Mariquices da reentré

O conceito de “reentré política” é algo que me escapa.

Parece que o país pára durante o mês de Agosto, os políticos vão todos para férias, a malta fica a ver os incêndios e, depois, há que marcar o regresso com grandes manifestações.

Eu, quando regresso ao trabalho, depois das férias, só quero é passar despercebido.

Mas os políticos, não!

O PCP é o único que inventou uma coisa para camuflar a reentré, dando-lhe uma aura de seriedade – é a Festa do Avante.

Na Festa (não há outra como esta…), o secretário-geral do Partido tem direito a dois-discursos-dois, com larga publicidade nos órgãos de comunicação social, e tudo é disfarçado por um programa cultural variado, que inclui ópera e operários, rap e vira do minho, jazz, fado, minis e tremoços, churros e charros à discrição.

O PSD inventou duas coisas para a reentré: o Pontal e a Universidade de Verão e qualquer uma delas soa a falso, a patético e a coisa para ser transmitida pela televisão.

A festa do Pontal é uma espécie de Avante sem a ideologia, sem as atracções culturais e sem mais nada, a não ser as minis e as bifanas.

A Universidade do Verão é uma patetice ao nível das reuniões de tupperware, ou de lingerie para donas de casa, ou, neste caso, para laranjinhas-que-querem-um-dia-ser-políticos-profissionais-como-o-santana-lopes.

Quanto ao PS de Sócrates, tem arranjado reentrés com produção tipo hollywood. Este ano, começou por Mangualde e continuou em Matosinhos: em primeiro plano, o líder, o adorado líder, cheio de optimismo e confiança; por trás, um coro de jovens com ar saudável e t-shirts verdes (mau gosto!).

Mais modesto, o CDS-PP vive à custa do Paulinho que, com aquela voz tronitruante tenta esconder o vazio da militância no seu partido: ele é que apresenta propostas, ele é que faz, ele é que acontece, ele é que tem razão, ele nunca fez parte do governo, ele não tem culpa nenhuma desta merda (gritar isto em voz alta e ligeiramente nasalada)!

E acho que ainda há mais reentrés políticas, mas já ninguém dá por elas…

Tudo isto é inventado para os media, como o Valentine’s Day ou o Hallowheen.

E já não há paciência!…

5 thoughts on “Mariquices da reentré

  1. Fico na dúvida, será que o PCP faz a festa do Avante apenas para que o discurso do secretário-geral tenha direito ao “prime time”? É que é capaz de ser o unico durante todo o ano.
    Se essa for a razão, até que não é mau, à conta disso, ouvi (e vi) Chico Buarque, Simone, e tantos outros, que há uns anos atrás não viriam a Portugal doutra maneira.
    Enfim, da festa do Pontal, não posso falar, nunca fui, nunca achei atractiva, e parece-me que o Artur também está a ficionar.

    1. Por alguma razão a Festa acontece no princípio de setembro… e quanto ao facto de, “à conta disso” ter visto o Chico e outros é o esquema da Playboy: gajas nuas a justificar grandes entrevistas. O problema da actual Festa – faça uma pesquisa – é que a malta nova está a ir aproveitando a oportunidade para mais umas mocas. Os casos de psicoses desencadeadas por drogas leves continuam a aumentar e a esquerda tem a fama de apoiar a legalização da erva (por acaso, há muito tempo que o Louçã não fala disto) e muitos jovens vão à Festa só por causa disso. O PC aproveita-se disso, afirmando que cada vez há mais jovens a apoiar o partido. Patético!…

  2. O vocábulo francês é “rentrée” e não “reentré”, e lê-se “rantrê” e não “riantrê” como muito português costuma dizer, mesmo na TV.

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