“Diário de Inverno”, de Paul Auster (2011)

Para quem nunca leu nenhum livro de Paul Auster, este não é o melhor para começar.

Trata-se de um livro intimista, talvez demasiado intimista para quem não conheça este escritor norte-americano.

Para quem, como eu, o conheço de ginjeira, tendo lido todos os seus livros, este pequeno livrinho foi uma maneira de me reconciliar com Auster, depois da semi-desilusão que foi Sunset Park (2010).

Em Winter Journal, Auster fala consigo mesmo e vai recordando episódios da sua vida, desde a infância (problemática, pelos vistos), até aos dias de hoje.

Mais em jeito de autobiografia do que de diário, Auster conta episódios divertidos, momento de angústia, acidentes de automóvel, quedas, encontros amorosos, cenas de pancadaria, viagens, refeições e tudo com muita simplicidade; às tantas, parece que estamos a ouvir um amigo a contar-nos a sua vida.

E Auster vai ao pormenor de nos contar coisas tão comezinhas como daquela vez que estava muito aflito para urinar e não tinha onde nem como, porque ia no banco de trás do carro da família, com a mãe ao volante e ela já tinha dito que não ia parar por causa da sua urgência urinária. E foi assim, que Auster, já com 15 anos, ouviu a sua mãe ordenar-lhe que se mijasse pelas pernas abaixo. A propósito deste episódio, o escritor lembra as últimas palavras proferidas pelo pai de um seu amigo: «Lembra-te, Charlie! – disse – nunca percas uma oportunidade de mijar!».

É a narração deste e de outros episódios, simples e corriqueiros, que tornam este pequeno e honesto livro, uma obra indispensável para quem gosta de Paul Auster.

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