, encontra-se… encontra-se…

Ou não se encontra…

Voltando às coisas que aprendi ultimamente…

Aprendi que os portugueses se transformaram em especialistas em Orçamentos.

É vê-los, sentados à mesa do restaurante, a discutir onde cortavam na despesa, onde iam buscar na receita – eles, que nem o orçamento lá de casa são capazes de gerir!

Fazem-me lembrar aquele rapaz, o Passos Com Três Ésses Coelho que, infelizmente, é líder do maior partido da Oposição.

E digo infelizmente porque se o tipo ganha as eleições – como é natural que o faça, com tanta ajuda de toda a comunicação social – vamos ficar ainda mais tramados do que já estamos!

E porquê?

Porque o tipo não percebe nada do que se passa à volta dele. Aliás, um líder político que tem como seu mentor um fulano como Ângelo Correia, que foi ministro da Polícia nos anos 80, alvo da chacota geral, nomeadamente de muitos textos do Pão Comanteiga em que o ministro era o centro da brincadeira e do gozo – um político assim, não merece qualquer credibilidade…

Um político que  deixa que se publique a sua biografia nos termos em que o jornal Sol o faz, num texto da Felícia Cabrita que faz chorar as pedras da calçada. Eis o resumo:

«Filho de pais apanhados pela tuberculose, viveu a infância no Caramulo e em Angola. Na ex-colónia fintou a morte e ganhou uma irmã adoptiva. O regresso a Portugal foi para ele um pesadelo – até ao momento em que descobriu Álvaro Cunhal. A sua professora de canto diz que podia ser um grande barítono. Mas desde cedo enveredou pela política. Começou no PCP, transferiu-se para o PSD, teve conflitos com Cavaco e chegou à liderança. É casado em segundas núpcias com Laura, de quem tem uma filha”.

É este filho de tuberculosos que diz que os políticos deviam ser responsabilizados civil e criminalmente se não cumprirem o Orçamento.

Disse e reafirmou.

Seguindo esta lógica, Santana Lopes, por exemplo, com a jiga-joga do Frank Ghery, devia ter sido condenado a prisão perpétua.

E Teixeira dos Santos, se falhar a descida do déficit, não lhe resta senão a forca.

Democracia musculada, a do Passos…

Eu não vos disse que ele não passava de um Ánhuca?…

Razões atendíveis

O PSD quer substituir, na Constituição, o despedimento por justa causa pelo despedimento por “razões atendíveis”.

Lista de razões atendíveis para despedir um gajo: cheirar mal dos pés, ser gordo, ser mariconço, ser do FCP, ter tiques, suar muito, ter mau hálito, ter voz aflautada, dar traques, não gostar de anedotas, ter a mania que é esperto, ter herpes labial, ter caspa, ter muito sucesso com as gajas, ser marreco, ser zarolho, ser gago, ter eczema, usar óculos, ser coxo, ser muito alto, ser muito baixo, ser muito magro, fazer más digestões, ter mau gosto no vestir, dizer que sim a tudo, não tomar banho, tomar demasiados banhos, usar um perfume horrível, ter barbicha, ter patilhas, ser careca, acreditar em OVNIS, ser ateu, ser muçulmano, ser cristão ortodoxo, ser budista, ser hindu, ser católico, ser luterano, fazer yoga, ser vegetariano, ter os olhos muito juntos, ter as sobrancelhas muito cerradas, ter um grande par de mamas, ser absurdamente boa, ser simpático demais, ser vira-casacas, ser palerma, ser do PSD.

Eu não vos disse que o tipo me fazia lembrar Anhuca, o palhaco?…

O franciú, o portuñol e o Anhuca

Depois do 25 de Abril, Portugal sofreu duas grandes crises económicas e ambas estão ligadas a primeiros-ministros socialistas e a problemas de pronúncia.

Nos anos 80 do século passado, Mário Soares, que falava um francês tão típico, que se tornou anedótico, foi obrigado a retirar o 13º mês aos funcionários públicos, para diminuir a despesa pública.

Foram os tempos do franciú e do mon-ami-miterã.

Agora, é Sócrates que está aflito com o endividamento do país. O “rating” – ou seja-lá-o-que-for – está a lixar o orçamento, mas Sócrates também tem culpas no cartório: ninguém percebe o que ele diz, naquelas entrevistas que dá em Espanha.

São os tempos do portuñol e do mi-amiego-zapatero.

Entretanto, vocês já repararam que a comunicação social está a fazer ao Passos Coelho o mesmo que fez ao Sócrates há 6-7 anos: está a levá-lo ao colo até ao lugar de primeiro-ministro.

Passos Coelho é sempre mostrado com ar solene, a dizer coisas sérias e definitivas e sublinhando o seu cadastro (ainda) limpo.

Talvez tenha chegado a hora de começarem os boatos: que o Passos é disléxico, trissexual ou, até, que é mesmo o Anhuca, mas sem o nariz vermelho e com a gravata.

Pedro Passos Ánhuca Coelho

Vai ser mais divertida, a cena política portuguesa, com PPC à frente do PSD.

Desde que começou a aparecer com mais frequência nas televisões que o achei parecido com alguém que fazia parte    das minhas memórias de infância.

Seria o primo emigrado nos Estados Unidos, e que todos conheciam como “Gásoline”, devido à maneira estranha como ele dizia “gasolina”, com um sotaque de Newark beirão?

Seria o Sr. Rebelo, dono da única tasca de Santiago de Cassurrães, onde eu ia comprar os pirolitos com um berlinde no lugar da carica?

Seria o vizinho do primeiro andar da Avenida Gomes Pereira?

Andei a mastigar esta dúvida durante alguns dias, até que se fez luz!

O Passos Coelho é a cara chapada do Ánhuca, famoso palhaço dos meus tempos de infância – ou, pelo menos, a mim parece-me o Ánhuca.

Por isso, quando o PPC abre a boca, só posso rir e, sem ouvir sequer o que ele diz, exclamo logo: “Cala a boca, ó Ánhuca!”

Então, pedi ao Pedro que fizesse isto no Photoshop e as minhas suspeitas confirmam-se: o Passos Coelho é mesmo o Ánhuca!

Obrigado, Pedro!

E cala a boca, ó Ánhuca!