O que é uma calúnia tosque?

Ainda havemos de saber por que razão Passos Coelho defende Miguel Relvas contra tudo e contra todos.

passos_relvasO Relvas é uma espécie de rei Midas ao contrário: em tudo o que toca, faz merda.

Foi a história da sua própria licenciatura, é a extinção das freguesias, as trapalhadas com a RTP, a transparência opaca da privatização falhada da TAP – tudo o Passos Coelho aguenta!

Ontem, no Parlamento, João Semedo, do Bloco, perguntou a Passos Coelho qual tinha sido o papel do Ervas no processo de privatização da TAP.

Irritado, Passos respondeu:

«A insinuação de que existe qualquer falta de transparência de membros do governo no processo de privatização não passa de uma calúnia tosque». (confirmar aqui)

Uma calúnia tosque?

Mas o que raio será uma calúnia tosque?

Passos fica tão nervoso quando atacam o seu querido Ervas que desata a falar com neologismos!

Perigoso…

A verdadeira profecia Maia: o fim do Sporting

Pois é: os maias não previram o fim do mundo, mas sim o fim do Sporting.

E não erraram por muito, já que o Sporting está no 10º lugar da Liga, com apenas mais 4 pontos do que o último classificado.

Os peritos há muito que esperavam por uma coisa destas.

Havia indícios.

Enquanto o Benfica tem o nome de um bairro de Lisboa e o FC Porto tem o nome da sua cidade, o Sporting é o gerúndio de “sport” – e, como se sabe, um gerúndio não anda, vai andando…

Além disso, há até alguma polémica em redor da pronúncia correcta. Será mesmo Sporting ou Sporte? Ou mesmo Zeborden?

Acresce o facto de o estádio do Sporting se situar no Campo Grande, mas chamar-se Alvalade, que é uma zona completamente diferente de Lisboa.

O equipamento escolhido também não foi feliz.

Quiseram ir buscar uma cor da bandeira nacional e escolheram o verde, mas não tiveram coragem de se vestirem todos de verde e optaram pelas riscas verdes e brancas.

Já o povo diz: está verde? não presta…

Estas contradições indiciavam o pior e o pior está a acontecer.

E como não têm um Jesus, arranjaram um Jesualdo.

Que dizer de um treinador que já nem os gregos querem?

O mundo não acabou, mas o Zeborden vai acabando…

Obsessão amorosa í  moda da Madeira

Hoje estava para escrever um texto sobre a privatização da TAP, tão transparente que ninguém sabe como vai ser, ou sobre a visita do Passos Coelho í  Turquia e o facto do gajo falar tão mal inglês – aliás, falar tão mal em inglês como fala em português -, ou sobre os Pandur comprados por Paulo Portas e cujas contrapartidas nunca foram realizadas (e não esquecer os submarinos), ou sobre o Orçamento de 2013, que me vai lixar completamente o meu rendimento e que me vai obrigar a trabalhar cerca de 9 meses para pagar os impostos.

Estava para escrever uma merda qualquer para humilhar estes cabrões todos, mas o Diário de Notícias, como é habitual, proporcionou-me uns momentos de descontracção com a notícia intitulada “Paixão obsessiva leva mulher a raptar homem”, da autoria de Lília Bernardes, proveniente do Funchal.

E não resisti.

Ora, comecemos:

«Paixão não correspondida associada a um alegado distúrbio de personalidade levaram uma mulher de 47 anos, apoiada por duas amigas de 17 e 18 anos, a sequestrar na Madeira um homem de 57 anos de idade, mantendo-o durante quatro dias no interior de uma residência localizada no município da Ponta do Sol. Segundo a PJ, o trio está “fortemente indiciado pela prática de crime de sequestro”»

A história promete… Aposto que muitos homens de 57 anos pagariam para ser sequestrados por três mulheres, sobretudo quando duas delas têm 17 e 18 anos… mas para a PJ, que é uma desmancha-prazeres, isto é crime!

Curioso, também, o facto da jornalista, além de ter dificuldade em colocar vírgulas no texto, frisar que as mulheres mantiveram o homem sequestrado “no interior de uma residência”. Ainda bem que não o mantiveram no exterior…

Mais í  frente, outra informação curiosa:

«De acordo com as informações recolhidas, o homem não terá sofrido maus tratos durante o cativeiro, tendo sido as próprias mulheres a libertá-lo devido a um agravamento do seu estado de saúde».

Imagino o que é que aquelas três malucas terão feito ao pobre do homem, que ficou tão fraquinho que o tiveram que libertar! Chupadinho das carochas, certamente!

E a jornalista acrescenta:

«Trata-se, portanto, e segundo uma fonte consultada pelo DN, da história de uma mulher de 47 anos que dá sinais de uma “obsessão amorosa”, definindo-se por um conjunto de ideias fixas ou pensamentos de carácter persecutório, em que a vontade do outro é não é levada em conta».

Não, não me enganei, é mesmo assim: «é não é levada em conta».

E ainda:

«Ou seja, a mulher tinha a “sensação” de que o homem gostava dela e que sem uma relação com ele a sua vida não teria sentido í  vida, não lhe importando se era correspondida ou não».

E mais uma vez, não, não me enganei, é mesmo: «a sua vida não teria sentido í  vida»!

Uma pessoa lê e não acredita!

Lília Bernardes explica que «esta história só chega í s malhas da justiça porque houve uma denúncia e queixa por parte do visado ou familiares».

Ainda bem, caramba! Se não, a malta não conheceria esta história maravilhosa…

Ou, como diz a jornalista: «a história morria entre quatro paredes».

Xiça!

Lerpar não é crime!

Foi com alívio que li a notícia que o Diário de Notícias publicou no passado dia 13, da autoria de Alfredo Teixeira.

A notícia tem por título: «Tribunal decide que jogar lerpa é legal» e deixa-nos mais descansados. A todos!

Teixeira começa assim:

«O proprietário e um cliente de um café de Guimarães foram apanhados a jogar “lerpa”. Condenados em primeira instância a penas de multa, os arguidos recorreram e viram agora o Tribunal da Relação de Guimarães dar-lhes razão. Foram absolvidos porque, diz o acórdão, a “lerpa” não está tipificada na lei nem integra a lista dos jogos de fortuna e azar que apenas são permitidos em casinos».

Quando comecei a ler a notícia fiquei verdadeiramente assustado. Os dois valentes vimaranenses foram apanhados por quem? Então, uma pessoa já não pode estar calmamente a jogar í  lerpa sem correr o risco de ser apanhado? Terá sido a GNR ou a ASAE?

Mas Teixeira continua:

«Os factos remontam a fevereiro de 2009, tendo proprietário e cliente sido apanhados pelas autoridades a jogar numa das mesas do café. O dono do estabelecimento, então com 38 anos, já explorava o café há cerca de 20.»

Ora aqui está uma informação incompleta: por que razão A. Teixeira nos revela a idade do proprietário e não a do cliente? E será que o facto do homem já ser proprietário do café há 20 anos tem relevância para o caso? Será que os proprietários de longa data podem jogar í  lerpa e os proprietários recentes não podem?

Adiante.

Ficamos a saber, mais í  frente, que «o empresário foi condenado a 220 dias de multa, í  taxa diária de sete euros, num total de 154o euros. O cliente í  multa de 747,5 euros».

Curiosa, esta dualidade de critérios: será que o proprietário, por sê-lo, tem mais responsabilidade que o cliente? Ou será que paga mais multa porque tinha melhor jogo? Teixeira não esclarece.

Não esclarece esse pormenor mas esclarece-nos sobre a lerpa, poupando-nos o trabalho de ir googlar o termo.

E ensina-nos:

«A lerpa é praticada com um baralho de 40 cartas e pode ter entre um mínimo de três e máximo de 13 jogadores que acordam no início quem dá as cartas e quem tira o trunfo e o valor da “casadela” que é a aposta mínima obrigatória para todos os jogadores. Lerpar é não fazer nenhuma basada e nesse caso é-se obrigado a repor uma quantia monetária igual í  da jogada anterior mais a sua “casadela”».

Jogo complexo, hein?!

Ora, vamos lá a ver: acham que este é um jogo daqueles que só deviam ser jogados em casinos e, portanto, seria ilegal os dois homens estarem a jogá-lo num local público?

Foi esta dúvida colossal que o Tribunal da Relação de Guimarães teve que resolver.

E A. Teixeira continua:

Â«É um jogo cujo resultado, como o tribunal deu como provado, “é aleatório, estando fundamentalmente dependente da sorte”, embora o jogador possa beneficiar da “perícia” na recolha e no embaralhar das cartas, da capacidade de fazer bluff ou da destreza e memória visual. “Será sempre a sorte (ou o azar) a ditar o resultado final do jogo”, refere o tribunal. A Relação de Guimarães reapreciou o acórdão e concluiu que o jogo dos autos “apesar de ser um jogo ‘aleatório’, não é obviamente um jogo que se desenvolva em máquinas, nem é um dos jogos descritos numa das alíneas a) a e) do nº1 do artigo 4º da Lei do Jogo”, como é o caso de outros tal como o bacará, a banca francesa, a roleta francesa, a roleta americana, o black jack/21, o bingo e jogos em máquinas».

Ora toma!

Aqui está um acórdão histórico: a lerpa pode ser jogada em locais públicos!

Mais uma vez Guimarães fica ligada í  História de Portugal: além de ter sido o berço da Nação, foi também nela que ficou decidido que lerpar é legal!

Obrigado Diário de Notícias, por teres divulgado esta excelente notícia, sobretudo em tempos de crise.

E parabéns, Teixeira!

Grande texto, pá!

O Papa já twitta!

O Papa enviou a sua primeira mensagem no Twitter.

Rezava assim (verbo bem utilizado):

papa-estreia-se-no-twitter-1d0f«Queridos amigos é com alegria que entro em contacto convosco via Twitter. Obrigado pela resposta generosa. De coração vos abençoo a todos».Original, não?

A página do Papa no Twitter é Pontifex.Pontifex é de morrer a rir!

Há fotos do velhote, sentado em frente a um iPad, com o dedinho espetado e uma série de papalvos a olhar para aquilo como se fosse o milagre da multiplicação dos pães.

O Papa a twittar – olha que coisa extraordinária!

Ainda se fosse Deus!…

10 Reflexões sobre uma perseguição da GNR

Título do DN de hoje:

«Dois carros da GNR não travaram
perseguição que acabou com fuga a pé»

Este título permite as seguintes 10 reflexões:

1ª – “Dois carros da GNR não travaram perseguição” já era suficiente como notícia

2ª – “Dois carros da GNR não travaram” era uma notícia ainda melhor

3ª – Foi porque dois carros da GNR não travaram uma perseguição que a dita acabou com uma fuga a pé?

4ª – Afinal, aquilo era uma perseguição ou uma fuga?

5ª – Partindo do princípio que os bandidos procediam a uma fuga e os dois carros da GNR empreendiam uma perseguição, quem acabou a pé?

6ª – Será que os bandidos estavam a fugir da GNR de carro ou a pé?

7ª – Se os bandidos fugiam a pé e a GNR de carro, como é possível que não os tenham apanhado?

8ª – Há algum problema numa fuga a pé?

9ª – Não é bom que os GNR façam algum exercício físico, perseguindo os bandidos a pé?

10ª – Queremos ladrões elegantes e GNR obesos?

O Sindroma George Harrison

– Zézinho, gostas mais do papá ou da mamã?

– Gosto mais do tio Manel!

Eis o caso típico de Sindroma George Harrison.

Qual era o melhor Beatle: McCartney ou Lennon?

Os intelectuais/eruditos mais empedernidos respondem: George Harrison.

A pergunta é idiota, claro, como se comprovou pela fraca carreira a solo de todos os ex-Beatles, tirando uma ou outra excepção.

Os Beatles foram bons enquanto grupo e o seu êxito deveu-se, sobretudo, í  sinergia das suas qualidades.

Vem isto a propósito daquelas listas que os críticos do jornais í s vezes fazem, quando decidem escolher os melhores discos, ou os melhores filmes, ou os melhores livros.

Este sábado, o Expresso publica uma dessas listas: os 50 discos que toda a gente deve ouvir.

Pondo de parte os discos de jazz e de música clássica, dos quais pouco posso dizer, as escolhas dos discos da chamada música popular deixaram-me espantado.

Dos 28 discos escolhidos, apenas conheço sete!

Claro que não sou um perito na matéria mas, desde jovem adolescente que acompanho a música popular (pop-rock), sobretudo a anglo-americana. Sou contemporâneo das grandes bandas dos anos 60 e 70, acompanhei de perto o boom da pop britânica, conheço o nome dos principais “conjuntos” (era assim que se chamavam), sou capaz de reconhecer a maior parte dos seus êxitos. Depois, nas décadas seguintes, continuei atento í s novas tendências, através dos meus filhos. Por ter trabalhado, durante alguns anos, na televisão e da rádio, tive contacto com alguns divulgadores de música (o António Sérgio, por exemplo), pelo que conheci mais algumas bandas mais “estranhas”.

E, mesmo assim, nunca ouvi falar de 19 discos que constam desta lista!

Ricardo Saló escolheu os seguintes discos: Pet Sounds (Beach Boys, 1966), The Music of the Ba-Benzele Pygmies (Vários, 1966), Guitarra Portuguesa (Carlos Paredes, 1967), The Velvet Underground & Nico (1967), Astral Weeks (Van Morrison, 1968), Trout Mask Replica (Captain Beefheart, 1969), There’s a Riot Goin’ On (Sly and The Family Stone, 1971) e What’s Going On (Marvin Gaye, 1971).

Desta selecção de discos da minha geração, apenas conheço os discos dos Beach Boys, de Carlos Paredes e dos Velvet Underground.

A escolha de Pet Sounds que, na opinião do crítico, o “transportou para um lugar incógnito. Era um ambiente irreal: dir-se-ia entre o sonho e a ‘magia’ da espera do Pai Natal”, é mais um caso de Sindroma George Harrison. A escolher um disco da colheita de 1966-67, o mais óbvio, digamos, o McCartney, seria o Sgt Pepper’s, a seguir, o Lennon, seria Beggars Banquet, dos Stones – mas Saló escolheu o Harrison, Pet Sounds.

Na minha opinião, Pet Sounds é um disco vulgar. O grande trunfo dos Beach Boys, nesses tempos, foi Good Vibrations, que nem sequem entrou no alinhamento do álbum. Mas o crítico acha que a canção God Only Knows é algo de esotérico, dizendo que é “um sopro de orquestra, guizos e uma pulsação entre o bater do coração daquela voz e do trenó de que se faz, nessa idade, o sonho da felicidade”.

I rest my case…

João Santos escolheu os seguintes discos: Milagre dos Peixes (Milton Nascimento, 1973), Songs of Love and Hate (Leonard Cohen, 1971), Gamelan Semar Pegulingan (Vários, 1972), The Dark Side of the Moon (Pink Floyd, 1973), Lo Dice Todo (Grupo Folklorico Y Experimental Nuevayorquino, 1976) e Imyra, Tayra, Ipy (Taiguara, 1976).

De mais esta selecção, só conheço os discos do Cohen e dos Pink Floyd e, sim, escolheria The Dark Side of the Moon como um dos 50 discos que toda a gente devia ouvir – mas os restantes…

Finalmente, João Lisboa escolheu: The Ascension (Glenn Branca, 1981), Colossal Youth (Young Marble Giants, 1980), Le Quart de Siécle de Franco de Mi Amor (Frank & Le TPOK Jazz, 1981), Music for a New Society (John Cale, 1982), “Swordfishtrombones” (Tpom Waits, 1983), United States Live (Laurie Anderson, 1984), Evol (Sonic Youth, 1986), En Concert í  Paris (Nusrat Fateh Ali Khan, 1986), Sign ‘O’ Times (Prince, 1987), The Rough Dancer and the Cyclical Night6 (Astor Piazzola, 1988), 3 Feet High and Rising (De La Soul, 1989), Dressing for Pleasure (Jon Hassel & Bluescreen, 1994), 69 Love Songs (The Magnetic Fields, 1999) e New Anciente Strings (1999).

Desta lista, conheço o disco do Tom Waits (outro que eu escolheria para os 50 imprescindíveis), o do Prince e o dos Magnetic Fields (este último é um barrete que foi aclamado pela nossa crítica – 69 cançõezinhas de amor, que são isso mesmo, cancõezinhas, algumas delas feitas apenas para encher o disco e chegar ao número 69, o que não passa de uma piadinha de adolescente: 69, percebem?…)

E os Beatles, os Stones, os Led Zeppelin, Otis Redding, King Crimson, Procol Harum, Fairport Convention, Small Faces, Kinks, ou Jacques Brel, José Afonso, Chico Buarque, João Gilberto, Nine Inch Nails, Chicago, Blood Sweat and Tears, ect, etc, etc?

No final da listagem, o Expresso publica outra lista com mais algumas escolhas dos seus críticos que, segundo eles, também poderiam figurar nos 50 eleitos, mas já não cabiam. Dessa lista fazem parte coisas como Blackout (Britney Spears, 2007) e Control (Janet Jackson, 1986)!

E os Beatles também lá estão, coitados…

E com que disco?

Mais uma vez, o Sindroma George Harrison… o disco escolhido não é Sgt. Pepper’s, nem Abbey Road, nem sequer o White ílbum, mas sim o Revolver.

Típico…

A simplificação excessiva de assuntos complexos

Acidente vascular cerebral na sequência de embolia por fibrilhação auricular.

Por outras palavras: deu-lhe um treco.

Sofreu contusão do occipital ao cair do escadote, com traço de fractura.

Que é como quem diz: partiu a mona.

Incapacidade súbita para controlar o esfíncter anal, com consequente emissão de fezes líquidas.

Isto é: borrou-se todo!

“Portugal e Irlanda, de acordo com o princípio de igualdade de tratamento, serão beneficiados pelas condições abertas no quadro do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira” (Vitor Gaspar, na Assembleia da República, na semana passada).

Que é o mesmo que dizer: “foi alimentada uma considerável confusão no debate público em Portugal”, a propósito da possibilidade do pacote de medidas negociadas para a Grécia serem extensíveis a outros países sob programa de ajustamento (Vitor Gaspar, ontem).

Portanto, o Eurogrupo aliviou os juros e os prazos de pagamento í  Grécia e Gaspar disse que isso seria extensível a Portugal.

O ministro das Finanças alemão afirmou que seria “terrível” que Portugal pedisse, para si, as mesmas regras e Gaspar mudou logo o discurso.

E acrescentou esta frase extraordinária: «a simplificação excessiva de assuntos complexos conduz inevitavelmente a mal-entendidos que infelizmente tendem a persistir ao ponto de serem considerados verdades»!

Gaspar: vai mergulhar o canis vulgaris em água e esfregá-lo com algum pedaço de sabão aromatizado!

Ou, simplificando excessivamente um assunto complexo: GASPAR, VAI DAR BANHO AO CíƒO!

“Mel”, de Ian McEwan (2012)

O novo e excelente romance de Ian McEwan prega-nos três partidas.

—A primeira consiste no facto da história ser narrada por uma mulher, a funcionária do MI5, Serena Frome e, í s tantas, esquecemo-nos que o livro foi escrito por um homem.

A segunda reside no facto de McEwan aproveitar a personagem do escritor Tom Haley para nos contar meia dúzia de histórias da autoria de Haley e que dariam um bom livro de contos mas, como Haley diz, os livros de contos não se vendem… Assim, diluem-se as histórias num romance e não se perde tudo…

A terceira partida é o final do romance, que é surpreendente.

A história passa-se em Inglaterra, nos anos 70 do século passado. Serena Frome é uma jovem funcionária menor do MI5 que é escolhida para um projecto que consiste em subsidiar, através de uma Fundação fantasma, escritores promissores que, assim, veladamente, pugnariam pelos ideais anticomunistas, através dos seus romances.

Esse projecto tem o nome de código “Sweet Tooth” (não sei porque a Gradiva escolheu “Mel”, como título porque, parece-me que “sweet tooth” quer dizer qualquer coisa como “apetência por doces”).

Serena fica encarregue de convencer Haley a aceitar uma subvenção da tal Fundação, fazendo-se passar por uma angariadora de talentos literários. Ele aceita e em breve se apaixonam.

Se querem saber o resto, leiam porque vale mesmo a pena.