A Matemática do Crato

Em 2008, o professor de Matemática Nuno Crato publicou um livro com o título “A Matemática das Coisas”.

Nuno Crato livroUma amiga ofereceu-mo, mas confesso que nunca o li. Não que tivesse algum preconceito contra o professor do ISEG, mas apenas porque nunca fui muito amigo da Matemática e ela também nunca gostou muito de mim.

O livro reúne pequenas histórias, mais ou menos relacionadas com a Matemática, que Nuno Crato publicou no Expresso.

No final do prefácio, assinado pelo próprio, diz-se: «as histórias matemáticas são histórias de sucesso».

Um coisa boa já resultou da bagunça que se vive no Ministério de Crato: fui buscar o livro a uma das minhas estantes e aproveitei para limpar-lhe o pó.

Ao livro, claro…

Portanto, estava convencido que Nuno Crato, além de professor de Matemática e de Estatística era, também, de certo modo, escritor.

Confesso, portanto, que fiquei um pouco surpreendido quando o vejo fazer parte do ministério de Passos Coelho, como ministro da Educação.

Não é habitual professores-escritores aceitarem meter-se nessas andanças, embora haja antecedentes.

Recorde-se que o Governo de Sócrates também teve uma ministra da Educação escritora e uma ministra da Cultura pianista.

Mas são as excepções.

Temos, portanto, que Crato é professor, escritor e ministro.

Mas eis que uma fórmula matemática lixa Crato e instala-se o caos na colocação de professores.

Hoje mesmo, no Pública, relata-se o caso de um professor que ficou colocado em 75 escolas, mesmo depois de ter desistido do concurso!

Crato pediu desculpa, já sabemos.

E o Diário de Notícias enche a segunda página da edição de hoje com revelações sobre o que se passa no Ministério.

O subtítulo da notícia é: «Gabinete do ministro é a sala de operações onde juristas e técnicos tentam resolver os problemas dos concursos».

Sala de operações?

Então, Crato, além de professor, escritor e ministro, é também cirurgião?

Só que o título da notícia cita uma frase proferida por Crato: «Temos aqui um fogo e vou ter de ser eu a apagá-lo!»

Ora toma!

Afinal, Nuno Crato é professor, escritor, ministro, cirurgião e bombeiro!

“A Matemática das coisas”?

Não – coisas da Matemática!…

nuno crato erro

O sexto homem e outras cenas

Não se passa nada.

Neste país em que os ministros pedem desculpa e continuam tranquilamente a ocupar os seus lugares, não se passa nada.

No PS, o Seguro deu í  Costa.

Levou uma abada de 70 a 30%, meteu-se no carro com a família e nunca mais apareceu no emprego.

Mas Costa tem as costas largas e já arranjou cargos para alguns dos apoiantes de Seguro.

O PS é uma grande família feliz, só lhe falta o arroz chow chow.

Por outro lado, o Bloco está a desbloquear-se.

Aos poucos vai-se desfazendo em pequenos bloquinhos.

Quanto í quele advogado que é dois, Marinho & Pinto, parece que vai fundar um novo Partido amanhã, para comemorar o 5 de Outubro, enterrando o da Terra.

Eleito para o Parlamento Europeu, quer é as legislativas ou até ser Presidente, Dono Disto Tudo!

Por falar em DDT, o ex-presidente do BES, Salgado, apimentou esta semana com a revelação de cenas que se passaram em reuniões do Grupo Espírito Santo.

Segundo revela o i, a empresa que vendeu os submarinos a Portugal, untou a família Espírito Santo e não só.

Foram 30 milhões ao todo, mas 10 milhões ficaram nas mãos dos advogados.

Dos restantes 20 milhões, 5 milhões ficaram com a família ES (um milhão por cada um dos cinco ramos) e os restantes 15 foram repartidos pelos três administradores alemães e por uma sexta pessoa.

Claro que toda a gente quer saber quem é esta sexta pessoa que não é o Paulo Portas.

Nem pode ser o Portas porque a Comissão de Inquérito do Parlamento já chegou í  conclusão de que não houve nada de ilegal na compra de material de guerra, incluindo os submarinos.

A relatora da Comissão, Mónica Ferro, apresentou-se aos jornalistas com um calhamaço de mais de 400 páginas e garantiu que nenhum membro do governo se abotoou com nenhuma gorjeta nesta história toda.

A Mónica é de Ferro!

Sobre isto, Portas nada diz.

Anda ocupado a pensar como há-de convencer Passos Coelho a descer o IRS, mas Passos tem andado ocupado a procurar os recibos do ordenado que não recebia quando não trabalhava para a Tecnoforma, no tempo em que não estava em exclusividade no Parlamento.

Enfim, em Portugal não se passa mesmo nada!

Universidade Passos Coelho

Está tudo muito incomodado pelo facto de o nosso primeiro-ministro ter recebido uns dinheiros do Centro Português para a Cooperação – uma ONG (Organização Não Golpista) financiada pela Tecnoforma.

Pelos vistos, Passos Coelho era deputado em regime de exclusividade e não podia receber dinheiro por fora ou, afinal, podia receber porque talvez não estivesse em exclusividade, mas não declarou esse dinheiro, o que também não tem grande importância porque o crime, se existiu, já prescreveu.

Confuso, não?

Quando lhe perguntaram directamente se tinha recebido 5 mil euros por mês quando era deputado em exclusividade, Passos Coelho disse que não se lembrava – o que não me espanta porque ainda hoje, só quando cheguei í  minha garagem e deparei com dois Maseratis é que me lembrei que os comprei há uns anos, embora prefira conduzir o Honda…

Além disso, em 1991, ainda não havia euros e Passos Coelho não conseguiu converter os 5 mil euros em escudos assim de repente. Nunca foi muito bom em contas, como temos comprovado nestes últimos três anos…

Depois, Passos Coelho foi para casa, consultou os dossiers onde guarda as recordações, os recortes de jornais em que aparece de barba ao lado de uma das Doce e as fotos com o Relvas, e hoje foi ao Parlamento explicar que nunca recebeu nenhuma remuneração do Centro Português para a Cooperação – mas apenas despesas de representação.

Portanto, eles foram uns almoços, elas foram umas deslocações ao Porto e a Bruxelas e até a Cabo Verde.

Pelo vistos, uma das iniciativas da prestimosa ONG de Coelho, foi a criação de uma Universidade em Cabo Verde.

É por isso que proponho que, como castigo por nos estar a dar cabo da vida há três anos, Passos Coelho seja condenado a frequentar um curso de representação na Universidade que fundou em Cabo Verde.

Um curso de quatro anos.

Seguido de mestrado.

E doutoramento.

Só voltaremos a ouvir falar dele em 2022…

passos coelho nariz

Grupo excursionista Os Antónios

A nossa História recente faz-se com Antónios.

Se, segundo Dicionário de Nomes Próprios, António significa “valioso”, devemos perguntar: quantos Antónios vale o nosso país?

Tudo pode ter começado com António í“scar Carmona e o inefável António de Oliveira Salazar.

Sendo Santo António o padroeiro da nossa capital, outra coisa não se seria de esperar…

E, como diz a canção pimba, se te vires aflito, chama o António.

Assim fizemos, após o 25 de Abril.

Foi o António de Spínola e o António da Costa Gomes.

Foi o Francisco António de Sá Carneiro e o António Ramalho Eanes.

Foi o António Guterres que, dizem, vai voltar a ser e foi o repetente Aníbal António Cavaco Silva.

Sim, até o Aníbal é também António!

E como de Pedros e de Paulos não reza a história, há agora dois Antónios em luta pelo poleiro: o António Costa e o António José Seguro.

Portugal não é um país, mas sim uma espécie de Grupo Excursionista Os Antónios!

Menezes e o homicídio pessoal

Luís Filipe Menezes é médico pediatra.

Penso que não exerce porque, em 1987, dez anos depois de se formar, foi eleito deputado pelo PSD e, entre 1997 e 2013, foi presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia.

Não lhe deve ter sobrado tempo para tratar de criancinhas.

Ainda bem para elas.

Agora que já não é presidente de coisa nenhuma, surgem notícias de que poderá ter enriquecido ilicitamente.

Parece que é qualquer coisa relacionada com lixo, mas isso também não é importante.

O que importa é a reacção de Menezes.

Na sua página no Facebook, Menezes diz que está a ser «sujeito a um ataque de homicídio pessoal e político inacreditável».

Esta frase do autarca pediatra faz supor que existem homicídios impessoais.

No fundo, deve ser uma espécie de homicídio involuntário; isto é, um tipo dá um tiro para o ar e a bala atinge uma senhora que está a sacudir os tapetes í  varanda. Trata-se de um homicídio impessoal.

No caso de Menezes, a coisa é mais direccionada: a ideia é mesmo matar o homem, pelo que é um homicídio pessoal.

Menezes, além de pediatra e autarca, mostra ser, também, um profundo conhecedor da língua portuguesa.

Obrigado, Luís Filipe!

Novo Banco Velho, Velho Banco Novo

Tão novo e já tão envelhecido – o Novo Banco parece sofrer de progéria, aquela doença rara que provoca um envelhecimento precoce.

Ao fim de dois meses, já vai no segundo director, o que cheira a característica de Banco velho.

Depois de Bento ter sido levado por uma rabanada, chegou Eduardo Stock da Cunha.

Os nomes não surgem por acaso.

Se Bento parecia adequado, devido í  necessidade de um milagre, Stock da Cunha cheira a Out Let.

E se Vítor poderia sugerir vitória, Eduardo que – dizem – vai vender o Banco em parcelas, faz lembrar o Mãos-de-Tesoura.

Mas o que mais me preocupa é esta notícia no DN de hoje: «Gestor já assumiu liderança e escolheu ex-presidente do Sporting para chefe de gabinete».

Ex-presidente do Sporting?

Uma equipa de empatas, portanto!…

 

Coisas…

* Armando Vara, depois de saber que tinha sido condenado a 5 anos de prisão:

«Estou em choque… Confesso…»

Ah! Afinal sempre confessas, pá!

* Título do DN:

«PSD quer ouvir Cavaco sobre natalidade»
Deve ser como ouvir Cristiano Ronaldo falar sobre neurocirurgia…

 

* Título do DN:

«Irmã de Portas inscreve-se no PS para apoiar Costa» 


Agora, é a vez da família toda do Passos Coelho se inscrever para apoiar o Tó Zé…

 

* Peço desculpa mas Armando Guebuza e Afonso Dhlakama soa-me a Armando abusa de Afonso na cama…

 

* Título do DN:

«Banco Central Europeu injecta um bilião de euros para salvar a economia»
Já passaram í s injecções.

A seguir, há-de vir o soro…

Por favor, não copiem o meu Coiso…

O nosso adorado governo inventou uma taxa sobre os suportes digitais, cujos proventos irão para os bolsos dos autores.

Se comprares um cartão de memória, uma fotocopiadora, impressora, computador, pen, tablete ou telefone esperto, tens que pagar uma taxa porque se parte do princípio que vais copiar uma música, um vídeo, um texto, qualquer coisa da autoria de um artista qualquer que, assim, está a ser roubado!

Portanto, qualquer um de nós se transforma num pirata digital ao comprar uma daquelas coisas.

Desde a dona de casa entesoada que, assim que compra o seu primeiro telefone esperto, vai logo a correr copiar um vídeo do Tony Carreira, que é aquele tipo que canta nas feiras do Continente, até ao velhote que compra um telemóvel, daqueles que tem uns números enormes, só para ligar para o 112 quando tiver o AVC – todos, mas todos, têm que pagar a taxazinha, em prol dos artistas.

O nosso quase-ministro da Cultura, aquele que mais se parece com um membro da Brigada dos Mártires do Crescente Digital, quer assim proteger os nossos artistas e juro que já vi um sorriso de satisfação na cara de alguns deles.

Mas agora falta taxar as Bimby’s – não se esqueçam que também há cozinha de autor!

Ébola ataca jornalistas

Título e chamada de primeira página do Diário de Notícias de hoje:

“Planta de tabaco usada para fazer soro contra ébola – Médico aceitou submeter-se a tratamento experimental e passou a andar pelo próprio pé. Já morreram 887 pessoas”

Mas afinal, em que ficamos?

O tal soro, feito a partir da planta do tabaco, é bom ou mau (como o Banco)?

É bom porque salvou a vida ao médico ou é mau porque já morreram 887 pessoas?

Quem matou tanta gente: o soro ou o ébola?

E o médico, depois de ter tomado o soro milagroso passou a andar pelo próprio pé porque, antes, andava pelo pé de outra pessoa?

Afinal, o soro da planta do tabaco cura a paralisia?

E ainda falam dos professores que deram erros de sintaxe!…