KAOS

Caos é a palavra mais ouvida nos noticiários e mais lida nos jornais.

Se o Orçamento não for aprovado, será o caos. Se o Orçamento for aprovado, com as medidas de austeridade draconianas, o caos será.

Com o corte nos vencimentos, muitos médicos, que já estavam para se reformar antecipadamente, vão mesmo fazê-lo, passando-se para a iniciativa privada – será o caos na Saúde.

Os polícias, gê-éne-érres, guarda prisionais e demais, com o corte nos vencimentos e o congelamento das promoções, preparam-se para aderir í  greve geral do dia 24 de novembro – será o caos na Segurança.

Os juízes, para além de levarem uma ripada de 10% nos salários, ficam também sem subsídio de residência e vão passar a viver ao relento – será o caos na Justiça.

Os professores não precisam de fazer mais nada porque, na Educação, já temos o caos.

O caos nas Finanças, o caos na Economia, o caos no Emprego, o caos, o caos, o caos.

Quem se lembra do KAOS?

Temos que chamar Maxwell Smart e a sua inseparável agente 99!

Um problema de insónia

Depois de anunciar ao país as novas medidas de austeridade, Teixeira dos Santos foi a correr a Bruxelas, informar os seus pares da União Europeia. Claro que ficaram todos muito satisfeitos, como é costume. Mais um país a cortar nos salários e a aumentar os impostos. Os mercados aprovam.

Depois, dos Santos referiu-se ao seu problema de insónia, dizendo:

—

Eu já desconfiava. As olheiras do homem são reveladoras.

E é assim: para tentar resolver um problema de insónia, sacam-me 10% do ordenado!

E ainda não estou descansado.

O Teixeira diz que, se não tivesse tomado estas medidas, não teria dormido. Vai daí, tomou-as. Mas, mesmo assim, dormiu mal!

Isto pode querer dizer que, para dormir que nem um anjinho, o homem pode muito bem vir a tomar ainda mais medidas do género.

Pára, Teixeira! Chega, homem!

PS – Não percam as ideias que o macacos tem para salvar o país

Da crise como oportunidade

—As crises não são necessariamente coisas más. Podem ser elas as geradoras de oportunidades de negócio.

Que o diga o Tira Fumos (alcunha de Camilo Feliciano) que, em plena crise de 1979, com o FMI instalado em Portugal, lançou esta vigorosa Campanha de Férias.

O homem afinava o motor do nosso carro e garantia mais 30% de rendimento com menos consumo, “eliminando o poço do seu automóvel sem alterar nada de fábrica” (o poço do automóvel?!). E tudo isto por uns míseros 1,7 euros, se o carro fosse pequeno ou 2,49 euros, se o carro fosse grande, nada dizendo para os carros de tamanho médio.

Mas o Tira Fumos devia andar um pouco confuso, fruto, quiçá, da pressão do FMI. O resto do anúncio, publicado no Diário Popular, no dia 21 de Julho de 1979, é incompreensível:

“Apenas uma afinação especial/ é grátis/ 2 afinações por dia/ só paga depois de comprovada esta afinação”.

Afinal, era grátis ou só se pagava depois de verificar que o Tira Fumos tinha afinado a coisa como deve ser?…

Mas o Camilo tinha-os no sítio. Se não ficasses satisfeito com o trabalho e quisesses tirar satisfações, era só ires í  Rua Elias Garcia, 157-3º Dto, na Amadora, que era onde o mecânico morava.

Ah grande Tira Fumos!

“Não há lenha que detenha o FMI”*

Tenham medo, tenham muito medo – o FMI vem aí!

Não se deixem enganar pelas palavras bonitinhas do site dessa organização sinistra.

Segundo o seu site, o FMI diz ser “uma organização de 187 países que trabalha para a cooperação monetária global, para uma segura estabilidade financeira, que facilita o comércio internacional, que promove o pleno emprego e o crescimento económico sustentado, e que reduz a pobreza em todo o mundo.”

MENTIRA!

“Não há força que retorça o FMI!” *

Eles já estiveram em Portugal, em 1977 e 1983 e todos nos lembramos de como o país ficou de pantanas!

O FMI tira-nos as casas e as mulheres, rouba-nos os plasmas e as altas-fidelidades, tira-nos os fins-de-semana nos spas, os subsídios de doença, os medicamentos contra o colesterol, os parques infantis e os programas bons da televisão.

O FMI não está interessado no equilíbrio das contas do Estado, mas apenas em fazer-nos a vida negra, provocar o fim das nossas colheitas, a secagem dos rios e a drenagem dos pântanos (porquê a drenagem dos pântanos, porquê?!)

O FMI é um grupo de malfeitores que nos vai esmifrar os salários, esmagar os subsídios de férias, esganar as senhas de refeição, os abonos de família, os subsídios de desemprego e de doença outra vez, vai tirar-nos os anéis e os dedos, os almoços e os jantares, os dias bonitos de sol e os passarinhos. Todos!

O FMI só é amigo dos governos – de resto, é inimigo de toda a gente!

Mas ele vem aí, inevitavelmente.

Estou transido de medo!

* frases de José Mário Branco, nesse seu grandessísimo rap intitulado, justamente, “FMI”, e cujo texto completo vos aconselho a recordar aqui.

Santa ingenuidade…

Eu sei que parece ingenuidade, mas reparem:

– o Bruno Alves foi vendido ao Zenit de São Petersburgo por 22 milhões de euros (obrigado, tovarich! os relvados portugueses vão ficar muito mais seguros!)

– o Miguel Veloso foi vendido ao Génova por 9 milhões

– o Sporting comprou Zapater por 2 milhões

– o Benfica vendeu o Ramires por 20 milhões ao Chelsea e comprou o Rodrigo, ao Real Madrid, por 6 milhões

– o Porto comprou o avançado Walter por 3,7 milhões

– o Braga vendeu o Eduardo ao Génova por 4,5 milhões.

Só aqui estão contabilizados mais de 60 milhões de euros.

Crise? Qual crise?

Saudades da paróquia!

Estive uma dúzia de dias ausente e que saudades que eu já tinha!

Saudades do ministro da Economia, Cavaco Silva, sempre a acentuar a próxima bancarrota do país a que ele preside – se a situação é insustentável, por que razão não dissolve a Assembleia e convoca eleições antecipadas?

Saudades da discussão em redor das Scut: quando as Scut foram criadas, todos criticaram o governo por não ter criado portagens; agora, os que não queriam portagens, já as querem e os que eram a favor, são contra. E depois, ainda há a história do ex-assessor do secretário de Estado das estradas, que agora está na empresa que fornece os chips que serviriam para a cobrança electrónica! E alguém acredita que o PSD está preocupado com a privacidade dos cidadãos, ao ser contra os chips? Enredo de telenovela…

Saudades de manchetes como a do Público de ontem: «cortes na cultura ameaçam os artistas independentes». Então, se eles são independentes por que razão estão preocupados com os cortes no Orçamento do Estado? Independentes, dependentes de subsídios?

Saudades de um país que tem um primeiro-ministro, Sócrates, a ser queimado em lume brando e outro primeiro-ministro, Passos Coelho, já na calha, que se reúne com o futuro primeiro-ministro espanhol, Aznar, que praticamente já está a governar, mas que não tem coragem para fazer passar uma moção de censura ao governo e provocar eleições antecipadas, a fim de se tornar primeiro-ministro, de facto.

Saudades de um primeiro-ministro, Sócrates, que, pelos vistos, deve ser o único português que ainda acredita no país, ao ponto de afirmar: “muitas vezes sinto-me sozinho a puxar pelo país!»

Pois deve ser por isso – por estar sozinho a puxar – que o país não sai do mesmo sítio…

Houve tempos em que ele, o país, até partiu, í  descoberta, qual jangada de pedra, mas o Saramago morreu, a crise instalou-se e o país não sai da cepa torta.

Que saudades que eu já tinha da minha paróquia!

Poupar no 10 de Junho

As comemorações do 10 de Junho reflectem a crise. Por determinação da Presidência da República, este ano não haverá o tradicional concerto e os cerca de 600 convidados, em vez de irem de carro para Faro, vão de comboio, que se lixam. Além disso, o desfile militar que, no ano passado contou com 1600 elementos, este ano não passou dos 1100.

É pouco.

Cinco sugestões:

1 – em vez dos trinta e tal condecorados, condecorava-se só o João Garcia que é, de facto, o português que subiu mais alto;

2 – desfile militar só com soldados baixinhos, com menos de 1 metro de 70; nada de patentes altas, tipo coronéis ou majores ou coisas assim;

3 – o Sócrates escusava de se incomodar em ir assistir í s comemorações; para ser vaiado, não precisava de ir a Faro – ia a qualquer sítio mais perto e era vaiado na mesma. Em sua substituição, podia ir o Passos Coelho que, para todos os efeitos, pelo menos na comunicação social, só não é primeiro-ministro porque ainda não foi eleito; mas isso é um pormenor…

4 – o Cavaco escusava de ter levado a esposa; o presidente é do Algarve e de certeza que já levou a mulher a Faro várias vezes; ela ficava em Belém e via as comemorações pela televisão;

5 – o Presidente não devia fazer dois discursos: gasta mais palavras, mais papel e mais tempo aos jornalistas, que vão tentar decifrar, nas entrelinhas, recados ao governo e insinuações sobre a possível recandidatura de Cavaco.

Com a massa que se poupava talvez já o Passos Coelho não tivesse que cortar nas reformas dos políticos. A propósito: coitado do Santana Lopes! Depois do que sofreu na Câmara de Lisboa, só ficou com um reforma de pouco mais de 3 mil euros.

Injustiças!…

Vá para dentro, cá fora

O ministro da Economia, Anibal Cavaco Silva, incitou os portugueses a ficarem por cá, nas férias: «neste tempo difícil que atravessamos, os portugueses devem fazer turismo no seu próprio país, pois é uma ajuda preciosa para ultrapassar a situação difícil em que o país se encontra», disse.

A estas declarações, reagiu o ministro da economia, Vieira da Silva, dizendo: «eu só espero que outros chefes de Estado de outros países não façam o mesmo apelo, porque se não perdemos uma fonte importante de divisas em Portugal.»

Perante isto, o ministro da Economia Cavaco Silva, retorquiu: «férias passadas no estrangeiro são importações e aumentam a dívida externa portuguesa. Sei muito bem daquilo que falo, porque conheço os números».

Toma!

E não: os dois ministros da Economia não estavam a discutir, na mesma sala. O primeiro Silva estava em Albufeira, Algarve, e o segundo Silva estava em Xangai, China.

O diálogo foi possível graças í  calhandrice dos jornalistas, este constante leva-e-traz que consiste, por exemplo, em perguntar a um ministro qualquer qual é a opinião dele sobre, digamos, a eutanásia e, depois, ir a correr ter com outro ministro qualquer e bufar a opinião do primeiro, para ouvir a reacção do segundo; com sorte, a reacção do segundo ministro pode dar azo a uma declaração engraçada e, depois, é só voltar ao primeiro ministro e atirar-lhe com a afirmação do segundo ministro. E está lançada mais uma confusãozinha, que já dá para encher mais alguns minutos do telejornal.

Mas voltando aos ministros Silva: se eu fosse pela opinião do ministro da Economia, Cavaco, no próximo sábado, em vez de ir gastar euros para o Báltico, ficava a gastá-los em Almada. Mas também é verdade que, se todos seguissem esse exemplo, deixaríamos de ter estrangeiros a deixar cá os euros deles.

Juro que estou confuso.

Como é possível? Temos dois ministros da Economia e, mesmo assim, estamos em crise!

Tragédia socrática

O governo da Grécia vai abolir os subsídios de Natal e de férias dos funcionários públicos que ganham mais de 3 mil euros mensais, aumentar a idade da reforma e a duração da carreira contributiva, aumentar o IVA para 23% e criou uma brigada especial que está a passar a pente fino os rendimentos dos médicos, advogados, cantores, futebolistas, etc.

Zapatero vai acabar com o cheque-bebé (2500 euros), uma das suas bandeiras na campanha eleitoral de 2008.

Também o governo inglês vai acabar com o Child Trust Funds, uma série de medidas de apoio í  natalidade, poupando 370 milhões de euros.

O novo governo britânico também determinou que os ministros deixassem de ter carro e motorista privados – ou vão a pé, ou usam os transportes públicos ou a sua própria viatura. E quando viajarem de avião, não poderá ser em executiva.

A França e a Alemanha vão aumentar a idade da reforma e estão a pensar em aumentar os impostos.

É este o resultado de 4 anos de governação desastrada de Sócrates!