Razões atendíveis

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O PSD quer substituir, na Constituição, o despedimento por justa causa pelo despedimento por “razões atendíveis”.

Lista de razões atendíveis para despedir um gajo: cheirar mal dos pés, ser gordo, ser mariconço, ser do FCP, ter tiques, suar muito, ter mau hálito, ter voz aflautada, dar traques, não gostar de anedotas, ter a mania que é esperto, ter herpes labial, ter caspa, ter muito sucesso com as gajas, ser marreco, ser zarolho, ser gago, ter eczema, usar óculos, ser coxo, ser muito alto, ser muito baixo, ser muito magro, fazer más digestões, ter mau gosto no vestir, dizer que sim a tudo, não tomar banho, tomar demasiados banhos, usar um perfume horrível, ter barbicha, ter patilhas, ser careca, acreditar em OVNIS, ser ateu, ser muçulmano, ser cristão ortodoxo, ser budista, ser hindu, ser católico, ser luterano, fazer yoga, ser vegetariano, ter os olhos muito juntos, ter as sobrancelhas muito cerradas, ter um grande par de mamas, ser absurdamente boa, ser simpático demais, ser vira-casacas, ser palerma, ser do PSD.

Eu não vos disse que o tipo me fazia lembrar Anhuca, o palhaco?…

A marcar passos, Coelho…

Num futuro próximo, o PSD, liderado por Passos Coelho, ganha as eleições com maioria relativa. O PSD e o CDS juntos, têm praticamente o mesmo número de votos que o PS, o PCP e o BE.

O PSD e o CDS-PP formam governo, instável, sempre contestado pelos partidos í  sua esquerda.

Zangado com as querelas parlamentares, o presidente da República, Manuel Alegre, aproveitando uma moção de censura construtiva apresentada pelo PS, destitui o governo e nomeia outro, formado por uma coligação, igualmente instável, entre o PS e o BE (o PCP nunca fará parte de nenhum governo…).

O novo governo não consegue vingar nenhuma proposta no Parlamento, sempre com a oposição da direita e com a abstenção do PCP.

Manuel Alegre vê-se obrigado a aceitar um governo PSD-PS, mas a coisa também corre mal porque, quer o CDS-PP, quer o BE ficam em brasa e boicotam todas as iniciativas do novo governo (o PCP sempre boicotou tudo, qualquer que fosse o governo).

Alegre, cada vez mais triste, decide, certo dia, ir í  caça e nunca mais voltar, deixando os portugueses a contas com uma crise política provocada pelas ideias peregrinas do Passos Coelho, que quer transformar os governos em Programas Quinquenais (Lenine inventou isso..) e deixar a formação dos governos na mão dos Presidentes, sem ser preciso fazer eleições.

Onde é que eu já vi isto?…

Saudades da paróquia!

Estive uma dúzia de dias ausente e que saudades que eu já tinha!

Saudades do ministro da Economia, Cavaco Silva, sempre a acentuar a próxima bancarrota do país a que ele preside – se a situação é insustentável, por que razão não dissolve a Assembleia e convoca eleições antecipadas?

Saudades da discussão em redor das Scut: quando as Scut foram criadas, todos criticaram o governo por não ter criado portagens; agora, os que não queriam portagens, já as querem e os que eram a favor, são contra. E depois, ainda há a história do ex-assessor do secretário de Estado das estradas, que agora está na empresa que fornece os chips que serviriam para a cobrança electrónica! E alguém acredita que o PSD está preocupado com a privacidade dos cidadãos, ao ser contra os chips? Enredo de telenovela…

Saudades de manchetes como a do Público de ontem: «cortes na cultura ameaçam os artistas independentes». Então, se eles são independentes por que razão estão preocupados com os cortes no Orçamento do Estado? Independentes, dependentes de subsídios?

Saudades de um país que tem um primeiro-ministro, Sócrates, a ser queimado em lume brando e outro primeiro-ministro, Passos Coelho, já na calha, que se reúne com o futuro primeiro-ministro espanhol, Aznar, que praticamente já está a governar, mas que não tem coragem para fazer passar uma moção de censura ao governo e provocar eleições antecipadas, a fim de se tornar primeiro-ministro, de facto.

Saudades de um primeiro-ministro, Sócrates, que, pelos vistos, deve ser o único português que ainda acredita no país, ao ponto de afirmar: “muitas vezes sinto-me sozinho a puxar pelo país!»

Pois deve ser por isso – por estar sozinho a puxar – que o país não sai do mesmo sítio…

Houve tempos em que ele, o país, até partiu, í  descoberta, qual jangada de pedra, mas o Saramago morreu, a crise instalou-se e o país não sai da cepa torta.

Que saudades que eu já tinha da minha paróquia!

Poupar no 10 de Junho

As comemorações do 10 de Junho reflectem a crise. Por determinação da Presidência da República, este ano não haverá o tradicional concerto e os cerca de 600 convidados, em vez de irem de carro para Faro, vão de comboio, que se lixam. Além disso, o desfile militar que, no ano passado contou com 1600 elementos, este ano não passou dos 1100.

É pouco.

Cinco sugestões:

1 – em vez dos trinta e tal condecorados, condecorava-se só o João Garcia que é, de facto, o português que subiu mais alto;

2 – desfile militar só com soldados baixinhos, com menos de 1 metro de 70; nada de patentes altas, tipo coronéis ou majores ou coisas assim;

3 – o Sócrates escusava de se incomodar em ir assistir í s comemorações; para ser vaiado, não precisava de ir a Faro – ia a qualquer sítio mais perto e era vaiado na mesma. Em sua substituição, podia ir o Passos Coelho que, para todos os efeitos, pelo menos na comunicação social, só não é primeiro-ministro porque ainda não foi eleito; mas isso é um pormenor…

4 – o Cavaco escusava de ter levado a esposa; o presidente é do Algarve e de certeza que já levou a mulher a Faro várias vezes; ela ficava em Belém e via as comemorações pela televisão;

5 – o Presidente não devia fazer dois discursos: gasta mais palavras, mais papel e mais tempo aos jornalistas, que vão tentar decifrar, nas entrelinhas, recados ao governo e insinuações sobre a possível recandidatura de Cavaco.

Com a massa que se poupava talvez já o Passos Coelho não tivesse que cortar nas reformas dos políticos. A propósito: coitado do Santana Lopes! Depois do que sofreu na Câmara de Lisboa, só ficou com um reforma de pouco mais de 3 mil euros.

Injustiças!…

O franciú, o portuí±ol e o Anhuca

Depois do 25 de Abril, Portugal sofreu duas grandes crises económicas e ambas estão ligadas a primeiros-ministros socialistas e a problemas de pronúncia.

Nos anos 80 do século passado, Mário Soares, que falava um francês tão típico, que se tornou anedótico, foi obrigado a retirar o 13º mês aos funcionários públicos, para diminuir a despesa pública.

Foram os tempos do franciú e do mon-ami-miterã.

Agora, é Sócrates que está aflito com o endividamento do país. O “rating” – ou seja-lá-o-que-for – está a lixar o orçamento, mas Sócrates também tem culpas no cartório: ninguém percebe o que ele diz, naquelas entrevistas que dá em Espanha.

São os tempos do portuí±ol e do mi-amiego-zapatero.

Entretanto, vocês já repararam que a comunicação social está a fazer ao Passos Coelho o mesmo que fez ao Sócrates há 6-7 anos: está a levá-lo ao colo até ao lugar de primeiro-ministro.

Passos Coelho é sempre mostrado com ar solene, a dizer coisas sérias e definitivas e sublinhando o seu cadastro (ainda) limpo.

Talvez tenha chegado a hora de começarem os boatos: que o Passos é disléxico, trissexual ou, até, que é mesmo o Anhuca, mas sem o nariz vermelho e com a gravata.

Pedro Passos ínhuca Coelho

— Vai ser mais divertida, a cena política portuguesa, com PPC í  frente do PSD.

Desde que começou a aparecer com mais frequência nas televisões que o achei parecido com alguém que fazia parte    das minhas memórias de infância.

Seria o primo emigrado nos Estados Unidos, e que todos conheciam como “Gásoline”, devido í  maneira estranha como ele dizia “gasolina”, com um sotaque de Newark beirão?

Seria o Sr. Rebelo, dono da única tasca de Santiago de Cassurrães, onde eu ia comprar os pirolitos com um berlinde no lugar da carica?

Seria o vizinho do primeiro andar da Avenida Gomes Pereira?

Andei a mastigar esta dúvida durante alguns dias, até que se fez luz!

O Passos Coelho é a cara chapada do ínhuca, famoso palhaço dos meus tempos de infância – ou, pelo menos, a mim parece-me o ínhuca.

Por isso, quando o PPC abre a boca, só posso rir e, sem ouvir sequer o que ele diz, exclamo logo: “Cala a boca, ó ínhuca!”

Então, pedi ao Pedro que fizesse isto no Photoshop e as minhas suspeitas confirmam-se: o Passos Coelho é mesmo o ínhuca!

Obrigado, Pedro!

E cala a boca, ó ínhuca!

A política dos pequenos passos

Foi Henry Kissinger que inventou a política dos pequenos passos, a propósito do conflito israelo-árabe. Perante tamanho problema, não se podia querer resolver tudo de uma vez; assim, tinha-se que ir resolvendo uma coisa aqui, outra acolá, até que, um dia, se haveria de chegar í  Resolução Final.

Não resultou, claro.

O PSD também tem adoptado a política dos pequenos passos e, embora o novo líder, Passos, seja alto, de apelido não passa de um coelho. Um pequeno roedor, portanto.

E os pequenos passos do PSD são: Santana Lopes, de 2004 a 2005, Marques Mendes, de 2005 a 2007, Luis Filipe Menezes, de 2007 a 2008 e Manuela Ferreira Leite, de 2008 a 2010. E, agora, Passos.

De pequeno passo em pequeno passo, até que Cristo desça í  Terra, e traga Marcelo Rebelo de Sousa envolto em nevoeiro, ou Sá Carneiro ressuscite.

Whatever comes first…

O Passos Aguiar e o Rangel a ranger

Pacheco Pereira já explicou como escolheu o candidato que ele quer ver como presidente do PSD e que é Paulo Rangel. Diz o brilhante Pacheco que, se formos ver os blogues dos socialistas, só vemos críticas a Rangel – e nada sobre Passos e Aguiar.

Portanto, Pacheco escolhe o seu presidente, não pelas suas ideias e o seu programa, mas porque é o candidato que mais irrita o PS.

Vai longe, este PSD!…

O Passos (com três esses), há muito na corrida, continua com aquele ar de Anhuca, só lhe falta uma lágrima permanente, a escorregar do olho direito.

O Aguiar Branco andou a adiar a candidatura e, agora, acabou por ser ultrapassado pelo Rangel. Zangado, diz que mantém sempre a sua palavra, ao contrário do gordinho, que afirmou a pés juntos que não se candidataria.

Aguiar é um betinho que devia cortar o cabelo mais curto e não o estou a ver com paciência para aguentar um partido de deprimidos, como o PSD.

Quanto ao Rangel, ainda me lembro quando ele invectivou a Elisa Ferreira por ela se candidatar ao Parlamento Europeu e í  Câmara do Porto…

Agora, aí está o Rangel, já no Parlamento Europeu, a candidatar-se a um lugar quer lhe pode permitir chegar a primeiro-ministro.

E agora a sério: alguém imagina este gajo como primeiro-ministro?

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