O governo de José Sócrates está há dois anos no poder.
Todos estão contra ele mas, se houvesse eleições agora, Sócrates tornava a ter maioria absoluta.
Os portugueses ladram, mas não mordem…

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O governo de José Sócrates está há dois anos no poder.
Todos estão contra ele mas, se houvesse eleições agora, Sócrates tornava a ter maioria absoluta.
Os portugueses ladram, mas não mordem…
A D. Virgínia morreu de repente. Era obesa, diabética, hipertensa e tinha dislipidemia mista. Um típico síndroma plurimetabólico, como agora lhe chamam. O risco de morte súbita era elevado.
A D. Virgínia confirmou as estatísticas.
O marido veio í consulta dois meses depois.
Motorista reformado, o Dr. Rudolfo é homem e poucas falas.
«Não sofreu muito, a sua senhora… foi de repente» – disse eu, depois de lhe apresentar os meus sentimentos.
«Pois foi» – confirmou o Sr. Rudolfo – «Deu-lhe um ABS…»
Eu já nem me espanto, mas tento corrigir:
«Pois… teve uma trombose…»
«Não, não!» – interpõe o Sr. Rudolfo – « Foi mesmo um ABS!»
Para o Sr. Rudolfo, motorista reformado, ABS e AVC não passam de sistemas de travagem rápida – do carro, ou da vida…
O incrível Alberto João Jardim disse, aos jornalistas, que não havia ninguém em Portugal que “tenha testículos” para aceitar que o referendo sobre o aborto não foi vinculativo.
Desta vez, AJJ foi comedido. Não disse, por exemplo, que “Sócrates não tem tomates”, ou mesmo que “o governo não tem colhões”.
Ficou-se pelos testículos.
Está mais moderado, o líder madeirense.
Sinal dos tempos?
Sinceramente, fiquei desiludido com AJJ.
Ele, que costuma ser um homem com tomates para dizer o que lhe vai na alma, não teve tomates para dizer tomates.
Ou colhões.
Só testículos.
Está a amolecer.
Não tarda nada, está a elogiar Sócrates.
Carmona Rodrigues e a sua equipa estão a conseguir algo de impensável: os lisboetas começam a ter saudades de Santana Lopes.
Com a confusão que existe na Câmara de Lisboa, já há por aí muito boa gente a perguntar o que é feito do Sr. Lopes. Ele, ao menos, não fingia o que não era. Todos sabíamos com o que podíamos contar. Ninguém se espantava com as suas broncas.
Agora, o Sr. Carmona, não: tem aquele ar de gajo porreiro, de pessoa honesta e compenetrada do seu trabalho. Depois, vai-se a ver e é buraco atrás de buraco.
Volta Santana, estás perdoado!
Ainda há um pouco a mania, entre nós, de copiar as coisas que se fazem lá fora.
Mas nem tudo o que se faz lá fora é bom.
Um exemplo: Hugo Chavez (aquele democrata, que é Presidente da Venezuela e que agora governa por decreto), tinha um programa semanal de rádio e televisão, chamado “Alí´ Presidente”. Era transmitido aos domingos e durava quatro horas. Coisa leve. Durante essas quatro horas, Chavez arengava aos venezuelanos, fazendo propaganda da sua política, atacando os seus adversários e, quem sabe (eu nunca vi o programa), dando dicas sobre culinária, ponto de cruz e arranjos florais.
Pois agora, Chavez decidiu que o programa passaria a ser diário, de segunda a sexta, embora só com hora e meia de duração.
Imaginem, só por um momento, um programa semelhante, com o Presidente Cavaco Silva.
…Socorro!…
Portugal foi o segundo país da Europa que maior quantidade de cocaína apreendeu em 2006: mais de 34 toneladas.
Melhor que nós, só a Espanha, com 47 toneladas.
O Público faz as contas: a 45 euros a grama, a cocaína apreendida renderia mais de 1,5 milhões de euros – cerca de metade do que vai custar o aeroporto da Ota.
í“ Sócrates: estás í espera de quê, pá?
Segundo um relatório da Unicef, divulgado ontem, uma em cada cinco crianças portuguesas diz que está triste.
Todos os órgãos de comunicação social parecem chocados com este resultado. Não percebo porquê.
Com o aumento do desemprego, o deficit, os cortes nos benefícios sociais, a eliminação do Benfica, pelo Varzim, a continuação de Carmona í frente da Câmara de Lisboa e Salazar í beira de ser votado o melhor português de sempre, o que me admira é que, em cada cinco crianças portuguesas, haja quatro felizes!
Aliás, este relatório da Unicef é altamente preconceituoso.
Por exemplo: não é a gravidez, uma fase da vida tão bonita para qualquer mulher, a taxa de natalidade não está a baixar perigosamente, não é verdade que, qualquer dia, não há população activa em quantidade suficiente para pagar as reformas aos velhotes? Então, qual é o mal de Portugal ser o terceiro país da Europa com maior taxa de gravidez na adolescência, sendo apenas suplantado pela Hungria e pela Inglaterra? Não deveríamos ter mais grávidas – e quanto mais cedo, melhor?
Outro exemplo: parte-se do princípio, altamente discutível, que a escola é uma coisa boa. É apenas mais um preconceito. E o relatório da Unicef diz que, no que respeita í educação, Portugal está em último lugar, na tabela dos 21 países estudados.
No entanto, se partirmos do princípio que a escola é uma seca, é normalizadora, que incute nas crianças os valores burgueses da classe dominante, então, os nossos putos estão de parabéns, porque são os que mais se borrifam para a escola, isto é, os que se revoltam contra essas regras arbitrárias de que é preciso saber ler e escrever e contar, para ser alguém na vida.
O relatório assinala, ainda, que Portugal é o país onde mais crianças são vítimas de “bullying”. Note-se que, dos 21 países estudados, também faz parte os Estados Unidos onde, de vez em quando, há uns rapazinhos que resolvem entrar lá na escola deles e matar uma série de colegas e professores. Apesar disso, os americanos queixam-se menos de “bullying” do que os portugueses.
Várias conclusões a tirar: ou os americanos não confundem “dying” com “bullying”, ou os putos portugueses são uns queixinhas, logo desde pequeninos e não toleram que lhes chamem “peida gadocha”, “caixa de óculos” ou “pernas de alicate” e acham logo que isso é “bullying”.
Aliás, se Portugal está em primeiro lugar, no que diz respeito ao “bullying”, não se percebe por que raio não inventou um termo português para esta treta.
“Porrada”, por exemplo, é um excelente termo.
A ideia deste novo livro de Roth é engenhosa: em 1940, quando Hitler se preparava para iniciar a 2ª Guerra, Charles Lindbergh concorre í s eleições norte-americanas e derrota Roosevelt.
Lindbergh era, na altura, um verdadeiro herói, depois das suas façanhas na aeronáutica e consegue derrotar o candidato democrata, prometendo aos americanos que estes não vão interferir na guerra dos europeus.
A Alemanha, a Itália e o Japão podem, assim, tomar conta do mundo, perante a neutralidade dos EUA.
Sendo Lindbergh um simpatizante das ideias nazis, os judeus americanos começam a temer que lhes aconteça o mesmo que aos judeus da Europa.
O livro é narrado pelo próprio Philip Roth que, na altura, tinha 9 anos e vivia uma vida tranquila, com os pais e o irmão mais velho, em Newark, num bairro maioritariamente judeu.
A vitória de Lindbergh muda totalmente a vida desta família e muda, também, a História do Mundo.
O mais curioso nesta obra de Roth é exactamente o facto de o livro ser narrado por alguém que, em 1940, tinha 9 anos. Assim, as mudanças na vida daquele miúdo, na vida dos seus pais e do seu irmão, dos seus amigos e dos judeus daquele bairro, são uma parábola das mudanças que ocorrem em todo o mundo.
Imaginem, só por um momento, que os Estados Unidos tinham um presidente nazi e que, em vez de entrarem na 2ª Guerra, ao lado da Grã-Bretanha, se mantinham neutrais e que, mais tarde, declaravam guerra ao Canadá?
Perturbador, no mínimo.
Notícia de ontem, no Público:
“Só nos últimos dois anos desapareceram cerca de 180 tampas de esgoto e grelhas de sumidouros na área do concelho de Vila Franca de Xira.”
Segundo o jornal, o passado mês de Dezembro, foi o pior: foram roubadas 87 tampas de esgoto!
Um povo que rouba tampas de esgoto tem o país que merece!
Brilhante, é o mínimo que se pode dizer desta série da HBO.
Tendo como pano de fundo, a Funerária Fisher & Diaz, vamos acompanhando, ao longo de 12 episódios, as vidas atribuladas de uma série notável de personagens: Nate, que acabou de perder a mulher (sabemos, no último episódio, que não foi suicídio), continua í procura de um sentido para a sua vida; Brenda, que não é capaz de manter uma relação estável e que acaba por voltar para Nate; David, que quer assumir a sua relação homossexual com Keith, como uma relação monogâmica, mas que não resiste a uma nova aventura sexual, nem que seja com o canalizador; Ruth, que descobre que o seu novo marido é, no fundo, um paranóico, com terror de catástrofes; Claire, que anda í procura da sua identidade artística e se mete cada vez mais nas drogas; Rico, que vê o seu casamento desabar…
E as personagens secundárias são, também, todas elas, muito ricas e perturbadas, como convém: a mãe de Brenda, psicoterapeuta e ninfomaníaca; o irmão de Brenda, maníaco-depressivo; os amigos de Claire, todos eles artistas perturbados.
Cada episódio começa, como de costume, com uma morte estranha e inesperada, mas o funeral já não é o centro da trama, como nas primeiras séries. A família Fisher poderia ser proprietária, por exemplo, de uma padaria, que iria dar no mesmo – embora uma Funerária dê o tom ideal í série.
Parece que a 5ª série será a última, o que é pena, mas também se compreende que o tema acabe por se esgotar.