Por que é que a hiena ri

Vem hoje no Público: “não é só por disputarem alimentos e zelarem pela sobrevivência das crias que as hienas fêmeas são confundidas com os machos. Os seus órgãos sexuais também não ajudam a distingui-las (…). As fêmeas têm um clítoris muito saliente, que pode ser confundido com um pénis, uma vez que tem entre 15 a 17 centímetros.”

Agora, já se percebe por que razão a hiena ri…

“O Jardim de Cimento”, de Ian McEwan

jardimdecimento.jpg“The Cement Garden”, publicado em 1978, foi o primeiro romance deste escritor britânico. É um pequeno livro altamente perturbador.

A história é-nos contada por Jack, um rapaz de 15 anos, que vive numa casa isolada com duas irmãs adolescentes e um irmão pequeno. O pai morre subitamente, com um ataque de coração e a mãe vai morrendo aos poucos, não se sabe muito bem porquê. Jack e as irmãs resolvem levar o corpo da mãe para a cave, metê-la num baú e cobri-la com cimento. Depois, e durante vários meses, vivem sozinhos, fazendo o que muitos adolescentes gostariam de fazer se os pais não os vigiassem: comer e dormir a qualquer hora, não tomar banho, não arrumar a cozinha, não ir í  escola.

Para além do núcleo da história, já de si mórbido, todo o livro tem uma atmosfera estranhamente erótica, acabando por se consumar o incesto.

E, no entanto, parece que não se passa nada. Embora nos pareça “errado” o que estes miúdos fazem, acabamos por entrar no jogo e chegar í  conclusão que, se calhar, eles não tinham outra opção, se não seguir aquele rumo.

Um livro que incomoda.

25 de Abril, sempre!

“Esta triste realidade significa que o ofício de governar se está tornando cada vez mais difícil e árduo, exigindo, além de inteligência, de tacto, de sabedoria e de persistência, sobretudo de muita e inflexível firmeza contra a degradação, a indisciplina, os desmandos e os actos de puro banditismo. Não há, pois e apenas, que trabalhar no sentido de acelerar o progresso material, mas também e principalmente, no sentido de pí´r termo ao retrocesso moral, veneno subtil que está provocando a poluição das almas, para mim a mais grave e perigosa poluição dos tempos actuais.”

– Almirante Américo Tomás, Presidente da República, durante a condecoração de membros do governo, 17/1/1973

“Quanto ao ‘exame prévio’, custa-me a entender que ainda haja quem diga que não representa progresso substancial em relação ao regime de censura. Este era de aplicação permanente, independentemente da conjuntura, ao passo que aquele constitui um dispositivo estritamente de emergência, limitado na sua aplicação, somente í quelas matérias consideradas sensíveis em termos de defesa das pessoas e dos bens, em suma, do património nacional, e que cessará, conforme prescreve a Constituição, logo que deixem de existir os actos subversivos graves que têm vindo a verificar-se desde 1961, provocados do exterior, alimentados do exterior, incentivados do exterior.”

– Deputado Pinto Castelo Branco, 7/2/1973

“O Prof. Marcelo Caetano, de seguida, cumprimentou cada uma das setenta e cinco estudantes, tendo, ao mesmo tempo que lhes estendia a mão e escutava o nome, inquirido sobre a terra da sua naturalidade, o modo como encaravam a sua estada e como decorriam os estudo. Em alguns casos, o Presidente do Conselho quis mesmo saber da razão da escolha dos cursos que as jovens frequentam, enquanto tecia considerações sobre pormenores diversos”.

– Notícia do Diário de Notícias, sobre a vista de M. Caetano a uma residência da Mocidade Portuguesa Feminina, com representantes “desde Guiné a Timor, passando pelos estados de Angola e Moçambique, pelos arquipélagos da Madeira e dos Açores, até ao estado da Índia”, 29/3/1973

“Afirmo que a opção está feita – optámos nós, os verdadeiros portugueses, pela segurança, intangibilidade e perenidade da nossa Pátria; optámos pela política de Marcelo Caetano, a única que nos inspira confiança; optámos por Américo Tomás, esse amigo dos portugueses, que é verdadeiro símbolo da Pátria e digníssimo expoente da raça”

– Dr. Afonso Marchueta, presidente da Câmara de Lisboa, ou coisa que o valha, nas comemorações dos 70 anos dos Bombeiros de Algés, 22/7/1973

“É assim que se vive sob a Bandeira Portuguesa: na paz, no respeito mútuo, no orgulho de uma autêntica independência, no trabalho por um futuro melhor. O resto, não é connosco, pertence í  confusão do mundo ou é, aqui ou ali, sinal de perturbação estéril ou gosto exagerado pelas palavras”

– Engenheiro Santos e Castro, governador-geral de Angola, 18/8/1973

Todas estas citações foram extraídas, quase ao acaso, da secção “Semana Dia a Dia”, que saía aos sábados, no suplemento Fim-de-semana, no República.

Quase só por causa destas coisas – e do que elas representavam – o 25 de Abril valeu a pena!

Novo Coiso

O Coiso, agora, é assim.

Estava farto do velho Coiso! No que respeita ao Coiso, há que renovar. Sempre!

E nada melhor do que aproveitar a data do 25 de Abril, para proceder a esta pequena revolução.

Portanto, a partir de agora, o Coiso é assim. Quem quiser visitar o velho Coiso, recordar textos antigos, cromos já gastos, bem como os textos do Pão Comanteiga e outras velhas glórias da rádio, existe um link, aí ao lado.

Cavaco dá autógrafos

O Presidente Cavaco foi visitar as tropas portuguesas que estão no Kosovo.

Foi a sua terceira visita oficial, desde que é Presidente da República: a primeira, foi uma curta deslocação a Cabo Verde, e a segunda, uma entrada-por-saída ao Hospital D. Estefânia.

Os jornalistas já chamaram a atenção para o significado destas visitas. Isto quer dizer que o nosso Presidente dá atenção, em primeiro lugar, aos países de expressão portuguesa, depois, í s criancinhas e, “last but not the least”, aos nosso garbosos militares!

Se os jornalistas continuam a dar significado a todas as visitas de Cavaco, nos próximos 5 anos, teremos motivo para muitas perplexidades. E se Cavaco decidir visitar uma museu, um lar de idosos, uma praça de touros, um casino?…

No Kosovo, Cavaco foi surpreendido pela primeira edição da sua foto oficial, e apressou-se a autografá-la, para a oferecer aos soldadinhos.

Que gesto bonito!…

Bonito, também, é o camuflado do Professor… Assenta-lhe bem e confere-lhe um ar marcial. fiquem-se com este pensamento perturbador: Cavaco é o Comandante Supremo das Forças Armadas de Portugal.

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