Torgal versus Passos

Não gosto de bispos.

Acho-os supérfluos. Vestem mal. E não se importam de ser tratados por Dom.

D. Januário Torgal é (ou foi) o bispo das Forças Armadas.

Primeira incongruência: por que carga de água umas forças armadas de um país laico precisa de um bispo?

Adiante.

Há três ou quatro dias, Januário disse que Portugal «não tem governo. (…) E no fim ainda aparece um senhor, que pelos vistos ocupa as funções de primeiro-ministro, dizendo um obrigado í  profunda resignação de um povo dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no jardim zoológico. Conclusão: parecia que estava a ouvir o discurso de uma certa pessoa há 50 anos.»

O raça do bispo!

A comparar o Passos Coelho com o Salazar!…

Logo no dia a seguir, o Correio da Manhã revelava que o bispo ganhava 4500 euros de reforma e tinha direito a gabinete de apoio, carro, motorista, secretária e telemóvel.

Januário foi aos arames.

Hoje, disse ao jornal i que está a ser vítima de um “linchamento público” e que só ganha “pouco mais de 2500 euros” por mês e que abdicou daquelas regalias todas.

E acrescentou: «depois de uma vida inteira a trabalhar, praticamente metade do que ganho vai para o Estado, que depois não sabe gerir esse dinheiro: vai para espiões e para empresas privadas».

Januário, posso fazer-te uma pergunta?

Por que raio foste para bispo, pá?

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ílvaro sem pasta

Andou o homem a estudar para isto!

Vem ela lá de tão longe para fazer esta figura de corpo presente!

Deram-lhe a pasta da Economia, mas tiraram-lhe o emprego jovem, as privatizações, as PPP e, agora, até os fundos estruturais!

O emprego jovem foi para o Miguel Ervas, que já tem a RTP, as autarquias, o Parlamento e Angola – e o resto, foi para o Gaspar que, cada vez mais rima com Salazar (Numa casa portuguesa fica bem/pão e vinho sobre a mesa/A alegria da pobreza está nesta grande riqueza de dar, e ficar contente)

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O Passos bem podia prescindir do ílvaro.
Sempre poupava um ordenado…

É fácil rimar com Vitor Gaspar

O inefável director de O Sol, José António Saraiva, no seu editorial de ontem, escreve sobre Vitor Gaspar e, a propósito do ministro das Finanças, recorda Salazar.

Também Salazar adoptou medidas duras para endireitar as Finanças e foi muito contestado. Por três vezes se demitiu e por três vezes foi reconduzido, sempre com mais poderes.

Até que chegou a Presidente do Conselho.

Gaspar também é contestado. Pela Oposição, o que é natural, mas também por alguns sectores da coligação, que o acham demasiado liberal.

Parece que o Cavaco também não vai muito í  bola com o Gaspar.

Pudera! O tipo cortou-lhe a reforma, aumentou-lhe o imposto e até lhe quer sacar os subsídios!

Claro que Belém desmente, Passos Coelho diz que não perde nem um minuto com essas especulações, mas toda a gente sabe que não há fumo sem fogo.

E Gaspar?

Gaspar passa incólume, entre os pingos da chuva, exibe o seu peculiar sorriso, esfrega as mãos e, no seu modo pausado de falar, vai afirmando que é assim, cortando salários, eliminando subsídios, aumentando impostos, encarecendo a saúde e os transportes, obliterando feriados, tirando dias de férias, empobrecendo, secando e entristecendo os portugueses, que é assim que vamos voltar aos mercados, erguendo-nos das cinzas, com um novo fí´lego, mostrando ao Mundo que somos capazes!

Pobres mas honrados!

Mas onde é que eu já ouvi isto?

De facto, Gaspar rima mesmo com Salazar…

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Quem é o amigo?

O Expresso de hoje publica, na segunda página, esta foto (não com estas legendas, claro!)…

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A legenda que o Expresso publica diz assim: “PAULO E O MESTRE – Foi um almoço agendado a rigor, patrocinado por um amigo de ambos, na terça-feira passada, em Nova Iorque, no seleto Brook Club. í€ mesa, Paulo Portas e Henry Kissinger, o secretário de Estado (e conselheiro político e confidente) do antigo Presidente americano Richard Nixon e sobretudo expoente máximo da escola realista em matérias internacionais”

Pergunto:

Quem é que, no seu juízo perfeito, consegue ser amigo destes dois?!