O chefe do PSD, Rui Rio, a percutir um bombo, perante o sorriso alarve de um apaniguado, que grita PSD! PSD!, conseguindo abafar o ruído do bombo.
A líder do PAN a visitar um canil e a ser lambida por cãezinhos.
O brilhantinas da IL, com uma barriguinha liberal, a jogar futebol de praia.
O futuro ex-primeiro-ministro Costa, a dançar o vira, em Viana do Castelo.
O candidato facho vestido de camuflado a prometer pensões aos ex-combatentes e que vai acabar com todas as portagens.
O rapazito do CDS a beber vinho por uma malga em Ponte de Lima.
O substituto da CDU, qual matraca, a fazer lembrar o Cunhal.
A Caratina, a convidar o Costa para uma reunião, no dia após o Bloco ganhar as eleições.
O esforçado líder do Livre, a caminhar na serra de Carnaxide, com três militantes em fila indiana.
Arruadas, visitas a feiras e mercados, comícios, entrega de panfletos, oferta de canetas.
A campanha eleitoral continua igual, quase 50 anos depois do 25 de abril.
Ninguém faz diferente.
Alguém muda de opinião quando vê passar a caravana deste ou daquele partido, alguém deixa de estar indeciso porque lhe oferecem uma caneta na Feira lá da vila, alguém muda o seu sentido de voto depois de ler o panfleto, alguém vê o tempo de antena na televisão?
Que o PS, o PSD, a CDU, o CDS e até o Bloco mantivessem o figurino das campanhas, ainda se percebia ““ é difícil mudar. Mas os partidos mais recentes continuam a fazer tudo da mesma maneira.
O meu voto está decidido há muito e não é a campanha que o vai mudar, mas gostaria de assistir a algo de diferente.
Talvez a próxima campanha seja mais inovadora… daqui a dois anos, não?…