Dias Loureiro – um herói do nosso tempo

Finalmente, a justiça foi feita!

Dias Loureiro, esse grande símbolo da transparência nos negócios, nomeadamente no que respeita ao BPN, foi reabilitado perante a opinião pública, pela voz do nosso formidável primeiro-ministro.

Quando visitava Aguiar da Beira, terra natal do Sr. Dias, Coelho disse:

“(Dias Loureiro) conheceu mundo, é um empresário bem-sucedido, viu muitas coisas por este mundo fora e sabe, como algumas pessoas em Portugal sabem também, que se nós queremos vencer na vida, se queremos ter uma economia desenvolvida, pujante, temos de ser exigentes, metódicos”

dias loureiroPortanto, se queremos vencer na vida, o que temos que fazer é, em primeiro lugar, estar no Partido certo, depois, conseguir ser ministro, cultivar as amizades certas e, depois de sair do Governo, continuar a ser tratado por “monsieur, le ministre”, nomeadamente em Marrocos, onde conseguiremos, desse modo, um grande negócio de fornecimento de água, graças ao qual poderemos ganhar o nosso primeiro milhão.

Depois, é só comprar acções de um banco, tipo BPN, a um preço muito em conta, e, quando rebenta a bernarda, não ter mais do que 5 mil euros na nossa conta.

Temos que ser metódicos, como diz o Coelho.

E por isso, os imóveis e outros bens estarão, sempre, em nome de familiares – mas isso é crime?

Não, é exigência.

Dias Loureiro, segundo Passos Coelho, viu mundo.

Nós, quando muito, vemos Braga por um canudo.

Santinhos!…

Reparem bem neste grupo de católicos fervorosos…

Da esquerda para a direita: o Sr. Lopes, primeiro-ministro de Portugal durante o período áureo em que não havia crise e podíamos gastar dinheiro à fartazana, Mota Amaral, talvez o menos pecador deles todos, Dias Loureiro, que nada teve a ver com o BPN, o Miguel Ervas, o doutor da mula russa, e outro doutor, o Arnaut, nóvel administrador da REN, depois de muitos fretes feitos ao Poder.

Reparem bem no ar contrito, de profundo catolicismo, do Sr. Lopes, do Sr. Amaral e até do Sr. Arnaut e o ar blazé do Sr. Loureiro – todos contrastando com o ar sacaninha do Dr. Ervas.

A foto é de 2004 e saiu hoje no Público, mas podia ter sido tirada ontem…

Ditosa religião que tão elevados filhos tem!…

Injustiça!

Fiquei chocado quando soube que o Dias Loureiro recebe, de subvenção vitalícia, apenas 1700 euros!

É um escândalo!

Enquanto tipos como o Duarte Lima, que se limitou a ser líder parlamentar do PSD, recebem mais de 2 mil euros por mês, Dias Loureiro, que foi ministro, fundador do BPN e membro do conselho de Estado, designado pelo Presidente Cavaco, fica-se pelos 1700!

E há mais injustiças, nesta lista de políticos que recebem pensões suportadas pelos contribuintes.

Por exemplo, como é que Bagão Félix consegue aguentar-se com 1000 euros por mês? Mal dá para pagar o lugar cativo na Luz!…

E Zita Seabra? Não será uma injustiça pagar a uma mulher que conseguiu passar do PCP para o PSD, a miséria de 3 mil euros por mês?

E agora, o governo vai acabar com estas subvenções.

Acho mal… Esta malta vai começar a viver mal!

E seguindo esta onda de cortes, eis que a pressão da comunicação social faz com que alguns membros do governo abdiquem do subsídio de deslocação!

É o caso de Miguel Macedo, que recebia a miséria de 1400 euros por mês por viver a mais de 100 km de Lisboa.

O que é que o homem vai fazer agora?

Estamos a transformar os nossos políticos em sem-abrigo…

Que lindo ar, ar-lindo!

Mais um ex-colaborador de Cavaco constituído arguido.

Já só faltam poucos.

Depois de Oliveira e Costa, que foi secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, e de Dias Loureiro, que foi ministro da Administração Interna, chegou a vez de Arlindo de Carvalho, que foi ministro da Saúde.

Todos eles fizeram parte de governos chefiados por Cavaco Silva.

Coincidência, claro…

Como ministro da Saúde, Arlindo esteve ligado a…, quer dizer, foi o responsável por…, isto é, foi o grande impulsionador de…

Enfim, ninguém se lembra do que Arlindo fez como ministro da Saúde – aliás, ninguém se lembra que ele foi, sequer, ministro.

Mas foi.

E de um governo chefiado por Cavaco Silva.

Com aquele olhar de goraz, Arlindo de Carvalho disse estar tranquilo «na medida em que não cometi nenhum ilícito declarado».

E não declarado?

Enfim: mais uma razão para não votar na Manuela Ferreira Leite.

Outra razão para impedirmos a Manuela de ser primeira-ministra

Há muitas razões para não deixarmos a Manuela Ferreira Leite ser primeira-ministra, mas hoje vamo-nos ficar por esta:

A Dona Manuela está com perturbações da memória.

Ela esqueceu-se do que Santana Lopes fez como presidente da Câmara de Lisboa, ela esqueceu-se que esteve contra Durão Barroso quando este cedeu o seu lugar so Sr. Lopes, ela não se lembra das coisas que ele disse dela, quando ela concorreu contra ele, nas últimas eleições no PSD.

Agora, a Dona Manuela apoia devotadamente o Sr. Lopes – o homem dos túneis.

A Dona Manuela é capaz até de rezar pelo Sr. Lopes – ele, que pediu a ajuda de Deus para ganhar as eleições autárquicas, como se Deus não tivesse já tanto que fazer com as vítimas da gripe, das manifes no Irão e das quedas do airbuses.

Se a MFL ganhar as eleições em Setembro (livra!) é muito capaz de se esquecer que Dias Loureiro (outra grande vítima do Alzheimer) é arguido no caso BCP e convidá-lo para ministro da Administração Interna, cargo que ele ocupava no governo de Cavaco Silva, quando aconteceu o bloqueio da ponte 25 de Abril (será que alguém se lembra disto?)

Dias Alzheimer Loureiro

A assinatura de Dias Loureiro aparece em diversos documentos da Sociedade Lusa de Negócios, apesar do ex-ministro de Cavaco e actual conselheiro de Estado ter dito que não tinha nada a ver com aquilo.

Confrontado, Dias Alzheimer Loureiro diz que “passaram 8 anos sobre os factos relatados, o que o pode levar a ter lapsos de memória”.

Compreendi-te…

E tenho pena.

Se quiseres, dou-te o nome de uns comprimidos que são bons para isso, embora a coisa seja irreversível, pá…

Tens dias, Loureiro…

Por que não ficaste em Aguiar da Beira?

Ficavas a dois passos de Contenças, a terra do teu amigo e sócio, Jorge Coelho. Podias ir à Serra da Estrela, ver a neve. Em pouco mais de uma hora, estavas em Espanha, para comprar caramelos…

Podias ter ficado com o negócio do teu pai, que era latoeiro, em vez de te meteres nesta coisa do Valor Alternativo que, além de cheirar a alterne, tem algo a ver com ferro-velho.

Podias continuar a conviver com a Dona Natividade dos Santos, senhora com a provecta idade de 82 anos e que disse, ao Correio da Manhã, que tu foste para o seminário por influência do teu tio e padre José Fonseca.

A velhota – que te adora – disse ainda que foste “sempre uma flor de menino” e que, sempre que a vês lhe dás dois beijos.

Por que raio te foste meter nestas coisas da política, Manuel?

Não era melhor teres ficado sossegado, mais o teu bigode farfalhudo, em Aguiar da Beira, onde poderias ter tido um grande futuro como latoeiro?

Vieste para Lisboa, meteste-te na política, e acabaste como ministro da Administração Interna do Cavaco. Foste tu o responsavel pela carga policial sobre a malta que estava a bloquear a ponte 25 de Abril.

E sabes quem te sucedeu no cargo, depois do PSD perder as eleições (por causa da ponte e do feriado do Carnaval)? Pois foi o Jorge Coelho – que coincidência!

Ou então, não é coincidência – é a chamada solidariedade beirã…

Mas vê onde chegaste! Conselheiro de Estado, hã?!

E rico, muito rico – não graças aos ordenados de ministro e de deputado, diz o Pacheco Pereira – e digo eu, que sei como são os ordenados dos quadros da Função Pública.

Portanto, ficaste rico graças ao BPN e a negócios como aqueles de Porto Rico?

Ou ganhaste o Totoloto várias vezes?

De qualquer modo, fiquei com pena de ti, quando te vi ontem, na SIC, a seres entrevistado por aquele jornalista de economia, com ar sério. Que carinha tão inocente fizeste, durante toda a entrevista. Fizeste-me lembrar aqueles putos que acabam de fanar os chocolates todos da dispensa e dizem, com carinhas de anjinhos: «não fui eu, mãezinha…»

Mas podes estar tranquilo.

Nada te vai acontecer. A coisa vai engonhar nos tribunais, engonhar, engonhar, até seres bisavô.

Entretanto, já estarás novamente em Aguiar da Beira, a pôr flores na campa da Dona Natividade Santos.