O minuto 34

Mais uma notícia espectacular do Diário de Notícias de ontem, página 27: 

“Um homem de 21 anos foi detido quinta-feira, na Venda Nova, Amadora, por ter tentado furtar dois pacotes de leite e um comando de televisão, avaliado em 31 euros, do interior de um estabelecimento comercial, situado na Rua Elias Garcia. Os funcionários detectaram o furto e alertaram a PSP, que deteve o indivíduo às 14.34.”

Ora aqui está uma pequena local, como antigamente se chamava a estas pequenas notícias enviadas pelos correspondentes da província, que encerra muito ensinamentos, a saber:

– Portugal é, todo ele, uma província. Apesar do choque tecnológico, da banda larga e dos 10 milhões de telemóveis, continuamos uns provincianos. Esta notícia vem da Venda Nova, Amadora – e não, por exemplo, de algum buraco escondido do nordeste transmontano;

– Dizem que a criminalidade cada vez está mais sofisticada, mas ainda há ladrões pouco ambiciosos. O desta notícia tentou roubar apenas dois pacotes de leite e um comando de televisão. Se a criminalidade estivesse, de facto, a aumentar, o tipo deveria roubar, pelo menos, uma palete de leite e levar, também, o televisor, além do comando.

– Quando dizemos «onde está um polícia quando precisamos dele», é má vontade nossa. Como demonstra esta notícia, o polícia está sempre à mão, mesmo quando se tentam roubar, apenas, dois pacotes de leite. Vejam bem que, assim que os funcionários detectaram o furto, avisaram a PSP e ela logo apareceu.

– Logo apareceu e apanhou o malogrado ladrão, às 14.34! Mais uma vez, a precisão jornalística. O tipo não foi preso por volta das 14.30, ou depois das 2 da tarde ou alguns minutos antes das 15 horas. O ladrão foi preso, precisamente, às 14.34!

Quando leio notícias destas no DN, vêm-me lágrimas aos olhos. A publicação de notícias destas demonstra que, apesar de tudo, os administradores do DN ainda sentem alguma ternura por estes pequenos correspondentes de província e continuam a dar-lhes trabalho.

Bem hajam!

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