O Castro Laboreiro que há em nós

“Nunca houve uma choldra assim no universo!”, dizia Eça de Queiroz, pela voz de uma das suas personagens de Os Maias, referindo-se a Portugal.

País de provincianos.

Invejosos dos tiques dos citadinos, envergonhados das suas tradições, novos ricos.

Portugal é lindo, o povo nem por isso.

Todo este azedume vem a propósito de tudo e de coisa nenhuma.

O presidente Marcelo Rebelo de Sousa tem um cão, um pastor alemão chamado Asa, oferta da Força Aérea.

A este propósito, Américo Rodrigues, vice-presidente da Associação Portuguesa do Cão de Castro Laboreiro, disse ao Público:

“Nada nos move contra o Pastor Alemão ou qualquer outra raça. Mas isto de o Presidente ter um cão de raça estrangeira em Belém é como fazer um brinde com whisky numa cerimónia oficial, em vez de o fazer com vinho do Porto ou um Madeira”

Provinciano, menino! – como diria o Eça.

Ainda por cima, vindo de um tipo que não se chama Manuel nem António, mas Américo!

 

Sol encoberto

O Sol é um jornal de direita.

Isto já toda a gente sabe.

Mas é, sobretudo, um mau jornal.

No que respeita a Comunicação Social, é quase tão mau como o Observador.

E só não é tão mau como o Observador porque só sai aos sábados, enquanto que o Observador está sempre on line.

Como sou masoquista, continuo a receber as mensagens do Observador, que são apenas de dois tipos: desgraças e coisas contra o governo do Costa…

Durante muitos meses, o Sol foi o jornal pró-Passos Coelho e anti-Sócrates.

Depois de Passos conseguir ser primeiro-ministro, o semanário passou a ser só anti-Sócrates.

Semanas a fio a palavra Sócrates figurava sempre na primeira página do Sol.

solcratesDe tal modo, que sugeri que mudasse de nome.

De Sol para Solcrates.

Agora, o Sol vive momentos difíceis.

Passos ganhou as eleições mas perdeu o governo.

Os partidos de esquerda entenderam-se e, pela primeira vez desde 1974, aprovaram o mesmo Orçamento.

Para cúmulo, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa parece estar a entender-se com António Costa.

Esta semana, Passos Coelho criticou Costa por se meter com a Banca, mas Marcelo veio em defesa do primeiro-ministro e, como disse Pacheco Pereira, deu uma grande estalada no líder do PSD.

Esta situação mereceu a atenção do Sol, com título de primeira página, que rezava assim:

“Esquerda desconfia do apoio de Marcelo ao governo”!

Não escolheram: “Direita zangada com Marcelo por apoiar governo”.

Ou: “Marcelo traidor!”.

Ou: “Passos decide expulsar Marcelo do PSD devido ao seu apoio ao governo”.

Não.

O Sol virou o bico ao prego e atirou com o odioso para a esquerda.

Jornalismo de merda, é o que é…

Votem Marcelo e ide para o Purgatório!

Marcelo Rebello de Sousa é o novo presidente da República.

As eleições são desnecessárias.

A edição de hoje do DN, publica uma entrevista com o candidato-praticamente-eleito.

E o homem diz coisas lindas.

Primeira coisa linda:

«Um sítio onde é sensacional rezar o terço é a nadar no mar»

Que ternura católica!

Nunca me passaria pela cabeça rezar a nadar o terço.

Sobretudo porque não sei fazer uma coisa nem outra!

Será que o futuro presidente Marcelo, quando nada, reza o terço para que não se afogue?

Seria mais avisado não ir sequer nadar!

Pode acontecer deus estar distraído e, apesar do nadador rezar com muito fervor, ir ao fundo na mesma!

Segunda coisa linda:

«Acredito no Purgatório, há uma punição por aquilo que é o saldo negativo do haver-dever»

Um presidente que acredita no Purgatório – e, por extensão, no Céu e no Inferno!

Pensei que já não havia disto!

Acredito que o próprio Papa Francisco já nem acredita nessas tretas!…

Mas Marcelo acredita.

O homem acredita que há uma punição pelo saldo negativo do haver-dever?

Porra: então não é suficiente ter tido o Cavaco dez anos como Presidente e depois levar com o Marcelo?

Para que raio precisamos nós do Purgatório?!

Quem quer um presidente surdo?

Parece que não vai ser preciso realizar eleições presidenciais: Marcelo já ganhou!

O homem nem precisa de fazer cartazes, autocolantes, bonés ou t-shirts.

Basta sentar-se num sofá na Faculdade de Direito de Lisboa e esperar que os jornalistas lhe façam perguntas.

E ele responde, tranquilo, já em pose de presidente: estará atento, fará tudo para, procurará consensos, não hostilizará, representará o sentir dos portugueses, será o presidente de todos nós.

Para quê fazer eleições, gastar todo aquele dinheiro em boletins de voto, urnas e mais não sei o quê?

Durante anos, o professor andou a ganhar fortunas a dar palpites, saltando da TSF para as várias estações de televisão, preparando o terreno para, quando chegasse a altura, dar o passo em frente e ser aclamado.

Mas estamos perante um drama: Marcelo acabou de fazer 67 anos e confessou que ouve melhor do ouvido esquerdo que do direito (confirmar aqui).

Não tarda nada, está tão totó como o Cavaco!…

marcelo ouvido

Marcelo – O treinador de bancada

Marcelo Rebelo de Sousa é o típico treinador de bancada.

Desde 1980 que manda bitaites sem praticamente ir a jogo.

Começou no Expresso, continuou no defunto Semanário, passou para a TSF, continuou na RTP e assentou arraiais na TVI – como bom católico, fazia o seu sermão dominical.

E tinha acólitos certos e paróquia garantida.

Se o Professor Marcelo diz, é porque é verdade – mesmo quando ele endrominou o super-esperto Portas, com a história do jantar com vychissoise.

Como o verdadeiro treinador de bancada, Marcelo apregoa tácticas, garante estratégias mas, quando esteve no terreno, só teve derrotas.

Católico devoto, Marcelo vive em pecado com a namorada, depois de se divorciar da sua mulher. Claro que vai para o Inferno quando morrer!

Do seu currículo, para além dos sermões dominicais, destaca-se a presidência da Assembleia Municipal de Celorico de Basto.

E agora, quer ser presidente de todos os portugueses.

Não contes comigo, pá…

marcelo dívida

Grande Revista à Portuguesa

Em cena, no Politeama, a Grande Revista à Portuguesa é um espectáculo com texto de La Féria e Marina Mota e João Baião como cabeças de cartaz.

Consta que este fim de semana, a sala ficou às moscas, já que os espectadores foram todos desviados para a sala em frente, isto é, o Coliseu dos Recreios, onde, muito adequadamente, se recreavam os militantes do PSD, em mais um Congresso.

Diga-se que é difícil superar estes meninos em sentido de humor.

O mais engraçado deles todos chama-se Luís Montenegro e foi ele que disse que «a vida das pessoas não está melhor, mas o País está muito melhor».

Concordo!

Eu também disse que a Medicina seria muito melhor se não existissem doentes e a Escola seria óptima sem alunos.

Do mesmo modo, o País está muito melhor – o que atrapalha são as pessoas.

Claro que esta afirmação está de acordo com o apelo de Passos Coelho, para que os portugueses emigrem.

Mas no Congresso, os comediantes sucederam-se.

Nem vale a pena falar em Passos Coelho que, sempre que discursa, consegue arrancar largos e generalizados bocejos.

Falo, por exemplo, do Paulo Rangel, esse grande cómico que vai ser cabeça de lista às Europeias e que disse que essas eleições «não serão um teste à governação mas sim à liderança do PS».

E eu que pensava que as eleições europeias se destinavam a discutir as grandes questões… europeias!

psd-risosAfinal, não!

É que, sendo assim, não valia a pena fazermos eleições legislativas!

Fazíamos as europeias e decidíamos já se o António José Seguro vai ser primeiro-ministro ou não…

E os quadros desta verdadeira Revista à Portuguesa continuaram com a eleição de Miguel Relvas, outro grande cómico, para o Conselho Nacional do PSD e com o discurso de Luís Filipe Menezes, outro comediante, que culpabilizou Paulo Portas por ter perdido as eleições no Porto.

Mas o melhor estava para vir, no último dia do Congresso.

Vieram todos, incluindo os três irmãos Marx: Marques Mendes, Santana Lopes e Marcelo Rebelo de Sousa.

Cada um ao seu estilo, lá foram dizendo as suas piadas.

Marcelo, então, parecia mesmo estar a fazer stand up comedy, fazendo rir toda a plateia.

Visto de fora, parecia que estávamos perante um Congresso de um Partido que governasse um país rico, um daqueles que empresta dinheiro aos outros!

Estamos mesmo lixados, porra!

 

Frases matadoras

Há anos que não vejo a missa dominical do Marcelo Rebelo de Sousa e nunca vi os comentários de Marques Mendes.

Mas é quase impossível fugir às palavras destes dois comentadores, já que as suas sentenças são reproduzidas na rádio e nos jornais, como se fossem palavras divinas.

Este fim de semana, no entanto, tanto Marcelo como Mendes proferiram frases assassinas, a propósito do caso do alegado super-espião, Silva Carvalho.

Disse Marcelo:

Miguel Relvas tornou-se uma “canga que pesa sobre os ombros do priemrio-ministro”.

Ora, sabendo que canga é uma peça de madeira que se coloca sobre o cachaço dos bois, Marcelo Rebelo de Sousa chamou boi a Passos Coelho.

Disse Marques Mendes:

“Gostava que nenhum membro do Governo do meu país tivesse relações com o doutor Silva Carvalho”.

Estranho desejo, Mendes…

Quer isso dizer que há algum ou alguns membros do Governo que têm a intenção de ir para a cama com o espião?

Em conclusão: temos um Governo de Mata Haris chefiado por um boi.