House – 2ª série

house2.jpgGregory House está mais ácido, nesta 2ª série, mais politicamente incorrecto, mais egocêntrico, mais insuportável, mais zangado com o mundo, mais solitário – pior da perna, literalmente.

Os temas de cada episódio são, nesta 2ª série, ainda mais raros e até um pouco inverosímeis, como o caso do síndrome de Erdheim-Chester que, ainda por cima, está mal apresentado. De facto, este síndroma raríssimo é apresentado, na série, como tendo início súbito, o que é falso e, no fim do episódio, House manda os seus discípulos administrarem o respectivo tratamento, que não existe. Além disso, a situação do doente agrava-se quando lhe é administrado o interferão, que é uma das poucas coisas que, de facto, melhoram a situação destes doentes. Finalmente, o doente em causa é uma criança, enquanto a idade média de aparecimento de Erdheim-Chester é aos 50 anos.

Claro que eu também não sabia nada disto. Os argumentistas de House devem ir ao Livro das Doenças Esquisitas procurar inspiração, o que não tem mal nenhum, já que o interesse da série se centra na personagem do House; os doentes e as suas doenças são meros elementos decorativos.

Acrescente-se que a legendagem tem erros crassos, com frequência irritante; “kidney” é traduzido por fígado, “hipotyroidism” é traduzido por hipertiroidismo e outras barbaridades.

Apesar de tudo isto, House continua a ser uma das melhores séries de tv desta nova vaga norte-americana.

“Prison Break” – 1ª série

prisonbreak1.jpgDizer que esta é uma das melhores séries de televisão desta nova vaga dos Sates, já é um lugar comum.

O enredo é apelativo: um tipo assalta um banco de propósito para ser preso e ir parar í  prisão onde está o seu irmão mais velho, injustamente condenado í  morte pelo assassínio do irmão da vice-presidente dos EUA.

Ao ver “Prison Break”, vêm-me í  memória grandes séries televisivas da minha adolescência: “Colditz” e “Mission: Impossible”.

“Colditz” contava-nos as histórias das fugas de militares aliados de um castelo-prisão nazi. Os planos eram sempre quase impossíveis de realizar, os nazis eram mesmo muito maus, mas os aliados acabavam sempre por conseguir fugir de Colditz, graças ao génio e í  organização do comité de fugas.

Em “Mission: Impossible”, uma equipa de super-agentes conseguia sempre o seu objectivo, graças a planos gizados e cumpridos ao pormenor.

Em “Prison Break”, Michael Scofield tatuou os corredores da prisão de Fox River no tronco e nos braços, planeou tudo ao pormenor mas não contou com os muitos imprevistos que podem acontecer numa prisão de alta segurança.

A série é viciante e, tal como “24”, consegue muito do seu suspense í  custa da teoria da conspiração.

Os actores são todos óptimos, a começar por Wentworth Miller (Scofield) que, ainda por cima, se parece muito com o Pedro. Mas todos eles são bons e convincentes. Destaque para Robert Knepper que interpreta T-Bag, um pedófilo viscoso e nojento, que só apetece bater.

No entanto, há algo de pouco credível nesta prisão, onde ninguém fuma, ninguém se droga e ninguém diz um “mother fucker” ou um “cock sucker”. Enfim, a audiência a isso obriga, embora a produção não se importe de mostrar mãos decepadas e outras violências menores. Como todos sabemos, fumar é muito mais perigoso para a saúde, pelo menos, sob o ponto de vista do “politicamente correcto”…

The Closer – 1ª série

closer1.jpgNão faço ideia se esta série está a passar na televisão portuguesa, mas devia.

É difícil traduzir o título da série, mas é certo que ela se baseia no modo como Brenda Johnson interroga os suspeitos: de olhos nos olhos, de perto, frente a frente, e sempre com muita amabilidade, aparentando não perceber muito do que está a fazer.

Brenda (Kyra Sedwick) vem da polícia da Atlanta para chefiar uma brigada especial anti-crime, em Los Angeles. Os elementos dessa brigada não vêem essa nomeação com bons olhos, mas, í  medida que Brenda vai desvendando os casos mais complicados, vão começando a ganhar-lhe respeito.

Os argumentos são acima da média, sendo que alguns deles são muito melhores que muitos dos filmes policiais que por aí andam.

Do elenco masculino, reconhecemos alguns actores secundários de muitos filmes de segundo plano, caso de Robert Gosset.

CSI, Miami & New York

A série CSI transformou-se numa espécie de franchising. Começou em Las Vegas e expandiu-se para Miami e New York.

csi_miami1.jpgA técnica é sempre a mesma, apenas mudam as personagens e os cenários.

Em CSI, Miami, a fotografia é mais luminosa e os personagens são todos uns grandes cromaços, a começar pelo líder, Horatio (David Caruso), que gosta muito de franzir o sobrolho e olhar para o infinito, perante crimes tão hediondos.

Em CSI, New York, a fotografia é mais sombria e os personagens transbordam de angústia csi_ny1.jpgdas grandes cidades, sobretudo o chefe, Mark Taylor (Gary Sinise), que anda sempre engravatado e com ar deprimidíssimo.

Apesar de ser feito em série, qualquer episódio de qualquer destas séries é melhor do que a maior parte dos thrillers e/ou policiais, produzidos actualmente por Hollywood.

Mas, não há amor como o primeiro e, não há dúvida que CSI, Las Vegas, com o anti-herói Gil Grissom, continua a levar vantagem a estas duas filiais.

“Volver”, de Pedro Almodí´var

volver.jpgAlmodí´var gosta de filmar mulheres. “Volver” é uma história sem homens: apenas Paco, companheiro de Raimunda (Penélope Cruz), faz uma curta aparição, bebendo cerveja, enquanto assiste, na televisão, a um jogo de futebol, ao mesmo tempo que olha, lubricamente, para as pernas da filha adoptiva. No dia seguinte, estava morto.

A crendice popular, de que os mortos podem regressar í  Terra, se tiverem deixado alguma promessa por cumprir, faz com que algumas das personagens de “Volver” não se apercebam que a mãe de Raimunda (Carmen Saura), afinal, não regressou dos mortos. Afinal, ela nunca chegou a morrer. O corpo carbonizado da mulher, na cama, ao lado do corpo do pai de Raimunda, era da amante, a mãe de Agustina, a “hippie” da aldeia.

O argumento é de telenovela e, talvez por isso mesmo, a irmã de Agustina é produtora de um “reality show” televisivo, dedicado a encontrar pessoas desaparecidas.

Mas, entre o “kitch” e a pieguice, o humor de Almodí´var parece levar a melhor e o filme é recomendável.

No entanto, Penélope Cruz parece um pouco deslocada naquele ambiente, demasiado sofisticada para uma empregada de limpeza que vive num subúrbio de Madrid e está casada com um morecão. Em resumo: os seus decotes são pouco realistas…

ER – 7ª série

er_7.jpgA série de 2000/2001 de “Emergency Room” continua a ser de alta qualidade, com alguns daqueles episódios que nos deixam sem fí´lego, tal a quantidade de coisas que acontecem naquelas urgências.

As personagens mais antigas enfrentam novos dilemas: o Dr. Greene descobre que tem um tumor na cabeça, mesmo na altura em que decide casar-se com a Dra. Corday que, entretanto, está grávida. No decorrer desta série, casam-se, ela dá í  luz uma menina, Greene é operado por um neurocirurgião novaiorquino, submete-se a radioterapia e vai trabalhar logo no dia a seguir…

Quanto a Carter, depois do internamento, consegue livrar-se da adição aos analgésicos e tenta arrastar a asa í  enfermeira Abby que, no entanto, continua a entender-se com o Dr. Kovac, ao mesmo tempo que atura uma mãe bipolar (uma oportunidade para vermos Sally Field fazer um dos seus papéis excessivos).

Benton continua com Chloe que, no último episódio, talvez tenha sido contaminada por um doente seropositivo, enquanto a Dra. Weaver descobre que, afinal, é lésbica, conseguindo sair do armário, já no final da série.

ER é uma daquelas séries que pode continuar indefinidamente, uma vez que o principal personagem da série é o próprio serviço de urgências e os casos clínicos que lá vão parar, mas penso que, em comparação com as primeiras séries, esta 7ª se rende mais í s audiências, mostrando alguns casos muito rebuscados, que dificilmente encontram paralelo no dia-a-dia de uma urgência, mesmo que seja em Chicago.

 

“Six feet under” – 4ª série

setepalmos4.jpgBrilhante, é o mínimo que se pode dizer desta série da HBO.

Tendo como pano de fundo, a Funerária Fisher & Diaz, vamos acompanhando, ao longo de 12 episódios, as vidas atribuladas de uma série notável de personagens: Nate, que acabou de perder a mulher (sabemos, no último episódio, que não foi suicídio), continua í  procura de um sentido para a sua vida; Brenda, que não é capaz de manter uma relação estável e que acaba por voltar para Nate; David, que quer assumir a sua relação homossexual com Keith, como uma relação monogâmica, mas que não resiste a uma nova aventura sexual, nem que seja com o canalizador; Ruth, que descobre que o seu novo marido é, no fundo, um paranóico, com terror de catástrofes; Claire, que anda í  procura da sua identidade artística e se mete cada vez mais nas drogas; Rico, que vê o seu casamento desabar…

E as personagens secundárias são, também, todas elas, muito ricas e perturbadas, como convém: a mãe de Brenda, psicoterapeuta e ninfomaníaca; o irmão de Brenda, maníaco-depressivo; os amigos de Claire, todos eles artistas perturbados.

Cada episódio começa, como de costume, com uma morte estranha e inesperada, mas o funeral já não é o centro da trama, como nas primeiras séries. A família Fisher poderia ser proprietária, por exemplo, de uma padaria, que iria dar no mesmo – embora uma Funerária dê o tom ideal í  série.

Parece que a 5ª série será a última, o que é pena, mas também se compreende que o tema acabe por se esgotar.

“Lost” – 1ª série

lost1.jpgA ideia é boa: um avião despenha-se, algures numa ilha do Pacífico, entre Sydney e Los Angeles. Sobrevivem cerca de 40 passageiros: um cirurgião atormentado pela morte do pai, alcoólico, uma foragida da justiça, gira demais para ser assassina, um ex-soldado do exército do Iraque, que seguia em busca da sua amada, um paraplégico que gostaria de ser super-herói e que, depois do acidente, começa a andar, um membro de uma banda pop, viciado em heroína, um casal de coreanos, uma jovem grávida em fim de tempo, um gordo que ganhou a lotaria, dois falsos irmãos, um cowboy í  procura do assassino dos seus pais, um negro e o seu filho.

Com todo este material, era só entrançar as histórias e dar, í  ilha, um toque de mistério: estará deserta? quem poderá viver para lá da selva que bordeja a praia?

Misturando uma espécie de Robinson Crusoe da era moderna com a ideia de um “reality show”, os criadores de “Lost” conseguem prender a atenção dos espectadores, de episódio para episódio, embora o nível de cada um seja muito variável. Por vezes, a narrativa, em “flash back”, das histórias de cada uma das personagens é um pouco lamecha e recheada de estereótipos.

Da nova vaga de séries televisivas norte-americanas, esta não é, certamente, a minha preferida, mas não deixa de ser um bom entretenimento.

Aguardo pela 2ª série, esperando que os argumentistas tenham uma boa e racional explicação para todos os mistérios da ilha.

24 – 5ª série

24_5.jpgJack Bauer continua imparável!

A 5ª série de “24” é a melhor de todas. O argumento dá tantas voltas que, no final, já ninguém se lembra muito bem como tudo começou.

Desta vez, o mau da fita é um tal Bierko, talvez tchetcheno, que pretende libertar Sentox, um gás de nervos, sobre Moscovo. Para isso conta com a ajuda de alguns “patriotas” americanos que, para defenderem os interesses das petrolíferas na ísia Menor, são capazes de vender os próprios filhos.

Mas a teoria da conspiração, nesta série do “24”, vai mais longe – tão longe quanto o próprio presidente dos States, um fraco mas ambicioso Logan, que acaba por ser responsável pela morte do ex-presidente Palmer, dos amigos de Bauer, Tony e Michelle, e de mais uns quantos americanos anónimos.

Como se não bastasse o gás de nervos, as reviravoltas do argumento são mais que suficientes para nos causarem várias crises de nervos.

O indestrutível Bauer, desta vez, nem de roupa muda, não come, não bebe e só tem dois registos: ou berra instruções para a sua aliada Chloe, ou pede desculpa, muito baixinho, a quase toda a gente. No entanto, na hora de matar os maus, Bauer não hesita.

Aguardo a 6ª série com ansiedade.

CSI – 4ª série

csi4.jpgA série de 2003/2004 de CSI mantém a mesma qualidade das anteriores. Novidades, não há nenhumas, nem é preciso, por enquanto. No entanto, penso que os responsáveis pela série terão que arranjar algo de novo, para que a série não caia na rotina.

Penso que o facto de pouco se saber das vidas dos heróis, fora do trabalho, é deliberado, mas, mais tarde ou mais cedo, teremos que saber mais coisas sobre Grissom e companheiros, caso contrário, a série morrerá de morte natural.

Quanto aos extras, atrevi-me a ver alguns e arrependi-me. Não gosto de ver os extras dos filmes e séries. De algum modo, desvendam mistérios que não quero conhecer.

Ficar a saber, por exemplo, que cada episódio tem mais de mil cortes, tira aquela magia de ver as coisas acontecerem, sem interrupções. Não digo que não seja interessante confirmar que, para se fazer uma série como o CSI, é preciso uma máquina complexa, muito bem montada e oleada. Todos sabemos que, em Hollywood, tudo isto é uma indústria, com décadas de experiência. Mas ver o “making of” desfaz o mito. Afinal, fazer série destas é apenas mais um trabalho, na enorme linha de montagem da indústria californiana.