A crise financeira explicada às crianças

Era uma vez um país muito grande e muito rico, chamado Estados Unidos da América, governado por um senhor chamado Bush, que, em português, quer dizer arbusto, embora também possa designar o conjunto de pêlos que as pessoas mais crescidas têm, à volta da pilinha ou do pipi.

Esse país, porque era muito grande, tinha muito espaço para construir casas, que também eram muito grandes. Então, os americanos (assim se chamavam os habitantes desse país, embora também houvesse alguns chamados John, Michael, Betty, Sarah, Barak, Bill, Monica, etc) desataram a construir casas. Mas, para o poderem fazer, tiveram que pedir dinheiro emprestado aos Bancos.

Eu escrevo Bancos com letra grande, para vocês não confundirem com os bancos onde a gente se senta, claro.

Ora, os banqueiros – que são os donos dos Bancos – emprestam dinheiro a juros. E o que é que isto quer dizer? Quer dizer que tu pedes, por exemplo, 1 euro emprestado a um amigo, para comprares pastilhas elásticas e, depois, tens que lhe pagar 1 euro e meio.

E perguntas tu: mas por que raio é que eu tenho que dar um euro e meio ao gajo, se ele apenas me emprestou um euro?

E eu respondo-te: é o capitalismo, ó ranhoso!

Se não estás bem, muda-te! Quando tiveres direito ao voto, vota no PCP que, lá para 2040 ainda há-de continuar a lutar pelo pleno emprego, pelo aumento salarial das classes trabalhadoras e pela nacionalização dos meios de produção.

Bom, mas voltemos ao tal país muito grande…

Portanto, os banqueiros emprestavam dinheiro com juros ao americanos e estes construiam casas, que depois vendiam a outros americanos que, por sua vez, para as poderem comprar, pediam dinheiro emprestado aos Bancos.

Às tantas, alguns Bancos já não tinham mais dinheiro para emprestar mas, como não queriam perder os clientes, pediram dinheiro emprestado a Bancos mais ricos, – e assim sucessivamente, até ao Infinito.

Estava tudo a correr muito bem: os americanos compravam e vendiam casas uns aos outros, que é uma coisa que os americanos gostam muito de fazer, e os banqueiros estavam cada vez mais ricos, tinham grandes ordenados e passavam férias em sítios formidáveis.

Só que, certo dia, alguns americanos deixaram de pagar o que deviam aos Bancos. E, depois, mais americanos fizeram o mesmo. E mais, e mais. Até que os Bancos mais pequenos começaram a ficar sem dinheiro e deixaram, também eles, de pagar aos Bancos mais ricos – e assim sucessivamente, até ao Infinito.

Moral da história: se quiseres uma pastilha elástica e não tiveres dinheiro para a comprar, não peças dinheiro emprestado – rouba-a!

5 thoughts on “A crise financeira explicada às crianças

  1. Para quem não entendeu ou não sabe bem o que é ou gerou a crise americana, segue breve relato econômico para leigo entender…
    É assim:
    O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça “na caderneta” aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados. Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobre preço que os pinguços pagam pelo crédito).

    O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento, tendo o pindura dos pinguços como garantia.

    Uns seis zécutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

    Esses adicionais instrumentos financeiros, alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).

    Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

    Até que alguém descobre que os bêbados da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifudeu !

    Viu… é muito simples…!!!

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