Como o MUDE me deixou irritado comigo próprio

Fui finalmente visitar o Museu de Design, no antigo edifício do Banco Nacional Ultramarino, na Rua Augusta.

No rés-do-chão, está a colecção permanente: mobiliário, vestuário, projecção de filmes, alguma loiça e duas dúzias de electrodomésticos (torradeiras fantásticas e rádios cheios de patine).

No primeiro piso, a Exposição temporária “É proibido proibir”, dedicada aos anos 60: monitores passam alguns filmes emblemáticos (“Barbarella”, “Midnight Cowboy”), altifalantes debitam música dos anos 60 (“Sgt Peppers…”, “Hair”, “Woodstock”, Stones, Janis Joplin) e mais mobiliário e mais vestuário.

E, de repente, ali estava, bem à vista, a máquina de escrever Olivetti Valentine, igualzinha à que a Mila me comprou nos anos 70 do século passado, em segunda mão, num antiquário das Escadinhas do Duque.

Foi numa máquina igual a essa que escrevi muitos textos para o Pão Comanteiga, a uma velocidade que fazia saltar teclas, literalmente.

E depois, num daqueles ataques que nos dá e em que nos apetece desfazermo-nos de coisas que já não usamos, vendi-a a um ferro-velho, juntamente com muitos trastes.

Mais tarde, dei vários murros em mim próprio, insultei-me do pior, obriguei-me a torturas inenarráveis, próprias de um Jack Bauer, mas nada disso fez regressar a Olivetti ao lar.

Nunca mais me perdoarei!

Quanto ao MUDE, vale a pena a visita, embora saiba a pouco.

2 thoughts on “Como o MUDE me deixou irritado comigo próprio

  1. É verdade, a Olivetti Valentine, uma peça de museu. Não só é bonita e funcional (sempre adorei a gaveta em que se guardava, com duas presas de borracha para a prender no sítio), como provavelmente te garantiria uma reforma de luxo. Cheira-me que deve valer uns trocos…

  2. Que curioso, o meu pai sentiu precisamente o mesmo quando deu de caras com um rádio Panasonic «Red Toot-a-Loop», que era uma argola que se abria… e também ficou tristíssimo por lhe ter perdido o rasto…

    De facto a exposição sabe a pouco, mas pelo que sei a colecção é composta por 10 vezes mais peças, que estão guardadas e que vão sendo expostas rotativamente. O MUDE é um daqueles espaços onde não me canso de entrar sempre que passo lá à porta.

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