A almofada invisível

Afinal, parece que não há dinheiro na almofada.

Não é de admirar.

Passos Coelho e Paulo Portas são liberais modernaços – nunca guardariam dinheiro no colchão, muito menos na almofada.

Conservadores como são, preferiram o porquinho-mealheiro.

Pena que o porquinho seja pequenino…

portas passos almofada

As máximas de Rogeiro

Nuno Rogeiro, o famoso espião português, deu uma entrevista ao i.

Não li.

Só tomei nota dos destaques.

Primeiro destaque: “Já vi Scud na Síria e no Iraque. Peguei em metralhadoras e disparei mas não tenho licença de porte de arma”

É preciso licença de porte de arma para disparar Scud?

Segundo: “Conheço o mundo da espionagem por dentro”

Duvido… continuas vivo…

Terceiro: “O Harry Potter é muito popular entre os prisioneiros de Guantánamo”

E a Cinderela, não?

Quarto: “Muitas personagens da série ‘Segurança Nacional’ são iguais a pessoas que eu conheço”

Não estarás a confundir as séries? Não será antes dos Simpsons?

Quinto: “Timbuctu ou a Síria não seriam os melhores sítios para ter uma apendicite”

E uma blenorragia?

Impagável, este Rogeiro…

A carta do Costa

Vamos lá rever a matéria.

O Presidente Cavaco podia ter antecipado as eleições para Junho para evitar a confusão, mas achou que não valia a pena porque estudou todos os cenários possíveis e já sabia o que tinha que fazer.

As eleições foram em Outubro, a coligação PSD/CDS ganhou mas os partidos de esquerda tiveram mais deputados.

Isto deixou o Cavaco í  brocha, porque ele tinha estudado todos os cenários, menos este.

Com efeito, o Presidente tinha previsto a vitória do PSD, ou a vitória do PSD ou, no máximo, a vitória do PSD. E sempre com maioria absoluta ou, pelo menos, com maioria absoluta.

Restava a hipótese de nomear António Costa, mas Cavaco não iria fazer isso sem, primeiro, ter a certeza que Costa não queria sair da Nato.

Como se sabe, Cavaco adora a Nato e a Nato não sobrevive sem a ajuda de Portugal, por isso, que se lixem os salários, que se lixem as reformas – temos é que preservar a Nato.

Então, Cavaco exigiu que Costa respondesse a seis questões fundamentais, antes de o indignar, perdão, indigitar para primeiro-ministro.

Costa respondeu em poucas horas, com uma carta, cujo conteúdo não foi revelado, mas que diz o seguinte:

Caro Aníbal:

Espero que esta carta te encontre bem, assim como a todos os teus. A Maria tem passado bem? E os netinhos? Já fizeram a árvore de Natal? E já têm uma lista de prendas? Era bom que fizessem uma lista porque cada vez é mais difícil arranjar prendas para vos dar – vocês têm tudo!

Nós, aqui pelo Rato, temos passado bem. O Sócrates lá continua a fazer almoços de desagravo, muito zangado com a justiça. Quem está muito contente é o João Soares, porque já lhe prometi o ministério da Cultura, caso faças a fineza de me indigitar. Já agora, se decidires indigitar-me, faz o favor de o fazer antes de sexta-feira porque já tinha planeado um fim de semana em família e não me dava jeito nenhum tomar posse nessa altura.

Além disso, o Jerónimo já prometeu que te oferece uma assinatura do Avante até morreres!

A agenda do Cavaco

Apesar de já saber há muito tempo o que fazer, uma vez que estudou todos os cenários possíveis, Cavaco continua a ouvir opiniões.

Já recebeu os patrões e os sindicatos, os banqueiros e os economistas.

Revelamos o que falta:

Sexta-feira de manhã: bastonários, costureiras e arquitectos;

í  tarde: prostitutas, empregados de balcão e palhaços;

Sábado de manhã: descanso

í  tarde: ladrilhadores, engenheiros e apicultores;

Domingo de manhã: missa

í  tarde: padres, freiras e ateus;

Segunda de manhã: cirurgiões plásticos, funileiros e decapadores;

í  tarde: parteiras, pastores e mergulhadores.

Terça-feira: conversa com a Maria para decidir se também é preciso ouvir os ourives e estofadores antes de tomar uma decisão.

Em reflexão

Cavaco retirou-se para a Madeira, onde está a reflectir sobre o que vai fazer a seguir: indigitar Costa, manter Coelho em gestão, nomear um governo de sua iniciativa ou emigrar para o Botswana e passar o resto dos seus dias a apanhar fezes de elefante.

cavaco cagarro (2)

Consequências da queda do PAF

O Passos Coelho volta para a Tecnoforma.
Paulo Portas vai reeditar o Independente.
Cavaco vai vender gasolina para Buliqueime.

A Maria foi dar com o Cavaco a chorar e a murmurar: vou ficar na História como o unico presidente que deu posse a um governo de bolcheviques, mencheviques e trotkas!…

Ouvi dizer que vão pí´r uma estátua do Lenine no Terreiro do Paço!

Ai Maria que vão pí´r a foice e o martelo na bandeira nacional!

Costa e os 3 Mosqueteiros: Martins, Sousa e aquela gaja dos verdes cujo nome não me lembro

í“ Maria, esconde as crianças que vêm aí os comunistas!

Primeira medida do António Costa: geminar Lisboa com Moscovo, Tirana e Pyong Yang.

Maria, manda alguém í  farmácia comprar Kompensan! A puta da azia não me larga!…

“1927 – Aquele Verão”, de Bill Bryson (2013)

Bill Bryson é especialista em, a partir de um determinado facto, contar-nos toda a história envolvente.

1927Assim foi, sobretudo, com Breve História de Quase Tudo (2003), mas quase todas a suas obras são verdadeiras enciclopédias de pequenas curiosidades sacadas do fundo dos arquivos, recortes de jornais, de livros esquecidos.

Este One Summer: America, 1927 é, talvez, o menos interessante de todos os livros de Bryson que já li, exactamente porque é “demasiado” americano.

O livro descreve, em pormenor, os principais factos que tiveram lugar nos Estados Unidos, de Maio a Setembro de 1927 – e foram muitos, sendo que o principal de todos foi a travessia do Atlântico por Lindbergh.

Mas houve muitos outros e Bryson fala-nos de Henry Ford e do seu modelo A, de Babe Ruth e dos seus home runs (aqui, o livro é um pouco enfadonho, até porque não pesco nada de basebol), de Sacco e Vanzetti, de Jack Dempsey e dos seus socos demolidores, de Al Capone, de Herbert Hoover, etc.

Como sempre, ler Bryson é um festival de cultura geral.

Outros livros de Bill Bryson: Em casa – Breve História da Vida Privada (2010), A Vida e as Aventuras do Rapaz Relâmpago (2006), Crónicas de uma Pequena Ilha (1998), Por Aqui e Por Ali (1992), Notas Sobre um País Grande (1999), Made in America (1994).

A coisar na net há 16 anos

Fez no passado dia 1 de Novembro 16 anos que meti o Coiso na net.

Como qualquer Coiso que se preze, também este passou por várias fases. Há uns anos que estacionou em WordPress, mas mantém-se activo.

Para recordar algumas dessas fases, é só seguir este link.