O imposto que se impõe!

Finalmente, um imposto verdadeiramente democrático.

Segundo um inquérito recente do INE, cerca de 4,5 milhões de portugueses têm excesso de peso, sendo que 1,4 milhões são já obesos.

Quer isto dizer que quase metade dos portugas anda a comer e beber demais, prejudicando os restantes.

Chegou, portanto, a altura de começar a taxar a gordura!

Por que carga de água eu, que peso 70 quilos, tenho que pagar o mesmo imposto que um gordo que pesa 140 quilos – pois se até ocupo menos espaço, porra!

Neste particular, o obeso secretário de Estado dos Imposto, Rocha Andrade, é um exemplo para todos nós.

Força, Rocha, meu grande peida-gadoxa!

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“História Secreta”, de Donna Tartt (1992)

De Donna Tartt já tinha lido o aclamado O Pintassilgo, editado há três anos.

historia-secretaEste História Secreta foi o primeiro romance que Tartt publicou e trata-se de uma história estranha, sobretudo devido aos personagens.

A história, que se pretende secreta, é narrada por Richard, um estudante de ascendência modesta, que consegue uma bolsa para estudar na Universidade de Hampden. Aí, conhece e junta-se a um grupo de estudantes provenientes de famílias abastadas que estudam sob a influência de um carismático professor de Estudos Clássicos.

Esse grupo de alunos é tudo menos banal: são quatro rapazes e uma rapariga que vivem num mundo í  parte, quase num universo paralelo, muito influenciados pela cultura grega e pelos princípios de honra, obediência, compaixão, lealdade e sacrifício.

Para além das aulas muito pouco ortodoxas com o tal professor, o grupo apenas se interessa por outra coisa: álcool. Penso que os protagonistas passam mais metade do livro bêbados ou a caminho. Também fumam muito e, uma vez por outra, tomam drogas.

Embora nunca seja referido em que época se passa esta história, percebe-se que será mais ou menos nos anos 90 do século passado; no entanto, embora se fale uma ou duas vezes em computadores portáteis, os estudantes fazem os seus trabalhos em máquinas de escrever.

As experiências mais ou menos esotéricas que o grupo leva a cabo, no sentido de se aproximarem o mais possível do hábitos da cultura helénica, acabam por levar a uma morte acidental, facto que altera completamente a vida destes jovens.

Um romance estranho, que nos capta a atenção, mesmo quando, aparentemente, não se passa nada.

“Todos os Contos”, de Clarice Lispector (2015)

todos-os-contosClarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1920, mas emigrou para o Brasil com apenas 2 anos. casada com um diplomata, viveu em diversos países, mas sempre se considerou brasileira; faleceu no Rio de Janeiro, com 57 anos, vítima de cancro do ovário.

Considerada uma das mais importantes escritoras brasileiras do século XX, é autora de vários romances, livros infantis e muitos contos.

Este livro reúne todos os contos de Lispector, desde os primeiros, publicados em 1942, até a dois inacabados, que nunca tinham sido publicados.

Alguns destes contos são, na verdade, textos muito pessoais, em tom confessional; sobretudo os últimos, falam muito na morte.

Como se diz na introdução, os contos vão revelando o envelhecimento da autora, desde os verdes 20 anos até í  idade madura e as histórias neles contidas reflectem isso mesmo.

Para ler aos poucos (são mais de 500 páginas e dezenas de contos…).

O homem que não nasceu duas vezes

O problema de ter boa memória é que, por vezes, lembro-me de coisas que já devia ter esquecido.

Lembro-me, por exemplo, de Cavaco Silva ter ficado muito indignado quando um candidato í  Presidência (Defensor de Moura, quem se lembra dele?) o acusou de favorecer as Câmaras do PSD.

Em resposta, Cavaco disse a célebre frase:

Para serem mais honestos do que eu, têm que nascer duas vezes“.

Ora, hoje, a primeira página do Público titula:

Cavaco pagou durante 15 anos metade do IMI que deveria ter pago“.

E acrescenta:

“A casa de Albufeira do ex-PR foi reavaliada pelas Finanças em 2015. Valor patrimonial quase duplicou face ao da caderneta predial em 2009. Os dados fornecidos per Cavaco não eram verdadeiros”.

Por este andar, Cavaco vai ter que nascer quatro vezes para ser mais honesto que ele próprio!

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O Homem que não volta com a palavra atrás!

Este homem não volta com a palavra atrás!

Este homem nunca dá o dito por não dito!

Passos Coelho disse:

“O arquiteto José António Saraiva convidou-me para me associar ao livro que ia fazer e respondi que sim, mesmo antes de conhecer a obra e aceitei fazê-lo. Não sou de voltar com a palavra atrás nem de dar o dito por não dito. Estarei a fazer a apresentação dessa obra”, afirmou aos jornalistas durante uma visita a Proença-a-Nova, na aldeia de xisto da Figueira.

E afinal, hoje soube-se que, depois de ler o livro, Passos borregou.

Diz o Público:

Em comunicado enviado í  agência Lusa, a editora Gradiva afirma que o ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho “pediu ao autor, por motivos pessoais, para o desobrigar de estar presente na sessão de lançamento do livro”, que estava agendada para dia 26.

Estás desobrigado, Passos – tu, que nunca dás o dito por não dito, tu, que nunca voltas com a palavra atrás.

Para a próxima, lê o livro antes de aceitares o convite!

Devias saber que não podemos confiar em jornalistas reaccionários…

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Um palerma que não gosta de mamas

A Câmara de Lisboa decidiu colocar cartazes a favor do aleitamento materno.

Como se vê na foto, o cartaz mostra um casal jovem e a mãe está a dar de mamar ao bebé.

O slogan é simples: “Dar de mamar – um presente para a vida!”

E acrescenta-se apenas: “Aleitamento materno – Presente: Saudável; Futuro: Sustentável”

Simples e eficaz.

Mas o Expresso não gostou.

Um palerma qualquer, autor da rubrica Gente, que nunca assina o que escreve, faz comentários alarves sobre o cartaz.

Diz, por exemplo, que o “slogan é bafiento”. Em que sentido, ó meu parvalhão. Dar de mamar é, ou não é, um presente para a vida, minha grande besta?

Depois, faz comentários sobre “as opções capilares do rapaz” e sobre “a classe com que a mãe dá de mamar com a perna traçada”.

Que raio é que este gajo tem contra o penteado do rapaz? Que importância é que tem o corte de cabelo do pai para a mensagem que se quer transmitir?

E quanto í  perna traçada da rapariga? Será que a mãe deste energúmeno não cruzava a perna quando lhe dava de mamar? Será que ele nunca viu nenhuma mulher a dar de mamar? Será que ele próprio nunca mamou?

Claro que o idiota pretende, no fundo, atacar o actual Presidente da Câmara, Fernando Medina, dizendo que a Câmara “se mete onde não é chamada”.

Porquê?

A Câmara não pode colocar cartazes a favor de boas práticas, a favor do aleitamento materno, contra o tabagismo, incentivando a prática de exercício físico, por exemplo?

A cegueira ideológica desta malta é inenarrável e sua azia, intratável.

Ao autor anónimo deste texto lamentável, desejo que os seus filhos (ou netos), possam mamar nas tetas das suas mamãs, mesmo que os pais usem rastas.
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Milagres e manias

Pescando no FB descobri um texto publicado na Agência Eclésia e intitulado “Português vai acompanhar canonização de Madre Teresa para agradecer í  santa que o salvou”.

Como me interesso por tudo o que seja milagre, desde o milagre das rosas até ao milagre económico do Passos Coelho, fui ler.

O tal português, chamado Pedro Castro, conheceu um padre chamado Brian e foi ele que lhe falou na madre Teresa.

Diz Pedro: “…Eu conheci-o por acaso no Algarve numa altura em que estava doente, com uma doença gravíssima, com uma hepatite C, que estava num estágio já avançadíssimo de deterioração do fígado. E os médicos tinham-me dito que eu precisava absolutamente de tomar um medicamento muito caro, que tinha acabado de sair”.

Não ligando ao facto de a hepatite C do Pedro estar em estágio, toda a gente se lembra do caso deste medicamento inovador, que salvou a vida a milhares de doentes com hepatite C. Antes do acordo entre o ministério da Saúde de Paulo Macedo e o laboratório produtor, o tratamento custava largos milhares de euros.

“…A única hipótese era vender a minha casa”, frisa Pedro Castro, cuja história ganhou um novo rumo após o encontro com o padre Brian. - continua o texto publicado na Eclésia.

E foi então que a madre Teresa interveio.

Como?

Ora leiam:

“O sacerdote incentivou-o a esperar e a ter confiança na Madre Teresa, entrou em contacto com Calcutá e a sua intenção foi colocada junto da campa da religiosa, onde todos os dias é celebrada Missa por essas intenções.

A seguir, o que aconteceu foi um conjunto de acontecimentos enormes que levou a que Portugal fosse o país do mundo que mais depressa passou a custear esse tratamento para a Hepatite C”, conta Pedro Castro, que desde então passou a olhar para a vida com uma perspetiva diferente.

O católico português diz não ter dúvidas de que houve “…uma intervenção da Madre Teresa” para ajudar a resolver a situação.

Portanto, bastou colocar a intenção junto í  campa da madre Teresa e o nosso ministro da Saúde chegou a acordo com o laboratório!

Não percebo por que carga de água o nosso primeiro-ministro não pede a este padre Brian para colocar, junto da campa da madre Teresa, a intenção de nos livrarmos do défice, subirmos os salários, acabarmos com o desemprego e desenvolvermos a economia.

Se calhar, a madre Teresa era capaz de não dar uma ajuda porque António Costa não é crente – mas podíamos pedir í  Sãozinha Cristas, que ela sim, é uma católica devota!

Só não percebo por que razão temos que colocar a intenção junto í  campa. Pensava eu que o corpo pouco importa – o que interessa é a alma; e essa deve estar bem elevada, lá no Céu, e não enterrada sob sete palmos de terra.

Pelos visto, não percebo nada de milagres e de santos.

Do milagre, passemos agora í  mania…

E de manias percebe Afonso de Albuquerque, psiquiatra, 81 anos, um dos fundadores da Sociedade Portuguesa de Sexologia.

Em entrevista ao Público, conta vários episódios da sua clínica, todos relacionados com obsessões sexuais.

Este, por exemplo:

“uma freira, há uns trinta anos, veio ter comigo, e foi preciso muita coragem para o fazer, disse-me que se masturbava 30 vezes por dia, o que a fazia sofrer brutalmente, porque não podia compatibilizar aquilo com a sua vida religiosa. Mas não era capaz de parar.”

Trinta vezes por dia?!

A irmãzinha não devia fazer mais nada, caramba!

É o que dá a solidão dos conventos!

E o psiquiatra continua:

“Tinha também uma depressão. E tratei a depressão, que foi talvez a parte mais simples, mas nesse processo de saída da depressão ela deixou de se culpabilizar tanto, e deixou de se masturbar tanto”.

E Afonso de Albuquerque deixa-nos em suspenso: a freira deixou de se masturbar tanto… o que quer isso dizer? Das 30 vezes por dia passou para 25… 20… 10 vezes?

E afinal, o que pretendo eu com estes dois exemplos, além de gostar de uma blasfémia de vez em quando?

No fundo, o que eu pretendo é provar que, nestas coisas da religião, há sempre muito exagero.

Nem a madre Teresa de Calcutá foi responsável pela aprovação da comparticipação do medicamento contra a hepatite C, nem a freira do Albuquerque se masturbava 30 vezes…

A verdadeira face de Marcelo

No seu artigo semanal de ontem, no Público, o maquiavélico Pacheco Pereira desenvolve uma teoria da conspiração curiosa:

Segundo ele, o optimismo de Marcelo Rebelo de Sousa e o seu aparente apoio incondicional ao governo de António Costa tem, como único objectivo, a derrota de Passos Coelho nas eleições autárquicas, de modo a que o PSD encontre um novo líder que possibilite a coligação com o PS.

Seria assim o fim da chamada geringonça e o ressurgimento do bloco central.

Pacheco Pereira não sabe da missa a metade.

A verdade é que Marcelo Rebelo de Sousa é um comunista puro e duro.

Nos tempos em que viveu em Angola, foi contactado por um militante do MPLA formado em Moscovo e aderiu, clandestinamente, ao PCP.

Paulatinamente (e clandestinamente), como bom e verdadeiro comunista, foi minando o sistema por dentro; durante anos criou factos políticos, como jornalista e como comentador, até que conseguiu ser eleito Presidente da República, com a unanimidade própria das pop stars.

Neste momento, Marcelo parece apoiar o governo de António Costa, mas é apenas estratégia.

O objectivo é conquistar o Poder total, substituir Jerónimo de Sousa na liderança do PCP e transformar Portugal numa República Soviética com capital em Celorico de Basto.

Avante camarada!