“O Terceiro Reich”, de Roberto Bolaño (2010)

Estava na prateleira há 12 anos, â espera de ser lido. Depois de ter lido o calhamaço “2666”, fiquei como que cansaço de Bolaño e o título “O Terceiro Reich” não me era apelativo. Deixei-o ficar para melhores dias. Agora, depois de ter lido “Chamadas Telefónicas”, apeteceu-me.

“O Terceiro Reich”, publicado sete anos após a morte do autor, é mais um livro estranho deste autor chileno que, na minha modesta opinião, é muito mais europeu que sul-americano.

O narrador de “O Terceiro Reich” é um turista alemão a passar férias numa praia perto de Barcelona, juntamente com a sua namorada Ingeborg. Ele é campeão da Alemanha de um jogo de guerra de tabuleiro, que dá o nome ao livro.

Escrito como se fosse um diário, o livro vai contando o dia a dia de Udo Berger, e as suas estranhas relações coma namorada, com um outro casal de alemães, Hanna e Charly, com a dona do hotel, Frau Else, com quem Udu tenta ir para a cama, com os espanhóis locais, O Lobo e o Cordeiro e com o Queimado, um tipo que vive na praia, dormindo por baixo de uma pilha de “gaivotas”, aqueles barcos a pedais. Estas narrativas são entrecortadas com a descrição exaustiva de jogadas do Terceiro Reich, com avanços e recuos das tropas alemãs e dos Aliados.

A escrita fez-me lembrar “A Espuma dos Dias” e outras narrativas de Boris Vian. Bolaño usa expressões “deslocadas”, que parecem quase escrita automática, como esta:

“O Queimado (…) aparece, ao abrir a porta, como uma figura apagada com borracha. (Aparece como um noivo que em vez das flores levasse, apertadas contra o peito, fotocópias)”.

Ou esta:

“- Mortal – Frau Else olha para mim como se estivéssemos separados por um vidro antibalas”.

Estranho livro, este.

Outras obras de Roberto Bola^no: “2666“; “Os Detectives Selvagens“; “Chamadas Telefónicas

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