“A Filha Perdida”, de Maggie Gylennhaal (2021)

Não é fácil passar para cinema um texto de Elena Ferrante, mas este filme da jovem realizadora norte-americana consegue, de certo modo, captar o ambiente do conto da escritora italiana.

A trama é aparentemente simples: uma professora universitária à beira dos cinquenta anos passa férias numa ilha grega; pretende paz e sossego, mas acaba por se reencontrar com o seu passado quando uma criança desaparece na praia. Recorda o tempo em que tentava conciliar o seu trabalho intelectual com o cuidar de duas filhas pequenas; recorda como acabou por abandoná-las para viver com um colega da universidade, para voltar alguns anos depois.

O filme vai progredindo, a história vai-se desenrolando e estamos sempre à espera que aconteça algo de sinistro, algo de trágico e a interpretação de Olivia Colman é magnífica, abarcando todos os registos, da raiva ao desespero, do sorriso à gargalhada – e vai-lhe valer o óscar, quase de certeza.