Goleadas anti-crise

Nada como uma boa goleada para levantar a moral e ajudar a enfrentar a crise.

E esta semana já tivemos duas goleadas.

Primeiro, foi o Benfica, que deu 4-0 à Naval, com aquele golo apoteótico do Nuno Gomes, três minutos depois de ter entrado em campo.

Ontem, foi a vez da selecção dar 4 secos à Espanha (na verdade, 5 secos, mas um golo foi mal anulado).

Que raio de injecção de letargia estaria Queiroz a administrar aos jogadores da selecção, nomeadamente a Ronaldo?

E quem diria que o Postiga sabia mesmo marcar golos, até de calcanhar!

E o João Moutinho e o Carlos Martins, por que razão não foram ao Mundial?

Ver a selecção esmagar a Espanha, campeã da Europa e do Mundo, dá-nos um orgulho aljubarrótico!

A Cimeira da Nato até vai correr melhor e o FMI não se vai atrever a meter cá o bedelho!

FMI para o Benfica – já!

Jesus pecou uma vez: David Luiz à esquerda e Sidnei no meio foi o mesmo que convidar os fariseus a invadirem o templo.

Jesus pecou duas vezes: deixou Saviola no banco e transmitiu uma mensagem defensiva à equipa.

Jesus está cansado.

Pregou o que tinha a pregar e não sabe da missa, a metade.

O que falta ao Benfica deste ano?

A ausência de Di Maria e Ramires não explica tudo.

Falta Força, Mentalidade e Inteligência – FMI!

E mandem o Jesus cortar o cabelo!

Da crise como oportunidade

As crises não são necessariamente coisas más. Podem ser elas as geradoras de oportunidades de negócio.

Que o diga o Tira Fumos (alcunha de Camilo Feliciano) que, em plena crise de 1979, com o FMI instalado em Portugal, lançou esta vigorosa Campanha de Férias.

O homem afinava o motor do nosso carro e garantia mais 30% de rendimento com menos consumo, “eliminando o poço do seu automóvel sem alterar nada de fábrica” (o poço do automóvel?!). E tudo isto por uns míseros 1,7 euros, se o carro fosse pequeno ou 2,49 euros, se o carro fosse grande, nada dizendo para os carros de tamanho médio.

Mas o Tira Fumos devia andar um pouco confuso, fruto, quiçá, da pressão do FMI. O resto do anúncio, publicado no Diário Popular, no dia 21 de Julho de 1979, é incompreensível:

“Apenas uma afinação especial/ é grátis/ 2 afinações por dia/ só paga depois de comprovada esta afinação”.

Afinal, era grátis ou só se pagava depois de verificar que o Tira Fumos tinha afinado a coisa como deve ser?…

Mas o Camilo tinha-os no sítio. Se não ficasses satisfeito com o trabalho e quisesses tirar satisfações, era só ires à Rua Elias Garcia, 157-3º Dto, na Amadora, que era onde o mecânico morava.

Ah grande Tira Fumos!

“Não há lenha que detenha o FMI”*

Tenham medo, tenham muito medo – o FMI vem aí!

Não se deixem enganar pelas palavras bonitinhas do site dessa organização sinistra.

Segundo o seu site, o FMI diz ser “uma organização de 187 países que trabalha para a cooperação monetária global, para uma segura estabilidade financeira, que facilita o comércio internacional, que promove o pleno emprego e o crescimento económico sustentado, e que reduz a pobreza em todo o mundo.”

MENTIRA!

“Não há força que retorça o FMI!” *

Eles já estiveram em Portugal, em 1977 e 1983 e todos nos lembramos de como o país ficou de pantanas!

O FMI tira-nos as casas e as mulheres, rouba-nos os plasmas e as altas-fidelidades, tira-nos os fins-de-semana nos spas, os subsídios de doença, os medicamentos contra o colesterol, os parques infantis e os programas bons da televisão.

O FMI não está interessado no equilíbrio das contas do Estado, mas apenas em fazer-nos a vida negra, provocar o fim das nossas colheitas, a secagem dos rios e a drenagem dos pântanos (porquê a drenagem dos pântanos, porquê?!)

O FMI é um grupo de malfeitores que nos vai esmifrar os salários, esmagar os subsídios de férias, esganar as senhas de refeição, os abonos de família, os subsídios de desemprego e de doença outra vez, vai tirar-nos os anéis e os dedos, os almoços e os jantares, os dias bonitos de sol e os passarinhos. Todos!

O FMI só é amigo dos governos – de resto, é inimigo de toda a gente!

Mas ele vem aí, inevitavelmente.

Estou transido de medo!

* frases de José Mário Branco, nesse seu grandessísimo rap intitulado, justamente, “FMI”, e cujo texto completo vos aconselho a recordar aqui.