“Star Wars” – Exposição

Visitámos, hoje, a Exposição oficial da Lucasfilm, sobre a saga Starwars.

O mais interessante da exposição é, sem dúvida, o contraste entre as naves, os robots e os diversos bonecos do universo Lucas e o cenário proporcionado pelo Museu da Electricidade, as turbinas, os geradores, as caldeiras, os candeeiros. Temos, assim, espécimes de ficção científica, num ambiente retro.

Os objectos expostos têm um interesse relativo. Retirados do contexto, algumas peças não passam de bonecos. De qualquer modo, é curioso ver tudo aquilo e, com a ajuda dos vídeos, dos desenhos, das maquetas, imaginar como a equipa de George Lucas inventou tudo o resto. Notável, por exemplo, o modo como criaram a ilusão de uma multidão ululante, na arena das corridas de podcasters, a partir de milhares de cotonetes coloridas.

Mas, repito, a exposição vale, sobretudo, pela Central Tejo.

Gotan Project – “La Revancha del Tango”

gotan.jpgFoi graças ao “Nip/Tuck” que me decidi a comprar este cd, de que já tinha ouvido falar até í  náusea.

E não o comprei antes, exactamente devido í  enorme publicidade que rodeou a edição do disco, há cinco anos. Reajo assim, muitas vezes: quanto mais falam nas coisas, menos vontade tenho de as conhecer melhor.

Confesso, no entanto, que me despertou algum interesse, esta mistura de tango com música electrónica.

Depois, esqueci-me.

Só que a 3ª série do “Nip/Tuck” usa, em alguns episódios, “La Revancha del Tango” como música de fundo e o interesse renasceu.

É um disco curioso, que se escuta com agrado mas, penso eu, esgota a fórmula rapidamente. Embora seja um disco agradável não merece todos aqueles adjectivos que encheram a boca dos críticos.

Sei que o trio de argentinos-parisienses lançou, entretanto, mais discos, explorando o filão. Estão no seu direito, mas penso que deverá ser mais do mesmo.

“A Vida é um Milagre”, de Kusturica

vidaeummilagre.jpgOra aqui está mais um “Gato Preto, Gato Branco”, talvez não tem bem conseguido, mas divertido na mesma. Kusturica ri-se para não chorar.

A acção do filme passa durante o conflito da Bósnia e a guerra, a pobreza extrema, a destruição, tudo é vivido com aquela música de fundo, as bandas desconjuntadas sempre a tocar, os personagens todos um pouco loucos, um frenesim permanente.

A história é o que menos interessa: Luka quer transformar o “seu” caminho de ferro numa atracção turística, mas a guerra rebenta. O seu filho, Milos, que estava í  beira de ser contratado pelo Partizan de Belgrado, como grande estrela de futebol, vai para a guerra e é feito prisioneiro; a sua mulher, uma ex-cantora de ópera um pouco louca, foge com um músico húngaro; e Luka apaixona-se por uma enfermeira muçulmana, mesmo no meio dos bombardeamentos e das explosões.

Ao fundo, a música, sempre a música.

“Nip/Tuck” – 3ª série

niptuck3.jpgSérie televisiva mais “kinky” não existe.

Que outra série poderia juntar um psicopata assassino que não tem pénis, uma inspectora da polícia bi-sexual, um herói do Iraque sodomizando um cirurgião plástico em pleno consultório, a mulher do Pai Natal transportando, há 17 anos, no abdómen, um feto calcificado, um spa que usa esperma como creme facial, um pai racista que obriga a filha a raptar um transexual, para lhe amputar o pénis, e mais, muito mais.

O mais fascinante nesta série é que, por muito bizarra que seja a situação, faz todo o sentido, naquele contexto.

Os dois cirurgiões, Sean McNamara e Christan Troy, têm as suas vidas todas viradas do avesso, as suas famílias são o mais disfuncionais que se possa imaginar, mas lá vão sobrevivendo e proporcionando-nos bons momentos de entretenimento.

Como já li algures, a criatividade de Hollywood parece ter-se mudado definitivamente para as séries televisivas, deixando o cinema na penúria.

“The Black Dahlia”, de Brian de Palma

blackdahlia.jpgDe Palma é um realizador de excessos, usando e abusando de truques e tiques, mas quem vai ver um filme realizado por ele já sabe ao que vai.

Este “The Black Dahlia”, no entanto, fica muitos furos abaixo de outros filmes de De Palma. Pretende ser um filme feito í  maneira dos antigos filmes da série B, com o herói narrando a acção, em voz off, e todas as cores em tons de sépia. No entanto, parece que De Palma se baralhou com a riqueza de pormenores da história de James Elroy e o filme acaba por ser um pouco confuso.

Tudo gira em redor do assassínio de uma jovem candidata a actriz, mas, í s tantas, um tipo já se perdeu no emaranhado de histórias laterais. Depois, nos últimos dez minutos da fita, tudo nos é revelado de um modo um pouco atabalhoado.

A fotografia, no entanto, é excelente e a reconstituição de Los Angeles do post-guerra também me pareceu correcta. No entanto, gostei muito mais de “LA Confidencial” (Curtis Hanson, 1997), outro filme cujo argumento se baseia num livro de Elroy.

Sócrates custa-nos 4,5 milhões por ano

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É este o preço que temos que pagar por ter um primeiro-ministro.

O Público divulga, hoje, as contas do gabinete de Sócrates, inscritas no Orçamento para 2007.

São cerca de 4,5 milhões de euros.

É muito? É pouco?

Difícil de avaliar. Considerando que o Benfica queria 20 milhões pelo Simão, talvez seja pouco. Considerando que o ordenado mínimo nacional não chega aos 500 euros, é capaz de ser muito.

Curioso é escalpelizar as várias rubricas inscritas no Orçamento do gabinete do primeiro-ministro.

Por exemplo: o gabinete de Sócrates só vai gastar 248 euros com “produtos químicos e farmacêuticos”.

Ficamos contentes: temos um primeiro-ministro saudável, que quase não gasta dinheiro em medicamentos.

No que respeita a vestuário, também ficamos satisfeitos. Sócrates é conservador, aguenta o mesmo fato várias semanas, raramente muda de camisa e só vai gastar, em 2007, 1067 euros com “vestuário e artigos pessoais”.

Ainda no que respeita a “ferramentas e utensílios”, a coisa está bem. Apenas se vão gastar 444 euros com estas tretas do bricolage.

Mas existem outras rubricas que nos deixam preocupados.

Por exemplo: o gabinete de Sócrates vai gastar, em 2007, 139.201 euros com “alimentação” e, apenas, 11.326 euros com “limpeza e higiene”.

Não me parece justo.

Um gabinete que gasta mais de cem mil euros em comida, devia gastar um pouco mais com a higiene dos seus membros.

O povo não quer um primeiro-ministro sujo!

Pequenas notas sobre um país minúsculo

Estou de férias. Fui passear até Praga, na passada semana. Estive lá quatro dias. Esta semana, estive entretido a fazer bricolage. Não li jornais, nem vi telejornais.

Senti-me muito bem.

Mas hoje, não resisti mais. Comprei o Público e o Diário de Notícias e vi o telejornal í  hora do almoço.

Senti-me logo mal. Muito mal.

O chefe dos bombeiros disse que o Estado investe tudo nos incêndios e não quer saber das inundações. Talvez fosse melhor deixar arder mais um bocadinho e, com o dinheiro que sobrasse, limpar melhor as sarjetas.

Acho uma injustiça o ministro que se ocupa dos incêndios ser o mesmo que tem a seu cargo as inundações. Devia ser um ministro para cada tipo de catástrofe. O António Costa pode ter as costas largas, mas deve ser difícil estar praticamente a apagar as últimas labaredas, quando já tem que ir a correr, escoar as águas.

Li também, no Público, que “o TGV vai entrar em Lisboa pela margem direita do Tejo”. Fiquei estupefacto. Ora, se Lisboa fica na margem direita do Tejo, por onde raio poderia o TGV entrar?

Só que, mais í  frente, o jornal publica um mapa, segundo o qual, o comboio rápido vem do Porto, chega a Lisboa, passa para o Barreiro e, depois, vai por Évora, em direcção a Espanha. Ou será que ele vem de Espanha, passa por Évora, entra em Lisboa (pela margem esquerda do Tejo, que é onde fica o Barreiro), e depois é que vai para o Porto?

Muito provavelmente, como se trata de um comboio de alta velocidade, nós nunca saberemos por onde é que ele entra em Lisboa. Vai ser tão rápido que, quando a gente se põe a pensar se ele vem da direita ou da esquerda, o tipo já passou.

Aliás, hoje em dia, estes conceitos de direita e de esquerda estão cada vez mais baralhados.

Veja-se o Sócrates, que continua a malhar nos funcionários públicos, e o Marques Mendes, sempre a defendê-los. Afinal, quem é de esquerda: o dito socialista Sócrates ou esse grande defensor dos operários e camponeses, soldados e marinheiros, chamado Marques Mendes?

Ainda hoje, o Benfica foi a votos. Esse grande clube, que conta com 6 milhões de adeptos e cerca de cem mil sócios, escolhe o seu novo presidente. A escolha é entre Luís Filipe Vieira e Luís Filipe Vieira. Os sócios poderão ainda escolher Luís Filipe Vieira, caso não engracem com os outros dois.

Mais de metade do telejornal foi dedicado ao facto de Luís Filipe Vieira ter afirmado que vai assistir ao Porto-Benfica, sentado no camarote presidencial do estádio do Dragão.

Que grande notícia!

Ora tomem lá mais esta notícia: eu não vou ao estádio do Dragão! Vou ver o jogo sentadinho no meu sofá, na companhia dos meus irmãos e cunhados.

Isto é que é uma grande notícia!

Outro título do Público: “Gago diz que superior pode beneficiar de verbas para a ciência”. E como será que Gago dirá isso? Assim: “su-superior po-pode benefi-ficiar de ver-bas-bas para a ci-ciên-cia”. A menos que o diga a cantar.

Fechei os jornais. Enjoado.

Quero voltar para Praga.

Só mais três ou quatro dias, por favor!

As torres de Praga

O dia esteve espectacular, com sol aberto e calor para t-shirt.

Começámos pela Porta da Pólvora e a Casa Municipal. Este edifício é muito bonito, com decoração art déco, do artista checo Alfons Mucha. Foi neste edifício que foi declarada a independência da Checoslováquia, em 1918. Hoje, alberga pubs e restaurantes e é o lugar onde actua a Orquestra Filarmónica de Praga.

A torre da Porta da Pólvora é uma das várias torres que dominam a cidade. Por 50 coroas, subimos 184 degraus de escadas em caracol para podermos desfrutar uma excelente vista da cidade.

Continuámos pela Celetná. A paragem, seguinte foi a Torre da Cidade Velha. Eram quase 11 horas e a multidão apinhava-se em frente ao relógio. Por isso, fomos dos poucos que subimos ao topo da torre. Desta vez, de elevador. O panorama também é soberbo, sobretudo porque podemos olhar a fachada de Tyn, de frente. Mas também se vê a azáfama dos turistas, na Praça, os pináculos das igrejas, os telhados das casas, a cidade, a perder de vista.

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Continuando na senda das subidas, a seguinte, foi a torre da Ponte Carlos. Pagámos mais 50 coroas, cada um, e subimos, a pé, 139 degraus. Do alto desta torre, vemos o Moldava a brilhar ao sol e a Ponte, pejada de gente. Ao fundo, a catedral de S. Vito, na colina do Castelo. Depois do dia chuvoso de ontem, o dia solarengo de hoje fez com que tudo parecesse mais luminoso.

Depois do almoço, rumámos í  Norudova, para apreciar alguns dísticos de casas, outra das características de Praga.

Regressámos ao hotel, após mais 15 km de caminhada.

í€s 17 horas, o transfer veio buscar-nos.

Confirmei Praga como uma das minhas cidades preferidas e esta visita tornou-se ainda mais agradável graças í  companhia do Pedro, da Marta, da Dalila e do Filipe.

Praga – música ao fim da tarde

Saímos do hotel í s 9h30 e, antes de chegarmos í  Praça da Cidade Velha, fomos abordados por um sujeito, anunciando um concerto. Depois de conferenciarmos, decidimos comprar bilhetes: 550 coroas cada bilhete, preço especial para famílias, segundo nos disse a senhora da bilheteira. Já temos programa para a tarde.

Prosseguimos em direcção í  ponte. Tempo frio e cinzento, a ameaçar chuva. Ruas ainda com pouco movimento. Depois de atravessarmos a ponte, virámos í  esquerda, para a ilha de Kampa. Passeámos pelo jardim junto ao Moldava. Começou a chuviscar.

Mais í  frente, apanhámos o funicular que, por 120 coroas (para o seis), nos levou até ao cimo do monte Petryn. Lá em cima, o observatório é uma réplica da torre Eiffel, mas com um quarto da altura. Mesmo assim, é preciso subir cerca de 300 degraus para chegar ao topo. Subimos só até ao primeiro patamar, já que a visibilidade era muito reduzida e não valia a pena um esforço tão grande. Mesmo assim, o panorama é soberbo.

Visitámos, depois, o labirinto dos espelhos. Recordámos velhos tempos na Feira Popular de Lisboa, quando a malta se escangalhava a rir, ao ver o seu próprio reflexo deformado pelos espelhos. Era assim que a Europa se divertia, antigamente…

Regressámos ao funicular e fomos almoçar. Comida italiana, novamente, em mais um restaurante simpático. Pizza em forno de lenha, í  vista do cliente.

Regressámos debaixo de chuva, que não incomodou muito. As ruas já estavam pejadas de gente. Na Karluv Most, a Bridge Band tocava jazz. Seis tipos já entradotes, divertiam-se í  brava, indiferentes í  chuva.

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Depois de algum descanso, rumámos í  Old Town House, para assistir ao concerto.

O concerto decorreu no Baroque Library Hall, uma salinha simpática, com capacidade para cerca de 60 pessoas. Os quatro executantes formavam Gli Archi di Praga, chefiados pelo primeiro violino Frantisen Eret. Ao longo de uma hora, escutámos quatro bons executantes, dois violinos, uma viola e um violoncelo, a tocar um Concert of Hits, que incluíram peças de Vivaldi, Mozart, Bach, Handel, Haydn e Schubert. Claro que é um concerto para turistas e os puristas devem achar que isto de tocar apenas alguns trechos de obras famosas do repertório clássico é um sacrilégio, mas a verdade é que foi muito agradável e que este tipo de míni-concertos são bem melhores do que concertos nenhuns.

Na sala, estavam apenas 34 pessoas, o que não impediu que os músicos se empenhassem a fundo e nos tivessem proporcionado bons momentos.

Depois do concerto, passeámos pelas ruelas em redor da Praça da Cidade Velha e fomos jantar. Italiano, outra vez.