Roménia dos (ainda) mais pequenitos

Nunca foste à Roménia?

Nesse caso, deixo aqui uma boa oportunidade: apanhas o cacilheiro para Cacilhas, percorres a estrada que ladeia a Lisnave e, perto do Hospital Particular de Almada, viras à esquerda, na estrada de terra batida que leva até à ETAR, passando pelo parque das camionetas.

Quando avistares a ETAR – e antes de chegares ao pequeno “porto” de barcos de pesca, com o muro do Arsenal do Alfeite à tua frente – viras à direita e já está…

…estás na Roménia…

Várias famílias de romenos vivem aqui, neste baldio, em mini-barracas feitas com bocados de contraplacado e cartão e plásticos. Dentro de cada barraquinha, um colchão e cobertores.

Todas as manhãs, é vê-los percorrerem a Avenida do Movimento das Forças Armadas, que bordeja a Lisnave.

Vão para o trabalho.

Vão para Lisboa, onde estacionam em sítios estratégicos, para pedir umas moedas.

Vão em busca de colchões, roupas deitadas ao lixo, cobertores, desperdícios que, para eles, têm um valor incalculável.

Alguns levam (às costas) a canadiana que, depois, lhes permite fazer de conta que são coxos, a fim de pedirem uns trocos ao transeunte distraído.

A maior parte deles são jovens, mas há um ou outro velho, com aspecto de ter mais de 70 anos, verdadeiramente coxos.

E eu pergunto-me: o que faz que um tipo atravesse a Europa para vir dormir numa barraca mal enjorcada, junto ao Tejo, na Cova da Piedade, em Portugal?

6 thoughts on “Roménia dos (ainda) mais pequenitos

  1. Provavelmente as moedinhas que cravam aos distraídos. Eu não dou moedas a ninguém.
    E a policia devia agarra neles e mete-los na fronteira…
    Não fazem cá falta nenhuma.

  2. Imagino como será por la…. Mas mesmo assim nao deviamos ser obrigados a aturar isto…. Onde vivo existe tambem uma comunidade de romenos que se dedica a mendigagem, e a noite e ve-los nos cafes….. As vezes apetece-me ser de extrema direita. Se eles contribuissem para a economia da sociedade onde estao inseridos era diferente, mas desta forma so nos vem atormentar o juizo… que apanhem o cacilheiro de volta pra Romenia

  3. Ocorrem-me três possibilidades:
    -vieram à procura do sonho português e saiu-lhes isto, agora não tem guito para regressar.
    -tendo em conta a qualidade legislativa, o SEF não os deixa partir devido a uma lei marada qualquer saída da assembleia- Imigrante que entra não sai daqui por dá cá aquela palha.
    Ou ainda, apesar do frio (extraordináriamente atípico, a julgar pelo drama que os nossos jornalistas fazem), o clima sempre é mais moderado na Cova da Piedade do que em qualquer oásis Romeno.

  4. Pois bem, eu que já fui à Roménia (e a uma das zonas mais pobres da dita) posso dizer que sempre é melhor viver numa barraca aqui do que numa barraca lá (faz menos frio). A realidade dos “refugiados económicos” não pode ser ignorada, principalmente estes que, sendo de uma nacionalidade da UE, não podem ser expulsos por dá lá aquela palha. É muito fácil refilar contra a mendigância, mais difícil é dispôr de uma quantia dos nossos impostos para financiar os processos de repatriamento….

  5. Muitos deles devem ter sido burlados, enfiados numa carrinha em direcção a um pseudo-Eldorado e aterraram aqui com uma mão à frente e outra atrás.

    Como foi dito antes, sendo eles cidadão comunitários, têm tanto direito a estar aí como eu aqui na França.

    1. Sim, mas tu ai na França es capaz de não andar a mendigar. Ainda por cima deves ter um emprego, descontas impostos e fazes a economia do país que te acolhe crescer. E não andas atras de ninguem com uma flor para lhe venderes ou com uma criança nos braços para fazer pena. Ao fim do dia se fores beber uma ou duas cervejas, pagas com o dinheiro que o teu trabalho te deu…

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