O estranho vírus que ataca o queixo das pessoas

A população está em pânico.

As autoridades de saúde falam num vírus que se transmite pelas gotículas da saliva, mas as pessoas desconfiam. Toda a vida cuspiram para o chão e nunca houve problemas e nunca ninguém viu nenhuma dessas gotículas que os especialistas falam.

Pelo contrário, toda a gente fala de um vírus novo que ataca preferencialmente o queixo das pessoas: agarra-se com os seu tentáculos e parece que penetra através da pele, instalando-se, depois nos pulmões, provocando pneumonias muito graves.

Felizmente, as pessoas têm contas no Facebook e perceberam que podiam defender-se desse novo vírus usando máscaras que protegessem o queixo.

Tenho visto muita gente com máscaras nos queixos. Que civismo!

No entanto, não há unanimidade neste ponto.

Há algumas faixas da população que pensam que o vírus não ataca o queixo, mas sim o pescoço, pelo que a máscara deve ser colocada ao nível da chamada maçã de Adão.

Uma minoria da malta, acredita – sabe-se lá porquê! – que o cabrão do vírus entra pelo couro cabeludo e, nesse caso, a máscara deve ser colocada na cabeça, como se fosse um daqueles chapéus ridículos dos palhaços ricos.

E depois, há sempre os originais que, não acreditando em nenhuma destas teorias, usam a máscara pendurada de uma das orelhas, ou enfiada num braço, como se fosse uma pulseira.

Ora, eu penso que as autoridades de saúde deviam ter um papel pedagógico nisto tudo e deviam explicar por que razão o vírus se chama corona.

Sabemos que corona quer dizer coroa e pensamos: será um vírus monárquico para corroer a República?

Mas depois, sabemos que ele está a fazer estragos em Espanha e na Suécia, que são monarquias, e pensamos: será um vírus republicano, a lixar as monarquias e que se expandiu para algumas repúblicas?

Ou então, o nome corona vem da marca de cerveja mexicana e o vírus é uma invenção dos vitivinicultores para lixar a indústria cervejeira.

Ou então, já bebi whisky a mais e não escrevo mais nada hoje…

O Covid 19 transmitido pelo Senhor

No domingo de Páscoa, algumas almas caridosas decidiram levar o Senhor a beijar aos velhinhos dos lares.

Num lar em Vila Verde, o senhor prior trouxe o crucifixo que, nesta época do ano, toma o nome específico de compasso e uma das empregadas do lar, devidamente mascarada, levou-o a cada um dos velhinhos, para que o beijassem. Entre cada beijoca, a empregada limpava a saliva do velhinho do corpo do Senhor, com um paninho, sempre o mesmo.

Enquanto a empregada ia oferecendo o crucifixo a cada velhinho, o padre ia cantando Aleluia, Aleluia, mas não era a do Leonard Cohen, e o padre estava desafinado. Via-se que alguns dos idosos beijavam o Senhor com alguma displicência, fruto, talvez, de perturbações neurológicas próprias da idade avançada.

Alguém filmou esta cena pungente e colocou-a no Facebook, para que todos pudessem ver como se celebra a Páscoa em Vila Verde, em tempos de pandemia.

No vídeo, vê-se a empregada a dar o crucifixo a beijar a um velhinho muito trôpego que, coitadinho, lambuza o corpo do Senhor todo; a empregada limpa-o com o paninho e oferece o crucifixo ao velhinho seguinte, que recusa beijar o Senhor. Algum ateu, certamente. Como podem aceitar ateus destes em lares tão pios?

Há outro vídeo que circula por aí, feito numa rua de Barcelos e que mostra uma senhora, também muito pia, segurando um crucifixo XL. Os crentes, guardando a devida distância entre si, por causa do coronavírus, atravessam a estrada, à vez, para beijar o Senhor.

Finalmente, num outro lar, em Melgaço, a própria directora do lar decidiu levar o Senhor a beijar aos velhinhos residentes. Entre cada ósculo, borrifava o corpo do Senhor com um desinfectante em spray. Esta piedosa senhora foi mais longe, visitando também alguns velhinhos que ainda vivem nas respectivas residências. Anunciava a sua chegada com o tilintar de um sininho, oferecia uma máscara ao idoso e ele beijava o Senhor através da máscara.

A razão deste pormenor, escapou-me. Por que raio é que os velhotes internados não tiveram direito a uma máscara? A culpa é do Governo, que não fornece máscaras em quantidade suficiente.

A directora deste lar de Melgaço explicou, no Facebook, que os velhinhos estavam há muito tempo sem visitas, muito tristes e desanimados e, assim, levando-lhes o Senhor a beijar, eles ficaram mais felizes.

E mais infectados, acrescento eu – mas isto sou eu, um ateu empedernido, que nunca beijou o Senhor…

Perante estes casos, percebe-se melhor por que razão há muitos mais casos de coronavírus do Norte do que no resto do país.

Por isso, penso que as autoridades de Saúde deveriam divulgar o seguinte aviso:

A DGS ACONSELHA:

FAÇA O TESTE DO COVID 19 ANTES DE BEIJAR O SENHOR

Rituais da pandemia

O novo coronavírus introduziu na minha vida, outros rituais – e como eu gosto de rituais!

O principal consiste na lavagem das mãos.

Lavar as mãos dezenas de vezes por dia é o sonho de qualquer obsessivo-compulsivo e essa malta deve estar muito feliz com este conselho da OMS. batem no peito (com luvas) e dizem vêem como eu tinha razão?!…

Tenho seguido esse conselho e lavo as mãos tantas vezes que já as tenho mais brancas que o resto do corpo. No outro dia, no duche, até pensei que eram as mãos de outra pessoa que me estavam a ensaboar certas partes do corpo, o que até é uma ideia interessante.

Em tempos, tive um doente que me dizia que podia não lavar os dentes, mas que lavava sempre o rabo depois de evacuar.

Ora aqui está uma recomendação que a DGS devia fazer a todos os portugueses: não se fiquem pelas mãos – lavem também o rabo. O Covid ataca por onde menos se espera!

Dizem as autoridades de saúde que devemos lavar as mãos durante o tempo que demora a cantar o Parabéns a Você. Confesso que já estava farto dessa canção. Comecei a variar. Troquei o Parabéns pelo All Together Now, dos Beatles, que demora 60 segundos a cantar. Fartei-me depressa e, com a minha mania de ser intelectual, fui mudando para temas mais eruditos. Agora lavo as mãos enquanto trauteio o último andamento da Nona do Beethoven. Chego ao fim com as mãos esfoladas.

Mas limpas!

Outro ritual consiste em descalçar os sapatos antes de entrar em casa.

Como uso ténis, a coisa não tem sido muito complicada.

No entanto, o facto de ser já quase septuagenário e de não frequentar as aulas do meu PT há quase um mês, faz com que me desequilibre quando tento descalçar os ténis para entrar em casa. No outro dia, ia caindo pelas escadas abaixo…

Estou a pensar a passar a andar descalço.

É capaz de ser mais fácil lavar os pés do que descalçar os ténis sempre que chego a casa.

Pois, já sei o que vão dizer: que devia ficar em casa. E fico, a maior parte do tempo.

Mas preciso de ir comprar pão e fruta e legumes.

Quando vou, levo sempre um papel de cozinha, para carregar nos botões do elevador. O problema é que também uso papel de cozinha para me assoar e, por vezes, confundo os dois papéis e, no outro dia, tive que ir lavar os botões do elevador, que estavam cheios de ranho meu.

Quando vou à mercearia, espero na fila, afastado do outro cliente cerca de metro e meio.

Por vezes, guardo uma distância maior, como naquele dia em que estive atrás de uma senhora que devia estar muito doente porque tinha a máscara no pescoço. Ora se a senhora já tinha a tiróide infectada, devia estar mesmo doente!…

Por outro lado, acabo por admirar aquela malta que fuma de luvas.

Eu já fui fumador e sei o que é um tipo estar por tudo: que se lixe! Se vou morrer de cancro do pulmão, por que não de Covid 19? E então, é mexer em todo o lado com as luvas e, depois, levar o cigarro à boca. Morre-se mais depressa, é escusado estar à espera do cancro.

E pronto, se me lembrar de mais rituais, eu digo.

Até lá, fiquem em casa e lavem as mãos!

Toda a verdade sobre o coronavírus

Chegou o momento de falar verdade sobre o coronavírus.

Em primeiro lugar, dizer que é essencial que, antes de escrevermos ou dizermos a palavra “coronavírus”, devemos sempre precedê-la do adjectivo “novo”. Não será correcto dizer, por exemplo, o “horrível coronavírus”, o “destrutivo coronavírus”, nem mesmo “a merda do coronavírus” – mas sempre, o “novo coronavírus”.

Em segundo lugar, dizer que os técnicos de Saúde Pública, sobretudo os portugueses, há muito tempo que nos escondem a verdade.

Como é possível que ainda haja pessoas que acreditam no que os médicos e epidemiologistas dizem, quando temos tantas provas expostas por milhares de utilizadores do Facebook e do Whatsapp, que mostram exactamente o contrário?

Dizem os especialistas, por exemplo, que o vírus foi transmitido por um morcego a um pangolim que, vendido para consumo num mercado de Wuhan, na China, desencadeou a epidemia.

Claro que esta versão é tão incrível que vê-se mesmo que foi inventada pelas autoridades chinesas para esconder a verdade.

E a verdade é que este novo coronavírus foi desenvolvido em laboratório para ser lançado em território norte-americano, para lixar a economia yankee, mas um tubo de ensaio cheio de vírus partiu-se e os bichos espalharam-se pela cidade de Wuhan.

Como já se percebeu, graças a dezenas de posts nas redes sociais, os chineses fizeram de conta que nada daquilo tinha acontecido e, quando decidiram actuar, já o novo coronavírus (notem que o adjectivo “novo” nunca falha) estava à solta.

E quanto a Portugal?

É tudo pior, como é evidente.

O SNS não está preparado, não há pessoal médico e de enfermagem, máscaras, nem vê-las, e, apesar da ministra dizer que já encomendaram um milhão delas, sabemos que é tudo mentira. Toda a gente viu no facebook que só encomendaram 250 mil e que são feitas na China, portanto, já devem vir contaminadas de origem.

E o número de infectados que eles dizem, todos sabemos que não corresponde à verdade. São muitos mais. Os hospitais estão um caos, como comprovam diversas mensagens de voz divulgadas pelo insuspeito Whatsapp. Há até algumas de médicos. Há uma mensagem de uma médica que, coitadinha, quase que chora, a dizer que o hospital onde ela trabalha está praticamente juncado de mortos.

Esta é outra mentira propalada pelas fontes oficiais, a de que só estão nove doentes em cuidados intensivos.

Como é possível afirmar isto quando vemos, dia após dia, no Facebook e não só, que são centenas. Ainda ontem, numa loja perto da minha casa, uma senhora que tinha ar de ser entendida, me assegurou que já tinham morridos várias pessoas com o novo coronavírus – eles é que estão a esconder isto de todos nós…

E é esta a verdade sobre a epidemia do novo coronavírus.

Tudo o resto é fantasia…

Coronavírus, esse ingrato

Acabei de saber que ainda não há nenhum português infectado com o coronavírus. Foram já testados mais de 50 portugas e todos deram negativo.

Correcção: já existem dois heróicos portugueses infectados, mas estão no Japão e não contam para esta contabilidade. Eles sim, são verdadeiros cidadãos do Mundo – enquanto nós, cá continuamos nesta triste paróquia, sem nenhum caso confirmado.

Até a Nigéria e o Barhein já têm casos de coronavírus – e nós, nada!

Apesar de todos os esforços para acompanharmos o resto da Europa – e estes últimos anos, até nos temos aproximado um pouco da média europeia – apesar de todos os esforços do Centeno, é vê-la muito à frente.

Itália, Alemanha, Espanha, França, Croácia, todos com casos confirmados e Portugal, sempre o mesmo atrasado!…

O que se passa, afinal?

O coronavírus não quer nada connosco? Chega ali a Vilar Formoso e volta para trás? Nunca ouviu falar de Portugal? É daqueles que pensa que somos uma província espanhola?

Ou então, os testes do Ricardo Jorge dão todos negativos porque foram comprados na candonga, por causa das cativações do Centeno.

Seja como for, eu se fosse ao Sexta às Nove ou àquela senhora da TVI, cujo nome me escapa, fazia já uma investigação porque isto traz água no bico e pode muito bem ser a ponta de um iceberg que meta fraude, evasão fiscal e compadrios vários.

O problema é que temos muita gente a contar com o coronavírus para acabar com o Serviço Nacional de Saúde, de uma vez por todas.

Os que defendem os cuidados de saúde privados, por razões óbvias; estão desejando que os tais milhares de infectados caiam nos hospitais públicos para que o caos se instale.

Os que dizem defender o SNS estão em pulgas para que isso aconteça para depois dizerem “nós bem avisámos”. Os das ambulâncias, porque são poucas e o material é obsoleto, os dos enfermeiros porque são poucos e não progridem nas carreias, os dos médicos, porque estão todos à beira da reforma e os serviços de urgência não estão preparados.

E perante tudo isto, o coronavírus faz-nos um manguito e vai infectar para outras paragens.

Ingrato!