Mais um emigrante que regressa

A política governamental de apoio ao regresso dos portugueses que foram obrigados a emigrar durante a intervenção da troika em Portugal, continua a dar os seus frutos.

Para além dos milhares de portugueses que regressaram, beneficiando, assim, de um desconto simpático no IRS, coube agora a vez ao urso pardo, que emigrara há mais de 170 anos.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas confirmou a presença de um urso pardo, instalado no Parque Natural de Montesinho, mas adiantou que o animal poderá regressar a Espanha em breve.

Esperemos que Mário Centeno, deixe de ser urso, e isente o bicho do pagamento total do IRS.

Pode ser que, assim, o urso fique por cá…

Em nome de deus

O duplo atentado ocorrido ontem, em Oslo, surpreendeu-me tanto como a destruição das Twin Towers, em Nova Iorque.

Estive na Noruega no mês passado e encontrei um país belo e tranquilo.

Oslo é uma pequena cidade, com pouco mais de meio milhão de habitantes, à beira de um fiorde.

Estive lá num domingo e num dia feriado. Vi famílias inteiras a apanhar sol nos jardins públicos e a molhar os pés nas fontes. Vi muitos emigrantes, nomeadamente muçulmanos, passeando nas ruas, aparentemente bem integrados.

Elevado nível de vida, Estado social bem organizado, tranquilidade – um bom país para se viver.

Disseram-me que a Noruega abre as suas portas a emigrantes que peçam asilo político e que os subsidia, até que se integrem e arranjem emprego.

A extrema-direita não gostará desta política, certamente. E parece que foi um tipo pertencente a um grupo de fundamentalistas cristãos que matou mais de 80 jovens, numa ilha perto de Oslo.

A palavra ateu é muitas vezes usada como insulto.

Talvez seja preciso rever o significado da palavra “cristão”…

Sarkozy Lelo

Ai Sarkozy Lelo, havias de vir aqui ao bairro e trazer a tua Carla! Então é quias ver o qué bom! Havíamos de despir a Carlita, toda nuasita e ósdepois a gente vestíamos a gaja com a roupa qua gente vende na venda, tudo de marca, techêrt armani, calçonitos calvinqueleine, sandalitas daquele lelo espanhol cagora namalembro do nome e um relógio guchi, com brilhantes e tudo!

E a ti, meu Sarkozy do carago, era logo um fato do hugo boce, com um gravata de seda e uma camisa triple marfel, que nos sobrou das vendas do século passado.

Depois deste servicinho, de certeza que não ias expulsar a gente, ca gente não é como os romenos, já vivemos case todos em bairros sociais, todos arrecebemos rendimento mínimo, vamos à escola, menos cando a nossa dótora de família nos passa um atestado, que é cando temos o nosso filho com um óbcesso ou cando a nossa filha tá cum atraso na menstrulação. A gente, ó depois leva o atestado à nossa assistente e não podemos ir à escola durante um mês, mas isso é muito diferente do que viver debaixo das pontes ou nos terrenos baldios, como fazem os ciganos romenos, e não andemos a pedir nas escadas no metro, com um muleta a fazer de conta que semos coxos.

Por isso, Sarkozy, tamos contigo! Expulsa os romenos e deixa esse gajo do Barroso ladrar! E ço gajo continuar a mandar vir, diz pró gajo vir aqui à Cova da Piedade, passar um fim-de-semana com os romenos aqui da Etar, a ver o qué bom!

O ciclo das hóstias

Portanto, é assim:

Os emigrantes comem, fazem a digestão e evacuam. Os dejectos vão para a natureza e, de um modo ou de outro, acabam por adubar a terra, fertilizando-a e ajudando o trigo a nascer e crescer.

Depois, o trigo é colhido, metido em sacos e transportado pelos emigrantes para Fátima.

Lá, nesse lugar mágico, os eclesiásticos transformam o trigo em hóstias.

Mais tarde, nas peregrinações periódicas, os mesmos eclesiásticos enfiam as hóstias nas bocas dos emigrantes.

E o ciclo recomeça.

Aluga-se T1 em Cacilhas

Família romena aluga T1 em zona central de Cacilhas. A 5 minutos dos barcos para Lisboa, mesmo junto a uma estação do Metro Sul do Tejo, em zona com muito comércio. A área é pequena, mas arejada e tem uma linda vista para o parque de estacionamento da Avenida 25 de Abril. Boa oportunidade. Cede-se pela melhor oferta.

“Crossing Over”,de Wayne Kramer

Gostei bastante deste “pequeno” filme, com ar de ter um “low budget” e que, sem grande alarde, aborda um tema interessante: os imigrantes  que procuram, nos EUA, a terra prometida.

O protagonista da história é Harrison Ford, no papel de um polícia de fronteira, solitário, mas não empedernido. Ele interessa-se pelas histórias de via, quase sempre difíceis, dos imigrantes dos vários continentes que procuram, na Califórnia, um lugar para começar uma vida nova.

E acompanhamos o caso da jovem australiana que não hesita em ir para a cama com um funcionário do SEF lá do sítio (Ray Liotta), em troco da autorização de residência. E a história da adolescente muçulmana que, por escrever uma redacção em que tenta perceber a atitude dos “terroristas”, acaba por ser expulsa do país, juntamente com a mãe. E a história do outro australiano que se faz passar por judeu para conseguir trabalho numa escola judia e a consequente autorização de residência. E a história dos jovens coreanos que, uma vez instalados na sociedade americana, não hesitam em assaltar as lojas dos seus próprios conterrâneos. E as histórias dos mexicanos, que atravessam a fronteira uma, duas, três vezes, de um modo quase obsessivo.

Embora o filme não tenha nada de especial, conta-nos histórias verosímeis, sem tomar uma posição, deixando ao espectador a liberdade para formar a sua opinião.