De Tsipras a Vara, passando por Casillas

Alguém já se lembra do Varoufakis?

E do Vítor Gaspar?

Neste mundo da alta finança, os ministros das Finanças sobem alto mas caem depressa.

A careca, a mota, a mochila e a pretensa insolência de Varoufakis depressa foram esquecidas e Tsakalotos ocupou o seu lugar; embora sem gravata, sempre é considerado mais convencional pelo ministro das Finanças portador de deficiência, Schauble.

Será suficiente para manter a Grécia no euro?

Pelos vistos, quer a Alemanha, quer a Finlândia, estão desejosas de desagregar a Grécia.

Gregos desagregados.

Chamam-lhe “Grexit”, por que carga de água?

“Exit” é saída, em inglês, mas a Inglaterra nem sequer está no euro; ou será êxito?

A saída da Grécia será, afinal, um êxito?

Saltar para fora do euro, como?

í€ vara?

Saltar í  Vara é um desporto socialista, que o diga o Armando.

Armando Vara ou armando barraca?

Armando é gerúndio – nunca fica resolvido.

Ele lá vai armando í  sua volta uma teia que vai deitando outros abaixo, primeiro os Penedos, agora o Sócrates (a Grécia, sempre a Grécia…)

Claro que vara também é um conjunto de porcos, mas não é caso.

O caso é que tudo isto vai degradando o Costa, pior, muito pior do que o mar, que também vai lixando a Costa da Caparica.

O Costa, o António, bem vai dizendo que acredita na justiça, que não tenciona tornar a visitar Sócrates (o português, não o grego), que nem sabe bem quem é o Vara (e vai-se Armando em parvo…), mas o que é certo é que a erosão lá o vai atacando…

Mas há Costas mais fortes, como o Pinto, por exemplo.

Apesar dos anos, dos ventos e das marés, esse Costa, em vez de se erodir, parece querer erguer-se das cinzas.

Contratou agora o Casillas para guarda-redes e vai-lhe pagar mais de 200 mil euros por mês.

Limpos.

Limpos porque, nestas contratações, a sujidade não existe.

Branqueamento de capitais (transformar Dakar em Paris), é crime.

Próprio de outras modalidades desportivas.

Do salto í  Vara, por exemplo?

Sócrates (o português) e Vara (o Armando), gritam: e nós é que estamos presos?!

E Tsipras (o grego) pergunta: esse Costa (o Pinto, não António, o erodido), não nos poderia emprestar algum dinheiro?

“A Amiga Genial” (2011), de Elena Ferrante

Pouco se sabe de Elena Ferrante, a começar pelo próprio nome, que não deve ser esse.

Sabe-se que nasceu em Nápoles e que é mãe e mais nada. Não dá entrevistas, não se deixa fotografar e, no entanto, é considerada uma das escritores italianas mais importantes da actualidade.

amiga genialEste L’Amica Genial (Relógio de ígua, tradução de Margarida periquito) foi uma agradável surpresa e devorei-o em três tempos.

Trata-se do primeiro volume de uma tetralogia narrada por uma rapariga de um bairro pobre de Nápoles.

Com uma linguagem simples e fluente, vamos conhecendo as histórias de Elena Greco (a narradora), da sua grande amiga e inspiradora, Lila Cerullo, dos seus amigos e das respectivas famílias, do sapateiro, do charcuteiro, do mafioso do costume, do porteiro da Câmara.

Ao contrário dos outros miúdos, Elena vai continuando os estudos, da escola básica para o liceu e, í  medida que vai obtendo mais sucesso escolar, maior é a sua luta interior: por um lado, deseja ardentemente sair do bairro, viver outra vida, mas por outro é ali que estão as suas raízes.

Por outro lado, a sua grande amiga, Lina, que parecia ser mais capaz de romper com a vida do bairro, vai desistindo da escola, adaptando-se.

Como diz a professora de Elena: «A beleza que a Cerullo possuía na mente desde pequena não encontrou saída, Greco, e foi-lhe toda parar í  cara, ao peito, í s coxas e ao cu, lugares onde depressa desaparece, e é como se nunca a tivesse tido».

Não pude deixar de estabelecer um paralelo entre estas histórias e as que vivo, profissionalmente, no meu dia a dia, há 30 anos.

O livro termina com o casamento de Lina, aos 16 anos e espero que o segundo volume saia em breve.

Aconselho vivamente.

Cavaco fora do euro!

O futuro ex-presidente Cavaco diz que, se a Grécia sair do euro, não faz mal porque ainda ficam 18.

Cavaco sabe a tabuada!

Mas se a Grécia sair, todos nós vamos sentir a sua falta.

Quanto ao Cavaco, estamos todos desertos que ele saia.

E ninguém sentirá a sua falta!

cavaco economia

Crato contra os gordos!

Um título do DN deixou-me, hoje, perplexo:

“Nuno Crato quer pí´r alunos a ir para a escola de bicicleta”

Logo í  partida, perguntei: porquê?!

Que mal fizeram os putos ao ministro da Educação para que ele se lembre, agora, de uma tortura destas?

E não é preciso ir para as escolas da Serra da Estrela – basta convidar o ministro a ir, de bicicleta, para a António da Costa ou para a Anselmo de Andrade, aqui em Almada…

Sempre gostava de ver o ministro a pedalar, com o cu levantado, a subir a avenida 25 de Abril, depois a Afonso Henriques e depois a Nuno ílvares, ou a Bento Gonçalves.

Quando chegasse í s escolas, teria que chamar o INEM!

Mas esta ideia de fazer os putos irem de bicla para a escola faz parte de um plano mais vasto.

Esse plano tem um nome e uma sigla, como não podia deixar de ser.

Trata-se da Estratégia Nacional para a Promoção da Actividade Física, da Saúde e do Bem-Estar, que é como quem diz, ENPAF – e não estou a gozar…

O documento que serve de base a esta coisa foi elaborado pela Direcção Geral da Saúde e pretende, nomeadamente, diminuir o risco de doenças como a obesidade. Como? «Uma das possíveis soluções será o desenvolvimento de programas educativos visando recreios mais ativos e a eventual preparação de professores para a lecionação em salas de aulas ativas».

Trocando por miúdos: pí´r os professores a correr atrás dos alunos e vice-versa! Já estou a ver o Mário Nogueira a preparar manifs contra esta medida porque os professores, coitados, têm artroses, e fibromialgias e enxaquecas e não podem ser muito ativos com os alunos porque se lhes agravam as dores…

Mas o texto que serve de base í  ENPAF consegue ser ainda mais inventivo, criando eufemismos inacreditáveis.

Tomem lá este naco: «promoção de deslocações ativas para os locais de ensino em segurança, criando condições para guardar os meios de deslocação».

Por favor, leiam com atenção a frase que acabei de citar…

Por outras palavras: fazer com os sacanas dos putos vão de bicla para a escola e fazer com que a escola tenha um sítio para guardar as biclas!

No texto da DGS, “meios de deslocação” quer dizer “bicicletas”, tal como nas notícias sobre incêndios, “meios aéreos” quer dizer “aviões ou helicópteros” (helicópteros agora, não, porque os Kamov estão todos avariados!)

O DN decidiu contactar o Ministério da Educação sobre esta notícia.

E fez bem, porque quem tem putos em idade escolar deve ter ficado í  rasca, a pensar que, agora, além dos livros e dos cadernos e dos lápis e da mochila, também tinha que ir comprar uma bicicleta.

Lá do ministério responderam que apoiam «projetos-piloto, de pequena escala, promovidos por escolas que pretendam reduzir o sedentarismo dos alunos. São exemplos, iniciativas de escolas que visam a utilização de bicicletas para as deslocações casa-escola e a utilização de mobiliário que estimule a atividade e previna más atitudes posturais».

Isto quer dizer, provavelmente. que as escolas, além dos cheque-dentistas, vão começar a distribuir cheques-bicicleta e que, nas salas de aulas, em vez das imóveis e desconfortáveis carteiras, os alunos passarão a ter plintos e bolas de pilates.

Quantos ao tempo passado nos recreios, a ENPAF prevê “pí´r as crianças e os jovens a ter mais actividade física, para diminuir o impacto do número de horas que os alunos passam sentados nas salas de aula”, recorrendo, por exemplo, a “jogos tradicionais”.

Já estou a ver os putos, nos recreios, a serem obrigados a jogarem jogos tão estimulantes e divertidos como a barra do lenço, os cinco cantinhos e o mamã dá licença!

Que divertido vai ser!

E depois de aulas dadas por professores elegantes e em forma, em salas de aula transformadas em verdadeiros ginásios, e de recreios activos, com os putos a jogarem chinquilho e í  apanhada, passaremos a ter miúdos cada vez mais elegantes a chumbarem a matemática e a português.

Obrigado Crato!