Reserva Biológica de Monteverde

Chega-se à Reserva Biológica de Monteverde por uma sinuosa estrada de terra batida. São 105 km2 de floresta, a 1500 metros de altitude, temperados por neblinas quase constantes, alimentados pelos ventos húmidos do oceano.

Dizem que existem, aqui, cerca de 150 espécies de répteis e anfíbios, 500 espécies de borboletas, 100 espécies de mamíferos, 400 espécies de pássaros, incluindo 30 de colibris – mas a vida animal é difícil de detectar, devido à densidade da folhagem e ao porte esmagador das árvores.

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Um dos pássaros que aqui vive está em vias de extinção. É o famoso quetzal, que os índios pensavam ser descendente do deus Quetzalcoatl.

O quetzal é, de facto, um pássaro espectacular, com penas de cores iridiscentes, cuja tonalidade varia consoante a incidência da luz solar.

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Os colibris vêem-se melhor, graças a um truque. Colocam-se diversos bebedouros cheios de água com açúcar e é vê-los virem, em hordas, batendo as asas, para chuparem a gulodice.

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A Selvatura, a cerca de 6 km da Reserva, é uma espécie de parque temático sobre a floresta. Ocupando uma extensa área da floresta nebulosa, tem, como atracções, um borboletário, um reptilário, uma exposição de insectos, tirolinas e pontes suspensas.

As oito pontes suspensas, fornecem um passeio de cerca de 2 horas.

As pontes suspensas são uma maneira óptima de ver a floresta porque ficamos ao nível das copas de muitas árvores, embora ainda bem longe de muitas outras.

Algumas das pontes estão a cerca de 60 metros de altura e têm à volta de cem metros de comprimento.

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De Valença ao Gerês

Domingo e segunda foram autênticos dias de verão, com direito a manga curta.

Hoje, choveu todo o dia, por vezes com muita intensidade, o que não deixou de ser uma vantagem para cenários tão românticos como os que percorremos hoje.

A primeira paragem foi em Arcos de Valdevez. Foi uma paragem rápida, que a chuva era muita, mas deu para ver alguns edifício feiosos, mas uma imagem bonita para compensar: a ribeira de Vez, passando sob a ponte do século XIX, árvores seculares em ambas as margens e, reflectida nas águas, a torre da igreja de S. Paio.

Tranquilamente, as águas da ribeira vão deslizando, com alguns desníveis que formam minúsculas cascatas. As grossas gotas da chuva quase não conseguem trespassar a folhagem densa das grandes árvores e o conjunto é, ao mesmo tempo, melancólico e tranquilizador.

Logo ali ao lado, fica Ponte da Barca, à beira do Lima. Esta localidade já existiria na Idade Média e o seu nome provém da barca que ligava as duas margens do rio. A ponte foi construída no século XV.

Na vila, destacam-se o Pelourinho e um Mercado, uma construção considerada monumento nacional. Ali perto, o designado Jardim dos Poetas, com árvores enormes e casas solarengas.

A chuva persistia, mas a humidade apenas tornava tudo mais verde e o cenário mais bucólico.

Apesar da chuva, ainda nos aventurámos até Lindoso, para ver o castelo.

Lindoso já fica no Parque Nacional da Peneda e o castelo está em recuperação. Uma enorme grua desfigura a cena toda.

Apesar disso, vale a pena o esticão de cerca de 30 quilómetros.

Perto do castelo, diversos espigueiros que, segundo julgo, formam o conjunto mais numeroso do país.

O almoço foi em Vila Verde. Pescada grelhada.

Debaixo de chuva, prosseguimos, em direcção à Caniçada.

Parámos, ainda, em Caldelas, para ver as termas e em Terras do Bouro.

A Pousada de S. Bento, na Caniçada, pode abordar-se vindo de baixo, do vale do Cávado, e são 5 km de curvas e contra-curvas.

Depois de 188 km à chuva, foi um alívio para o meu pescoço e ombros chegar a este antigo refúgio de caçadores, que já sofreu diversas adaptações e renovações, a última das quais muito recente.

O panorama da Pousada é soberbo, com as curvas do Cávado lá em baixo e as montanhas verdes, mas agrestes, do Gerês, de um lado e do outro.

Como é habitual nestes grandes cenários naturais, as cores e as formas parecem mudar, consoante estamos num dia de chuva, como de hoje, ou ao nascer de um dia de sol, ou ainda, com o sol poente.

De Valença a Viana do Castelo

Percorrer a linha da fronteira e parar, primeiro, em Vila Nova da Cerveira. Mais uma agradável surpresa.

À boleia da bienal de artes, um curioso parque mostra-nos diversas variações de cervos, conforme a inspiração de cada artista plástico. Lá no cimo, do alto de um monte, um enorme cervo domina a vila – será que eles ainda andam por ali? Duvido…

Antes de o Minho chegar à Foz, Vila Nova da Cerveira oferece a Pousada de D. Diniz, construída dentro de um castelo do século XIV. Curiosidade: os quartos ficam em edificações isoladas, que comunicam entre si pelas ruas empedradas do castelo. Pode percorrer-se o recinto em volta do castelo e estamos ao nível dos telhados das casinhas circundantes. Ao fundo, o rio Minho e, do outro lado, Espanha.

Continuando, pela costa, paragem em Caminha, onde desaguam o Minho e o Coura. No centro da cidade, uma bonita praça circular, com uma fonte do século XVI ao centro. Em volta, a Torre do Relógio, os Paços do Concelho e restos da muralha do século XIV, bem como a igreja da Misericórdia. Gaivotas afoitas andavam por ali, tomando o lugar dos pombos, até porque, numa das pontas da praça, uma mulher vendia peixe.

Seguindo pela Rua Direita, chegamos à igreja Matriz e, do terreiro em frente, avistamos o estuário do Minho e o Atlântico, lá ao fundo.

Mas a foz do rio vê-se melhor, já depois de sairmos de Caminha. Encontramos uma mata densa e, logo a seguir, uma praia. No horizonte, numa ilhota, o forte da Ínsua.

Poucos quilómetros à frente, fica Vila Praia de Âncora.

Aí, sim, as gaivotas dominam a paisagem, espalhadas pelo chão, pelo telhado da lota e nos muros do forte da Lagarteira, situado junto a uma enseada, onde descansam os coloridos barcos de pesca.

Depois, a praia de areia branca, com o Atlântico em rebuliço.

Depois, Viana do Castelo, junto à foz do rio Lima, com o Atlântico mesmo à beira.

Começar pelo Monte de Santa Luzia, utilizando o modernizado ascensor.

Lá em cima, a vista é aérea e ainda mais aérea se torna quando subimos ao zimbório, coisa que se faz com alguma dificuldade, por uma escada de caracol claustrofóbica, mas com apenas duas dúzias de degraus. Para quem já subiu à abóbada da catedral de Florença, numa época em que ainda fumava 15 cigarros por dia, seria uma vergonha não subir ao modesto zimbório da Basílica de Santa Luzia.

A Basílica foi construída entre 1903 e 1943 e salta logo à vista que foi inspirada no Sacré-Coeur de Paris.

Viana do Castelo tem muito para ver e demos apenas um pequeno passeio pela Praça da República, deixando o resto para uma próxima oportunidade.

A última paragem do dia foi em Ponte de Lima, que se auto-intitula a “vila mais antiga de Portugal”.

Mais um exemplo de uma cidadezinha muito simpática, com o seu património bem preservado, apesar de um gigantesco parque de estacionamento, num terreiro, junto ao Lima, destoe o bocado a paisagem.

A ponte medieval sobre o rio Lima é o ex-libris de Ponte de Lima, mas a localidade tem mais uma série de motivos de interesse: a Praça de Camões, onde a ponte desemboca e uma dúzia de casas de estilo manuelino, para além da igreja matriz, do século XV.