“Divórcio”, de Susan Taubes (1969)

Livro inovador, este.

Susan Traubes (1928-1969), nasceu em Budapeste, na Hungria, no seio de uma família judaica, filha de um psicanalista e neta de um rabino. Emigrou para os Estados Unidos, furtando-se à perseguição nazi; estudou Religião e Filosofia, foi professora, casou-se com o filósofo e académico Jacob Taubes. Mulher cosmopolita, foi amiga íntima de Susan Sontag. Publicou o seu único romance, Divórcio, em 1969 e pouco depois suicidou-se por afogamento, com 41 anos.

Este romance – que não é bem um romance, misturando biografia, sonhos, memórias – é, de facto, inovador, considerando que foi publicado no final dos anos 60 – inovador não só ao nível da estrutura, mas também na linguagem, considerando que foi escrito por uma mulher.

A protagonista do livro, Sophie, será um alter ego da autora e toda a sua história de vida está relacionada com o judaísmo e com a psicanálise.

“Na escola de medicina onde ele estudava histologia cerebral, a teoria de Freud era comentada jocosamente como sendo a «técnica que os homens adultos usam para falar com jovens raparigas acerca de coisas obscenas»”.

A linguagem. Também a linguagem deste livro é diferente…

“Uma noite, quando ela estava a realizar o ofício sgarado da felação, ordenei-lhe que dissesse o Pai Nosso ao meu olho do cu. Ou uma Ave Maria, ao menos. Em vez disso, ela começou a berrar o Shemá Israel pelas minhas tripas acima. Não a deixei continuar. «Devias ter vergonha», disse ela, «a praticar sacrilégio com a religião das outras pessoas. A tua não é suficientemente sagrada?» ela era uma grande mulher. Sophie Blind continua a ser minha mulher até à vinda do Messias.”