Tenham medo, tenham muito medo!

O general Loureiro dos Santos disse que os militares estão descontentes com a política do Governo em relação às Forças Armadas e que esse descontentamento poderia “conduzir a actos de desespero”, atitudes “irreflectidas”, por parte de “militares mais jovens”.

Ontem, dezenas de oficiais juntaram-se para um jantar em que se debateu, à porta fechada, “o mal-estar” que se vive nas Forças Armadas.

O general Silvestre dos Santos disse que estes problemas “existem há muito tempo, mas que se agravaram em 2005, quando foram tomadas medidas à revelia dos militares”, sobretudo no que diz respeito à assistência na doença. Acrescentou que é urgente “os órgãos de soberania tomarem decisões antes que a situação se agrave”. Disse mais: a situação “poderá não chegar às consequências do 25 de Abril, mas poderá agudizar-se”.

E os militares farão o quê?!

Dão um tiro no Sócrates? Invadem a Assembleia da República? Fecham os quartéis e vão para casa? Declaram guerra à Mauritânia? Pintam a cara de preto? Rasgam os uniformes? Fazem uma manifestação todos nus?

Tudo isto seriam atitudes irreflectidas, como disse Loureiro dos Santos.

Estamos, portanto, no campo das ameaças.

É uma boa maneira de tratar dos problemas.

Os médicos, para obterem melhores salários, poderão ameaçar receitar os antibióticos errados.

Os professores, em vez de andarem aos gritos na Avenida da Liberdade, podem combinar não dar mais que 8 valores a todos os alunos, em todas as disciplinas.

Os trabalhadores que recolhem o lixo, podem passar a espalhá-lo pelas ruas.

Os motoristas dos transportes públicos podem começar a andar sempre em marcha atrás…

Independentemente de terem, ou não, razão nas suas reivindicações (a história da assistência na doença também daria pano para mangas, nomeadamente, a utilização dos cartões da ADME, ADMA, etc por toda a família, vizinhos e amigos…) – penso que os militares não têm o direito de fazerem ameaças deste género para tentarem vergar o poder político.

Ou então, eu estou enganado e vamos mas é fazer mais um golpe de Estado.

Estou disponível até à próxima quarta-feira.

Depois, acabam-se as férias e teremos que combinar outra altura…

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