O Carlitos no 25 de Novembro

– Carlitos! – gritou a mãe – São horas do lanche! Vem comer o teu pão com manteiga, açúcar e canela!

– Não me apetece lanchar!

– Já disse, Carlitos! Vem lanchar! Tens de comer, senão não cresces e ficas pequenino! Além disso, hoje é o dia em que as forças da esquerda foram derrotadas e podemos dizer que a nossa nova democracia está consolidada e que nunca mais cairemos numa sociedade de tipo cubana!

Ouvindo isto, Carlitos Moedas parou de brincar e entrou em casa, pronto para comer o seu pão com manteiga, açúcar e canela e beber o seu leitinho morno com Toddy.

– Mamã, isso que disseste da nossa democracia é verdade? – perguntou o Carlitos.

– Claro que é! Os comunistas foram derrotados em toda a linha!

– Que bom, mamã. Os comunistas são feios, não são? Quando eu for grande, não quero ser comunista!

E foi devido a este singular episódio que Carlos Moedas, hoje Presidente da Câmara de Lisboa, se lembrou de anunciar que o 25 de Novembro será comemorado em 2024!

  • Carlos Moedas nasceu em 1970

Um altar pobrezinho

Que altar mais pindérico está projectado para receber o Papa na Jornada Mundial da Juventude!

O presidente da Câmara, Carlos Moedas, revelou que consultou sete empresas e que os orçamentos começavam nos 8 milhões.

E foi escolher aquela coisa reles, que só vai custar uns míseros 4,2 milhões de euros!

Como disse o Grande Líder Nuno Melo, quase que se confunde com a indemnização da Senhora Dona Alexandra Reis.

Dizem os organizadores, que Lisboa poderá receber cerca de um milhão de visitantes para participar na JMJ. Ora, o tal palco só consegue albergar duas mil pessoas. Onde vão enfiar as restantes? Não seria melhor construir meia-dúzia de palcos semelhantes, colocados em círculo, com uma rampa a uni-los, de modo a que o Papa se pudesse movimentar ente eles, usando uma cadeira de rodas eléctrica?

O bispo auxiliar de Lisboa disse que ficou magoado com o custo do altar-palco. Magoa-se com pouco, o bispo. Se calhar, é por isso que é auxiliar…

Quanto ao nosso Presidente, parece que já sabia do preço do altar-palco, mas fez de conta que não sabia. Ouvi-o dizer que aquilo era muito bonito. É próprio de uma pessoa que viaja pouco. Está sempre metido no Palácio de Belém e conhece pouco mundo, caso contrário perceberia que o altar-palco é um verdadeiro mamarracho, mas parecido com um daqueles parques para praticar skate.

Quando soube do preço, Marcelo terá dito para reverem o projecto.

Estou de acordo!

Façam uma coisa como deve ser, uma coisa que torne Moedas imortal. Ele já disse que dava o corpo às balas!

Toca a disparar!

Feliz Moedas Oliveira Leite

Rui Rio não teve qualquer dificuldade em escolher os candidatos do PSD às principais Câmaras do país.

Escolheu pelos nomes.

A Câmara do Porto foi a mais difícil. Não podendo apoiar a recandidatura do seu homónimo, por razões relacionadas com ódios figadais, viu-se um bocado aflito para encontrar um candidato cujo perfil encaixasse nas suas premissas, e que eram, já que não posso ganhar, ao menos que seja feliz.

E foi quando se lembrou do Vladimiro que, apesar do primeiro nome com ressonâncias soviéticas, tem um apelido feliz- exactamente, Feliz.

Portanto, para o Porto, Vladimiro Feliz.

Quanto a Gaia, que tal aquele coleccionador de arte contemporânea que nada tem a ver com futebol, de apelido Oliveira?

Pois não é a oliveira um dos símbolos da paz, quando um dos seus ramos é transportado pelo bico de uma pomba?

Fica então o António Oliveira para a Gaia.

Sintra era outro problema bicudo, já que, pela frente, vai haver um Horta.

Neste caso, foi o rapazinho do CDS que lhe deu a ideia, ao recordá-lo desse grande democrata que dava pelo nome de Jacinto Leite Capelo Rego.

Também tenho um Leite! – exclamou Rio.

E Batista Leite ficou por Sintra.

Quanto a Santana Lopes, Rio ainda tentou Torres Vedras, mas Lopes é um apelido fraco e o Sr. Lopes ficou sem Câmara.

Finalmente, para Lisboa, que tal um Moedas, para atirar à cara do Medina?

Esse tipo que só tem testa está farto de gastar dinheiro só para ser reeleito – agora até se lembrou de ir testar os lisboetas à covid, só para garantir votos.

Mas o Moedas vai fazer-lhe frente!

Como se viu na conferência de imprensa de apresentação do candidato, o Moedas estava cheio de pica para avançar.

Não admira, ele é Carlos – vale por dois!…

O nosso homem em Bruxelas

Chama-se Moedas, Carlos Moedas.

É o nosso novo comissário na União Europeia. Ainda não se sabe o que vai comissariar, mas parece não ser grande coisa.

Trocos, portanto.

O Diário de Notícias, ontem, prestou um serviço público, divulgando um currículo resumido de Moedas.

Logo no início diz-se que foi “um dos melhores alunos do 9º ano do Liceu de Beja”. Quantos seriam?

Resta saber que tipo de aluno foi Moedas no 10º, 11º, 12º ano…

Acrescenta-se que é “filho do Zé Moedas, um histórico comunista de Beja, cofundador do Diário do Alentejo”.

Se Moedas filho tivesse seguido as pisadas do Moedas pai, talvez fosse agora chefe de redacção do Avante!

O currículo continua com a carreira universitária: Carlos Moedas fez o curso de Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico, terminando em 1993 e “fez o último ano do curso na École National des Ponts e Chaussées de Paris e trabalhou até 1998 na área de engenharia para o grupo Suez Lyonnaise des Eaux, em França”.

Quem diria que um tipo que estuda numa escola de pontes e passeios e trabalha, depois, em água, vem a ser um dos principais negociadores do governo com a troika?

Mais tarde, Moedas integrou a equipa do banco de investimento Goldman Sachs (O Saque do Homem de Ouro, em tradução livre), na área de aquisições e fusões – o que explica como ficámos fundidos…

Aderiu ao PSD em 2009, foi eleito por Beja e nomeado secretário de Estado adjunto de Passos Coelho – uma ascensão meteórica, apenas explicável pelo facto de ser um engenheiro civil e, como Passos é advogado, precisava de alguém que percebesse de contas.

E com um apelido como este, quem melhor que Moedas?

Como diria Eça: uma choldra, menino!

Discussão aberta à porta fechada

Passos & Moedas decidiram organizar uma conferência aberta à sociedade civil, destinada a discutir a reforma do Estado.

A senhora que organizou a conferência, a mando de Passos & Moedas, disse, na sessão de abertura (a única que podia ser filmada/gravada), que é preciso “criar condições para um debate aberto, livre, profundo, participado e construtivo”.

Por isso mesmo, a organização impôs, como regra, que os jornalistas, embora possam assistir às sessões da conferência, não podem gravar sons nem imagens, nem usar citações sem autorização dos oradores.

A maioria dos jornalistas presentes, abandonou a sala.

Não percebo porquê.

Haverá lá debate mais aberto, livre, profundo, participado e construtivo do que ficarmos a falar sozinhos?

Não é verdade que, quanto mais aberto se é, mais fechado se fica?

E quanto mais livre nos julgamos, mais presos estamos?

E quanto mais profundo se afirma, mais superficial se parece?

E quanto mais participado se pretende, mais isolado se acaba?

E quanto mais construtivo se quer, mais destrutivo se é?

Passos aprendeu isso na Interforma.

Moedas descobriu isso ao ler o relatório do FMI, o tal que ele acha “muito bem feito”.

E quanto a nós, que elegemos estas criaturas, queixamo-nos de quê?

 

Temos que desvalorizar o Moedas!

O FMI encomendou um relatório a Carlos Moedas, adjunto de Passos Coelho.

moedasO objectivo era arranjar maneira de cortar 4 mil milhões de euros na Saúde, na Educação e na Segurança Social.

Moedas fez um trabalho perfeito.

Claro que se enganou aqui e ali, mas tudo coisas sem importância.

Por exemplo: o relatório diz que os gastos do Serviço Nacional de Saúde são 7% do PIB – o que, embora seja abaixo da média dos países desenvolvidos, é excessivo e insustentável, propondo que desça para 5%. Acontece que a despesa do SNS está nos 5,2% do PIB.

O relatório Moedas também diz que é preciso cortar nas reformas para estimular o envelhecimento activo. No entanto, um relatório da UE de 2012 diz que os portugueses são dos que mais continuam a trabalhar depois da reforma (21,9% dos idosos entre os 65 e os 69 anos ainda trabalhavam).

Finalmente, o relatório diz que os médicos portugueses ganham mais que, por exemplo, os alemães. Ora, um médico português, em princípio de carreira, recebe 1390 euros, podendo atingir, no topo da carreira, os 5063; os alemães ganham entre 3700 e 7000 euros.

Ninharias.

Moedas disse que este era um relatório muito bem feito. Passos Coelho corroborou.

Podem limpar o rabo com ele.